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  • Empresas ajudaram Bolsonaro com ameaças, pernil e voto de cabresto na eleição

    Empresas ajudaram Bolsonaro com ameaças, pernil e voto de cabresto na eleição

    Empresas de diferentes estados foram condenadas por assédio eleitoral nas eleições de 2022, quando usaram ameaças, promessas de benefícios e até distribuição de alimentos para coagir funcionários a apoiar Jair Bolsonaro. Relatórios apontam milhares de denúncias e revelam como a prática ainda compromete a lisura democrática

    (CBS NEWS) – Ameaças de demissão, promessas de folga e até mesmo distribuição de pernil. Levantamento feito pela Folha na Justiça do Trabalho mostra que empresas de vários estados brasileiros já foram condenadas por ajudar Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, tentando influenciar e manipular o voto de seus funcionários e colaboradores.

    Com raízes no voto de cabresto imposto pelos coronéis na República Velha (1889-1930), o chamado assédio eleitoral motivou, na última eleição presidencial, uma série de ações judiciais. A reportagem teve acesso a 30 julgamentos recentes, em primeira ou segunda instância, nos quais empresas foram consideradas culpadas por condutas que alternam promessas de benefícios com pressão, intimidação e coação.

    Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 e atualmente em prisão domiciliar, Bolsonaro ainda será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de tentativa de golpe de Estado no final de seu governo para tentar evitar a posse do presidente Lula (PT).

    Em Minas Gerais, a Agronelli Ltda. foi punida por ter, de acordo com o desembargador Marcelo Pertence, buscado “influenciar e manipular o direito de escolha política dos empregados”.

    Segundo o processo, a empresa colou adesivos com o nome de Bolsonaro nas mesas e computadores dos funcionários e promoveu palestras sobre o então presidente. Um diretor ainda falou que, se o PT vencesse a eleição, a empresa seria prejudicada e os funcionários, demitidos.

    Condenada a pagar R$ 10 mil a uma ex-funcionária, a Agronelli recorreu. Declarou à Justiça que “nunca coagiu, intimidou ou influenciou o voto dos seus colaboradores” e que jamais obrigou seus funcionários a colocarem adesivos de Bolsonaro em seus veículos ou locais de trabalho.

    Na Radiodoc (SP), um representante da empresa, de acordo com a ação judicial, disse que os funcionários “sofreriam as consequências” se não votassem em Bolsonaro.

    A empresa chegou a prometer uma folga para quem participasse de evento da campanha de Bolsonaro. Condenada em duas instâncias, a empresa negou “veementemente” os fatos relatados à Justiça.

    Na Sada Bioenergia e Agricultura (MG), um motorista com 12 anos de empresa foi demitido aos 64 anos por ter se recusado a usar um adesivo de Bolsonaro. Ele afirmou ao encarregado que distribuía o material de campanha que era eleitor de Lula.

    “O respeito à formação de convicção política de forma autônoma e livre é condição essencial à democracia”, afirmou o desembargador Marco Aurélio de Carvalho ao condenar a Sada. Ela disse à Justiça que a dispensa já estava prevista para ocorrer e que não houve assédio.

    No Paraná, a Transben Transportes foi condenada por, de acordo com a juíza Camila de Almeida, ter encaminhado um vídeo aos funcionários pedindo, de forma expressa, para que votassem em Bolsonaro.

    “Se o Lula ganhar vai ter desemprego. A nossa empresa vai sofrer bastante”, afirmou o representante. Na gravação, ele disse ainda que o motorista que fosse votar em Bolsonaro receberia um “auxílio” para poder retornar para suas cidades no dia da eleição. Na defesa apresentada à Justiça, a empresa disse que “sempre respeitou a preferência política dos seus empregados”.

    Já no Espírito Santo, a Febracis foi condenada a pagar uma indenização de R$ 10 mil por tentar coagir uma auxiliar administrativa a votar em Bolsonaro. A pressão, de acordo com o processo, foi aumentando com a aproximação do segundo turno. A empresa dizia que a eleição era uma “guerra espiritual”. Bolsonaro seria o enviado de Deus e Lula, o Diabo.

    “O comportamento habitual da superiora hierárquica não pode ser considerado tolerável em um ambiente corporativo”, afirmou na decisão o desembargador Soares Heringer. A empresa disse à Justiça que “jamais exerceu qualquer tipo de perseguição política e ideológica em face de seus empregados”.

    O Frigorífico Serradão, de Betim (MG), segundo uma ação aberta por um magarefe (profissional que faz o abate de animais), distribuiu camisetas amarelas para os trabalhadores com menção ao slogan de Bolsonaro e prometeu conceder uma peça de pernil a quem comprovasse ter votado no então presidente.

    “Os vídeos [anexados ao processo] demonstram claramente a realização da reunião nas dependências da empresa, e a uniformização amarela dos empregados, todos vestidos em nítido apoio a um determinado candidato imposto pela empresa”, afirmou o juiz Augusto Alvarenga na sentença.

    O Serradão, ao se defender, disse que não obrigou nenhum trabalhador a usar a camiseta amarela e que jamais ofereceu qualquer vantagem para quem votasse em Bolsonaro.

    Eneida Desiree Salgado, professora de direito constitucional e eleitoral da Universidade Federal do Paraná, que tem trabalhos sobre a questão do assédio eleitoral, diz que, em cidades pequenas, para cargos como vereador e deputado, é comum que as empresas verifiquem o mapa de votação para saber se, na zona eleitoral do seu funcionário, houve voto no candidato indicado.

    “Assim como o voto de cabresto no contexto do fenômeno do coronelismo da Primeira República, o que está em jogo não é apenas a liberdade de um voto. Com a existência do assédio eleitoral, toda a lisura do sistema é posta em risco”, afirma.

