Categoria: POLÍTICA

  • Veja cada ponto de enfrentamento de Fux a Moraes em julgamento de Bolsonaro

    Veja cada ponto de enfrentamento de Fux a Moraes em julgamento de Bolsonaro

    Fux iniciou sua fala destacando que “não compete ao Supremo Tribunal Federal realizar um juízo político do que é bom ou ruim, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado”

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Luiz Fux iniciou seu voto no julgamento da trama golpista nesta quarta-feira (10) apresentando diversos contrapontos às teses e manifestações de Alexandre de Moraes, relator do caso e que já votou pela condenação dos oito réus por todos os crimes de que são acusados.

    Apontado como esperança do bolsonarismo por discordâncias já apresentadas anteriormente, Fux iniciou sua fala destacando que “não compete ao Supremo Tribunal Federal realizar um juízo político do que é bom ou ruim, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado”.

    Ao invés disso, continuou, compete à corte “afirmar o que é constitucional ou inconstitucional, legal ou ilegal.” Ele defendeu ainda na manifestação inicial que magistrados devem ter “firmeza para condenar quando se tem certeza e humildade para absolver quando houver dúvida”.

    Segundo Fux, a missão da corte “exige objetividade, rigor técnico e minimalismo interpretativo”, como forma de evitar a confusão entre o papel do julgador com o do político. Uma das principais críticas a Moraes é a de embalar suas decisões e votos com acentuados contornos políticos.

    Luiz Fux é o terceiro a votar na ação penal. Até o momento, há as posições de Moraes e Flávio Dino pelas condenações dos oito réus do núcleo central do caso, em especial Jair Bolsonaro.

    Fux defendeu a incompetência do STF para julgar o caso já que não há pessoas que tenham foro especial na corte.

    “Não estamos julgando pessoas com prerrogativa de foro, estamos julgando pessoas que não têm prerrogativa de foro”, disse Fux. Dos réus, o único com foro é Alexandre Ramagem, que é deputado federal.

    “Concluo assim pela incompetência absoluta do STF nesse processo, uma vez que os denunciados já haviam perdido os seus cargos. Impõe-se a nulidade de todos os atos processuais praticados”, disse.

    Essa posição é defendida por Fux nos casos de 8 de janeiro desde 2023. Seu voto costuma ser isolado.

    Logo em seguida, Fux abraçou duas das principais teses dos advogados dos réus, a de obstáculos processuais ao trabalho da defesa e a necessidade de um caso dessa dimensão ser analisada por todos os 11 ministros da corte, não apenas os 5 integrantes da 1ª Turma.

    De acordo com Fux, o STF está silenciando as vozes de ministros. “É um dado curioso: a Constituição Federal -em razão do número diminuto, somos 11 ministros-, ela não se refere a turmas, ela se refere ao plenário”, disse.

    “O fato de processos conexos terem sido julgados no plenário impõe o deslocamento deste feito para o plenário maior da corte”, diz Fux. A citação trata, por exemplo, do julgamento de réus do 8 de janeiro. À época dos primeiros julgamentos sobre o caso, ações penais eram julgadas no plenário da corte.

    Sobre a dificuldade apresentada pelas defesas, o ministro disse que ele mesmo teve muitos problemas ao elaborar seu voto e comparou o tempo do julgamento da trama golpista com o do mensalão para dizer que há violação das amplas defesas na celeridade imprimida por Alexandre de Moraes.

    “Estou há 14 anos no Supremo Tribunal Federal, julguei processos complexos como, por exemplo, o mensalão. O processo levou dois anos para receber a denúncia e cinco anos para ser julgado. (…) Vou ter a falsa modéstia, ministro Alexandre, de que eu procurei analisar cada detalhe de seu trabalho, um trabalho muito denso, e entender que, até para mim, ter esse voto foi motivo de extrema dificuldade.”

    Devido a isso, votou pela nulidade total do processo, alegando que o ritmo do processo cerceou o trabalho dos advogados, e destacou o acúmulo de cerca de 70 terabytes de dados, entre documentos e provas. “Confesso que tive dificuldade de elaborar um voto imenso”.

    Apesar de críticas anteriores à delação de Mauro Cid, ponto central do julgamento, Fux manifestou a primeira concordância com Moraes e Dino votando pela validade da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

    Veja cada ponto de enfrentamento de Fux a Moraes em julgamento de Bolsonaro

  • Governo Lula considera grave ameaça de uso militar dos EUA contra Brasil

    Governo Lula considera grave ameaça de uso militar dos EUA contra Brasil

    A Casa Branca fez ameaça e falou de uso de “poder militar” contra Brasil; Gleisi Hoffmann atribuiu a manifestação dos EUA a uma conspiração da família Bolsonaro contra o país

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Integrantes do governo Lula (PT) apontaram como grave a ameaça do governo Donald Trump de uso de força militar contra o Brasil em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    Nas redes sociais, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, atribuiu a manifestação a uma conspiração da família Bolsonaro contra o país. Em seu post, Gleisi disse que os Estados Unidos ameaçam invadir o Brasil para livrar Bolsonaro da cadeia.

