Israel inicia ofensiva terrestre para ocupar Cidade de Gaza

A ofensiva de Israel na capital já deslocou centenas de milhares de palestinos que se abrigam ali desde o começo da guerra, há quase dois anos

SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O Exército de Israel iniciou uma ofensiva terrestre nesta segunda-feira (15) para ocupar a Cidade de Gaza. As forças israelenses já vinham expandindo seus ataques aéreos contra capital e maior cidade da Faixa de Gaza nas últimas semanas. O que foi iniciado nesta segunda, no entanto, é a tomada por meio de tropas terrestres, que até então não haviam atuado desta maneira na região.

“Gaza está queimando”, publicou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, no X. “As IDF [Forças de Defesa de Israel] atacam com punho de ferro a infraestrutura terrorista e os soldados das IDF estão lutando bravamente para criar as condições para a libertação dos reféns e a derrota do Hamas.”

Segundo autoridades de saúde do território, pelo menos 70 pessoas foram mortas nesta terça, a maioria delas na Cidade de Gaza, tanto em decorrência dos incessantes ataques aéreos quanto dos veículos militares que, agora, avançam por terra.

A ofensiva de Israel na capital já deslocou centenas de milhares de palestinos que se abrigam ali desde o começo da guerra, há quase dois anos. Antes do conflito, cerca de 1 milhão de pessoas, quase metade da população de Gaza, vivia na cidade.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentou a evolução da ofensiva “moral, política e legalmente intolerável”. Segundo ele, Israel parece estar decidido a “ir até o fim” com sua campanha e “não está aberto” a conversas sérias sobre a paz.

O alto comissário de direitos humanos da organização também reagiu à ofensiva afirmando que as evidências de crimes de guerra e crimes contra a humanidade praticados por Israel estão aumentando.

“Só consigo pensar no que isso significa para mulheres, crianças desnutridas e pessoas com deficiência, se forem novamente atacadas dessa maneira. E tenho que dizer que a única resposta a isso é: parem com a carnificina”, disse Volker Türk a jornalistas em Genebra.

A pressão que o funcionário recebe para usar o termo genocídio ao se referir às ações de Israel devem aumentar após uma Comissão de Inquérito das Nações Unidas concluir, também nesta terça, que Israel cometeu este crime específico em Gaza.

O gabinete de segurança de Israel, presidido pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, aprovou no mês passado um plano para expandir a campanha militar e controlar a Cidade de Gaza. O premiê afirma que a capital é um reduto do Hamas e que conquistá-la é necessário para derrotar o grupo terrorista.

Ainda nesta segunda, Netanyahu havia afirmado que não descarta a possibilidade de realizar novos ataques contra líderes do Hamas “onde quer que estejam”. O premiê falou a jornalistas ao lado do secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Jerusalém. Este, por sua vez, voltou a afirmar que o Hamas “precisa deixar de existir como um elemento armado capaz de ameaçar a paz e a segurança”.

Na semana passada, Tel Aviv lançou uma ofensiva inédita contra líderes do grupo terrorista no Qatar, mas não matou membros do alto escalão do Hamas. Após o ataque, o governo Trump se limitou a dizer que não havia sido informado sobre a ação com antecedência e fez demonstrações de apoio a Doha, importante aliado americano no Oriente Médio e onde fica a maior base aérea dos EUA na região.

Nesta terça, uma porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência), Tess Ingram, criticou o deslocamento de crianças do local, já que acampamentos mais ao sul do território estão inseguros, superlotados e mal equipados para recebê-las.

“É desumano esperar que quase meio milhão de crianças, maltratadas e traumatizadas por mais de 700 dias de conflito implacável, fujam de um inferno para acabar em outro”, afirmou a funcionária por videoconferência do campo de tendas de Mawasi, em Gaza. “As pessoas realmente não têm uma boa opção -ficar em perigo ou fugir para um lugar que também sabem ser perigoso.”

Na última semana, Israel emitiu alertas de retirada de civis para Khan Yunis, no sul de Gaza, afirmando que os moradores receberiam comida, cuidados médicos e abrigo. A área designada seria uma “zona humanitária”, segundo o porta-voz militar israelense Avichay Adraee.

O Exército realiza intensos bombardeios contra a cidade há semanas, avançando pelos subúrbios e, no início deste mês, a ofensiva estava a poucos quilômetros do centro. Alguns moradores afirmaram que se recusam a ser deslocados novamente, também pela incerteza sobre segurança em outros locais do território palestino.

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