    Um relatório do Ministério Público do Trabalho apontou o recebimento de 3.145 denúncias de assédio eleitoral na disputa de 2022, número que representa apenas a ponta de um iceberg, uma vez que, diante do medo de perder seus empregos, muitos assediados preferem manter o silêncio.

    Uma pesquisa feita pelo Datafolha em 2022 registrou que 4% dos eleitores disseram já ter sofrido assédio eleitoral.

    O MPT assinou à época da eleição 560 termos de ajuste de conduta com empresas e abriu 105 ações civis públicas. Uma delas foi movida contra a SLC Agrícola S.A, do Piauí, que foi condenada em segunda instância a pagar R$ 100 mil em danos morais coletivos por ter imposto uma escala atípica para dificultar o voto dos trabalhadores no segundo turno. Lula havia obtido mais de 74% dos votos no estado no primeiro turno.

    De acordo com a sentença, 34 funcionários foram chamados para trabalhar em uma fazenda, distante dos locais de votação, contra apenas dois nos domingos anteriores. Além disso, a empresa não ofereceu transporte para que eles pudessem se deslocar a tempo de votar. O desembargador Marco Caminha disse na decisão que a empresa “obstou o exercício do voto por parte dos empregados”.

    A SLC disse à Justiça que não cometeu qualquer ato ilícito e que não tentou cercear o direito de voto. “A escala de trabalho no dia da eleição decorreu da necessidade operacional gerada pelo início do plantio da soja”, afirmou.

    O mesmo argumento de que “jamais violou a liberdade de seus trabalhadores” foi dado pela empresa Fomentas (MT) em ação na qual foi condenada a pagar uma indenização de R$ 50 mil.

    No processo há uma fotografia na qual funcionários seguram uma faixa com a frase: “Fomentas apoia Bolsonaro”, bem como mensagens de WhatsApp em que o líder de uma das equipes disse que reuniu funcionários e exibiu vídeos de Lula “falando sobre aborto e sobre defender bandidos e drogas”.

    A empresa disse à Justiça que, na citada reunião, “não houve pedido de voto”. Já a fotografia foi feita por “livre e espontânea vontade”, afirmou.

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  • Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

    Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

    O governo Lula envia ao USTR um documento contestando acusações de Donald Trump contra o Brasil em áreas como Pix, etanol, desmatamento e propriedade intelectual. A entrega ocorre em meio à escalada de sanções impostas a autoridades brasileiras e familiares por Washington

    O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para entregar, nesta segunda-feira (18), um relatório em resposta à ofensiva aberta pela administração de Donald Trump contra o Brasil. O documento é uma réplica ao processo conduzido pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), que acusa o país de adotar práticas comerciais “desleais” em diferentes áreas, entre elas o Pix, o etanol, a propriedade intelectual e o combate ao desmatamento ilegal.

    A investigação foi instaurada em 15 de julho com base na Seção 301 da Lei Comercial americana, mecanismo que permite a Washington apurar supostas violações cometidas por parceiros estrangeiros. Desde então, a agência abriu consultas públicas para ouvir empresas e cidadãos sobre o tema.

    A resposta brasileira chega em um momento de forte desgaste na relação bilateral. Na semana passada, o governo Trump elevou a pressão ao suspender os vistos de dois técnicos do Ministério da Saúde ligados ao programa Mais Médicos, Mozart Sales e Alberto Kleiman. A medida atingiu também familiares do ministro Alexandre Padilha e veio acompanhada do aviso de que novas sanções poderão ser adotadas. Washington sustenta que o programa, ao contratar profissionais cubanos, contribui para financiar o regime de Havana, alvo de embargo econômico desde a década de 1960.

    Não é a primeira vez que brasileiros enfrentam restrições semelhantes. Em julho, Trump já havia barrado a entrada nos Estados Unidos de ministros do Supremo Tribunal Federal, entre eles Alexandre de Moraes e outros sete magistrados.

    Outro ponto de atrito veio da decisão de Trump de impor sobretaxa de 50% sobre seis categorias de produtos brasileiros. No centro do processo do USTR estão alegações de que:

    – O Brasil criou barreiras injustas a empresas de tecnologia americanas, citando Pix como exemplo;
    – Acordos comerciais recentes concederam tarifas preferenciais a parceiros, penalizando importações vindas dos EUA;
    – A política para o etanol rompeu a lógica de reciprocidade, encarecendo o produto americano;
    – O desmatamento ilegal fornece vantagem competitiva à agricultura nacional em prejuízo dos produtores dos EUA;
    – Houve enfraquecimento das regras anticorrupção e de transparência;
    – O país falhou em proteger adequadamente a propriedade intelectual, prejudicando empresas de tecnologia e do setor criativo.

    A resposta de Brasília tenta rebater cada um desses pontos e busca reduzir a escalada de tensões, mas diplomatas avaliam que o gesto pode não ser suficiente para conter a disposição de Trump em ampliar medidas punitivas contra o Brasil.

    Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

  • Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

    Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

    O valor do pró-labore, que é o pagamento para o sócio que trabalha na empresa, sofre desconto de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que garante o recolhimento da contribuição para aposentadoria e outros benefícios da Previdência Social, como auxílio-doença e pensão por morte

    (FOLHAPRESS) – Sócios que atuam na operação de suas empresas devem ser remunerados obrigatoriamente por meio de pró-labore, que pode ser combinado com a distribuição de lucros e dividendos. A definição desses valores deve observar questões tributárias e contábeis, além das normas da Receita Federal.

    O valor do pró-labore, que é o pagamento para o sócio que trabalha na empresa, sofre desconto de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que garante o recolhimento da contribuição para aposentadoria e outros benefícios da Previdência Social, como auxílio-doença e pensão por morte.

    Para valores acima da faixa de isenção de dois salários mínimos por mês (R$ 3.036), também incide Imposto de Renda, com alíquotas que podem chegar a 27,5%.