    Outro ministro chamou de ridículo o argumento de desrespeito à liberdade de expressão no Brasil, lembrando que há dois dias bolsonaristas levaram às ruas uma bandeira americana em manifestações marcadas por críticas a Lula e ao Judiciário.

    Outro auxiliar de Lula afirmou que, diante da gravidade da ameaça, o Itamaraty deverá se manifestar e os parlamentares serão encorajados a responder à Casa Branca. Ele ressalta ainda que, no momento da ameaça, o presidente Lula estava em trânsito para Brasília, após cumprir agenda em Manaus, e ainda se manifestará sobre as declarações da porta-voz de Trump.

    Sob reserva, um diplomata admitiu que já havia expectativa de manifestação dos EUA e que não se tem ideia de qual será a reação do governo Trump, marcado pela imprevisibilidade. Outro afirmou que não iria alimentar esse debate na semana do julgamento.

    A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta terça-feira (9) que o presidente Donald Trump aplicou tarifas e sanções contra o Brasil para proteger a “liberdade de expressão” e que o país não terá medo de usar o “poder econômico e militar” para defendê-la.

    A declaração foi dada em resposta a uma pergunta durante entrevista coletiva. Leavitt foi questionada sobre se os Estados Unidos preveem mais sanções ao Brasil em razão do julgamento de Jair Bolsonaro no STF e também a outros países da Europa que estariam censurando a liberdade de expressão, segundo o jornalista.

    A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil republicou um vídeo com a resposta completa de Leavitt no X (ex-Twitter), mas na mensagem que acompanha o post não citou o trecho em que a porta-voz fala sobre o uso de poder militar.

    Nas redes, Gleisi afirmou que “a conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração da porta-voz de Donald Trump de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país”. No post ela disse ainda que o mandato de Eduardo Bolsonaro (PL), que se afastou da Câmara de Deputados para articular a defesa do pai nos EUA, deveria ser cassado.

    “Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível. E ainda dizem que estão defendendo a ‘liberdade de expressão’. Só se for a liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de Estado; estes sim, os crimes pelos quais Bolsonaro e seus cúmplices estão sendo julgados no devido processo legal. E o filho, traidor da pátria, precisa ser cassado!”, publicou.

    Na entrevista, Leavitt disse que Trump está protegendo os interesses do país no exterior e nos EUA. “Então, não tenho nenhuma ação adicional para antecipar para vocês hoje, mas posso dizer que esta é uma prioridade para a administração, e o presidente não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, concluiu.

    A declaração é dada no momento em que o STF julga Bolsonaro e outros sete réus acusados de uma articulação para impedir a posse de Lula na Presidência.

    Governo Lula considera grave ameaça de uso militar dos EUA contra Brasil

  • Fux vota três vezes para anular processo contra Bolsonaro e trava embate com métodos de Moraes

    Fux vota três vezes para anular processo contra Bolsonaro e trava embate com métodos de Moraes

    O ministro argumentou de forma diferente que contra os condenados pela tentativa de golpe em outros núcleos, no qual votou para os condenar

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou três vezes para anular o processo da trama golpista. O magistrado apontou incompetência da corte para julgar o caso, afirmou que a ação deveria ser analisada pelo plenário e indicou concordar com reclamações de cerceamento às defesas.

    Fux se alinhou a uma série de críticas sobre a conduta do ministro Alexandre de Moraes na relatoria do processo. As primeiras divergências foram manifestadas, ponto a ponto, quando Fux concordou com principais questionamentos feitos pelas defesas dos réus, apontando a nulidade de decisões tomadas por Moraes.

    Pelo entendimento do magistrado, nem Jair Bolsonaro (PL) nem os demais sete réus do caso têm foro por prerrogativa de função e, por isso, o caso deveria ser julgado na primeira instância.

    “Os fatos ocorreram entre 2020 e 2023. Naquele período a jurisprudência era pacífica, consolidada, inteligível que uma vez cessado o cargo a prerrogativa de foro deixaria de existir. Nesse caso, os réus perderam seus cargos muito antes”, disse.

    Fux, por outro lado, votou pela validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que acusou Bolsonaro de envolvimento na trama e descreveu a conduta de outros réus.

    A posição do ministro será avaliada pelos integrantes da Primeira Turma que ainda votarão. Até aqui, Moraes e Dino defenderam a confirmação da competência do colegiado. Cármen Lúcia e Cristiano Zanin ainda vão se manifestar.

    Para Fux, a manutenção do caso no STF ofende o principio do juiz natural e da segurança jurídica.

    “Nós estamos diante de uma incompetência absoluta, que é impassível de ser desprezada como vício intrínseco ao processo”, afirma.

    Além do ponto sobre a incompetência, Fux também deu declarações fortes sobre o cerceamento do direito de defesa, especialmente pelo volume de elementos de provas do processo, que ultrapassam os 70 terabytes.

    Acolhendo os argumentos das defesas, o ministro afirmou não ter havido tempo hábil às defesas para a análise dos dados.

