Kim Jong-un faz desfile militar na Coreia do Norte e apresenta novo míssil intercontinental

Entre os armamentos apresentados está a coluna de mísseis intercontinentais Hwasongpho-20, descrita pela KCNA como “o sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso” do país.

VICTORIA DAMASCENO
PEQUIM, CHINA (CBS NEWS) – A Coreia do Norte realizou nesta sexta-feira (10) em Pyongyang um desfile para ostentar seu novo aparato militar, como mísseis intercontinentais de última geração, durante a comemoração de 80 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia, segundo a mídia estatal KCNA.

Entre os armamentos apresentados está a coluna de mísseis intercontinentais Hwasongpho-20, descrita pela KCNA como “o sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso” do país.

Versões anteriores, como o Hwasongpho-18 e o Hwasongpho-19, já tinham o potencial de atingir qualquer ponto dos Estados Unidos, segundo o projeto 38North, do Stimson Center, que realiza análises sobre o país asiático.

A diferença entre eles é que a versão mais recente, Hwasongpho-19, tem capacidade de carga ampliada, ou seja, pode acomodar múltiplas ogivas. O regime não deu detalhes sobre as atualizações do novo armamento.

Também foram apresentados tanques de guerra, “armas ofensivas de última geração”, mísseis hipersônicos de médio alcance e veículos planadores hipersônicos, entre outros.

O evento ocorre em um momento em que o país tenta se posicionar como uma potência na área da defesa, provando ao mundo que não depende apenas de armas nucleares como no passado e, hoje, dispõe de equipamentos tradicionais avançados.

A Coreia do Norte tem sido constantemente pressionada por sua desnuclearização, em especial pelos Estados Unidos. A demanda do presidente Donald Trump é para que o país deixe de lado a posse e a fabricação de armas nucleares.

O líder da ditadura norte-coreana, Kim Jong-un, já respondeu, porém, que esse debate está fora de cogitação.

As informações sobre o desfile foram publicadas na mídia estatal norte-coreana KCNA, que vem, nos últimos dias, noticiando os eventos que compõem a comemoração, anunciada como um momento de glória e prestígio do país.

Segundo a mídia, a celebração contou com uma salva de tiros e desfile de trop as do Exército Popular Coreano, como da força aérea e da marinha, por exemplo.

Na ocasião, Kim fez a revisão das tropas e subiu à tribuna ao lado de representantes de outros países. A mídia estatal havia afirmado que estavam presentes no país para a celebração o premiê da China, Li Qiang; To Lam, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã; e Thongloun Sisoulith, presidente do Laos. Também compareceu o ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev.

Em sua fala, o ditador exaltou o papel das forças de segurança do país, o socialismo e o partido. “Nosso exército deve continuar a crescer até se tornar uma entidade invencível que destrua todas as ameaças que se aproximem do nosso alcance de autodefesa, à força de sua superioridade política, ideológica, militar e técnica”, disse, de acordo com a KCNA.

Ao contrário do pronunciamento realizado na semana passada, em que citou nominalmente os EUA e a Coreia do Sul como uma ameaça ao país, desta vez Kim apenas afirmou que o regime irá lutar contra a “hegemonia”.

No último sábado (4), em evento em Pyongyang em que foram apresentados armamentos, Kim afirmou, segundo a mídia estatal, que a aliança nuclear entre os EUA e a Coreia do Sul progride rapidamente.

“Em proporção direta ao reforço do arsenal militar dos EUA na região da Coreia do Sul, nossa preocupação estratégica com essa região também aumentou e, consequentemente, atribuímos nossos ativos especiais aos principais alvos de nossa preocupação”, disse.
“O inimigo, creio eu, terá de se preocupar com a direção que o seu ambiente de segurança está tomando.”

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o objetivo do regime norte-coreano com o desfile é mostrar para a comunidade internacional, em especial os EUA, seu poder bélico, além de atrair possíveis compradores de armas. Outra meta seria despertar orgulho na população local após um período de dificuldades econômicas.

Kim Jong-un faz desfile militar na Coreia do Norte e apresenta novo míssil intercontinental

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