    Cálculos da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) feitos para a Folha mostram o custo desses tributos para a empresa e para o sócio.

    Rafaela de Sá, planejadora financeira da Planejar, afirma que a pessoa que tem um cargo efetivo de administração em uma empresa precisa recolher o pró-labore no valor de pelo menos um salário mínimo. O sócio sem cargo não tem essa obrigação e pode receber tudo como dividendos, que não são tributados.

    Uma simulação feita pela planejadora mostra que um sócio que retira R$ 30 mil por mês da empresa na forma de pró-labore, por exemplo, sofre desconto do INSS no teto (R$ 908,73) e Imposto de Renda estimado em cerca de R$ 5.800, considerando a tabela progressiva com as deduções mínimas. O valor líquido final é de aproximadamente R$ 23 mil.

    Na retirada do mesmo valor via distribuição de dividendo, não há incidência de INSS ou IR. Mesmo que seja aprovado o projeto do governo para taxar parte da distribuição de lucros, as alíquotas efetivas ficarão em no máximo 10%.

    Uma opção é distribuir o pró-labore pelo mínimo, diz a planejadora, e colocar parte dos dividendos em um plano de previdência privada.

    Ela afirma que os dividendos são mais vantajosos no curto prazo, pois resultam em um ganho líquido maior. “Mas o pró-labore, apesar da maior carga tributária, é vantajoso quando o sócio deseja contribuir para o INSS, planeja se aposentar pelo regime oficial ou precisa comprovar renda para financiamentos, crédito ou processos de imigração.”

    Os dividendos só podem ser pagos se houver lucro. O pró-labore não sofre essa limitação e, por não ser considerado salário, pode ter seu valor alterado a qualquer momento, inclusive para baixo, respeitando o salário mínimo. Também não precisa ser pago mensalmente.

    A advogada Tatiana Galvão Villani afirma que é necessário observar alguns cuidados para evitar autuações da Receita Federal. Por exemplo, distinguir os dois pagamentos. Ela recomenda que os valores sejam pagos em dias diferentes e que a contabilidade mantenha registros que deixem clara a natureza de cada remuneração.

    Além disso, o dividendo precisa ter como lastro o lucro da empresa, mas há casos em que o valor é distribuído ao longo do ano, antes da apuração do resultado do exercício. Caso a empresa tenha prejuízo, o valor pode ser reclassificado como pró-labore, levando à tributação.

    Também é necessário respeitar as regras previstas em contrato social para remuneração dos sócios, especialmente nos casos de distribuição de dividendo de forma desproporcional.

    Segundo Villani, há muitos casos relativos ao tema que chegam ao Carf, conselho que julga os recursos contra autuações do fisco, que tem mantido as cobranças contra quem não observa as exigências da Receita.

    “Nada impede que uma sociedade distribua dividendo em bases mensais, desde que tenha lucro contábil para tanto, com base em uma contabilidade idônea”, afirma a advogada, que é sócia do Galvão Villani, Navarro, Zangiácomo e Bardella Advogados.

    Aldo Macri, diretor de Operações da GoNext Governança e Sucessão, afirma que o pró-labore deve ser atribuído exclusivamente aos sócios que atuam na gestão da empresa, com valores compatíveis com o mercado e com as responsabilidades do cargo.

    Ele também diz que, em empresas familiares, é importante separar as despesas pessoais dos gastos corporativos. O ideal é que as regras estejam formalizadas em documentos como o acordo de sócios.

    “A ausência de regras claras sobre pró-labore e distribuição de lucros pode gerar conflitos entre os sócios, especialmente quando há desequilíbrio entre quem trabalha na empresa e quem apenas participa como investidor.”

    Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

  • Aplicativo do ChatGPT já rendeu mais de R$ 10 bilhões à OpenAI

    Aplicativo do ChatGPT já rendeu mais de R$ 10 bilhões à OpenAI

    Lançado em 2023 para Android e iOS, o aplicativo do ChatGPT acumula 318 milhões de downloads e gera, em média, R$ 1 bilhão por mês, superando de forma ampla os rivais Claude, Grok e Copilot

    A OpenAI lançou o aplicativo do ChatGPT para celulares Android e iOS em maio de 2023 e, segundo uma nova análise da plataforma Appfigures, a ferramenta já gerou mais de 2 bilhões de dólares (R$ 10,8 bilhões) para a empresa de inteligência artificial.

    De acordo com os dados divulgados, apenas em 2025 o app oficial do ChatGPT já movimentou mais de 1,35 bilhão de dólares (R$ 7,29 bilhões)  um crescimento de 673% em comparação ao período entre janeiro e julho de 2024. Atualmente, o aplicativo gera em média 193 milhões de dólares por mês (R$ 1,04 bilhão), muito acima dos 25 milhões de dólares (R$ 135 milhões) registrados no ano anterior.

    Em relação aos concorrentes, a receita acumulada do ChatGPT é 30 vezes maior que a soma dos rivais Claude (Anthropic), Grok (xAI) e Copilot (Microsoft). A média mensal do ChatGPT também é 53 vezes superior à do Grok, que registra 25,6 milhões de dólares (R$ 138 milhões).

    No quesito downloads, a Appfigures aponta que, em 2025, o ChatGPT já foi baixado 318 milhões de vezes, número 2,8 vezes maior que no mesmo período de 2024. A Índia lidera a lista, com 13,7% dos downloads, seguida pelos Estados Unidos, com 10,3%.

     

     

     

    Aplicativo do ChatGPT já rendeu mais de R$ 10 bilhões à OpenAI

  • Discos solares podem voar em Marte com técnica inédita de levitação

    Discos solares podem voar em Marte com técnica inédita de levitação

    Estudo publicado na Nature apresentou minúsculos discos voadores capazes de levitar usando apenas energia solar e o fenômeno da fotoforese. Pesquisadores acreditam que a tecnologia pode revolucionar a exploração de Marte, ampliando o legado do helicóptero Ingenuity, da NASA

    Um estudo publicado na revista Nature apresentou minúsculos objetos voadores, semelhantes a discos, capazes de se sustentar no ar apenas com energia solar, explorando um fenômeno chamado fotoforese.