    “Uma vez que 70 terabytes poderia ser equiparado a muitos milhões e até bilhões de páginas, a depender da resolução ou número de caracteres, destaco que como no processo penal o protagonismo da instrução incumbe às partes, torna-se imperativo que antes da inquirição da prova oral a defesa já conheça todo o acervo probatório”, afirmou o ministro.

    Moraes respondeu, quando questionado sobre esse ponto pelas defesas, que a entrega das provas integral pela acusação foi um pedido das defesas e que o acesso às provas usadas pela acusação havia sido dado desde o início da tramitação. Assim, não haveria prejuízo às defesas.

    Fux, no voto, discordou. Segundo ele, não cabe à autoridade judicial definir o que é pertinente para a construção das defesas.

    “Evidentemente com celular e computador apreendidos no bojo da investigação, tantas fotografias de páginas saltadas, documentos podem até não ser interesse da acusação, mas são de interesse da defesa. A jurisprudência do STF, não compete à autoridade realizar um filtro seletivo do material colhido decidido unilateralmente”, disse.

    “Há hoje doutrinas mais recentes que exatamente atacam esse ponto, o que pode ser indiferente para a acusação, pode não ser para a defesa”, acrescentou.
    A validação da delação de Mauro Cid, no entanto, é uma revisão do desconforto manifestado inicialmente, no julgamento do recebimento da denúncia, quando ele disse “delação premiada é algo muito sério” e que “nove delações representam nenhuma delação”.

    Na sessão desta quarta, Fux retomou sua preocupação com a quantidade de depoimentos prestados por Cid e os questionamentos de omissões e contradições.

    “É bem verdade que idas e vindas de um colaborador podem representar atos de retaliação, criatividade de autoproteção, mas depois de me debruçar sobre o processo, verifiquei que o núcleo essencial do direito tem que ser eficiência do sistema de justiça, temos de analisar externalidade positiva e externalidade negativa”, afirmou.

    Mas, segundo ele, rescindir o acordo seria desproporcional.

    “O réu colaborou com as delações sempre acompanhado de advogado e as advertências pontuais feitas pelo relator ao colaborador no sentido de que o descumprimento poderia ensejar sua rescisão fazem parte do rol de perguntas que se pode fazer ao colaborador”, afirmou.

    Por fim, ao responder o pedido da defesa do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), Fux votou para suspender completamente a ação penal em relação ao ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

    Ramagem responde atualmente apenas por parte das acusações. Ele é réu por organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. O andamento dos demais crimes foi suspenso pela Câmara dos Deputados porque teriam sido cometidos depois da diplomação como parlamentar, já que são relacionados aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

    Fux votou para “suspender in totum [completamente] essa ação penal e a respectiva prescrição em relação ao crime de organização criminosa e os demais [crimes]” em relação a Ramagem

    Desde a sessão que tornou Bolsonaro réu, o ministro havia manifestado desconforto com a delação de Mauro Cid e algumas questões jurídicas. Desde então, ele acompanhou todos os atos processuais.

    O envolvimento direto de Fux no processo da trama golpista foi considerado incomum por assessores de ministros, advogados do caso e de fora dele ouvidos pela Folha de S.Paulo. O ministro participou de todas as etapas, e a conduta foi vista como uma tentativa de agir de forma independente. Além de Moraes e Fux, compõem a Primeira Turma Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

    No sessão que ouviu os votos de Moraes e Dino, Fux havia adiantado que iria divergir em questões preliminares.

    Antes ainda de começar a se votar, nos primeiros minutos de sua fala, ele disse também que juízes devem ter “firmeza para condenar quando se tem certeza e humildade para absolver quando houver dúvida”.

    Segundo ele, essas são “considerações jurisfilosóficas” que embasam o voto que ele dará.

    Fux vota três vezes para anular processo contra Bolsonaro e trava embate com métodos de Moraes

  • Bolsonaro está 'bastante chateado' com votos de Moraes e Dino, diz advogado

    Bolsonaro está 'bastante chateado' com votos de Moraes e Dino, diz advogado

    Os votos dados pelos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino na terça-feira (9) marcaram uma derrota, ainda que esperada, para o bolsonarismo

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O advogado Celso Vilardi disse que conversou com Jair Bolsonaro (PL), seu cliente, após os votos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e Flávio Dino pela condenação do ex-presidente. Segundo o defensor, o réu está “bastante chateado”.

    “Falamos com ele, ele está bastante chateado”, afirmou Vilardi nesta quarta (10) ao chegar para a sessão da Primeira Turma do STF.

    “A gente tem uma convicção que não existe participação do [ex-]presidente no Punhal Verde e Amarelo e no 8 de Janeiro”, acrescentou, em referência a um plano de assassinato de autoridades citado nas investigações e aos ataques à praça dos Três Poderes em 2023.

    Os votos dados pelos ministros na terça-feira (9) marcaram uma derrota, ainda que esperada, para o bolsonarismo. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o clima de pessimismo e desânimo entre aliados de Bolsonaro cresce desde o início do julgamento, na semana passada.

    Pessoas que estiveram com o ex-presidente nos últimos dias dizem, reservadamente, que ele está desanimado e abalado psicologicamente. Seus auxiliares, aliados e familiares estão estressados e chateados com a possibilidade de uma eventual prisão de Bolsonaro para cumprir de pena.

