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  • Golpe da máquina que rouba senha do cartão se espalha pelo país

    Golpe da máquina que rouba senha do cartão se espalha pelo país

    Uma única vítima teve prejuízo de R$ 28 mil em poucas horas. Golpes semelhantes foram registrados também em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os golpistas, que agem como falsos ambulantes ou motoristas por aplicativo, ainda trocam o cartão por outro parecido, ficando com o original e a senha dos clientes.

    MAUREN LUC
    CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Paraná investiga um tipo de crime que está se espalhando pelo país, o da maquininha adulterada de cartão, que envia a senha da vítima para a quadrilha assim que digitada. Os golpistas, que agem como falsos ambulantes ou motoristas por aplicativo, ainda trocam o cartão por outro parecido, ficando com o original e a senha dos clientes.

    Uma única vítima teve prejuízo de R$ 28 mil em poucas horas. Golpes semelhantes foram registrados também em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    Em Curitiba, a Delegacia de Estelionato tem em curso uma investigação sobre o golpe. O delegado Emmanoel David diz que já foram apreendidas várias máquinas adulteradas e presos três envolvidos, todos de São Paulo, com passagens por estelionato.

    O Deic (Departamento de Investigações Criminais) de São Paulo identificou outros quatro suspeitos e nove vítimas. “Foram apreendidas 17 máquinas de cobrança adulteradas, além de diversos cartões bancários. As investigações continuam em andamento”, informou a Secretaria da Segurança Pública paulista.
    David afirmou que o crime está se ampliando com algumas modificações. Além de ambulantes na saída de eventos, falsos motoboys fazem entregas de presentes no dia do aniversário da pessoa e pedem para ela pagar apenas o frete.

    “Nesta hora, dizem que a senha não foi aceita ou que não há sinal e que vão trocar a máquina, momento em que substituem o cartão e enviam a senha digitada, por bluetooth, direto para a quadrilha. São muitas vítimas”, disse.

    Uma delas foi a jornalista Maigue Gueths, de Curitiba, que ao tentar comprar camisetas de ambulante na saída de um show foi informada que a máquina não aceitava aproximação. Ela então colocou o cartão e digitou a senha.

    “Ele pegou a máquina com meu cartão e disse que não deu certo, que precisaria passar na máquina da colega. Foi muito rápido. Ele pegou e já devolveu. Eu nem conferi, o cartão era igual ao meu, coloquei na bolsa e fui embora.”

    Era domingo e ela só percebeu ter sido vítima de um crime na manhã do dia seguinte, ao ter a senha bloqueada e descobrir que estava com cartão em nome de outra pessoa.

    Ela disse que recebeu apenas uma notificação do banco no celular, de uma compra de R$ 498. O total dos gastos dos golpistas, no entanto, foi de R$ 28 mil em apenas um dia, incluindo débitos e créditos em mercados, postos de combustíveis, lojas de roupas e até churros. Em apenas uma das transações o valor foi de R$ 8.900.

    “O banco errou por não me alertar imediatamente, pois quase não uso o débito. Como um cliente gasta R$ 10 mil de uma vez e ninguém avisa?”, questionou. “As notificações estão todas ativadas, mas continuo não recebendo no celular, só no aplicativo, que nem sempre abro.”

    O método de usar a distração do consumidor na saída de grandes eventos se repete no Rio Grande Sul, onde um caso recente foi registrado pela Polícia Civil.

    A vítima foi um torcedor que saia do jogo de futebol lotado e comprou lanche num ambulante. O golpista alegou problema na máquina, trocou rapidamente o cartão e enviou a senha. Logo começaram as compras, que passaram de R$ 8.000, como conta o delegado Filipe Bringhenti, do departamento de crimes cibernéticos, que investiga o caso.

    A polícia de Santa Catarina também confirmou o registro de golpes semelhantes no estado, mas não deu detalhes.
    Outro que caiu em golpe parecido foi o médico Thales Bretas, viúvo do humorista Paulo Gustavo. Ele contou à TV Globo que foi vítima de um falso taxista no Rio.

    DIFICULDADE PARA RESSARCIMENTO
    Geralmente os bancos recusam o ressarcimento de gastos nestes casos, pois entendem que a vítima fez a compra presencialmente com o cartão e aprovou com sua própria senha, segundo o advogado Frederico Glitz, professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e pós-doutor em direito e novas tecnologias.

    “Nos contratos, a senha é intransferível, então o banco entende que existe uma transação autorizada, sem possibilidade de ressarcimento”, disse.

    Porém, tudo depende do relacionamento do banco com o cliente. Nas compras por crédito há mais alternativas, pois o pagamento pode ser suspenso. Ainda assim, os bancos precisam ter mecanismos de segurança que identifiquem gastos fora do padrão do cliente, como valores muito altos, fornecedores nunca contratados, compras em outros estados, para fazer o bloqueio automático, conforme o advogado.

