Julia Wandelt, de 24 anos, declarou novamente em tribunal que acredita ser Madeleine McCann, desaparecida em 2007, apesar de exames de DNA comprovarem que não há qualquer ligação entre elas
Julia Wandelt, de 24 anos, voltou a chorar em tribunal ao afirmar diante do júri que é Madeleine McCann, a menina britânica que desapareceu em Portugal em 2007, aos três anos de idade. A jovem polonesa é acusada de perseguir a família McCann após alegar ser a própria Maddie. A promotoria, no entanto, insiste que é “extremamente óbvio” que ela não é a criança desaparecida.
Durante a audiência, o promotor Michael Duck KC voltou a dizer que não há qualquer evidência que ligue Julia à família McCann. Em prantos, ela respondeu: “Acredito que sou. Não me importo se as pessoas disserem que não. Estou simplesmente exausta. Quero saber quem sou. Se eu não for, tudo bem. Só estou cansada”.
O promotor apresentou em tribunal os resultados de testes de DNA que mostram que Julia não tem qualquer relação genética com Madeleine. Ao ser questionada se aceitava essa conclusão, ela respondeu: “Supondo que o teste seja da Madeleine, então sim”.
Questionada sobre o motivo de os McCann não responderem às suas mensagens e ligações, Julia afirmou que “talvez não lhes fosse permitido”. “Ainda não consigo acreditar que os pais de uma criança desaparecida não queiram seguir uma pista”, disse, acrescentando que “desperdiçou três anos e meio tentando descobrir quem é” e que “não deveria estar no banco dos réus”.
No primeiro dia do julgamento, Wandelt também chorou ao ser confrontada com o fato de não haver qualquer vínculo entre ela e os McCann. Na ocasião, tentou deixar a sala de audiências em prantos.
O julgamento teve início em outubro e já contou com depoimentos de Kate e Gerry McCann, dos filhos gêmeos Amelie e Sean, e de amigos da família. Julia foi presa em fevereiro, no aeroporto de Bristol, no Reino Unido, e responde a quatro acusações de perseguição. Entre as ações atribuídas a ela estão ligações telefônicas, mensagens de voz, cartas e mensagens de WhatsApp enviadas aos pais de Madeleine.
Em seu primeiro depoimento, Julia contou que começou a desconfiar da própria identidade na adolescência, quando fazia terapia por episódios de automutilação. Ela afirmou que sempre estranhou suas diferenças físicas em relação aos pais e que eles se recusavam a mostrar fotos de infância, a certidão de nascimento ou a fazer um teste de DNA.
Durante outra sessão, a jovem relatou que chegou a ir até a casa da família McCann, em 7 de dezembro de 2024, para tentar falar com Kate e Gerry. “Disse ‘Kate’, ela se virou e começou a chorar. Eu também chorei”, contou Julia, afirmando que Kate se recusou a conversar e ameaçou chamar a polícia.
Madeleine McCann desapareceu em maio de 2007, enquanto dormia com os irmãos em um apartamento na Praia da Luz, no Algarve. O caso, que ganhou repercussão mundial, continua sem solução. Em 2023, o alemão Christian Brückner foi apontado como principal suspeito pelo Ministério Público português, mas ainda não foi formalmente acusado por falta de provas.

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