    A defesa do político já planeja um pedido de cumprimento de pena em prisão domiciliar para apresentar depois da provável condenação.

    Bolsonaro está 'bastante chateado' com votos de Moraes e Dino, diz advogado

  • Fux vota para anular processo contra Bolsonaro por incompetência do STF

    Fux vota para anular processo contra Bolsonaro por incompetência do STF

    Para Fux, a manutenção do caso no STF ofende o principio do juiz natural e da segurança jurídica; ministro votou favorável e condenou réus de outros núcleos do caso

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou para anular o processo da trama golpista de 2022 por incompetência da corte para analisar e julgar o caso. Pelo entendimento do magistrado, nem Jair Bolsonaro (PL) nem os demais sete réus do caso têm foro por prerrogativa de função.

    Fux abriu a primeira divergência nesta quarta-feira (10) em relação ao relator Alexandre de Moraes e ao voto de Flávio Dino, dados na terça (9).

    “Os fatos ocorreram entre 2020 e 2023. Naquele período a jurisprudência era pacífica, consolidada, inteligível que uma vez cessado o cargo a prerrogativa de foro deixaria de existir. Nesse caso, os réus perderam seus cargos muito antes”, disse.

    A posição do ministro será avaliada pelos integrantes da Primeira Turma que ainda votarão. Até aqui, Moraes e Dino defenderam a confirmação da competência do colegiado. Cármen Lúcia e Cristiano Zanin ainda vão se manifestar.

    Para Fux, a manutenção do caso no STF ofende o principio do juiz natural e da segurança jurídica.

    “Nós estamos diante de uma incompetência absoluta, que é impassível de ser desprezada como vício intrínseco ao processo”, afirma.

    Desde a sessão que tornou Bolsonaro réu, o ministro manifestou desconforto com a delação de Mauro Cid e algumas questões jurídicas. Desde então, ele acompanhou todos os atos processuais.

    O envolvimento direto de Fux no processo da trama golpista foi considerado incomum por assessores de ministros, advogados do caso e de fora dele ouvidos pela Folha. O ministro participou de todas as etapas, e a conduta foi vista como uma tentativa de agir de forma independente. Além de Moraes e Fux, compõem a Primeira Turma Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

    No sessão que ouviu os votos de Moraes e Dino, Fux havia adiantado que iria divergir em questões preliminares.

    Antes ainda de começar a se votar, nos primeiros minutos de sua fala, ele disse também que juízes devem ter “firmeza para condenar quando se tem certeza e humildade para absolver quando houver dúvida”.

    Segundo ele, essas são “considerações jurisfilosóficas” que embasam o voto que ele dará.

    Fux vota para anular processo contra Bolsonaro por incompetência do STF

  • Congressistas que criticam Moraes aprovam 21 prisões sem detalhar motivos na CPI do INSS

    Congressistas que criticam Moraes aprovam 21 prisões sem detalhar motivos na CPI do INSS

    O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que já criticou a falta de individualização no caso dos presos nos atos golpistas, defendeu as prisões na investigação contra o INSS sem detalhar motivos

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Críticos das “ordens de prisão genéricas” decretadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, congressistas de oposição ao governo aprovaram na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS um requerimento que pede a prisão preventiva de 21 pessoas citadas no inquérito da Polícia Federal sobre o escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

    O requerimento não individualiza as condutas dos citados. A lista aprovada pela CPI de forma unânime na segunda-feira (1º) contém apenas os nomes e CPF dos acusados, sem dizer por qual motivo deveriam ser presos antes da condenação ou qual crime teriam cometido.

    Numa justificativa de oito linhas, o colegiado afirma que o pedido de prisão preventiva tem como base o inquérito policial. A PF (Polícia Federal), contudo, não solicitou esse tipo de medida cautelar e ainda não concluiu a investigação.

    “Verificou-se que, mesmo diante da presença de veementes indícios de materialidade e de autoria de infrações penais que vitimaram milhões de aposentados e pensionistas, até o momento nenhum investigado se encontra submetido a prisão cautelar”, diz o documento da CPI já protocolado no Supremo.

    A decisão sobre a prisão agora cabe ao ministro André Mendonça, que relata a ação sobre os descontos indevidos no Supremo Tribunal Federal.

    O requerimento não estava na pauta da reunião e foi apresentado após três horas de sessão pelo relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).

    O texto requer a prisão preventiva de 21 pessoas, incluindo o ex-presidente do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) Alessandro Stefanutto -demitido do cargo após as operações- e os empresários Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti.

    O ex-diretor de benefícios do INSS Vanderlei Barbosa, o ex-procurador-geral da autarquia Virgílio Antônio Ribeiro e os coordenadores de suporte ao atendimento ao cliente, Geovani Batista, e pagamentos, Jucimar Fonseca, também são alvo do pedido. A Justiça afastou todos eles dos cargos em abril.
    Procurado pela reportagem, Gaspar diz que as condutas de cada um dos citados foram individualizadas no requerimento encaminhado ao Supremo –que é sigiloso– e que ele foi orientado a não dar detalhes sobre o inquérito na CPI.