    Segundo o ScienceNews, a fotoforese ocorre quando a luz aquece um objeto e cria fluxo de gás ao redor dele, especialmente em condições de baixa pressão. O trabalho foi conduzido pelo físico Benjamin Schafer e sua equipe, que defendem o uso dessa tecnologia em futuras missões de exploração planetária, como em Marte.

    Em laboratório, os pesquisadores conseguiram fazer os protótipos levitarem em condições simuladas de baixa pressão. Cada disco é formado por duas pequenas placas: a superior, transparente, e a inferior, que absorve a luz solar. A diferença de temperatura gera movimento ascendente do gás, criando força suficiente para suspender objetos com menos de um miligrama.

    Embora os testes sejam promissores, os dispositivos ainda estão em fase inicial e levará tempo até que possam ser usados em missões reais no chamado “Planeta Vermelho”.

    O precedente do helicóptero Ingenuity

    A ideia de explorar Marte com aeronaves não é nova. Em 2021, a NASA levou ao planeta o helicóptero Ingenuity, que realizou seu primeiro voo em abril daquele ano. Inicialmente planejado para apenas cinco missões, superou as expectativas e completou 72 voos, cada vez mais desafiadores.

    No entanto, em 18 de janeiro de 2024, durante o 72º voo, uma das pás da hélice quebrou na aterrissagem, encerrando suas atividades. Mesmo assim, o Ingenuity foi considerado um sucesso histórico, apoiando o rover Perseverance como “batedor”, mapeando terrenos e ajudando a definir rotas mais seguras.

    Diante do legado do Ingenuity e do potencial da atmosfera marciana, que favorece experimentos desse tipo, a pesquisa de Schafer reforça a aposta em novas tecnologias de aeronaves para expandir a exploração de Marte.

    Discos solares podem voar em Marte com técnica inédita de levitação

  • Carlos Bolsonaro: "governadores são ratos" e acusa direita de oportunismo

    Carlos Bolsonaro: "governadores são ratos" e acusa direita de oportunismo

    Em publicações no X, vereador do Rio disse que Romeu Zema, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior tentam herdar o espólio político de Jair Bolsonaro; ele também cobrou anistia para os presos dos atos de 8 de janeiro

    O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a atacar lideranças da direita neste domingo (17). Em uma série de publicações na rede social X (antigo Twitter), ele acusou governadores de se aproveitarem do capital político do pai, hoje inelegível e em prisão domiciliar.

    “Enquanto Jair Bolsonaro está preso, doente e sendo lentamente assassinado a cada dia que passa, Clezão está morto, Silveira à beira do colapso, Filipe Martins torturado diariamente, milhares de presos políticos sangrando a alma na cadeia e os tais ‘direitistas’ se calam. Não colocam, de forma espontânea, a destruição dos direitos humanos em pauta que transformam o Brasil numa Venezuela cristalinamente. Estão preocupados apenas com seus projetos pessoais e com o que o mercado manda”, escreveu o vereador.

    Ele ainda endurece os ataques:

    “A verdade é dura: todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater. Limitam-se a gritar ‘fora PT’, mas não entregam liderança, não representam o coração do povo. Querem apenas herdar o espólio de Bolsonaro, se encostando nele de forma vergonhosa e patética. Isso é pueril, desumano e de uma falta de caráter indescritível. Não há como não sentir indignação diante desses sujeitos. Este é o desabafo de um brasileiro que sente vergonha daquilo que vocês tentam representar”.

    O vereador também afirmou que governadores fingem defender anistia para os presos dos atos de 8 de janeiro, mas recuam diante de pressões políticas. “Isso é desumano, sujo, oportunista e canalha. Não existe outra forma de qualificar tais atitudes. Fingem que vão resolver algo, falam em indulto para os perseguidos da falsa ‘trama golpista’, mas depois se escondem atrás da ‘prudência e sofisticação técnica’, lavam as mãos e seguem seus governos como se nada tivesse acontecido. Alegam ter feito sua parte, mas não passam de cúmplices covardes”.

    As declarações ocorreram um dia após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lançar sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Além de Zema, também foram alvos das críticas de Carlos os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR), todos cotados como presidenciáveis.

    As publicações foram compartilhadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), irmão de Carlos, que está nos Estados Unidos.

    Carlos Bolsonaro: "governadores são ratos" e acusa direita de oportunismo

  • NASA revela plano para construir reator nuclear na Lua

    NASA revela plano para construir reator nuclear na Lua

    Os planos para a construção de um reator nuclear devem ser anunciados esta semana e têm como impulsionador o administrador interino da NASA e também Secretário dos Transportes dos EUA, Sean Duffy

    A NASA deverá anunciar esta semana planos para a construção de um reator nuclear na Lua, uma iniciativa que deverá ser lançada pelo administrador interino da agência espacial norte-americana e atual Secretário dos Transportes dos EUA, Sean Duffy.

    O site Politico divulgou a informação a partir de documentos compartilhados por um membro sênior da NASA que adiantou que o objetivo de Duffy passa por ajudar os EUA a “vencerem a segunda corrida espacial”.

    Esta não é a primeira vez que ouvimos falar da intenção da NASA em construir um reator nuclear na Lua, um projeto que – em conjunto com a substituição da Estação Espacial Internacional – acredita-se que ajudaria a acelerar o objetivo dos EUA de chegar a Marte.

    Apesar destas iniciativas, a NASA teve recentemente cortes orçamentais que levaram trabalhadores da agência a publicar no final do mês de julho uma carta com críticas a Duffy.

