Talibãs afegãos reivindicam morte de 58 soldados paquistaneses na fronteira

O porta-voz do governo talibã afirmou hoje que tropas afegãs abateram 58 soldados paquistaneses durante uma operação de retaliação realizada durante a noite contra o Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, em que morreram também nove militares afegãos.

Durante os confrontos, “58 soldados paquistaneses foram mortos e cerca de 30 ficaram feridos”, disse Zabihullah Mujahid em uma coletiva de imprensa realizada em Cabul, acrescentando também que “nove soldados talibãs morreram”.

A operação de retaliação aconteceu um dia depois de, em Peshawar, na província de Khyber Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão, os talibãs paquistaneses terem assumido a responsabilidade pelos ataques mortais registrados na sexta-feira e no sábado, no noroeste do Paquistão, que mataram 23 pessoas.

Entre as ações realizadas na sexta-feira está um ataque suicida contra um centro de treinamento da polícia, que matou sete agentes. Outros ataques provocaram a morte de 11 paramilitares no distrito fronteiriço de Khyber e de cinco pessoas, incluindo três civis, no distrito de Bajaur.

Nos últimos meses, os militantes talibãs paquistaneses (TTP – Tehreek-e-Taliban Pakistan) intensificaram sua campanha de violência contra as forças de segurança do Paquistão nas áreas montanhosas da fronteira com o Afeganistão, governado pelos talibãs desde o verão de 2021.

Os incidentes aconteceram poucas horas depois de o governo talibã do Afeganistão acusar o Paquistão de “violar a soberania” do território afegão, inclusive em Cabul, onde foram ouvidas explosões. Islamabad, por sua vez, defendeu o direito de se proteger de ataques nas áreas fronteiriças.

As autoridades paquistanesas culpam os talibãs afegãos por facilitarem a retomada das atividades do TTP.

O grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan, que é proibido no país, inicialmente reivindicou a responsabilidade pelo ataque, mas depois emitiu um segundo comunicado negando qualquer envolvimento. O grupo é aliado, mas distinto dos talibãs afegãos, que assumiram o poder em Cabul em 2021.

Na sexta-feira, o principal porta-voz do exército paquistanês, Ahmad Sharif Chaudhry, declarou que “o terrorismo aumentou desde 2021”, sobretudo na província de Khyber Pakhtunkhwa, próxima à fronteira com o Afeganistão.

Em uma coletiva de imprensa, Chaudhry disse a jornalistas que o Paquistão realizou milhares de operações antiterroristas nos últimos anos para conter a crescente ameaça militante.

Um relatório do Conselho de Segurança da ONU, publicado no início deste ano, concluiu que o TTP “foi provavelmente o grupo extremista estrangeiro no Afeganistão que mais se beneficiou” com a volta dos talibãs ao poder, que “acolheram e apoiaram ativamente” o movimento.

Cabul nega categoricamente essas acusações e devolve a crítica a Islamabad, acusando o Paquistão de apoiar grupos “terroristas”, em especial a filial regional do grupo Estado Islâmico (EI).

Em 2024, até 15 de setembro, as forças de segurança já haviam realizado mais de 10 mil operações, nas quais 970 militantes foram mortos. No mesmo período, 311 soldados e 73 policiais morreram, acrescentou.

O ano de 2024 foi o mais mortal para o Paquistão em quase uma década, com mais de 1.600 mortos nesses episódios de violência.

Talibãs afegãos reivindicam morte de 58 soldados paquistaneses na fronteira

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