    “O pedido de prisão foi feito com base nas mais de 3.000 páginas do inquérito policial”, afirmou o deputado à Folha. “O próprio delegado aponta os requisitos para uma prisão preventiva. O que discordamos é que não houve o pedido de prisão cautelar”.

    Embora tenha sido aprovado de forma unânime, o requerimento gerou protestos por não incluir o nome do ex-presidente do INSS durante o governo Bolsonaro, José Carlos Oliveira, que teve ascensão meteórica dentro da autarquia e depois se converteu em ministro da Previdência.

    Outros nomes da direita críticos ao ministro Alexandre de Moraes também votaram a favor do requerimento. Um deles foi o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), que criticou a falta de individualização de conduta nas prisões dos envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro.

    “Todas as citações que vi eram praticamente idênticas, um copia e cola de argumentos e narrativas sem provas da participação individual da pessoa citada. A individualização da conduta, característica básica do processo penal, inexiste por completo”, escreveu em artigo no jornal Gazeta do Povo, em fevereiro de 2023, após visitar os presos do 8 de janeiro no Presídio da Papuda.
    Na CPI, no entanto, van Hattem saudou o requerimento e afirmou: “nós sabemos que, na maior parte, não são suspeitos tão somente, mas muito mais do que isso, são ladrões do dinheiro de pessoas vulneráveis”.

    À Folha, van Hattem citou o depoimento do advogado Eli Cohen à CPI e afirmou que as fundamentações foram feitas pela PF. “Depois de tudo que já veio na Operação Sem Desconto, você acha precipitado prender o Careca do INSS?”, perguntou.

    O próprio presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), também já criticou a falta de individualização no caso dos presos nos atos golpistas. “As condenações às pessoas envolvidas no 8 de janeiro estão totalmente contrárias ao que o judiciário brasileiro sempre pregou!”, escreveu numa rede social, em março. “Não há proporcionalidade e individualização da conduta”.

    Procurado, o senador respondeu que as prisões pedidas pela CPI são “das mesmas pessoas que constam no inquérito da Polícia Federal, onde estão devidamente embasadas, uma a uma”.

    Autor do pedido e relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar também relatou o projeto aprovado na Câmara que suspendeu parte do processo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) no STF.

    Em sua versão inicial, depois derrubada pelo Supremo, a proposta paralisava completamente a ação penal, ajudando também Bolsonaro e outros réus da trama golpista.

    No último dia 4 de agosto, quando Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro, o deputado criticou a decisão, usando como argumento o fato de que o ex-presidente ainda não havia sido condenado.

    “Ditadura. Alexandre de Moraes ultrapassou todos os limites da Constituição. Acaba de prender Jair Bolsonaro. Bolsonaro não cometeu crime nenhum, não está condenado em absolutamente nada”, afirmou em vídeo publicado em sua conta no Instagram.

    Gaspar disse à reportagem que não há contradição nos seus posicionamentos, que os investigados pela CPI roubaram bilhões e apresentam risco de fuga. “Sempre fui a favor [da prisão preventiva] nos crimes que exigem essa cautela inicial”, afirmou. “O que li, o que vi, estudei dos autos, no caso Ramagem, eu não reconheço os crimes que estão sendo imputados a ele [Bolsonaro]”.

    Congressistas que criticam Moraes aprovam 21 prisões sem detalhar motivos na CPI do INSS

  • STF continua a análise da tentativa de golpe; Fux vota nesta quarta

    STF continua a análise da tentativa de golpe; Fux vota nesta quarta

    Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram, nesta terça-feira, 9, pela condenação de todos

    Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) continuam a analisar nesta quarta-feira, 10, a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram, nesta terça-feira, 9, pela condenação de todos.

    Neste quarto dia de análise do caso, o único ministro a votar deverá ser Luiz Fux. Ao longo da semana, ainda vão se manifestar Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Turma.

    Ao todo, estavam reservadas oito sessões, mas na tarde da última sexta-feira, 5, Moraes pediu sessões extras a Zanin, que atendeu à solicitação. Nesta quinta-feira, 11, também haverá sessões pela manhã e pela tarde. O resultado do julgamento deve ser proclamado na sexta-feira, dia 12.

    Bolsonaro e os outros réus são acusados por organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente por todos os crimes listados que, somados, podem ultrapassar 40 anos de prisão. A dosimetria da pena ainda será definida pelos ministros, em caso de condenação.

    STF continua a análise da tentativa de golpe; Fux vota nesta quarta

  • Entenda em 5 pontos os votos de Moraes e Dino no julgamento da trama golpista

    Entenda em 5 pontos os votos de Moraes e Dino no julgamento da trama golpista

    Alexandre de Moraes e Flávio Dino, já deram seus votos e defenderam a condenação de Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus da ação penal

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O julgamento do núcleo central da trama golpista foi retomado nesta terça-feira (9) na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), com a leitura dos votos de Alexandre de Moraes, relator do caso, e de Flávio Dino. Ambos os ministros defenderam a condenação de Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus da ação penal.