    Esta carta, designada como dissidência formal, respeita um processo oficial da NASA para que os seus trabalhadores possam manifestar o seu desacordo em casos “com a importância necessária” que conduzam a uma reapreciação do problema em causa por parte da situação da agência.

    “Nos vemos obrigado a levantar a voz quando os nossos líderes dão prioridade ao impulso político sobre a segurança humana, o progresso científico e a utilização eficiente dos recursos públicos”, lê-se no texto publicado na internet pela plataforma Stand Up for Science (Defende a Ciência).

    “Estes cortes são arbitrários e foram promulgados em contravenção da lei de atribuições orçamentais do Congresso. As consequências para a agência e o país são nefastas”, acrescentou.

    A carta foi assinada por 287 pessoas que trabalham ou trabalharam na agência e estão preocupadas com o rumo que a NASA está a tomar sob o governo de Donald Trump.

    Este propôs um corte de seis bilhões de dólares no orçamento anual da NASA para 2026, o que significa uma redução de quase 25%.

    Acresce que em março a NASA anunciou a demissão da sua principal cientista, Katherine Calvin. Em 10 de julho, Trump nomeou o secretário de Transportes, Sean Duffy, para administrador interino da agência.

    Os subscritores da carta expressaram a sua discordância com estes e outros pontos, incluindo “o encerramento de missões para as quais o Congresso atribuiu fundos” ou “o cancelamento da participação da NASA em missões internacionais”.

    A missiva critica ainda a rescisão de contratos e subvenções da NASA por “razões alheias ao rendimento”, lamenta a redução do número de funcionários e denuncia uma cultura de silêncio nunca vista.

    Esta carta é produzida depois de textos similares de trabalhadores da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em Inglês) e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), com críticas similares ao governo de Trump.

    NASA revela plano para construir reator nuclear na Lua

  • Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

    Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

    Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 7,0% no primeiro trimestre de 2025 para 5,8% no segundo trimestre

    A taxa de desemprego caiu em todas as Unidades da Federação na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O instituto pondera que algumas dessas variações ficaram dentro da margem de erro da pesquisa, por isso não são consideradas estatisticamente significativas. Houve quedas de forma estatisticamente significativa em 18 das 27 Unidades da Federação no período.

    Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 7,0% no primeiro trimestre de 2025 para 5,8% no segundo trimestre. Em São Paulo, a taxa de desemprego passou de 6,3% para 5,1% no período.

    No segundo trimestre de 2025, as maiores taxas de desocupação foram as de Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%), enquanto as menores ocorreram em Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%).

    Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

  • Hugo Motta emprega caseiro de fazenda em seu gabinete na Câmara dos Deputados

    Hugo Motta emprega caseiro de fazenda em seu gabinete na Câmara dos Deputados

    Ary Gustavo Soares é contratado como assessor do gabinete de Hugo Motta desde 2019, onde recebe R$ 7.200 em salários e auxílios pagos pela Câmara

    SERRARIA, PB (CBS NEWS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), emprega em seu gabinete o caseiro de sua fazenda em Serraria (PB), cidade de 6.000 habitantes a 131 km de João Pessoa e a 225 km de Patos (PB), sua base eleitoral.

    Ary Gustavo Soares é contratado como assessor do gabinete do parlamentar desde 2019. Atualmente, recebe R$ 7.200 em salários e auxílios pagos pela Câmara.

    Ele ocupa o cargo de secretário parlamentar, que prevê 40 horas semanais e dedicação exclusiva, o que significa que o funcionário precisa trabalhar oito horas diárias e não pode ter nenhum outro trabalho público ou vínculo privado incompatível com a atividade parlamentar, segundo lei e normas da Câmara.

    Procurado por meio de sua assessoria de imprensa desde quarta (13), Motta não se manifestou.

    A reportagem viajou até Serraria e conversou com funcionários atuais e antigos da fazenda, vizinhos e técnicos agrícolas que trabalham na região. Todos confirmaram que Ary trabalha como caseiro na propriedade.

    Ele também figura em processo trabalhista movido contra a fazenda de Motta, respondendo como preposto da propriedade.

    De acordo com o ex-funcionário Antonio da Costa, que foi tratorista no local até junho de 2023, o caseiro costuma chegar ao local no início da semana e fica até sexta-feira, dormindo na casa principal da propriedade.

    Ele contou que o funcionário de Motta volta nos fins de semana para Patos, onde vive com sua família. Costa relatou que, como tratorista, recebia todas suas ordens diretamente de Ary.

    O ex-tratorista processou a fazenda no segundo semestre de 2023, após ser demitido, por não ter carteira assinada. Ary foi o representante do empregador no processo. Costa venceu a ação e recebeu R$ 18 mil.

    A reportagem foi na tarde da última terça-feira (12) até a entrada da fazenda, uma porteira azul às margens da rodovia PB-085. O caseiro tinha chegado poucas horas antes, por volta das 13h, vindo de Patos.

    A reportagem conversou com Ary pelo telefone de uma funcionária que fica na porteira da propriedade. O caseiro se recusou a sair do local, não quis responder às perguntas da reportagem e disse que qualquer assunto relativo à fazenda deveria ser tratado com Motta.

    Essa funcionária, que se identificou apenas como Maria, confirmou que Ary trabalha na fazenda. “Ele passou aí já mais cedo hoje”, respondeu ao ser questionada se ele estava na propriedade.

    O mesmo foi relatado por Juliana de Lima, funcionária da agência de extensão rural da Paraíba, que presta assistência para as fazendas locais.

    Para entrar na fazenda, explicou, é necessário falar com Maria, que liga para Ary, que é quem autoriza a entrada na fazenda. “O pessoal lá é isolado”, acrescentou.

