Apresentador defende modernização das leis sobre fim da vida e cita Uruguai como exemplo; Susanne Bial morreu em julho deste ano, um dia após completar 101 anos
SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – Pedro Bial revelou que chegou a discutir com a família a possibilidade de levar a mãe, a psicanalista Susanne Bial, para um suicídio assistido no exterior. Segundo ele, ela havia pedido para morrer e já não conseguia mais viver sua vida normalmente.
Bial contou que a mãe, que sempre foi uma leitora azidua, já não conseguia mais ler”. “Ela não tinha mais prazer nenhum […] A vida dela eram as indignidades da decrepitude. Ficar sendo mantida viva…”, disse o jornalista em conversa com a repórter Maria Fortuna no videocast Conversa Vai, Conversa Vem, do jornal O Globo.
Diante aos pedidos e o sofrimento, a família considerou recorrer ao suicídio assistido na Suíça, onde a prática é permitida. De acordo com Bial, a ideia não deu certo e eles optaram pelos cuidados paliativos. “Fomos cuidar dos paliativos, que é o jeito de deixar uma pessoa morrer dignamente. Ela era uma fortaleza”, contou o apresentador.
A experiência, diz Bial, mudou sua forma de encarar a própria morte. Ele afirmou que, com a medicina prolongando a vida cada vez mais, a pergunta de “como se quer morrer” deixou de ser abstrata. “Quero viver muito tempo, mas como? Chega uma hora que é muito indigno ser mantido vivo e já não ter prazer nenhum”, refletiu, citando ainda uma frase atribuída a Gilberto Gil, que fala sobre não ter o medo da morte, mas o medo de morrer. ” Morrer é ainda estar vivo”, disse.
O jornalista também usou o relato para criticar a legislação brasileira sobre o fim da vida. Segundo ele, o desejo da mãe de abreviar o sofrimento esbarrou em uma “lei defasada em relação à modernidade”. Bial mencionou o Uruguai como exemplo de país da região que já avançou na discussão sobre morte assistida.
Susanne morreu em julho deste ano, um dia após o aniversário de 101, após um longo período lidando com as limitações da velhice. A causa da morte não foi divulgada.

Deixe um comentário