    Ao longo de quase cinco horas, Moraes sustentou que o ex-presidente exerceu papel de liderança em uma organização criminosa que atuou de 2021 até os ataques de 8 de janeiro de 2023. Dino, em seguida, reforçou o entendimento, embora tenha feito ressalvas a alguns dos acusados.

    O julgamento será retomado nesta quarta-feira (10), às 9h, com previsão dos votos de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

    DELAÇÃO DE CID

    Moraes iniciou seu voto analisando as questões preliminares levantadas pelas defesas, rejeitando pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid e rebatendo críticas à sua condução como relator.

    O ministro disse que “beira a litigância de má-fé” que as defesas digam que os oito primeiros depoimentos de Cid sejam totalmente contraditórios ou “oito diferentes delações”. Afirmou que foi uma estratégia da Polícia Federal fazer a divisão das audiências em temas, com fatos diversos.

    LISTA COM 13 ANOS

    Na sequência, o ministro apresentou uma lista de 13 atos que classificou como executórios da tentativa de golpe, sustentando que não se tratavam de meros preparativos, mas de etapas concretas de uma ação em curso. Entre eles, citou o uso da máquina pública para monitorar adversários, a live de 2021 em que Bolsonaro questionou sem provas as urnas, o discurso a embaixadores em 2022 e o uso da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições.

    O relator destacou ainda o plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. Segundo o ministro, a presença de Bolsonaro em reuniões em que documentos foram impressos e discutidos, além de áudios de militares envolvidos, são provas do envolvimento do ex-presidente.

    “Não há nenhuma dúvida de que houve tentativa de abolição ao Estado democrático de Direito, tentativa de golpe e atuação de uma organização criminosa”, afirmou Moraes ao defender a condenação dos oito réus. Para ele, Bolsonaro usou a estrutura do Estado para implementar um “projeto autoritário de poder”.

    CRÍTICAS ÀS DEFESAS E REAFIRMAÇÃO DE SUA CONDUTA

    Em seu voto, Moraes também respondeu diretamente a argumentos apresentados pelos advogados dos réus. Chamou de “esdrúxula” a contagem de perguntas feitas por ele durante interrogatórios e rejeitou pedidos de anulação por causa da acareação entre Mauro Cid e o general Braga Netto.

    Disse ainda que “a ideia de que o juiz deve ser uma samambaia jurídica durante o processo não tem nada a ver com o sistema acusatório”. Para o relator, sua atuação no processo seguiu todos os parâmetros legais e constitucionais.

    DINO ACOMPANHA MORAES

    O ministro Flávio Dino foi o segundo a votar. Ele acompanhou integralmente a posição de Moraes quanto à condenação de Bolsonaro e da maior parte dos réus, afirmando que “não há dúvidas” de que o ex-presidente e Braga Netto ocupavam posições de comando na organização criminosa.

    Logo no início de seu voto, o ministro destacou o precedente do caso Daniel Silveira para reforçar que crimes contra o Estado democrático de Direito não podem ser objeto de anistia ou indulto. “Jamais houve anistia em proveito de quem exercia o poder dominante”, afirmou.

    Ele também se posicionou contra a tese de absorção do crime de abolição violenta do Estado democrático pelo de golpe de Estado. Para Dino, são infrações distintas, cada uma com desvalor próprio.

    O ministro ressaltou ainda que o processo não serve para julgar as Forças Armadas como instituição, mas deve funcionar como alerta. “Não é normal que, a cada 20 anos, tenhamos episódios de ruptura constitucional. Creio que, para além do julgamento que nos cabe, não há dúvidas de que as considerações aqui devem se prestar a uma reflexão para que todas as instituições do Estado se mantenham isentas e apartidárias”, declarou.

    Ministro faz ressalvas

    Dino, porém, defendeu que os réus Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Alexandre Ramagem sejam condenados com reconhecimento de participação de menor importância, a ser considerada na dosimetria da pena. Segundo o ministro, há menos provas contra este grupo sobre a participação na trama nos meses finais do governo Bolsonaro.

    “Creio que uma técnica justa […] é considerarmos que há possibilidade de redução da pena abaixo do mínimo legal”, sugeriu.

    O resultado final do julgamento depende ainda dos votos de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O processo seguirá até sexta-feira (12).

    Entenda em 5 pontos os votos de Moraes e Dino no julgamento da trama golpista

  • Empresários criticam radicalização de Tarcísio e dizem que ele 'pode perder apoio'

    Empresários criticam radicalização de Tarcísio e dizem que ele 'pode perder apoio'

    “Errou muito na dose e pode perder apoio”, disseram empresário após o governador de São Paulo atacar a Justiça brasileira

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – A recente radicalização de Tarcísio de Freitas (Republicanos) nos gestos de embate contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e seu apoio incondicional a Jair Bolsonaro não foi bem recebida pelo empresariado -uma fatia da sociedade que demonstra simpatia ao nome do governador de São Paulo como candidato à Presidência em 2026.

    O alerta começou no fim do mês passado, quando Tarcísio anunciou a promessa de conceder um indulto a Bolsonaro caso seja eleito presidente no ano que vem. Mas o desconforto cresceu no empresariado durante o fim de semana, após o discurso em que o governador fez um duro ataque ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que miram os bolsonaristas.