    Além disso, um dos vizinhos da propriedade, que preferiu não se identificar, disse que quando tem questões a resolver com a fazenda de Motta, lida com Ary.

    Cada deputado tem direito a uma verba de gabinete de R$ 133 mil por mês para contratar de 5 a 25 secretários parlamentares. Eles ganham entre R$ 1.584,10 e R$ 18.719,88, além de auxílio-alimentação e outras gratificações.

    O trabalho desses funcionários é regido por uma lei, atos e regulamentos que estabelecem o tipo de trabalho vinculado à atividade parlamentar, o regime de dedicação, a carga horária e a limitação ao exercício de outras funções.

    O ato da Mesa da Câmara dos Deputados 72, de 1997, diz, no artigo primeiro, que o cargo de secretário parlamentar tem por finalidade a prestação de serviço “direto e exclusivo” nos gabinetes para atendimento de atividades parlamentares.

    O site da Câmara dos Deputados lista como impeditivo para exercer o cargo “possuir vínculo empregatício com empresa privada e/ou desempenhar quaisquer atividades em local e horário incompatíveis com o exercício do cargo em comissão”.

    Já a lei 8.112, de 1990, que disciplina o regime jurídico dos servidores públicos, proíbe que funcionários exerçam outras atividades, o que inclui a atuação privada, “que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho”. Ary, segundo os relatos de testemunhas, passa quase toda a semana na fazenda.

    Por sua vez, o ato da Mesa 24, de 2015, determina que funcionários da Câmara estão sujeitos à jornada ordinária de trabalho de 8 horas diárias e 40 horas semanais. Secretários parlamentares lotados nos estados de representação dos deputados podem cumprir jornadas de trabalhos estabelecidas por seus chefes.Pelas regras desse tipo de cargo, o secretário parlamentar não tem a obrigação de bater ponto presencialmente na Câmara.

    Segundo políticos locais ouvidos pela reportagem em Patos, Ary trabalha como motorista do presidente da Câmara na cidade, berço político do parlamentar, nos fins de semana. Durante a semana, quando Motta está em Brasília, cuida da fazenda.

    O anexo do ato da Mesa 58, de 2010, estabelece que, na condição de assistente ou auxiliar, os secretários parlamentares podem conduzir veículos e prestar outros tipos de apoio. Qualquer função, no entanto, permanece submetida à exigência de “atendimento das atividades parlamentares”, sem permissão de atender a questões particulares do deputado.

    Motta comprou a fazenda em março de 2023 por R$ 2,7 milhões, como revelou o portal UOL. Antes, ela pertencia ao ex-senador Raimundo Lira (Republicanos-PB).

    A fazenda está registrada no nome de uma empresa que pertence à mulher do presidente da Câmara, Luana Motta, e a seus dois filhos, a Medeiros & Medeiros Ltda.

    O local é a sede da Agropecuária Tapuio, nome fantasia de uma empresa do parlamentar, a Hugo M Wanderley da Nobrega Ltda. Foi essa empresa que Antonio da Costa processou para ter seus direitos trabalhistas reconhecidos.

    A família do presidente da Câmara também emprega em cargos públicos dois parentes do caseiro.

    A mulher dele, Isabella Perônico, tem um cargo no gabinete da avó de Hugo Motta, Francisca Motta. Seu salário é de R$ 14,3 mil mensais.

    O irmão de Ary, André Guedes, é superintendente da PatosPrev, entidade que administra a previdência dos funcionários dessa área da cidade. Ele recebe R$ 13 mil por mês. O prefeito de Patos, responsável pela nomeação de André, é Nabor Wanderley, pai de Hugo Motta.

    Em julho, a Folha de S.Paulo revelou que Motta mantinha em seu gabinete na Câmara dos Deputados três funcionárias fantasma: a fisioterapeuta Gabriela Pagidis, a assistente social Monique Magno e a estudante de medicina Louise Lacerda.

    Depois que a reportagem procurou Motta para ouvi-lo sobre o caso, Pagidis e Magno foram demitidas. Lacerda continua trabalhando no gabinete de Motta. Ela é filha e sobrinha de dois aliados do presidente da Câmara no seu estado natal.

    Na ocasião, Motta afirmou que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota e são dispensados do ponto dentro das regras estabelecidas pela Câmara”.

    Hugo Motta emprega caseiro de fazenda em seu gabinete na Câmara dos Deputados

  • Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos

    Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos

    Entre as atividades criminosas estão o roubo de dados, falsificação de documentos e ocultação de cadáveres

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A investigação em torno dos descontos indevidos em benefícios previdenciários feitos por sindicatos e associações envolvendo mais de R$ 6 bilhões descontados da folha de pagamento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) são apenas a ponta do iceberg de golpes contra a Previdência Social.

    As atividades fraudulentas envolvem roubo de dados, IA (inteligência artificial), falsificação de documentos, uso e ocultação de cadáveres e até a boa-fé de aposentados e pensionistas, segundo o advogado Rômulo Saraiva, especializado em Previdência e colunista da Folha, que reuniu mais de 400 casos de golpes no livro “Fraudes no INSS – Casos Práticos de Vazamento de Dados, Engenharia Social e Impactos na Proteção Social”.

    Dentre os golpes mais comuns estão o da falsa prova de vida, saque após a morte do beneficiário, compra de laudo médico para concessão de benefício por incapacidade, descontos indevidos de mensalidade associativa ou de crédito consignado, roubo de informações sensíveis e documentação falsa.

    No livro, que será lançado em São Paulo nesta quinta-feira (7), às 19h, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), zona oeste da capital paulista, as fraudes foram divididas por tipo, com casos históricos como o de Jorgina de Freitas e a Máfia da Previdência, casos fiscais, nos quais quadrilhas se apropriam de valores indevidos, e fraudes eletrônicas, bancárias, previdenciárias, de acumulação indevida, relacionadas ao estado de saúde do aposentado, de falsificação ou adulteração de documentos, e suborno, entre outras.