    “Há decisões judiciais que obrigam os bancos a ressarcir as vítimas quando se comprova que os gastos fugiram ao perfil do cliente, mas há decisões contrárias.”

    No caso da jornalista vítima do golpe, após ter o ressarcimento negado pelo banco -uma vaquinha virtual chegou a ser criada por amigos-, o dinheiro foi devolvido com a intervenção do Procon.

    A coordenadora do órgão de defesa do consumidor no Paraná, Claudia Silvano, disse que os bancos precisam ter mecanismos de segurança e alertar, mas que o comportamento cuidadoso do consumidor ainda é a maior arma contra as quadrilhas.

    A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que cada instituição tem sua política de devolução, “baseada em análises individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas”.

    De acordo com a entidade, os bancos gastaram, em 2024, R$ 4,2 bilhões em cibersegurança e a previsão para este ano é de R$ 4,7 bilhões para o setor.

    Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 281,2 mil golpes eletrônicos no ano passado, 17% mais que os 222,7 mil do ano anterior.

    A taxa é mais que o dobro de outros tipos de estelionatos, que aumentaram 7,8% no mesmo período. O relatório mostra que casos de estelionatos por meio digitais foram incluídos na legislação em 2021 e muitos estados ainda não os separam dos demais tipos de estelionatos, o que dificulta os registros.

    COMO PREVENIR
    Para evitar esses golpes, as dicas da polícia e do advogado Glitz são reduzir o limite dos cartões, ativando pelo aplicativo notificações de compras direto no celular, por SMS ou WhatsApp, além de visualizar, no ato da compra, o valor exibido na máquina antes de aproximar o cartão.

    Ainda conforme eles, é preciso ter cuidado com visores quebrados, rasurados ou com a troca de máquinas, e o cliente não deve entregar o cartão a nenhuma pessoa, nem perdê-lo de vista.

    Outra forma de segurança é contratar seguro contra roubos de cartões, mas é preciso atenção, segundo Glitz. “Apólices podem excluir coberturas para este tipo de crime. Então certifique-se que o seguro é o mais abrangente possível”, afirmou.

    Desconfiar de vendedores que afirmam faltar conexão à internet no local ou que dizem que a máquina não aceita aproximação é outra medida necessária para os consumidores, assim como, ao guardar o cartão, conferir se ele não foi trocado por outro.

    Se ainda assim o cliente cair em um golpe, é preciso bloquear com urgência o cartão, registrar um boletim de ocorrência online e solicitar ao banco a restituição dos valores, sendo possível recorrer ao Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) ou à Justiça, ainda de acordo com o advogado.

    Golpe da máquina que rouba senha do cartão se espalha pelo país

  • Caixa inaugura primeira agência móvel na segunda maior favela do Brasil

    Caixa inaugura primeira agência móvel na segunda maior favela do Brasil

    O espaço terá dois guichês de atendimento para prestar ainda outros serviços oferecidos por agências tradicionais, como abono salarial (PIS), ajuda com uso de aplicativos do banco e apoio a bolsistas do Programa Pé-de-meia. A unidade não terá, no entanto, serviços de movimentação de dinheiro em espécie.

    LUANY GALDEANO
    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Caixa Econômica Federal inaugurou sua primeira agência móvel automatizada nesta semana para oferecer serviços que vão desde bloqueio de cartões ao apoio a beneficiários do Bolsa Família. A unidade está localizada no Sol Nascente, segunda maior favela do país, na periferia de Brasília.

    O espaço terá dois guichês de atendimento para prestar ainda outros serviços oferecidos por agências tradicionais, como abono salarial (PIS), ajuda com uso de aplicativos do banco e apoio a bolsistas do Programa Pé-de-meia. A unidade não terá, no entanto, serviços de movimentação de dinheiro em espécie.

    A agência automatizada tem estrutura física parecida com a de um contêiner, com pés que facilitam a adesão a terrenos que não são planos, permitindo uma melhor adaptação ao lugar onde for instalado. É uma alternativa aos caminhões da Caixa, que também funcionam como unidades móveis para atender usuários do banco.

    A agência ficará no Centro Olímpico Parque da Vaquejada até 29 de agosto, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h. O objetivo, segundo a Caixa, é ampliar o acesso a serviços financeiros em espaços com maior índice de desassistência de agências bancárias.

    Com quase 71 mil habitantes, Sol Nascente fica atrás apenas da Rocinha (RJ) na lista de maiores favelas do Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    A comunidade, localizada a 35 quilômetros da Praça dos Três Poderes, em Brasília, enfrenta carência de infraestruturas básicas, sobretudo em serviços de saúde e educação. Partes da comunidade ainda carecem de asfalto e acesso a saneamento básico.

    Segundo a administração regional da comunidade, os moradores de Sol Nascente ainda não tinham um banco. Para ter acesso a esses serviços na Caixa, eles se deslocavam até Ceilândia, também na região administrativa do Distrito Federal.

    Fora a agência contêiner, o banco conta com 11 caminhões que viajam pelo país para disponibilizar outros serviços do banco. Além das regiões desassistidas, as unidades móveis também vão atuar em situações de emergência.

    Quando sair de Brasília, a unidade será realocada para Simplício Mendes (PI), onde ficará até que a nova agência seja inaugurada, em janeiro de 2026. O município, com apenas 13,8 mil habitantes, fica localizado no interior do estado.

    Neste ano, a cidade recebeu pela primeira vez uma agência móvel, não automatizada como a de Sol Nascente, para atender à falta de assistência bancária.

    Caixa inaugura primeira agência móvel na segunda maior favela do Brasil

  • México desbanca EUA e já é segundo maior comprador de carne brasileira

    México desbanca EUA e já é segundo maior comprador de carne brasileira

    O México, que até o ano passado sequer figurava na lista dos dez maiores importadores da carne brasileira, acaba de ultrapassar as compras feitas pelos Estados Unidos, ficando em segundo lugar do ranking, só atrás da China, que também segue em expansão.

    ANDRÉ BORGES
    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As exportações brasileiras de carne bovina dão sinais de que, em meio à queda acentuada registrada nas vendas para os Estados Unidos, puxada pela sobretaxa imposta pelo presidente Donald Trump, já estão migrando para outros destinos. A principal evidência desse movimento vem do México.

    A Folha de S.Paulo reuniu informações sobre as vendas de carnes ao exterior registradas até 28 de julho. Os dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) apontam que o setor, enquanto registra um volume histórico de exportação global, vê a queda das vendas aos norte-americanos e a entrada de novos países no topo da lista dos principais compradores.

    O México, que até o ano passado sequer figurava na lista dos dez maiores importadores da carne brasileira, acaba de ultrapassar as compras feitas pelos Estados Unidos, ficando em segundo lugar do ranking, só atrás da China, que também segue em expansão.

    Em abril, quando o presidente Donald Trump impôs uma taxa global de 10% sobre produtos que entram nos EUA, o país tinha chegado ao recorde de importação da carne brasileira. Foram gastos US$ 229 milhões naquele mês, para comprar 44,2 mil toneladas da proteína. Em junho, esse volume despencou para 13,5 mil toneladas e US$ 75,4 milhões, refletindo não apenas a tarifa já em vigor, mas também a ameaça de que o índice poderia subir para 50%.

    No mês passado, o problema se acentuou. Os EUA gastaram, entre 1º e 28 de julho, US$ 68,7 milhões, para adquirir 12,3 mil toneladas da carne brasileira. Trata-se de uma queda abrupta de 70% em relação a abril.

    Em linha diametralmente oposta, o México despontou como um dos maiores destinos da produção brasileira. O país, que em janeiro deste ano havia comprado apenas 3,1 mil toneladas de carne, saltou para 11 mil toneladas em abril e fechou junho com o volume histórico de 16,2 mil toneladas, um aumento de 423% em apenas seis meses.

    Entre 1º e 28 de julho, o resultado seguiu acelerado, com o México já tendo gastado US$ 69 milhões com carne brasileira, superando ligeiramente os EUA (US$ 68,7 milhões). Em volume, a quantidade ficou equivalente, com 12,3 mil toneladas pelo importador americano e 12,1 mil toneladas pelo lado mexicano.

    A reviravolta no mercado também é puxada pelo Chile, que saiu de US$ 45 milhões em importação de carne brasileira em janeiro para chegar a US$ 47 milhões em abril e, em julho, atingir mais de US$ 66,5 milhões, muito próximo, portanto, de México e Estados Unidos.
    A China, que importa mais da metade da carne brasileira vendida ao exterior, segue expandindo a sua participação. Em junho, os chineses desembolsaram US$ 740 milhões. Entre 1º e 28 de julho, o saldo já chega a mais de US$ 732 milhões, para comprar 132 mil toneladas da proteína. Trata-se do segundo maior volume de compras mensais da história.

    Os resultados globais da exportação de carne bovina pelo Brasil, que é o maior exportador da proteína em todo o planeta, reforçam o entendimento de que tem havido, de fato, uma mudança no destino dos negócios.

    O mês de julho, ainda que considerados apenas os dados obtidos até o dia 28, já é o mês de recorde de exportação de carne, com movimentação de US$ 1,352 bilhão no período. Essa cifra mensal, que já superou o resultado de junho (US$ 1,313 bilhão), é a maior da última década. O resultado de julho, se comparado ao mesmo mês do ano passado, é de ao menos 30% de alta.

     

    A partir de 6 de agosto, a carne brasileira será sobretaxada em 50%, conforme anunciado pelo governo americano. A tendência, portanto, é de que essa movimentação de mercado cresça ainda mais, agora que a decisão foi tomada.

    O governo federal e os produtores brasileiros seguem mobilizados junto às autoridades e à indústria importadora dos EUA, na tentativa de renegociar a sobretaxa e demonstrar que, na realidade, é um cenário que também não interessa ao consumidor americano.
    O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina para os EUA, seguido por Austrália, Nova Zelândia e Uruguai.

    O governo também tenta ampliar a lista de exceções para poupar mais empresas do tarifaço do republicano. Os negociadores esperam que as tratativas se arrastem por um longo período. Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo do ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

    A posição no governo Lula é que as discussões sobre os assuntos econômicos devem se manter e até se intensificar, independentemente das sanções financeiras impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

    O diagnóstico de auxiliares de Lula é que Bessent é um conselheiro de Trump que foi acionado por outros países que fecharam acordos comerciais com os EUA. Ele é visto como alguém com maior influência do que o secretário de Comércio, Howard Lutnik -que tem mantido conversas com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

    México desbanca EUA e já é segundo maior comprador de carne brasileira

  • Tarifaço ameaça 140 mil empregos no Rio Grande do Sul e indústria já fala em suspensão de contratos

    Tarifaço ameaça 140 mil empregos no Rio Grande do Sul e indústria já fala em suspensão de contratos

    O presidente da federação, Claudio Bier, disse nesta sexta-feira (1º) que, mesmo com as isenções, o Rio Grande do Sul é o estado mais prejudicado pelo tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump: 85,7% das exportações do estado ficaram de fora da medida.

    CARLOS VILLELA
    PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A isenção de tarifas para quase 700 produtos exportados para os Estados Unidos deve ter pouco impacto para as empresas gaúchas, segundo a Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).

    O presidente da federação, Claudio Bier, disse nesta sexta-feira (1º) que, mesmo com as isenções, o Rio Grande do Sul é o estado mais prejudicado pelo tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump: 85,7% das exportações do estado ficaram de fora da medida.

    “São 140 mil postos de trabalho que podem ter seus empregos abalados”, disse Bier. “As indústrias precisam de um fôlego porque, enquanto persistir essa tarifa de 50%, elas vão ter que procurar outros mercados, ou até um mercado nacional. Vão ter que se reinventar.”

    O coordenador do Conselho de Relações Trabalhistas da Fiergs, Guilherme Scozziero, disse que a federação, junto à CNI (Confederação Nacional da Indústria), vai propor ao governo federal medidas semelhantes às que já foram utilizadas na pandemia e após as enchentes de maio, como a suspensão de contratos de trabalho, para evitar um cenário de demissões em massa.

    “Existem férias coletivas, existem bancos de horas, mas isso tudo tem um tempo muito limitado”, disse Scozziero, que defende ações mais amplas como forma de preservar postos de trabalho.

    “Se não vierem medidas de apoio a essas indústrias atingidas, medidas realmente efetivas de suspensão de contrato de trabalho, de redução de jornadas e salários, nós vamos sim, depois disso, ter um desemprego muito grande.” Ainda assim, para Scozziero, demitir é a última alternativa considerada. “As indústrias partem sempre por uma maneira de atenuar os impactos”, disse.

    A indústria gaúcha teve resultado positivo em 2024, pequena alta de 0,6% em comparação ao ano anterior. O resultado surpreendeu até os industriários, que enfrentaram um ano quase inteiro no vermelho após interrupções de produção e problemas logísticos causados pelas enchentes.

    Com o tarifaço, a projeção inicial do governo gaúcho era de uma perda de R$ 1,9 bilhão no PIB do Rio Grande do Sul. Após a lista de itens isentos, a estimativa foi revisada para R$ 1,5 bilhão.

    O governador Eduardo Leite (PSD) anunciou a liberação de R$ 100 milhões em crédito para as empresas exportadoras do Rio Grande do Sul, disponíveis a partir desta segunda-feira (4). A Fiergs já pediu ao governo de Eduardo Leite (PSD) que esse valor seja, no mínimo, dobrado.

    O segmento mais vulnerável é o de produtos de metal, que exportou US$ 324,9 milhões para os Estados Unidos em 2024, o equivalente a 35,8% do total das exportações do setor.

    Dentre esses produtos estão caldeiras, tanques, facas e embalagens metálicas como latas, além de ferramentas e objetos de serralheria, forja e funilaria.

    A Taurus, maior empresa de armas no país, exportou 85,9% da produção -cerca de US$ 170,2 milhões- para os Estados Unidos.

    Logo atrás vem o setor de máquinas e materiais elétricos, com exportações de US$ 114,6 milhões, o que representa 42,5% do total.

    Outro grupo impactado é o calçadista: 19,4% de sua produção, o equivalente a US$ 176,2 milhões, seguiu para o mercado americano. Como muitos produtos são fabricados sob a bandeira de marcas dos próprios Estados Unidos, o setor deve enfrentar dificuldades ainda maiores na tentativa de redirecionar vendas a outros mercados.

    Contudo, encontrar novos compradores em um prazo tão curto é um desafio. “Não se faz um mercado exportador de uma hora para outra”, disse Bier.

    Para o presidente da Fiergs, o caminho é intensificar o diálogo da diplomacia brasileira com o governo dos Estados Unidos e evitar retaliações, que poderiam elevar o custo de produtos importados do país e afetar outros segmentos da indústria nacional.

    Também há temor de represálias, segundo Bier, é da imprevisibilidade de Trump.

    “Nós vamos cutucar um leão com vara curta. Os Estados Unidos têm um presidente que, quando ele é fustigado, aumenta ainda mais sua raiva e sua maneira de agir. Acho que temos que ter muita paciência, muito diálogo”, disse Bier.

    Ele evitou comentar sobre os argumentos políticos do governo americano para implementar o tarifaço, como as críticas às ações do ministro do STF Alexandre de Moraes no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos réus nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Nós tomamos uma posição no início dessa crise de não nos metermos politicamente de lado nenhum, justamente para que a indústria possa ser um mediadora dessa crise.”

    Tarifaço ameaça 140 mil empregos no Rio Grande do Sul e indústria já fala em suspensão de contratos

  • Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

    Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

    O IBGE divulgou que a taxa de ocupação no trimestre encerrado em junho ficou em 5,8%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012

    Vagas de trabalho em atividades ligadas à educação ajudaram o Brasil a registrar no segundo trimestre deste ano a menor taxa de desemprego já apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

    Na quinta-feira (31), o instituto divulgou que a taxa de ocupação no trimestre encerrado em junho ficou em 5,8%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. O mercado de trabalho brasileiro alcançou 102,3 milhões de trabalhadores ocupados, também recorde na série.

    O IBGE destacou que, na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, dos dez grupamentos de atividade, nove apresentaram estabilidade, ou seja, alta ou queda não expressivas, e apenas uma marcou expansão, o grupamento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. 

    Nessa atividade, o número de ocupados chegou a quase 18,9 milhões, acréscimo de 4,5% em relação ao primeiro trimestre. Isso representa que 807 mil pessoas conseguiram trabalho. Esse grupamento de atividade é o segundo com mais postos, perdendo apenas para o de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 19,5 milhões de vagas ocupadas.

    Ano escolar

    Dentro da atividade administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, foi a educação pública e privada que puxou as contratações. São vagas para professores, serventes, inspetores e porteiros, por exemplo, concentradas principalmente nas prefeituras.

    A coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, explica que há um caráter sazonal, isto é, relacionado à época do ano. A administração pública costuma dispensar trabalhadores na passagem de dezembro para janeiro, recontratando depois, principalmente a partir de março, quando retorna o calendário letivo nas escolas, sobretudo do ensino fundamental.

    “Além disso, também as atividades de saúde contribuíram para esse crescimento, mas, de fato, o segmento da educação é bastante relevante nesse processo de recuperação aqui nesse [segundo] trimestre”, disse.

    Como se comportaram os demais grupamentos de atividades na comparação entre os primeiro e segundo trimestres:

    • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 126 mil vagas (1,7%)
    • Indústria geral: 163 mil vagas (1,2%)
    • Construção: menos 14 mil vagas (queda de 0,2%)
    • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 258 mil vagas (1,3%)
    • Transporte, armazenagem e correio: 123 mil vagas (2,1%)
    • Alojamento e alimentação: menos 55 mil vagas (queda de 1%)
    • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 223 mil vagas (1,7%)
    • Serviços domésticos: 60 mil vagas (1,1%)
    • Outros serviços: 101 mil vagas (1,9%)

    Série atualizada

    A Pnad Contínua divulgada em 31 de julho é a primeira com a nova amostra representativa de domicílios, baseada em constatações do Censo 2022.

    As revelações do censo fizeram o IBGE reponderar a amostra, de forma que toda a série histórica da Pnad precisou ser revista, um procedimento comum em diversos países.

    No entanto, de acordo com Adriana Beringuy, não houve diferença, sendo que em muitos casos a taxa é a mesma.

    “A dinâmica do mercado de trabalho foi a mesma”, explicou.

    Dos 159 trimestres móveis pesquisados desde 2012, apenas 25 tiveram a taxa de desocupação alterada, sendo que a variação não passou de 0,1 ponto percentual para mais ou para menos.

    Desde outubro de 2021, nenhum trimestre sequer sofreu alteração. Assim como na série antiga, o maior índice de desemprego foi de 14,9%, atingido em dois períodos: nos trimestres móveis encerrados em setembro de 2020 e em março de 2021, ambos durante a pandemia da covid-19.

    Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

  • Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

    Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

    No começo da tarde, a moeda norte-americana caía 0,93%, cotada a R$ 5,547

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em forte queda nesta sexta-feira (1º), com investidores repercutindo dados de emprego dos Estados Unidos bem mais fracos do que o esperado. O mercado ainda pesa o tarifaço do presidente Donald Trump, principal pauta nas mesas de operação.

    Às 12h32, a moeda norte-americana caía 0,93%, cotada a R$ 5,547. A cotação do Ibovespa, por outro lado, está fora do ar desde o início do pregão devido a um problema técnico.

    A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou bem abaixo das projeções no último mês de julho: foram abertos 73 mil postos, ante expectativa de 110 mil. A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

    Além disso, houve uma revisão dos dados do mês de junho. Em vez de 147 mil vagas, como reportado anteriormente, foram criadas apenas 14 mil.

    Na análise do economista sênior do Inter, André Valério, o resultado do “payroll” (folha de pagamento, em inglês) sugere uma economia paralisada pela incerteza em torno da política comercial de Trump.

    “A tendência de desaceleração do mercado de trabalho americano é clara”, afirma. “Toda a incerteza gerada pelo ‘dia da liberação’ parece ter contribuído para a paralisação nas contratações, o que tem sido evidenciado nas revisões para baixo.”

    Os dados sucedem a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) pela manutenção da taxa de juros no atual patamar de 4,25% e 4,5%. Em entrevista coletiva após a reunião, o presidente Jerome Powell viu o mercado de trabalho em um ponto de equilíbrio devido ao declínio simultâneo de oferta e demanda, embora tenha reconhecido que essa dinâmica “sugere um risco de queda”.

    Até então, a leitura do mercado era de que os juros não seriam cortados em setembro. Com os dados do payroll nesta sexta, as apostas estão de volta à mesa, e o próximo relatório de emprego deverá ditar se haverá ou não o início do ciclo de afrouxamento monetário.

    A decisão pela manutenção dos juros não foi unânime entre os membros do comitê: dois diretores defenderam um corte de 0,25 ponto percentual, e houve uma abstenção.

    “Vale destacar que membros do Fed emitiram declarações sobre suas discordâncias, e o tom delas indicou que não há motivos claros para sustentar as taxas nos patamares atuais”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

    As declarações destacaram “que cortes de juros poderiam prejudicar o mercado de trabalho e que a criação de emprego no setor privado está ‘estagnada’, minimizando também o impacto das tarifas sobre a inflação”, afirma Shahini.

    O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, baliza as decisões de política monetária a partir dos dados de desemprego e de inflação. O objetivo é atingir o pleno emprego e levar a inflação à meta de 2% ao ano.

    Quanto maiores as taxas de juros nos Estados Unidos, mais o mercado tende a direcionar investimentos para lá, já que os retornos ligados à renda fixa norte-americana ficam mais atrativos -o que fortalece o dólar. O inverso também é verdadeiro: sinalizações de queda nos juros levam os operadores a retirar recursos dos EUA e direcioná-los a outros ativos, o que enfraquece a moeda.

    A pauta comercial, porém, segue no radar. Trump assinou uma medida na noite de quinta impondo tarifas de 10% a 41% sobre dezenas de países e mudando o início do tarifaço para dia 7 de agosto.

    O vizinho Canadá será taxado em 35% já a partir desta sexta, conforme ameaçado por Trump em carta enviada neste mês. Antes, a tarifa do país era de 25%. O aumento, segundo a Casa Branca, foi devido em parte ao fracasso em interromper o fluxo de fentanil na fronteira.

    Entre as sobretaxas do decreto que atinge 69 parceiros comerciais, estão 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul e 15% para a Venezuela. Índia e Taiwan serão alvo de uma tarifa de 25% e 20%. Lesoto, que havia sido ameaçado com uma taxa de 50%, ficou com 15%.

    O Brasil é listado com uma tarifa de 10%, mas na quarta-feira Trump assinou medida que implementa uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros, elevando o valor total da sobretaxa para 50%, a maior até o momento. Apesar da taxa, o país se beneficiou de uma isenção para cerca de 700 produtos exportados aos EUA.

    O texto afirma que alguns parceiros comerciais, “apesar de terem se envolvido em negociações, ofereceram termos que, em meu julgamento, não resolvem os desequilíbrios em nosso relacionamento comercial ou não se alinharam com os EUA em questões econômicas e de segurança nacional.”

    As novas tarifas retomam o chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, quando Trump anunciou pela primeira vez o tarifaço sobre dezenas de países. A reação negativa na ocasião fez o presidente americano suspendê-las na semana seguinte, impondo no lugar uma cobrança temporária de 10% enquanto buscava acordos com os países alvo. O prazo, adiado duas vezes, se encerraria nesta sexta.

    No período, Trump chegou a uma trégua com a China após as tarifas entre os dois países superarem 100% e celebrou acordos com o Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, alguns de seus principais parceiros comerciais.

    No caso do Brasil, a sobretaxa temporária de 10% deu lugar no início de julho a uma ameaça de 50%. O presidente americano havia dito em carta e confirmou no decreto desta quarta que parte dos motivos para aplicar sobretaxas ao país seria o que vê como “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Após a confirmação das sobretaxas às exportações brasileiras, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve tentar ampliar a lista de exceções para poupar mais empresas do tarifaço do republicano. Os negociadores esperam que as tratativas se arrastem por um longo período.

    Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo do ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

    A posição no governo Lula é que as discussões sobre os assuntos econômicos devem se manter e até se intensificar, independentemente das sanções financeiras impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

  • Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

    Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

    O ministro afirmou que há opção no mercado interno para parte dos produtos que eram enviados aos EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (1º) que o objetivo do Brasil continua sendo mais parcerias com os Estados Unidos, após a imposição de tarifas de 50% pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre as exportações de produtos brasileiros aos EUA.

    Em entrevista a jornalistas em Brasília, Haddad afirmou que há opção no mercado interno para parte dos produtos que eram enviados aos EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”.

    Na última quinta-feira (31), Haddad afirmou que há muita injustiça na sobretaxa de 50% e que o governo brasileiro vai recorrer da decisão de Trump.

    “Vamos recorrer nas instâncias devidas, tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais, recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar”, afirmou. “Isso não interessa à América do Sul, nós estamos no mesmo continente, nós estamos buscando mais integração, mais parceria.”

    O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também busca ampliar a lista de exceções para poupar mais empresas do tarifaço do republicano. Os negociadores esperam que as tratativas se arrastem por um longo período.

    Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo de Haddad com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

    O entendimento no governo Lula é que a lista de exceções de produtos brasileiros traz alívio para setores exportadores estratégicos, como o da aviação. Há preocupação, no entanto, em relação aos impactos sobre exportadores de médio e pequeno porte.

    Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

  • Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

    Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

    Casa Branca anuncia que Canadá não fez “mais para prender, apreender, deter ou intercetar traficantes, criminosos em liberdade e drogas ilícitas”

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva aumentando a tarifa sobre produtos canadenses de 25% para 35%. “O Canadá não cooperou para conter o fluxo contínuo de fentanil (uma droga sintética) e outras drogas ilícitas e retaliou contra os Estados Unidos pelas ações do presidente para lidar com essa ameaça incomum e extraordinária aos Estados Unidos”, diz comunicado da Casa Branca divulgado nesta quinta-feira, 31.

    “Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa sobre o Canadá de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente”, diz documento.

    A Casa Branca observou, contudo, que mercadorias qualificadas para tratamento tarifário preferencial sob o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) continuam não sujeitas às tarifas do Ieepa Canadá. A Ieepa é a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, que Trump tem invocado para conseguir as taxas extras a seus parceiros comerciais.

    Em caso de desrespeito, mercadorias transbordadas para fugir da tarifa de 35% estarão sujeitas, em vez disso, a uma tarifa de transbordo de 40%, disse a Casa Branca.

    Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

  • Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

    Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

    A notificação foi feita depois de a Petrobras anunciar uma redução de 14% no preço da molécula de gás fornecida às distribuidoras

    O secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous informou hoje (31) que notificou as distribuidoras de gás natural canalizado e gás natural veicular, o GNV, para que elas expliquem os preços cobrados dos consumidores. A notificação foi feita depois de a Petrobras anunciar uma redução de 14% no preço da molécula de gás fornecida às distribuidoras. A redução começa a valer a partir de amanhã (1º).  

    Damous afirmou durante entrevista à Voz do Brasil, que apesar da redução no preço médio da molécula ter sido de cerca de 32%, desde 2022, o repasse médio ao consumidor tem variado de 1% a 4%. 

    “Decidimos notificar as distribuidoras para que elas expliquem essa situação. A Petrobrás reduziu em 14% os preços e, praticamente, elas vão manter o preço dos que os consumidores já pagam “, disse. 

    O secretário quer que as empresas expliquem porque o percentual de redução está em um patamar tão ínfimo para os consumidores. Caso a resposta não seja satisfatória, o governo estuda aplicar sanções.

    “Se ficar configurado para nós que elas estão praticando preços abusivos, que elas estão aumentando a margem de lucro às custas do consumidor final, vamos instaurar processo administrativo sancionador”, advertiu Damous.

    O secretário disse ainda que os consumidores podem auxiliar, fazendo denúncias aos Procons e também denunciando nos canais da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

    A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP, também foi notificada para colaborar com dados técnicos.

    Foram notificadas a Companhia de Gás de São Paulo, a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, a Companhia de Gás de Santa Catarina, a Companhia Paraense de Gás, a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul, a Gás Brasiliano Distribuidora S.A., a Sinergás GNV do Brasil Ltda., a Eco Comercializadora de GNV S.A., a GNV Anel Ltda., Gás Natural Açu S.A. e a Golar Power Brasil Participações S.A.

    Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

  • Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço

    Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço

    Nesta última quarta (30), Trump assinou o decreto que formalizou a aplicação da tarifa de 50% aos produtos brasileiros que vão para os EUA, com exceção de quase 700 itens

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31) que o plano de amparo a setores da economia brasileira afetados pela tarifa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está quase pronto e que as negociações entram em sua etapa mais forte a partir de agora.

    “Aqueles 35,9% [das exportações] que foram atingidos de fato pela tarifa, nós vamos lutar pra diminuir. Não damos isso como assunto encerrado. A negociação começa mais forte agora”, disse Alckmin, em entrevista ao programa Mais Você.

    Nesta última quarta (30), Trump assinou o decreto que formalizou a aplicação da tarifa de 50% aos produtos brasileiros que vão para os EUA, com exceção de quase 700 itens, entre eles suco e polpa de laranja, alguns minérios e equipamentos de tecnologia.

    “Esse plano está praticamente pronto e foca no emprego, preservar o emprego e a produção. Agora, tivemos ontem o tarifaço, então o presidente Lula (PT) vai bater o martelo porque isso tem impacto de natureza financeira, tributária”, diz.

    O percentual citado por Alckmin, de número de exportações afetadas pela tarifa americana, faz parte de um estudo feito pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), pasta na qual é ministro.

    Em nota divulgada horas mais tarde, o Mdic informou que o cálculo considera que, da fatia poupada das exportações, 44,6% ficaram de fora da nova tarifa anunciada (o que inclui aeronaves, suco e outros itens), enquanto 19,5% estão abarcadas na seção 232, que contempla, por exemplo, os setores de aço e alumínio, já sobretaxados em 50% desde junho.

    “Estão expressamente excluídas da cobertura da ordem executiva, assinada na quarta-feira, 45% das vendas brasileiras para o mercado americano (US$ 18 bilhões em 2024)”, disse o Mdic. “A maior parte das exportações brasileiras (64,1%) segue concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes.”

    O comunicado afirmou ainda que produtos em trânsito não serão afetados pelo tarifaço. Segundo o ministério, a decisão de Trump “exclui da majoração tarifária mercadorias que tenham sido embarcadas, no Brasil, até 7 dias após a data da ordem executiva, observadas as condições previstas”.

    De acordo com o vice-presidente, a perspectiva é de que a inflação caia, mesmo com o aumento da tarifa, pois fatores como o preço do dólar e uma grande safra devem auxiliar a baixar preço de alimentos, por exemplo.

    “Uma supersafra também ajuda a derrubar preço de comida. Então é importante um clima bom. A gente precisa ficar atento ao dólar, então não deixar escalar a crise para não subir o dólar, porque o dólar reflete muito rápido no processo inflacionado”, explica Alckmin. “Mas eu diria que a tendência da inflação é cair. Ela deve ser reduzida, Já começou por alimentos. [O setor de] serviços ainda resiste um pouco mais, mas estou otimista com a questão inflacionária.”

    A aplicação da tarifa começa a valer a partir da semana que vem. Os 50% substituem os 10% que já haviam sido anunciados por Trump a diversos países, dentre eles o Brasil.

    Desde o começo dos anúncios, Alckmin está representando o Brasil na negociação com os EUA. Ao mesmo tempo, por também estar à frente do Mdic, Alckmin vem se reunindo com empresários e representantes de setores da indústria, do agronegócio, da tecnologia e outros segmentos para tratar dos impactos da medida americana na economia brasileira.

    Após as reuniões, o vice-presidente concede falas quase que diariamente a coletivas de imprensa, em que faz um balanço do que foi discutido com os representantes.

    Com a escolha desta quinta por falar a um programa matinal, o governo mirou em um contato com um público mais amplo, adotando uma linguagem mais simplificada sobre o tema. O vice-presidente comeu coxinhas e mostrou meias com temática de café durante a conversa, em tom descontraído.

    Na entrevista, Alckmin evitou detalhar medidas previstas no plano de amparo aos setores e de contingenciamento, além de ter respondido a perguntas de espectadores acerca do tarifaço enquanto tomava café da manhã, quadro tradicional conduzido pela apresentadora Ana Maria Braga.

    De acordo com o governo, as tentativas de diálogo com os americanos já duram meses, o que incluiu o envio de duas cartas oficiais ao país, sem retornos.

    O principal contato com os EUA, segundo o vice-presidente, tem sido com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, com quem reiterou a disposição do governo brasileiro de negociar para evitar a sobretaxa.

    Na carta em que antecipou o anúncio de 50%, Trump usou como justificativa para a sobretaxa o tratamento da justiça brasileira ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), acusando o Brasil de perseguição pelos processos enfrentados por ele no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Lula e a equipe do governo, no entanto, já afirmaram que as decisões do Judiciário e aspectos da política interna brasileira não estão abertos a negociação, e condenaram a contaminação política na relação econômica feita pelo americano.

    Diferentes setores ainda avaliam o impacto das tarifas. A Abal (Associação Brasileira do Alumínio) afirmou que, em uma análise preliminar, a nova tarifa não será cumulativa à alíquota de 50% vigente desde junho. A entidade afirma que, apesar disso, “os impactos já são expressivos” pois os EUA são o terceiro principal destino das exportações da indústria brasileira de alumínio (atrás apenas de Canadá e Noruega).

    De acordo com a entidade, os prejuízos totais ao setor poderão alcançar US$ 210 milhões (R$ 1,15 bilhão), considerando os efeitos diretos já contabilizados e as estimativas até o fim do ano.

    Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço