Categoria: ECONOMIA

  • Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

    Com adicionais, valor médio do benefício está em R$ 671,54; no modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês

    A Caixa Econômica Federal paga nesta quarta-feira (27) a parcela de agosto do Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 8.

    O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 671,54. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 19,19 milhões de famílias, com gasto de R$ 12,86 bilhões.

    Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a gestantes e nutrizes (mães que amamentam), um de R$ 50 a cada filho de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a cada criança de até 6 anos. 

    No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

    Os beneficiários de 521 cidades receberam o pagamento no último dia 18, independentemente do NIS. A medida beneficiou os moradores dos 497 municípios do Rio Grande do Sul e moradores de algumas cidades em quatro estados: Amazonas (3), Paraná (4), Roraima (6) e Sergipe (11)Essas localidades foram afetadas por chuvas ou por estiagens ou têm povos indígenas em situação de vulnerabilidade. A lista dos municípios com pagamento antecipado está disponível na página do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

    Desde o ano passado, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

    Regra de proteção

    Cerca de 2,63 milhões de famílias estão na regra de proteção em agosto. Essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até um ano, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 365,81.

    Em junho, o tempo de permanência na regra de proteção foi reduzido de dois para um ano. No entanto, a mudança só abrange as novas famílias que entraram na fase de transição. Quem se enquadrou na regra até maio deste ano continuará a receber metade do benefício por dois anos.

    Auxílio Gás

    O Auxílio Gás também será pago nesta quarta-feira às famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com NIS final 8. O valor para este mês foi mantido em R$ 108.

    Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia 5,13 milhões de famílias neste mês. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, no fim de 2022, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg.

    Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

  • Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora

    Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora

    O presidente dos Estados Unidos diz estar pronto para briga na Justiça por demissão de Lisa Cook no Fed, em ataque inédito à autonomia do banco

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar preparado para brigar na Justiça pela demissão de Lisa Cook, após anunciar tê-la exonerado do cargo de diretora do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano), numa interferência sem precedentes na autonomia do banco.

    Trump anunciou que demitiu Cook numa carta divulgada na segunda (25), alegando que ela havia cometido fraude hipotecária no passado. A diretora, porém, afirmou que o presidente não tem poderes para destituí-la e que não renunciaria. Seu advogado disse que vai questionar a medida de Trump na Justiça.

    A decisão de Trump alarmou de imediato economistas, por gerar um cenário de incerteza. Analistas temem que o gesto possa minar a independência da instituição, adquirida há 74 anos, além de gerar riscos de aumento de inflação no futuro.

    Há ainda o receio de que isso gere pânico em investidores, por ser o ataque a um banco que garante a confiança no sistema econômico americano, assim como no dólar, e que controla a inflação. Por enquanto, no entanto, a reação no mercado financeiro foi tímida.

    O S&P 500 fechou em alta de 0,41%, impulsionado principalmente pela Nvidia, que subiu 1,1%, e pela Eli Lilly, que registrou avanço de quase 6%. O índice de tecnologia Nasdaq e o Dow Jones subiram 0,44% e 0,30%, respectivamente.

    Trump alegou que Cook cometeu supostas irregularidades em suas declarações sobre hipoteca pessoal, com base nas alegações de um aliado. Porém não há nenhuma acusação formal contra a diretora.

    Pelas regras do banco, o presidente da República teria o poder de destituir uma autoridade se houvesse justa causa. Não está claro se esse caso encaixa-se nesse critério por não haver um processo contra Cook.

    “O presidente Trump alegou me demitir ‘por justa causa’ quando não existe justa causa conforme a lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, afirmou a diretora em comunicado na noite de segunda.

    Juristas afirmaram a jornais americanos que o caso é robusto, sobretudo por envolver uma conduta de caráter privado e não ligada à atuação dela no Fed. Por isso, preveem que a batalha nos tribunais pode ser longa.

    “Sempre estamos envolvidos em disputas legais”, disse Trump nesta terça, após ser questionado se estava preparado para enfrentar o caso na Justiça.

    Trump ainda disse que quer “pessoas 100% corretas, e não parece que ela seja”, acusando-a novamente de fraude hipotecária. O presidente também afirmou que pretende substituí-la rapidamente e que espera em breve conseguir maioria para reduzir a taxa de juros (atualmente entre 4,25% e 4,5%). “Temos ótimas pessoas para essa posição”, afirmou, após reunião do seu gabinete.

    Um porta-voz do Fed afirmou nesta terça que o banco cumprirá o que a Justiça decidir, reconhecendo a intenção de Cook de questionar a demissão.

    “Mandatos longos e proteções contra demissão para os governadores servem como uma salvaguarda vital, garantindo que as decisões de política monetária sejam baseadas em dados, análise econômica e nos interesses de longo prazo do povo americano,” disse ainda o porta-voz do Fed.

    O presidente americano elegeu o Fed como um dos seus alvos há meses, pressionando por uma queda na taxa de juros. Até então, ele mirava o presidente da instituição, Jerome Powell, a quem já ameaçou demitir diversas vezes.

    Ele surpreendeu, porém, ao demitir Cook. O mandato da diretora só termina em 2038, dez anos após o fim do mandato do republicano. O temor no mercado é que, se o presidente conseguir demiti-la, isso seja uma carta branca para que ele exonere outros integrantes do banco, minando a independência da instituição.

    Primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed, indicada em 2022 pelo ex-presidente Joe Biden, Cook foi acusada por William Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, de ter falsificado documentos e cometer fraude.

    Pulte disse no X que Cook havia designado um condomínio em Atlanta como sua residência principal depois de tomar um empréstimo em sua casa no Michigan, que ela também declarou como residência principal. Pulte disse à CNBC que também está investigando uma propriedade que Cook tem em Massachusetts.

    A diretora afirmou na ocasião que leva a sério qualquer questionamento sobre seu histórico financeiro como membro do Federal Reserve e que estava reunindo informações precisas para responder a qualquer pergunta legítima.

    A medida foi fortemente criticada ao longo do dia por democratas. Ao The New York Times, o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, acusou o presidente de tentar “assumir o controle do Federal Reserve”.

    “Hugo Chávez estaria orgulhoso”, disse Jeffries. “Por que os republicanos e os chamados defensores do livre mercado não estão reclamando? Bando de completos farsantes.”

    Cook foi uma das nove diretoras que votou pela manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada no fim de julho, em decisão que irritou Trump, que defende a redução da taxa em três pontos percentuais.

    Ao Financial Times, especialistas reforçaram o ineditismo da ação de Trump. “Isso é sem precedentes”, disse Lev Menand, professor da Faculdade de Direito de Columbia, ao jornal.

    “Este [a demissão de Cook] é um ato extraordinário de agressão que viola a independência do Fed”, também disse Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell ao jornal. “Trump agora declarou guerra aberta ao quadro institucional dos EUA, que sustenta a dominância do dólar nas finanças globais”, avaliou.

    David Wessel, diretor do Centro Hutchins para Política Fiscal e Monetária, foi além. “O presidente Trump parece determinado a controlar o Fed -e usará qualquer alavanca que tiver para obter maioria”, disse. “Esta é mais uma maneira pela qual o presidente está minando os fundamentos de nossa democracia.”

    Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora

  • JBS vê chance de o Brasil entrar em novos mercados em meio às tarifas de Trump

    JBS vê chance de o Brasil entrar em novos mercados em meio às tarifas de Trump

    A JBS é a maior processadora de carnes do mundo e atualmente tem listagem dupla em Bolsa, no Brasil e nos Estados Unidos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros poderá resultar em uma reorganização do mercado de proteína animal, abrindo caminhos para atender novos mercados, disse nesta terça-feira o CEO global da JBS, Gilberto Tamazoni, em uma conferência que discutiu, na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), as relações bilaterais de Estados Unidos e Brasil.

    Os dois países não competem no mercado de carnes e são complementares, segundo o executivo, uma vez que os produtos brasileiros são usados em outras fabricações, como é o caso dos hambúrgueres. Os Estados Unidos também têm importante indústria de carnes e exportam cerca de 25% de sua produção.

    “Se as tarifas forem mantidas, o comércio que foi de 200 mil toneladas no primeiro semestre vai cair muito. Alguém vai fornecer para os Estados Unidos”, disse Tomazoni. Para manter atendida a demanda interna, os produtores locais passarão a deixar parte da produção no mercado interno, ou será necessário buscar outros países, como é o caso da Austrália. “Vai abrir espaço para o Brasil atender esses outros países quando os vasos comunicantes se estabilizarem.”

    A JBS é a maior processadora de carnes do mundo e atualmente tem listagem dupla em Bolsa, no Brasil e nos Estados Unidos. “Com a abertura de capital, esperamos que a companhia tenha o rerate [a reprecificação]”, afirmou. A expectativa do CEO da JBS é que haja valorização da empresa nos Estados Unidos e isso aproxime o investidor daquele país.

    Construímos essa plataforma que é diversificada por geografias e por proteínas para fazer frente aos ciclos naturais do nosso negócio”, disse. “Não foi construído para isso [elevação de tarifas], mas também serve para um caso como esse, permitir você gerenciar seus fluxos de produto e manter seu negócio crescendo, gerando caixa.”

    A diversificação de mercados foi também citada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, para quem essa política garantiu bons resultados às contas externas. Além de um leque maior de destinos aos produtos nacionais, a maior diversidade de parceiros comerciais assegurou reservas cambiais, “funcionando como um colchão que protege o Brasil, as empresas e as pessoas nesses momentos de oscilação e disruptivos.”

    Durigan defendeu, em fala transmitida por videoconferência, que as preocupações com estabilidade no Brasil sejam vistas do ponto de vista do equilíbrio das instituições, para além das contas públicas. Segundo ele, o governo Lula tem liderado agendas de diálogo com Congresso e órgãos do Judiciário.

    O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu, na conferência na Fiesp, que o Brasil lidere uma refundação da OMC (Organização Mundial do Comércio), uma vez que, segundo o chanceler, “encontra-se em crise total, incapaz de mover-se”.

    Há alguns dias, o governo Lula acionou os Estados Unidos na OMC em reação às tarifas estabelecidas por Donald Trump. A consulta precisa ser aceita pelos americanos e a última instância da OMC está paralisada, o que deve reduzir as chances de qualquer efeito prático da ação. Entretanto, o movimento é visto no Palácio do Planalto como um gesto simbólico importante para marcar posição do Brasil em defesa do sistema multilateral de solução de disputas comerciais.

    JBS vê chance de o Brasil entrar em novos mercados em meio às tarifas de Trump

  • Preço da manga, afetada por tarifas de Trump, cai 21% no Brasil, maior recuo mensal desde 2007

    Preço da manga, afetada por tarifas de Trump, cai 21% no Brasil, maior recuo mensal desde 2007

    A queda mensal de quase 21% é a maior desde setembro de 2007, quando a baixa havia sido de 25,04%

    RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os preços da manga para o consumidor brasileiro tiveram deflação (queda) de 20,99% em agosto. É o que apontam dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) divulgados nesta terça (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    A queda mensal de quase 21% é a maior desde setembro de 2007, quando a baixa havia sido de 25,04%. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados nesta terça-feira (26).
    Ao longo da série histórica, a manga já mostrou deflação em meses de agosto. Parte dos alimentos costuma apresentar movimento semelhante devido à ampliação da oferta no início do segundo semestre, a partir de melhores condições de produção.

    No caso da manga, há um fator adicional neste ano. A fruta é uma das mercadorias que não escaparam do tarifaço do governo Donald Trump, que entrou em vigor em agosto. A sobretaxa a exportações gerou expectativa de maior oferta interna no Brasil.

    Conforme a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, é possível que a guerra comercial tenha gerado impactos no IPCA-15.

    Nesse sentido, ela destaca as reduções registradas por carnes (-0,94%) e frutas (-1,32%) no índice de agosto. As carnes também não escaparam das tarifas americanas.

    Outros produtos afetados pela medida são os pescados, cujos preços recuaram 0,14% no IPCA-15 de agosto, destaca Claudia. A queda, porém, foi menos intensa do que a observada no índice de julho (-2,03%).

    “Então, se teve algum efeito [nos pescados], ele já aconteceu e deve estar retornando”, diz a economista.

    Por ser divulgado antes, o IPCA- 15 sinaliza uma tendência para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial de inflação do país. Uma das diferenças entre os dois é o período de coleta das informações pelo IBGE.

    A apuração dos preços do IPCA-15 ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso do índice de agosto, a coleta foi realizada de 16 de julho a 14 de agosto.

    Já a apuração do IPCA se concentra no mês de referência. Por isso, o resultado de agosto ainda não é conhecido. Será divulgado em 10 de setembro.

    A variação dos preços da manga é calculada pelo IBGE em oito capitais e regiões metropolitanas. Em agosto, a fruta foi um dos produtos responsáveis pela queda nos preços da alimentação no domicílio (-1,02%).

    A maior deflação da manga foi registrada em Belo Horizonte (-31,61%). A menor baixa ocorreu em São Paulo (-9,77%).

    Com a indefinição gerada pelo tarifaço de Trump, o setor de frutas chegou a indicar risco de que mangas estragassem no pé, porque não haveria mercado para elas em outro país, e nem mesmo no Brasil, já abastecido, como noticiou a coluna de Mônica Bergamo em julho.

    Preço da manga, afetada por tarifas de Trump, cai 21% no Brasil, maior recuo mensal desde 2007

  • Trump mostra interesse em dialogar ao evitar citar Lula, diz analista

    Trump mostra interesse em dialogar ao evitar citar Lula, diz analista

    Para o vice-presidente executivo da Council of the Americas, negociação pode partir de temas como big techs e imigração

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A conferência anual do Americas Society/Council of the Americas estava marcada há alguns meses para, a exemplo de outros anos, discutir a importância do comércio bilateral de Brasil e Estados Unidos. Neste ano, com as relações abaladas pela sobretaxa de 50% do segundo sobre o primeiro, o encontro ganhou outro peso.

    “É um momento delicado na relação bilateral, está difícil mesmo. Mas acho que tem um forte interesse em explorar como seria um plano de saída, uma estratégia para tentar, se não resolver, talvez melhorar as condições de negócios entre os dois países”, diz Brian Winter, vice-presidente executivo da entidade que representa empresas com atuação em toda a América Latina.

    Na avaliação dele, apesar do tensionamento causado pela imposição do tarifaço, o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, dá sinais de estar aberto ao diálogo com o Brasil. Um desses indicativos vem do fato de o americano não citar nominalmente o brasileiro ao ser referir ao país.

    “Em todas as postagens do presidente Trump, ao longo dos últimos meses, ele praticamente não mencionou o presidente Lula. O foco dele tem sido o ministro Alexandre de Moraes. Eu acho que isso é intencional e mostra o interesse em dialogar, em poupar talvez esse canal para eventualmente dialogar”, afirma.

    “Acho que essa omissão [em citar] o presidente Lula, de poupar ele da retórica, indica a possibilidade de algum tipo de diálogo.”

    A leitura sobre as intenções de Trump deve ser vistas com ressalva, diz Winter. “Todos nós viramos psicanalistas de Donald Trump ao longo dos últimos dez anos tentando interpretar as mensagens do presidente”, avalia. “Eu posso afirmar que tem interesse, em Washington, de dialogar com o governo brasileiro. Pode não ser hoje, mas eles querem ver algum tipo de diálogo.”

    Winter vê como possível um caminho de diálogo que tenha outros pontos de partida, trazendo à conversa temas que também são de interesse dos Estados Unidos, como o tratamento dispensado às big techs, a exploração de minerais críticos e terras raras e uma ajuda do Brasil no enfrentamento do que ele considera ser um desafio imigratório envolvendo cidadãos venezuelanos e haitianos.

    Esse diálogo esteve muito perto de começar, mas foi prejudicado pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve ser novamente contaminado caso ele seja preso, algo que pode acontecer já no mês de setembro.

    Se isso se confirmar, avalia Winter, outras medidas sancionadoras podem afetar o Brasil. Trump citou a situação judicial de Bolsonaro e citou mais de uma vez em entrevistas e publicações em redes sociais o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está nos Estados Unidos e tem trabalhado por sanções ao país como forma de pressionar o judiciário brasileiro por uma anistia no processo que julga a participação de Bolsonaro nos atos golpistas de 8 de janeiro.

    Essa atenção dedicada, por Trump, ao ministro Moraes diferencia o Brasil e outros parceiros comerciais cujas relações com os Estados Unidos estão abaladas por tarifas protecionistas. Ainda assim, o vice-presidente do Council of the Americas, o caso do México merece observação.

    “Nós achávamos, em algum momento, também que a relação entre a Claudia Sheinbaum, a presidente do México, e Donald Trump seria quase impossível”, diz.

    Os problemas nas relações entre ambos eram muitos. As questões imigratórias, o déficit comercial. Trump chegou a ameaçar o país vizinho de uma ação militar para enfrentar cartéis de drogas. “Ela fez um equilíbrio difícil entre uma clara mensagem sobre a soberania nacional mexicana, mas também de entender os interesses dos Estados Unidos e tentar atender onde foi possível.”

    Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, é outro lembrado por ele, depois da desastrosa reunião na Casa Branca em fevereiro. “Parecia que a relação tinha acabado. Mas não acabou.”

    “Ela [Claudia Sheinbaum] conseguiu e acho que outros líderes do mundo também conseguiram. E é um caminho. Pelo amor de Deus, não é fácil, mas também não é impossível.”

    Winter será, nesta terça (26), o anfitrião da conferência do Council of The Americas em São Paulo, realizado com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da qual participarão representantes de grandes empresas brasileiras e americanas com negócios lá e cá.

    “Em tempos difíceis, o setor privado sempre precisa fazer o papel para dar ênfase na importância da relação bilateral”, diz o jornalista e analista político. Ele lembra que pelo menos 7.000 empresas brasileiras exportam para os Estados Unidos. As multinacionais e empresas americanas têm US$ 90 milhões em estoque de investimentos diretos. “É muito dinheiro, inclusive para a economia americana.”

    Na avaliação dele, é importante também que fique clara a importância do Brasil para o Sul Global, não apenas no sentido comercial. “Acho que o governo [americano], a Casa Branca, reconhece essa importância e por isso a preocupação sobre temas como as big techs, por exemplo. Não é só o mercado brasileiro que tem peso aí. Eles sabem que o Brasil tem essa capacidade de ser um trendsetter em várias coisas.”

    Nas discussões na Fiesp nesta terça estão previstas as participações do ministro Mauro Viera, das Relações Exteriores, e de Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, deve participar por videoconferência.

    Da iniciativa privada, participarão de uma mesa sobre investimentos e integração Landon Loomis, presidente da Boeing para América Latina e Caribe, Jennifer Prescott, diretora de Políticas Públicas da AWS (Amazon Web Services), Alejandro Anderlic, direitor de Relações Governamentais e Exteriores para América Latina na Salesforce, Juliana Villano, diretora de Relações Institucionais da Embraer e Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS.

    Brian Winter discutirá as perspectivas dos Estados Unidos sobre a Relação Bilateral com o diplomata Tom A. Shannon Jr, ex-embaixador dos EUA no Brasil e ex-subsecretário de Estado para Assuntos Políticos.

    Trump mostra interesse em dialogar ao evitar citar Lula, diz analista

  • Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

    O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 671,54

    A Caixa Econômica Federal paga nesta terça-feira (26) a parcela de agosto do Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 7.

    O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 671,54. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 19,19 milhões de famílias, com gasto de R$ 12,86 bilhões.

    Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a gestantes e nutrizes (mães que amamentam), um de R$ 50 a cada filho de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a cada criança de até 6 anos. 

    No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

    Os beneficiários de 521 cidades receberam o pagamento no último dia 18, independentemente do NIS. A medida beneficiou os moradores dos 497 municípios do Rio Grande do Sul e moradores de algumas cidades em quatro estados: Amazonas (3), Paraná (4), Roraima (6) e Sergipe (11)Essas localidades foram afetadas por chuvas ou por estiagens ou têm povos indígenas em situação de vulnerabilidade. A lista dos municípios com pagamento antecipado está disponível na página do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

    Desde o ano passado, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

    Regra de proteção
    Cerca de 2,63 milhões de famílias estão na regra de proteção em agosto. Essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até um ano, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 365,81.

    Em junho, o tempo de permanência na regra de proteção foi reduzido de dois para um ano. No entanto, a mudança só abrange as novas famílias que entraram na fase de transição. Quem se enquadrou na regra até maio deste ano continuará a receber metade do benefício por dois anos.

    Auxílio Gás
    O Auxílio Gás também será pago nesta terça-feira às famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com NIS final 7. O valor para este mês foi mantido em R$ 108.

    Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia 5,13 milhões de famílias neste mês. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, no fim de 2022, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg.

    Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

  • IPCA-15 cai 0,14% em agosto, ante alta de 0,33% em julho, revela IBGE

    IPCA-15 cai 0,14% em agosto, ante alta de 0,33% em julho, revela IBGE

    A deflação se deu pela queda nos preços de energia, transportes e alimentação; analistas esperavam uma subida na inflação

    O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) registrou queda de 0,14% em agosto, após ter subido 0,33% em julho, informou na manhã desta terça-feira, 26, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O resultado ficou acima da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, de queda de 0,21%, com intervalo entre retração de 0,28% a uma alta de 0,29%.

    Com o resultado anunciado nesta terça, o IPCA-15 acumulou um aumento de 3,26% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 4,95%, de acordo com o IBGE. As projeções iam de avanço de 4,80% a 5,41%, com mediana de 4,88%.

    IPCA-15 cai 0,14% em agosto, ante alta de 0,33% em julho, revela IBGE

  • Trump anuncia demissão de diretora do Fed e amplia pressão sobre banco central dos EUA

    Trump anuncia demissão de diretora do Fed e amplia pressão sobre banco central dos EUA

    De forma inusitada, Trump fez o anúncio em uma carta direcionada a Lisa Cook publicada em suas redes sociais

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (25) que destituiu a diretora do Federal Reserve Lisa Cook de seu cargo devido a uma suposta fraude na documentação de uma hipoteca, ampliando sua pressão para que o banco central americano reduza as taxas de juros.

    Trump fez o anúncio em uma carta direcionada a Cook publicada em suas redes sociais. “O povo americano precisa ter plena confiança na honestidade dos membros encarregados de definir políticas e supervisionar o Federal Reserve”, escreveu.

    A diretora está no alvo de Trump ao menos desde semana passada, quando o presidente disse que pediria para ela renunciar devido à falsificação de documentos. Primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed, Cook disse na quarta-feira (20) que não tem “nenhuma intenção de ser intimidada a renunciar”.

    Após o anúncio, os futuros da S&P 500 e o índice da Bloomberg que compara o dólar a outras moedas caíram, enquanto os rendimentos do título do Tesouro americano de 10 anos subiram.

    Cook foi uma das diretoras que votou favorável à manutenção dos juros nos EUA entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada em julho, apesar da pressão constante de Trump sobre o presidente da instituição, Jerome Powell, de reduzir a taxa em três pontos percentuais.

    A última reunião, porém, foi a primeira em que a decisão não foi unânime. Dois diretores, Christopher Waller e Michelle Bowman, defenderam um corte de 0,25 ponto. Ambos foram indicados por Trump. A ata mostrou que os dois estavam isolados ao defenderem a medida

    Presidentes podem remover membros do Federal Reserve do cargo apenas por justa causa. As leis que descrevem esse motivo geralmente relacionam o termo com ineficiência, negligência e atos ilícitos no cargo. Ainda não está claro como ou se Cook vai contestar a decisão.

    O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês), que toma as decisões sobre juros, é composto por doze membros, sendo os sete membros do Conselho de Governadores (indicados pelo presidente e aprovados pelo senado), o presidente do Federal Reserve de Nova York e quatro dos 11 presidentes restantes em mandato rotativo.

    O anúncio de demissão ocorre depois que o Departamento de Justiça indicou que planeja investigar Cook por uma denúncia de William Pulte, aliado de Trump e diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, de que ela teria cometido fraude.

    Nas redes sociais, Pulte agradeceu Trump pela decisão desta segunda. “Se você cometer fraude hipotecária nos EUA, iremos atrás de você, não importa quem você seja”, escreveu.

    Na semana passada, Pulte disse no X que Cook havia designado um condomínio em Atlanta como sua residência principal depois de tomar um empréstimo em sua casa no Michigan, que ela também declarou como residência principal. Pulte disse à CNBC que também está investigando uma propriedade que Cook tem em Massachusetts.

    A diretora afirmou na ocasião que leva a sério qualquer questionamento sobre seu histórico financeiro como membro do Federal Reserve e que estava reunindo informações precisas para responder a qualquer pergunta legítima. Ela ainda não se manifestou após o anúncio de demissão.

    Cook é uma três diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o período de governo de Trump. Além dos dois aliados, o presidente ainda indicou Stephen Miran temporariamente para a diretoria, mas seu nome ainda precisa ser aprovado pelo Senado.

    Na sexta-feira (22), Powell sinalizou em discurso um possível corte nos juros americanos na próxima reunião da autarquia, em setembro, embora ainda esteja cauteloso.

    Trump anuncia demissão de diretora do Fed e amplia pressão sobre banco central dos EUA

  • Mendonça substitui Toffoli e é novo relator de investigações de fraudes no INSS

    Mendonça substitui Toffoli e é novo relator de investigações de fraudes no INSS

    Mendonça deverá dar nova decisão a respeito da centralização das investigações, se mantém todos os procedimentos no Supremo ou se envia parte deles a instâncias inferiores

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, enviou nesta segunda-feira (25) as investigações sobre fraudes nos descontos de benefícios no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para o gabinete do ministro André Mendonça, depois de novo sorteio para os casos.

    O relator anterior, ministro Dias Toffoli, pediu ao presidente da corte a definição sobre a questão após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, contestar a relatoria do ministro.

    O processo é físico e ainda não foi entregue ao gabinete do novo relator.

    Toffoli determinou em junho que todas as apurações da Polícia Federal sobre o tema fossem enviadas ao seu gabinete. Desde então, as investigações aguardam nova determinação do Supremo.

    O ministro também pediu manifestação da PGR sobre o tema, que foi apresentada na última segunda-feira (18).

    Agora, Mendonça deverá dar nova decisão a respeito da centralização das investigações, se mantém todos os procedimentos no Supremo ou se envia parte deles a instâncias inferiores.

    Toffoli determinou a remessa das investigações ao Supremo em 10 de junho, depois de a Polícia Federal informar, por meio de uma representação, que o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni foram mencionados nas apurações.

    “Faz-se necessário o compartilhamento dos respectivos autos para exame e análise conjunta, sob o crivo deste Supremo Tribunal Federal, sobre eventual conexão e prevenção estabelecida”, disse Toffoli.

    Os dois têm foro por prerrogativa de função, o que leva o caso ao Supremo. Os autos do processo relacionados à operação Sem Desconto estão sob sigilo, o que o ministro manteve.

    A autoridade policial informou que a conexão entre os políticos e a investigação seria por uma entidade investigada pela PF por descontos indevidos nas aposentadorias.

    A empresa teria doado valores à campanha de Onyx ao governo do Rio Grande do Sul, durante as eleições de 2022. Procurados à época, Pinato disse não ter envolvimento com as investigações e Onyx afirmou ter feito campanha eleitoral “dentro da lei e com as contas 100% aprovadas”.

    Mendonça substitui Toffoli e é novo relator de investigações de fraudes no INSS

  • Hugo Motta anuncia comissão geral para discutir reforma administrativa na próxima semana

    Hugo Motta anuncia comissão geral para discutir reforma administrativa na próxima semana

    Presidente da Câmara diz que tema não pode ser adiado; expectativa é de aprovação em setembro

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou em suas redes sociais que fará uma comissão geral, na quarta-feira da próxima semana (3), para discutir a reforma administrativa.

    A comissão geral, modelo que foi adotado também para discutir o projeto de proteção de crianças e adolescentes no ambiente online, é uma sessão especial realizada no plenário para ouvir especialistas e parlamentares sobre um assunto específico.

    Na publicação, Motta afirma que o tema da reforma administrativa “não pode mais ser adiado, pois diz respeito à espinha dorsal da República: a capacidade do Estado de servir de forma eficiente e justa”.

    A expectativa é de que o texto seja aprovado em setembro.

    Como antecipou a Folha de S.Paulo na semana passada, a proposta de reforma administrativa terá cerca de 70 medidas e atingirá inclusive os atuais servidores públicos, de acordo com o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), relator do grupo de trabalho da Câmara que trata do tema.

    Entre elas, estão o fim das férias de 60 dias para algumas categorias e o estabelecimento de salário inicial de, no máximo, 50% do salário final da carreira.

    A aplicação das novas regras sobre os atuais servidores quebraria um tabu da reforma anterior, tentada no governo Jair Bolsonaro (PL), que tinha alterações apenas para quem entrasse no serviço público após sua aprovação -o que nunca chegou a ocorrer.

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