    O ponto de partida para o levantamento foram as operações da Polícia Federal envolvendo a Força Tarefa Previdenciária, além da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Previdência, de 1993, e as próprias ações judiciais de aposentados que procuram o seu escritório após ser vítimas.

    O levantamento contou ainda com pesquisa de casos na Justiça Federal do Brasil e em notícias de sites e jornais internacionais, mostrando que a engenharia social das fraudes e a corrupção não são problemas exclusivos do Brasil, mas estão em países como Estados Unidos, Suécia, Itália e Japão, entre outros.

    Para Saraiva, a tecnologia trouxe desafios aos aposentados e pensionistas, que podem ter seus dados expostos de forma mais fácil. Ele lembra, no entanto, que ainda há muitos casos de segurados que são enganados por criminosos.

    Não é possível mensurar o quanto a Previdência e aposentados perderam. Os valores nas investigações são estimativas.

    “É difícil essa precificação, embora na década de 90, na Máfia da Previdência Social, quando Jorgina de Freitas ‘assaltou’ 15 agências no Rio de Janeiro, criou-se a CPI do Rio de Janeiro e depois a CPI nacional. Naquela altura, foi feita uma estimativa de 50% da arrecadação do INSS, dos quais 7% foram recuperados”, afirma.

    CASOS INTERNACIONAIS

    O recente caso de dois filhos acusados de manter o corpo do pai morto, de 88 anos, por menos seis meses dentro de uma casa no Rio de Janeiro para receber R$ 5.000 mensais do INSS não é especificidade do Brasil.

    Embora não tenha entrado no livro, Saraiva destaca histórias semelhantes em outros países e casos mais antigos em solo brasileiro.

    Nos Estados Unidos, em Nova Iorque, um filho se vestiu como a mãe morta para receber seu benefício no banco. A fraude ocorreu por cerca de seis anos.

    Ele adulterou documentos e forneceu dados falsos à Previdência. Sacou um total de US$ 15 mil em renda previdenciária. Ia ao banco de peruca loura, óculos escuros, vestido e maquiagem.

    Em outro caso selecionado, em Chicago o autor diz que a filha colocou o corpo da mãe em um freezer, por dois anos, e escondeu o equipamento em uma parte do condomínio onde morava que não era acessado por moradores.

    Na Itália, um homem foi preso por esconder o corpo da mãe por cinco anos para receber seu benefício previdenciário. A mãe de 80 anos foi descoberta mumificada na residência após vizinhos estranharem sua ausência.

    No Brasil, o caso da sobrinha que levou o tio morto -Tio Paulo- ao banco no Rio de Janeiro para fazer empréstimo em seu nome em 2024 é um dos mais conhecidos.

    No livro, Saraiva expõe ainda o caso de um homem que matou um casal, de 80 e 57 anos e arrancou a mão do idoso, levando os dedos ao caixa eletrônico para utilizar a biometria do aposentado. Conseguiu sacar um mês de benefício.

    FRAUDES NO INSS

    – Quando Lançamento nesta quinta (7/8); às 19h
    – Onde Auditório 239, PUC-SP (r. Monte Alegre, 984, Perdizes)
    – Preço R$ 249,9 (versão impressa) e R$ 175,70 (ebook)
    – Autoria Rômulo Saraiva
    – Editora Juruá
    VEJA AS PRINCIPAIS FRAUDES CONTRA O INSS

    INCAPACITADO DE ALUGUEL OU DUBLÊ DE PERÍCIA
    – Pessoas incapacitadas para o trabalho são aliciadas por quadrilhas para fazer a perícia médica no INSS no lugar de segurados e receber benefício previdenciário
    – Nesta fraude, o grupo confeccionava documentos falsos com a fotografia do dublês, mas os demais dados eram de um requerente segurado da Previdência, que ficava com o dinheiro

    SAQUE APÓS O FALECIMENTO
    – Esse é um dos golpes mais comuns contra a Previdência. Familiares usam senha e cartão do aposentado já falecido para continuar sacando o benefício, mas a medida é crime
    – Quando um segurado da Previdência morre, seu benefício deve ser cessado
    – Só depois pode ser pago a herdeiros caso tenham direito à pensão

    LAUDOS MÉDICOS COMPRADOS
    – Segurados ou quadrilhas obtêm laudos fraudulentos para simular incapacidade para o trabalho, prática que compromete tanto o paciente quanto o profissional de saúde, que pode ter sido enganado ou fazer parte do esquema
    – Neste caso, o segurado prova estar incapacitado e pode ter acesso a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e BPC (Benefício de Prestação Continuada) da pessoa com deficiência
    – O golpe funciona envolvendo uma quadrilha de profissionais que podem fraudar os documentos ou o uso de tecnologia e/ou inteligência artificial para criar laudos falsos, falsificar números de CRMs, carimbos e até assinaturas

    GOLPE DA CESTA BÁSICA
    – O criminoso entrega uma cesta “gratuita” ao idoso, tira uma foto do beneficiário para comprovar a entrega a uma suposta entidade que enviou a cesta e, com essa biometria facial, abre uma conta digital
    – Com a conta aberta, faz empréstimos consignados em nome do segurado e pode cometer outras fraudes, como ter acesso ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), por meio do saque-aniversário, por exemplo

    GOLPE DA FALSA PORTABILIDADE
    – Estelionatários prometem reduzir parcelas de um empréstimo consignado ou oferecem dinheiro extra ao fazer a portabilidade do consignado de um banco para outro
    – Na prática, fazem novos empréstimos em nome do aposentado e desviam os valores
    – Há casos ainda nos quais o golpista convence o aposentado a fazer o refinanciamento do seu consignado e, com o dinheiro a mais que o idoso consegue ao refinanciar o crédito, ele paga o “especialista” que o orientou, ou seja, deposita o valor para o criminoso