    Nas conversas reservadas, o nome do governador costumava ser o primeiro citado por representantes do setor privado como uma alternativa à dobradinha entre o petismo e o bolsonarismo. Sua postura extremada, porém, levantou ressalvas. O tema eleitoral é sempre tratado com discrição por CEOs e empresários, que evitam demonstrar preferências publicamente, mas a rejeição ao cenário polarizado que o Brasil enfrenta há anos é mais consensual.

    Para o empresário Antônio Carlos Pipponzi, que é hoje membro do conselho de administração do grupo RD Saúde, o radicalismo desanima.

    “Até aqui era notório que Tarcísio era o candidato preferido do empresariado, seja pela sua visão sobre a economia, seja pelo seu equilíbrio com relação ao extremismo que ainda toma conta das discussões políticas no país. Suas falas radicais arrefecem muito o entusiasmo da linha mais equilibrada da ala empresarial, que coloca a manutenção do Estado de Direito com respeito à Constituição acima do direcionamento econômico. Ao mesmo tempo, as novas lideranças que estão se apresentando como pré-candidatos vão começar a ganhar tração, e poderemos ter surpresas na disputa final”, diz Pipponzi.

    Em discurso na manifestação do 7 de Setembro, neste domingo, na avenida Paulista, em São Paulo, Tarcísio chamou Moraes de tirano e afirmou que o STF está julgando “um crime que não existiu”, em referência ao julgamento da trama golpista.

    O empresário Fábio Barbosa, que foi presidente de Santander e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e permanece em conselhos de várias companhias, afirma que compreende a lógica de Tarcísio ao buscar apoio e votos na direita bolsonarista. “Mas acho que errou muito, e desnecessariamente, na dose. E com isso pode perder o apoio do centro e moderados de direita. Preocupa, pois era, ou é, visto como um bom nome da direita”, afirma Barbosa.

    Nas últimas semanas, o governador vinha fazendo movimentos de aproximação ao empresariado, participando de eventos de bancos, associações setoriais e fóruns do agronegócio.

    O banqueiro Ricardo Lacerda, fundador da BR Partners, alerta que o eleitorado pode rejeitar os discursos extremados.

    “Estamos em uma fase do processo eleitoral na qual os candidatos falam para suas bases. Daí o discurso de pobres contra ricos do presidente Lula e a recente radicalização pró-Bolsonaro do governador Tarcísio. Mas eu acho que no decorrer do processo ambos buscarão mais o centro. Teremos uma disputa que será decidida por 2% ou 3% de eleitores de centro, então é preciso cuidado para não explodir pontes com esse grupo”, diz Lacerda.

    João Camargo, fundador do grupo de empresários Esfera, também faz ressalva à polarização. “A eleição ainda está a 13 meses de distância, e até lá muita coisa pode mudar. O processo democrático prevê que as convenções partidárias escolham os melhores representantes, tanto no campo progressista quanto no liberal. O essencial, acima de nomes ou polarizações, é que o Brasil tenha um verdadeiro plano de Estado, sólido, de longo prazo e capaz de guiar o país com estabilidade e visão”, diz Camargo.

    Para Lawrence Pih, que foi um dos primeiros empresários a apoiar o PT nos anos 1980 e também um dos primeiros a criticar o governo Dilma Rousseff publicamente, Tarcísio se mostra como um “ente político de criação de Bolsonaro, que não existe como político pensante próprio”, e a imagem do governador como um “Bolsonaro light” é uma ficção.

    “Ele diz que não confia na Justiça e, se eleito presidente, irá indultar o golpista Bolsonaro como primeiro ato de governo. Tarcísio não mede esforço para viabilizar o projeto da anistia ampla para livrar Bolsonaro do golpe de estado que arquitetou, mesmo afrontando as mais sagradas instituições do país. Na realidade Tarcísio está convicto de que Bolsonaro continuará inelegível e prepara terreno para seguir os passos do mentor”, afirma Pih.

    Nas listas de possíveis nomes citados por empresários para as eleições de 2026, também aparecem os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).

    Empresários criticam radicalização de Tarcísio e dizem que ele 'pode perder apoio'

  • 3° dia de julgamento da trama golpista tem referência a máfia, ao Mickey e a noite de 7/9 no STF

    3° dia de julgamento da trama golpista tem referência a máfia, ao Mickey e a noite de 7/9 no STF

    Moraes fez comparações da conduta de Bolsonaro com a máfia, e Dino fez referências ao personagem Mickey ao abordar as sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos integrantes da corte

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O terceiro dia do julgamento da trama golpista pelo STF (Supremo Tribunal Federal), nesta terça-feira (9), foi repleto de ironia e de analogias feitas por Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Em algumas vezes, os votos foram interrompidos por brincadeiras entre os dois ministros.

    Eles fizeram uso de comparações e diferentes referências ao longo das manifestações dadas para condenar Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do núcleo central do caso. As manifestações foram consideradas duras e não houve voto pela absolvição de qualquer um dos envolvidos.

    Na fundamentação das posições, Moraes fez comparações da conduta de Bolsonaro com a máfia, e Dino fez referências ao personagem Mickey ao abordar as sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos integrantes da corte.

    O relator do caso comparou o ex-presidente a um chefão da máfia por ter saído do país quando seus apoiadores atacaram as sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023. De acordo com o ministro, isso não afasta Bolsonaro da liderança do movimento.

    “Qual é o melhor disfarce para um líder de organização criminosa para efetivar o golpe, que não conseguiu durante esse período todo, do que viajar para o exterior? ‘Eu não estava lá’”, disse Moraes. “Obviamente, quando o soldado da máfia comete um crime a mando do capo da máfia, ele não está lá, o chefe da organização criminosa. Mas responde porque ele determinou”, disse.

    Ao ler as anotações de Alexandre Ramagem, ex-diretor de Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sob Bolsonaro, com ataques às urnas eletrônicas e enviadas ao ex-presidente, a comparação foi com o crime organizado brasileiro: “Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro, é uma mensagem do diretor da Abin para o então presidente da República”.

    Moraes optou por apresentar seu voto de forma cronológica, para reforçar a existência de uma organização criminosa que atuou pela manutenção de Bolsonaro no poder, e chegou a citar réus de núcleos da trama golpista cujos julgamentos ainda não foram realizados.

    Num momento, disse não ser crível que o general Mario Fernandes teria feito “barquinho de papel” com a impressão do plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinatos de autoridades.

    Segundo as investigações, Fernandes imprimiu o planejamento dos assassinatos em 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois ele teria ido até o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.

    “Não é crível, não é razoável que Mario Fernandes imprimiu e se dirigiu ao Palácio da Alvorada, onde lá estava o presidente, ficou 1h06 e fez barquinho de papel com a impressão. Isso é ridicularizar a inteligência do tribunal”, disse.

    Moraes também tratou de forma jocosa as menções a ele e a outros ministros feitas por Jair Bolsonaro na reunião ministerial de 2022.

    Ao ler citação feita por Bolsonaro sobre os ministros na ocasião -“Este cidadão que está aqui é um marxista, advogado do MST”-, Moraes faz a ressalva: “Não sou eu, ministro Flávio [Dino], a referência aqui é ao ministro [Edson] Fachin”.

    Ele continua a reproduzir as falas de Bolsonaro: “O Alexandre de Moraes vocês sabem qual é a vida pregressa dele”, lê Moraes, fazendo um gesto de dúvida.

    O ministro diz também que “indagado no interrogatório judicial, na 42ª pergunta que esse magistrado fez após os advogados terem feito 14 perguntas, se desculpou, disse que era o jeito dele, que não tinha nenhuma prova”. A menção ao número de perguntas também é uma piada sobre a defesa do general Augusto Heleno, que o chamou de “juiz inquisidor”.

    Já Flávio Dino, ao votar, reforçou que a intenção dos envolvidos na tentativa de golpe após a derrota eleitoral de Bolsonaro não era pacifista.

    Como exemplo, ele usou o nome do plano que envolvia a morte de autoridades. “O nome do plano não era Bíblia Verde e Amarela, era Punhal Verde e Amarelo”, disse.

    O ministro também relembrou a manifestação de 7 de setembro de 2021, em que Bolsonaro ameaçou o STF, e perguntou a Luiz Fux se ele havia de fato dormido no tribunal, como comentado.

    “Ministro Fux, apesar da nossa ótima relação pessoal, eu nunca perguntei se procede a narrativa segundo a qual vossa excelência dormiu naquela noite na presidência”, perguntou Dino.

    “Eu compareci ao tribunal porque tinha 150 mil pessoas na Praça dos Três Poderes e não aconteceu absolutamente nada”, respondeu Fux, presidente da corte à época. “Com a graça de Deus”, emendou Dino.

    O julgamento teve seu momento de maior tensão quando Luiz Fux se queixou de uma manifestação de Dino durante o voto de Moraes.

    “Conforme nós conversamos naquela sala aqui do lado, os ministros votariam direto sem intervenção de outros colegas, muito embora foi própria essa intervenção do ministro Flávio Dino. Mas eu gostaria de cumprir aquilo que nós combinamos no momento em que eu votar”, disse Fux.

    Dino comentava o fato de as decisões monocráticas nos tribunais passarem por referendo do plenário. O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, afirmou que, no caso, Moraes havia concedido o aparte a Dino. Fux respondeu: “mas eu não vou conceder”.

    Por fim, Dino rebateu: “Eu o tranquilizo, ministro Fux, porque não pedirei de vossa excelência, pode dormir em paz”.

    Em resposta aos ataques de Trump ao Brasil e aos ministros, Dino também soltou: “Eu me espanto com alguém imaginar que alguém chega ao Supremo e vá se intimidar com tuíte. Será que as pessoas acreditam que um tuíte de uma autoridade, de um governo estrangeiro, vai mudar o julgamento do Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vai mudar o julgamento?”.

    3° dia de julgamento da trama golpista tem referência a máfia, ao Mickey e a noite de 7/9 no STF