O Irã anunciou a suspensão do acordo de cooperação com a agência nuclear da ONU, assinado no início de agosto no Cairo, em resposta ao restabelecimento das sanções internacionais contra Teerã há duas semanas.
“Nas condições atuais, e considerando os acontecimentos recentes, o ‘acordo do Cairo’ está suspenso”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abas Araqchí, em entrevista à televisão estatal neste sábado.
Araqchí afirmou que o pacto assinado em 9 de agosto com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) “perdeu a validade prática” após a restauração, em 28 de setembro, das sanções da ONU contra Teerã, impulsionada pela França, Alemanha e Reino Unido (E3).
Segundo o chanceler iraniano, a partir de agora qualquer pedido da agência nuclear da ONU para inspecionar as instalações nucleares do Irã ficará restrito ao marco legal definido pelo Parlamento iraniano e pelas decisões do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país.
No entanto, Araqchí ressaltou que as relações com a AIEA não estão totalmente interrompidas, já que algumas formas de cooperação beneficiam o Irã, especialmente em áreas técnicas, como a operação da usina nuclear de Bushehr e do reator de pesquisas de Teerã.
Ele também afirmou que Teerã mantém aberta a possibilidade de reativar o acordo “caso sejam apresentadas propostas justas que garantam os direitos da nação iraniana” ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos — algo que classificou como uma “linha vermelha”.
O Irã assinou o acordo do Cairo com a agência internacional para retomar a cooperação, suspensa em junho após a guerra de 12 dias com Israel e os ataques israelo-americanos contra instalações nucleares iranianas durante o conflito.
Araqchí explicou que o objetivo do acordo era estabelecer um marco regulatório para a inspeção de infraestruturas bombardeadas e destacou que sua aplicação estava condicionada à não reativação das antigas resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã, anteriores ao acordo nuclear de 2015.
As seis resoluções aprovadas entre 2006 e 2010 contra o Irã — restabelecidas em 28 de setembro — proíbem o país de enriquecer urânio e de realizar atividades balísticas, além de estabelecer um embargo de armas, congelamento de ativos, autorizar inspeções de aviões e navios iranianos em águas internacionais, e impor restrições bancárias e financeiras.
Após a restauração dessas medidas, o ministro das Relações Exteriores iraniano já havia declarado, na semana passada, que o acordo com a AIEA “não tem mais eficácia nem validade” e que “não pode servir como base para a cooperação”, garantindo que Teerã tomará novas decisões.
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