    GOLPE DA FALSA PROVA DE VIDA
    – É um dos mais conhecidos e pode ocorrer de várias formas
    – Antes, cidadãos tinham de ir ao banco provar que estavam vivos. Agora, o INSS usa informações de banco de dados nacionais para comprovar que o idoso está vivo
    – Com isso, golpistas usam uma técnica chamada de smishing (envio de SMS mais phishing, pescaria de dados), enviando mensagem de texto afirmando que o benefício será cortado se o idoso não atualizar os dados
    – Ao atualizar, clicando em links ou por WhatsApp, o segurado passa os dados ao golpista e pode ser vítima de diversas fraudes financeiras
    – Há ainda outra modalidade, na qual os fraudadores enviam mensagens para os segurados, por carta, email, telefone, SMS ou WhatsApp solicitando documentos para atualização das informações sobre o beneficiário
    – Quem envia a papelada pode se tornar vítima e ficar sem o benefício

    DESCONTOS INDEVIDOS DE MENSALIDADES ASSOCIATIVAS
    – Associações e sindicatos faziam a adesão de aposentados e pensionistas de forma indevida e passavam a realizar descontos em seu benefício
    – Esse é o caso que está sendo investigado na Operação Sem Desconto do INSS, envolvendo R$ 6 bilhões descontados, dos quais o valor fraudulento ainda esta sendo levantado
    – O INSS fechou acordo no STF (Supremo Tribunal Federal) para devolver o dinheiro a quem não reconhece o desconto
    – O golpe funciona de várias formas; há casos de associações de fachada, criadas apenas com esse fim, que roubam os dados do beneficiários e o vinculam à entidade
    – Há os casos nos quais o aposentado assinou papéis da associação, mas foi enganado quanto ao que dizia o documento, sem saber que teria desconto no benefício
    – Há até mesmo a chamada ‘fraude da fraude’, quando a entidade frauda gravações de voz dizendo ser do próprio segurado autorizando, por telefone, o desconto em seu benefício, segundo informou o INSS

    GOLPE DO CONSIGNADO
    – Criminosos entram em contato com aposentados como se fossem instituições financeiras oferecendo empréstimo consignado com condições vantajosas, como taxas de juros bem reduzidas
    – Quando a pessoa se interessa pela oferta e decide contratar o empréstimo, os golpistas pedem que ela faça um depósito antecipado para que o valor seja liberado
    – Em outros casos, supostos funcionários do INSS ligam ou enviam emails para os beneficiários pedindo seus dados pessoais e bancários
    – Ao enviar esses dados, é feito um empréstimo fraudulento

    GOLPE DO CASAMENTO PARA FRAUDAR PENSÃO POR MORTE
    – Idosos aposentados se casam com suas cuidadoras ou com conhecidas para deixar a pensão por morte do INSS
    – Em muitos casos, o golpe envolve outros familiares, que, depois da morte do segurado, dividem a pensão com a suposta viúva
    – O golpe também pode ocorrer com mulheres aposentadas que estejam doentes sendo assediadas por homens mais novos, que se casariam para receber a pensão
    – Para diminuir esse tipo de golpe no Brasil, em 2015, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei com regras para o pagamento da pensão, como tempo mínimo de casamento para ter direito ao benefício
    – Também foi elaborada uma tabela com a duração máxima da pensão conforme a idade do segurado que ficou viúvo ou viúva, acabando com a chamada ‘pensão brotinho’

    VENDA DE LISTAS COM DADOS DE SEGURADOS DO INSS
    – A venda de dados de aposentados da Previdência Social, como nome completo, número de benefício, CPF e data de nascimento não é nova, mas ganhou fôlego com a inteligência artificial
    – A prática consiste na venda de listas com esses dados. Antes, eram impressos em papel, depois passaram a ser comercializados em CDs e/ou pendrives e, agora, a venda é feita online, com os dados separados por inteligência artificial, por CEP, cidades, bairros, regiões ou o que o comprador quiser escolher e puder pagar
    – Com esses dados, é possível abrir contas e realizar diversas operações financeiras

    OSTENTAÇÃO COM BPC
    – Cidadãos fraudam documentos que atestam baixa renda e conseguem receber o BPC, pago a quem faz parte de família cuja renda per capita (por pessoa) seja de até um quarto do salário mínimo
    – A fraude é descoberta porque, em muitos casos, os golpistas ostentam situação financeira de alto luxo, como ter viagens, carros e vida incompatível com a renda

    BENEFÍCIO RURAL INDEVIDO
    – A fraude parecida com a do BPC; o cidadão consegue falsificar comprovantes atestando ter direito à aposentadoria rural, paga para segurados com idade menor do que as dos demais trabalhadores
    – Na aposentadoria rural, segurados especiais não precisam ter contribuído com o INSS, basta apenas comprovar trabalho no campo
    – A fraude também é descoberta por haver ostentação de padrão de vida incompatível com a renda um trabalhador rural
    – Em um dos casos, a Justiça descobriu, em postagens em rede social feitas pelos pais do aposentado entre 2015 e 2021, carros de luxo, como por exemplo um Camaro, e outros que tinham até teto solar
    – Nas postagens, ele apareceria utilizando acessórios de alto valor, como anéis, pulseiras, colares, óculos de sol e relógios

    BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE SEM ESTAR INCAPACITADO
    – Segurados levam laudos falsos à perícia médica e conseguem receber o benefício por incapacidade
    – Os principais casos envolvem o auxílio-doença, pago a quem está temporariamente incapacitado para o trabalho, mas há também aposentadorias por invalidez
    – No entanto, esses beneficiários levam vida incompatível e realizam viagens, vão à academia, shopping, praia; há casos de pessoas que trabalham

    Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos