Categoria: ECONOMIA

  • Forbes divulga lista dos bilionários brasileiros

    Forbes divulga lista dos bilionários brasileiros

    Brasileiro mais rico do país pelo segundo ano consecutivo, Eduardo Saverin, cofundador da plataforma Facebook, é detentor de uma fortuna de R$ 227 bilhões

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A revista Forbes divulgou, nesta quinta-feira (28), a 13ª edição da lista de bilionários brasileiros, com 300 nomes no total, sendo 240 homens (que juntos acumulam um patrimônio de R$ 1,68 trilhão) e 60 mulheres (com um total de R$ 343,7 bilhões).

    Brasileiro mais rico do país pelo segundo ano consecutivo, Eduardo Saverin, cofundador da plataforma Facebook, é detentor de uma fortuna de R$ 227 bilhões, que ganhou impulso com a inteligência artificial -quase R$ 100 bilhões à frente da segunda colocada, Vicky Safra, que tem patrimônio de R$ 120,5 bilhões e é a única representante feminina no Top 10.
    Ao todo, 31 brasileiros ganharam o status de bilionários pela primeira vez.

    A lista é elaborada com base nos preços das ações listadas na Bolsa de Valores, com fechamento no dia 30 de junho, além de itens como imóveis, obras de arte, aviões ou embarcações. Segundo a Forbes, como são consideradas apenas informações públicas, os patrimônios podem estar subestimados. Em alguns casos, o patrimônio de irmãos ou familiares foi consolidado.

    No ranking deste ano, 56,33% dos bilionários viram as suas fortunas crescerem ao longo do último ano, 20,6% dos patrimônios encolheram e apenas um se manteve estável.
    VEJA LISTA DOS DEZ BRASILEIROS MAIS RICOS DE 2025

    1. EDUARDO SAVERIN: R$ 227 BILHÕES (+45,5%)
    Paulistano de 43 anos, Saverin foi criado nos Estados Unidos e foi colega de Mark Zuckerberg na Universidade Harvard em 2004, quando fundaram, com mais três pessoas, a rede social Facebook. O primeiro servidor da plataforma foi instalado na garagem da casa de seus pais, nos EUA.

    A valorização das ações da Meta, que hoje controla o Facebook, é responsável pelo avanço de 45,5% em seu patrimônio, que chegou a R$ 227 bilhões em 2025. De acordo com a Forbes, os investidores gostaram da aceleração dos investimentos em IA (Inteligência Artificial) na plataforma.
    Saverin reside em Singapura desde 2012 e possui a B Capital, empresa de investimentos focada em startups.

    2. VICKY SAFRA E FAMÍLIA: R$ 120,5 BILHÕES (+9,4%)
    A bilionária de 73 anos herdou a fortuna do Banco Safra em dezembro de 2020, após a morte de seu marido, Joseph Safra, que foi o banqueiro mais rico do mundo por muitos anos. Os filhos Jacob, Esther, Alberto e David também são herdeiros. Ela foi a primeira mulher a liderar o ranking em 2023.

    Vicky nasceu na Grécia, mas se mudou para o Brasil ainda nos anos 1950 e foi naturalizada brasileira. Hoje ela lidera a Vicky and Joseph Safra Philanthropic Foundation, que patrocina saúde, educação e artes. No início de 2025, Jacob e David compraram a participação de Esther no banco. Alberto já havia se afastado do grupo em 2019 para fundar a gestora ASA.

    3. JORGE PAULO LEMANN: R$ 88 BILHÕES (-4,2%)
    O terceiro colocado, de 85 anos, é acionista controlador da cervejeira AB Inbev e detém participações em conglomerados internacionais como Restaurant Brands International (Burger King e Tim Hortons). No Brasil, seu império inclui a São Carlos Empreendimentos, que tem como sócios seus filhos e os herdeiros de seus sócios, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

    Lemann passou três anos sem fechar grandes negócios e teve perdas recentes com ações da Americanas. Porém, em maio deste ano, a 3G Capital, da qual é cofundador, comprou a empresa americana de tênis Skechers por cerca de US$ 9,4 bilhões (R$ 50,8 bilhões).

    4. ANDRÉ ESTEVES: R$ 51 BILHÕES (+56%)
    O controlador do BTG Pactual tem 57 anos e foi contratado como analista de sistemas no banco em 1989, quando ainda estudava ciência da computação e matemática na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Quatro anos depois, tornou-se sócio. Está no rol dos bilionários desde 2005, quando tinha 37 anos.

    O banco teve lucro líquido ajustado recorde de R$ 13,4 bilhões nos 12 meses até junho de 2025, um avanço de 22% em relação aos 12 meses anteriores. A valorização de 40,6% das ações nesse período multiplicou a fortuna de Esteves, principal acionista individual da instituição financeira.

    5. FERNANDO ROBERTO MOREIRA SALLES: R$ 40,2 BILHÕES (+4,5%)
    O primogênito do banqueiro Walther Moreira Salles é acionista do Itaú Unibanco por meio da Companhia E. Johnston de Participações. Entre as atividades da família está a mineradora CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), líder mundial na produção de nióbio.

    Em 2022, em um processo de reestruturação, Fernando comprou parte da participação dos irmãos Walter Júnior e João, mais voltados para atividades culturais, e ficou com 50% de participação. A EJ possui cerca de 33% das ações do Itaú.

    6. BETO SICUPIRA: R$ 39,1 BILHÕES (-20,8%)
    Beto Sicupira, 77, também é um dos bilionários que formam o grupo dos maiores acionistas da 3G Capital. A empresa vem enfrentando desafios financeiros após a crise da Americanas no início de 2023.

    No entanto, segundo a Forbes, a participação da empresa de investimentos na AB InBev vem sustentando o patrimônio dos sócios. Após vender sua participação na Kraft Heinz, a 3G Capital permaneceu sem fazer grandes negócios até o início de 2025, quando adquiriu a empresa de calçados Skechers.

    7. PEDRO MOREIRA SALLES: R$ 38 BILHÕES (+5,1%)

    O terceiro filho de Walther Moreira Salles tem 65 anos e é co-presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco, além de acionista por meio da Companhia E. Johnston de Participações, junto com seus irmãos Fernando, Walter Júnior e João.

    8. MIGUEL GELLERT KRIGSNER: R$ 34,2 BILHÕES (+19,2%)

    O farmacêutico de 75 anos fundou uma farmácia de manipulação que daria origem ao império O Boticário em 1977, dois anos depois de se formar pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Krigsner nasceu em La Paz, na Bolívia, filho de pais judeus fugitivos do nazismo, que se mudaram para Curitiba (PR) quando ele tinha 11 anos.

    Pioneira nas franquias, hoje a rede controla as marcas Eudora, Quem Disse, Berenice?, Beauty Box, Vult e O.U.i, entre outras. Krigsner também investiu na Cia. Tradicional de Comércio, dona de algumas das redes de bares e restaurantes mais conhecidas de São Paulo, como Pirajá, Lanchonete da Cidade e Bráz Pizzaria, ao lado do cunhado e sócio Artur Grynbaum.

    Em julho de 2025, o Boticário recebeu um crédito de R$ 1 bilhão do BNDES para financiar sua expansão.

    9. ALEXANDRE BEHRING DA COSTA: R$ 31 BILHÕES (-11,1%)

    Behring, 58, também é cofundador da 3G capital, após conhecer os sócios durante um MBA em Harvard. Formado em engenharia eletrônica, ele foi um dos fundadores da Modus OSI Tecnologias em 1989 e permaneceu na sociedade até 1993.

    Entre 1994 e 2004, foi parceiro da GP Investimentos, por meio da qual chegou ao comando da ALL (América Latina Logística), em 1998. Ele também integra o conselho de administração da Restaurant Brands International, dona das redes Burger King e Tim Hortons.

    10. JORGE NEVAL MOLL FILHO: R$ 30,4 BILHÕES (+119,1%)

    O cardiologista de 79 anos fundou a Rede D’Or em 1977, hoje o maior grupo hospitalar do Brasil, com 69 hospitais próprios e 53 clínicas oncológicas. A empresa fez seu IPO na B3 em 2020, movimentando então R$ 11,3 bilhões.

    Moll segue como principal acionista da companhia e preside o conselho de administração. A esposa, Alice Junqueira Moll, e seus cinco filhos são acionistas.

    Forbes divulga lista dos bilionários brasileiros

  • The Economist diz que julgamento de Bolsonaro é "lição de democracia"

    The Economist diz que julgamento de Bolsonaro é "lição de democracia"

    Revista britânica traz o ex-presidente na capa e detalhes sobre ação; pela denúncia, Bolsonaro foi o líder de uma trama golpista que tinha como objetivo mantê-lo no poder mesmo com derrota na tentativa de reeleição, em 2022

    A revista britânica The Economist, que chegou às bancas nesta quinta-feira (28), dá destaque em sua capa ao julgamento que começa na próxima semana e pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista ocorrida para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. 

    Bolsonaro ilustra a capa com o rosto pintado de verde e amarelo e um chapéu viking de pele de animal, em uma referência a um dos invasores do Capitólio nos Estados Unidos. No episódio, em janeiro de 2021,  apoiadores de Donald Trump tentaram impedir uma sessão do Congresso para validar a eleição de Joe Biden. Um dos homens usava chapéu semelhante, com o rosto pintado com as cores da bandeira norte-americana, e se tornou um símbolo do movimento. 

    Com o título “O que o Brasil pode ensinar à América”, a reportagem detalha o julgamento e afirma que o Brasil “dá um exemplo de maturidade democrática aos Estados Unidos”, que, segundo a revista, está se tornando “mais corrupto, protecionista e autoritário”.  

    Relembre o caso A ação penal 2668 tem como alvo o núcleo 1 da trama, também chamado núcleo “crucial”, grupo formado pelo que seriam as principais cabeças do complô.  

    Pela denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, elaborada com base nas investigações da Polícia Federal (PF), Bolsonaro foi o líder de uma trama golpista que tinha como objetivo mantê-lo no poder mesmo com derrota na tentativa de reeleição, em 2022.  

    Segundo a denúncia, o plano começou a ser colocado em prática em meados de 2021, quando Bolsonaro orientou o alto escalão de seu governo a atacar o sistema eletrônico de votação, de modo a desacreditar o processo eleitoral e criar o clima social propício a uma ruptura democrática.  

    Ainda segundo Gonet, a tentativa de golpe culminou com o 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro que não aceitavam o resultado das eleições invadiram e depredaram amplamente as sedes dos Três Poderes, em Brasília.  

    A Procuradoria-Geral da República (PGR) enfatizou que tais planos chegaram a prever, inclusive, o sequestro e assassinato de autoridades ainda em 2022, entre as quais o ministro do STF Alexandre de Moraes, o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice eleito, Geraldo Alckmin.  

    Todos os advogados pediram a absolvição das acusações. 

    The Economist diz que julgamento de Bolsonaro é "lição de democracia"

  • Homem que se respeita não rasteja para outro, diz Lula sobre não ligar para Trump

    Homem que se respeita não rasteja para outro, diz Lula sobre não ligar para Trump

    Lula voltou a afirmar que não vai ligar para Donald Trump, defendendo que o Brasil não deve se humilhar diante dos EUA. Enquanto o diálogo direto segue pendente, ministros como Alckmin, Haddad e Mauro Vieira lideram as negociações sobre o tarifaço e a busca por novos parceiros comerciais

    (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer nesta quinta-feira (28) que ainda não ligou para Donald Trump por acreditar que um líder não deve se humilhar para outro.

    “‘Ah, o Lula tinha que ligar’. Não. Sabe o que acontece? O Lula aprendeu a andar de cabeça erguida. Porque um homem que se respeita, que tem dignidade, não rasteja diante de outro homem. Então no dia que o Trump quiser conversar eu estarei pronto”, declarou em entrevista ao Balanço Geral MG.

    Lula tem mantido o tom em relação ao presidente dos Estados Unidos, afirmando sucessivas vezes que o Brasil não deveria se curvar aos EUA. Ao falar na reunião ministerial de terça-feira (26), o petista afirmou que nem ele nem seus ministros responsáveis pela articulação com os americanos seriam “subalternos.

    Em outras falas públicas, o brasileiro também já disse que não havia feito a ligação por falta de abertura da parte do americano. Um diálogo direto entre os dois segue pendente, enquanto a tratativa do tarifaço tem sido comandada por Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, além de Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

    “Nem carta ele mandou, ele publicou a carta na internet dele e eu fiquei sabendo pela imprensa”, disse, em referência ao anúncio do tarifaço, feito pelo americano por uma postagem.

    “Eu mandei uma carta convidando ele pra COP, uma carta civilizada como um presidente deve mandar pro outro, assinada por mim. Então a hora que ele quiser conversar o ‘Lulinha paz e amor’ tá pronto para conversar, mas não pensem que Lula vai ficar mendigando uma conversa não, vai procurar outros parceiros”, disse ainda.

    A carta citada por Lula foi um convite para que Trump participasse da COP30, a conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas) que está marcada para novembro, em Belém. Segundo auxiliares palacianos, o texto se ateve ao convite e não tratou do tarifaço.

    À tarde, o presidente voltou a falar dos entraves para a negociação, lembrando de quando o governo dos EUA cancelou a reunião entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Para ele, o gesto demonstrou uma falta de seriedade do governo de Donald Trump quanto ao tarifaço.

    “Eu tenho o Alckmin, o Haddad, o Mauro Vieira, que são meus negociadores. Até agora a gente não conseguiu falar com ninguém, com ninguém nos Estados Unidos. Nem o Mauro conseguiu falar, nem o Alckmin. E o Haddad estava com uma reunião com o secretário de Tesouro, suspendeu a reunião com a Haddad e foi se reunir com o deputado Eduardo Bolsonaro. Uma demonstração da falta de seriedade nessa relação com o Brasil”, disse durante evento no Palácio o Planalto.

    Na época, Haddad também atribuiu o cancelamento de sua agenda à mobilização da extrema-direita, em uma alusão a Eduardo. O deputado brasileiro está nos EUA e articulou conversas com autoridades americanas a favor das retaliações comerciais contra o Brasil.

    O governo brasileiro aderiu à estratégia de usar o tarifaço para ampliar mercados comerciais, reforçando pontes, sobretudo, com países que também foram afetados pelas medidas, como Índia e China. Desde então, Lula tem ligado e recebido diversos líderes mundiais, com os quais tem tratado da questão comercial.

    Homem que se respeita não rasteja para outro, diz Lula sobre não ligar para Trump

  • Brasil inicia processo de resposta a tarifas dos EUA

    Brasil inicia processo de resposta a tarifas dos EUA

    O governo brasileiro avalia adotar medidas de reciprocidade após os EUA imporem tarifas extras de 50% sobre importações do país. A Camex tem 30 dias para analisar o caso, enquanto a diplomacia busca manter aberto o diálogo com a administração Trump

    O governo brasileiro autorizou o início de consultas para avaliar a aplicação da lei da reciprocidade em resposta à tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre grande parte das importações brasileiras, segundo fontes diplomáticas. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) foi notificada nesta quinta-feira (28) e terá 30 dias para analisar se as medidas norte-americanas se enquadram na legislação, informou a agência EFE.

    Em vigor desde julho, a lei da reciprocidade estabelece mecanismos de proteção econômica diante de barreiras unilaterais de parceiros comerciais que prejudiquem as exportações do Brasil. Caso a Camex considere procedente, será criado um grupo de trabalho para sugerir contramedidas em bens, serviços ou propriedade intelectual.

    O Ministério das Relações Exteriores notificará formalmente os Estados Unidos ainda hoje, e Washington poderá se manifestar durante o processo de investigação da Camex. Apesar da medida, fontes da diplomacia brasileira ressaltam que o canal de negociação segue aberto para discutir as tarifas, em vigor desde 6 de agosto.

    O presidente norte-americano, Donald Trump, justificou a decisão alegando motivos políticos, incluindo o que chamou de perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde no Supremo Tribunal Federal a um processo relacionado a tentativa de golpe de Estado.

    Desde o anúncio, integrantes do governo brasileiro tentam abrir diálogo com a administração Trump para negociar as sanções, mas sem avanços até o momento. Paralelamente, o Brasil já havia recorrido à Organização Mundial do Comércio e contratou um escritório de advocacia nos EUA para defender seus interesses.

    Brasil inicia processo de resposta a tarifas dos EUA

  • Brasil e México abrem mercados para novos produtos agrícolas

    Brasil e México abrem mercados para novos produtos agrícolas

    Brasil e México são as duas maiores economias da América Latina e possuem uma corrente de comércio que soma US$ 13,6 bilhões em 2024

    O vice-presidente Geraldo Alckmin, que é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, avaliou como positiva a visita oficial ao México, encerrada nesta quinta-feira (28), na Cidade do México, a capital do país. O último compromisso e ponto alto da viagem foi uma audiência com a presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum, no Palácio Nacional.  

    “Convidei a presidenta Claudia para a COP30, em Belém, no mês de novembro. Falamos de multilateralismo, fortalecimento da democracia, inclusão e combate à fome. Então, foi uma conversa muito proveitosa”, destacou Alckmin em uma entrevista coletiva pouco antes de embarcar de volta a Brasília.

    Brasil e México são as duas maiores economias da América Latina e possuem uma corrente de comércio que soma US$ 13,6 bilhões em 2024. 

    Um dos objetivos da viagem foi tentar ampliar negociações comerciais em setores estratégicos, como agronegócio e indústria. 

    Acompanhado por empresários, pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, o vice-presidente anunciou a assinatura acordos para abertura de novos mercados entre os países.

    “São três produtos que o Brasil abrirá o comércio: aspargos, pêssego e derivados de atum. E eles abrem o mercado para a farinha de ração animal para bovinos e suínos”, destacou.

    Pacote contra a inflação

    O governo brasileiro também solicitou ao México a continuidade dos incentivos do Pacote contra a Inflação e a Escassez, conhecido como Pacic, na sigla em espanhol, que facilita a compra alimentos pelo Brasil.

    “O México é o segundo destino da carne bovina brasileira. Solicitamos a continuidade do Pacic, e ele complementa a agropecuária mexicana. Eles têm uma exigência de que haja uma rastreabilidade individual [da carne]. Vamos cumprir, mas queremos que não se interrompa essa venda enquanto o Brasil caminha na rastreabilidade. O Brasil cumprirá na rastreabilidade, temos um cronograma”, observou.

    O vice-presidente comentou o avanço em conversas para a atualização do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE 53) assinado com o México em 2002 e que trata da eliminação ou redução de tarifas de importação para um universo de aproximadamente 800 posições tarifárias.Também foram assinados acordos nas áreas de vigilância sanitária para a aprovação de novos fármacos e na área de pesquisa sobre arboviroses, que incluem troca de experiências no desenvolvimento de vacinas, como a da dengue, em que o Brasil está em estágio avançado.

    Venda do KC-390

    Outro destaque da agenda, segundo o vice-presidente, foi o avanço dos negócios da Embraer no México. A empresa brasileira fechou a venda de 20 aeronaves das famílias de jatos E190 e E195 para a companhia estatal Mexicana de Aviación, a maior do país.

    Segundo o vice-presidente, o governo também ofereceu a possibilidade de abrir negócios no setor militar, com a venda do cargueiro KC-390, também fabricado pela Embraer, uma aeronave multimissão com capacidade para transportar até 26 toneladas, realizar reabastecimento aéreo e atuar em missões como busca e salvamento e ajuda humanitária.

    “A Embraer está presente no México, tem aqui fábrica de componentes com mais de mil colaboradores”, destacou Alckmin. “Colocamos a pretensão de oferecer o cargueiro KC-390. Não foi resolvido, mas ficou o pleito brasileiro com todos os argumentos favoráveis”, finalizou. 

    Brasil e México abrem mercados para novos produtos agrícolas

  • Banco Genial renuncia à gestão de fundo investigado em operação contra o PCC

    Banco Genial renuncia à gestão de fundo investigado em operação contra o PCC

    Instituição financeira disse que não recebeu notificação sobre o caso e condenou ilações; Fundo Radford é apontado como destinatário de dinheiro retirado de usina apontado como sendo do PCC

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Administrador do Radford Fundo de Investimento Financeiro Multimercado Crédito Privado, citado como destino de dinheiro ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) nas investigações da Operação Carbono Oculto, o banco Genial disse que renunciou à prestação de todos os serviços do fundo até que o caso seja esclarecido pelas autoridades.

    De acordo com os levantamentos da Receita Federal e do Ministério Público de São Paulo, o fundo é citado em uma exceção de indisponibilidade de bens, sugerindo que a retirada de valores da Usina Itajobi, outra citada na operação, ocorreu por meio deste fundo.

    Sob gestão do grupo Mourad, a usina teria encaminhado R$ 100 milhões para o fundo Radford através do BK Instituição de Pagamento, uma fintech que atuaria como banco paralelo do PCC.

    Em nota divulgada no início da noite desta quinta, o banco Genial disse que tomou conhecimento da operação pela imprensa e que, até o momento, não recebeu notificação oficial sobre a existência de investigações diretas ou indiretas envolvendo a instituição.

    O Genial também explicou que o fundo Radford foi originalmente estruturado por outros prestadores de serviços e transferido ao banco em agosto de 2024.

    “Na ocasião, a instituição promoveu as devidas diligências, abrangendo o investidor exclusivo e os ativos que integravam a carteira. Desde então, o Fundo opera nos termos do seu regulamento”, disse o banco.

    O banco disse que, diante de menções negativas, e até que os fatos sejam esclarecidos, renunciou à prestação de todos os serviços do fundo.

    “O Banco Genial sempre conduziu suas atividades com base nos mais elevados padrões de governança corporativa, ética e compliance regulatório, em estrita observância à legislação e regulamentação aplicáveis”, disse em nota.

    A instituição bancária reiterou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e que repudia qualquer tipo de ilação apontando o envolvimento da instituição com os fatos veiculados pela imprensa.

    ENTENDA O CASO

    A fintech BK Instituição de Pagamento S.A., também conhecida como BK Bank, tornou-se um dos principais alvos da operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal e pelo MP para desarticular uma suposta infiltração do PCC no setor de combustíveis e no sistema financeiro.

    Segundo a Receita Federal, a fintech atuaria como banco paralelo da organização e teria movimentado sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis de 2020 a 2024. Abarcando um período maior, a apuração da PF, por sua vez, afirma ter identificado R$ 68,9 milhões movimentados em contas na BK Bank entre janeiro de 2020 e agosto de 2025.

    A reportagem não localizou os responsáveis pela empresa até a publicação deste texto.

    Parte das transações, segundo os investigadores, envolveria diretamente a circulação de valores oriundos da venda clandestina de metanol desviado, inseridos no mercado formal por meio das chamadas “contas-bolsão” -mecanismo típico de fintechs que concentra depósitos de múltiplos clientes em uma única conta, dificultando o rastreamento da origem do dinheiro.

    Com sede em Barueri (SP), a fintech é apontada pelos investigadores como peça central na engrenagem de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial ligada ao desvio de metanol e à adulteração de combustíveis.

    A força-tarefa também investiga os ativos do Grupo Mourad, uma empresa atuante em toda a cadeia do setor de combustíveis -de usinas sucroalcooleiras a lojas de conveniência, entre elas a Usina Itajobi. Essa holding mantinha relações com membros conhecidos do PCC, segundo os investigadores, e é suspeita de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, de acordo com pedido de busca de provas do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP).

    Pessoas associadas ao grupo Mourad, presidido por Mohamad Hussein Mourad, mantinham investimentos em fundos administrados por sete gestoras.

    No total, a Operação Carbono Oculto tem 350 alvos. É a maior operação desse tipo na história, segundo a Receita, mobilizou 1.400 agentes em oito estados numa megaoperação nesta quinta-feira (28) e busca desarticular a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis e em instituições financeiras utilizadas como suporte dessa cadeia.

    Banco Genial renuncia à gestão de fundo investigado em operação contra o PCC

  • Gás gratuito: programa para baixa renda será lançado semana que vem

    Gás gratuito: programa para baixa renda será lançado semana que vem

    Gás do Povo substituirá o Gás para Todos e deve atender cerca de 17 milhões de famílias

    O governo federal anunciará, na semana que vem, o novo programa que garantirá gás de cozinha gratuito a famílias de baixa renda. O Gás do Povo substituirá o Gás para Todos e deve atender cerca de 17 milhões de famílias. A informação é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Record Minas, nesta quinta-feira (28).

    Lula cumpre agenda em Minas Gerais nesta sexta-feira (28), em Contagem e Montes Claros. “E na semana que vem eu volto a Belo Horizonte para ir no Aglomerado da Serra anunciar o programa chamado Gás do Povo. É um programa de financiamento de gás para as pessoas mais pobres do país, que não vão pagar mais pelo gás, vão receber o gás gratuitamente”, disse o presidente.

    Na entrevista, ele também antecipou alguns anúncios que fará amanhã em Contagem, na área de mobilidade urbana. São investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções: 31 propostas de R$ 9,6 bilhões e mais 70 propostas de renovação de frota para todo o país. 

    Além disso, será anunciada a expansão do metrô de Belo Horizonte a Contagem, com R$ 1 bilhão em investimentos. “O povo está esperando há muito tempo”, disse Lula sobre a obra.

    Ainda, haverá a assinatura de dois contratos com a prefeitura de Belo Horizonte, um no valor de R$ 456 milhões para a implantação de 64,3 quilômetros de faixas exclusivas para transporte coletivo e outro para a aquisição de 100 ônibus elétricos.

    Também em Contagem, Lula fará uma visita às obras da Avenida Maracanã e entregará o primeiro trecho da nova via.

    Gás gratuito: programa para baixa renda será lançado semana que vem

  • Receita: campanha contra fiscalização do Pix, de Nikolas, ajudou o PCC

    Receita: campanha contra fiscalização do Pix, de Nikolas, ajudou o PCC

    Nikolas Ferreira (PL-MG) fez campanha nas redes sociais contra fiscalização do Pix; o PCC expandiu o uso de instituições financeiras e fundos de investimento para impedir o rastreamento e lavar dinheiro

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou nesta quinta-feira (28) que a campanha contra a instrução normativa de fiscalização do Pix, que acabou com a derrubada da norma no início deste ano, ajudou o crime organizado.

    A afirmação foi feita durante entrevista coletiva sobre a operação Carbono Oculto, que mira empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro com suspeita de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

    A instrução normativa estendia o monitoramento do fisco aos novos membros do sistema financeiro -notadamente o Pix, entre os meios de transação, e fintechs e bancos digitais, entre as instituições.

    “Publicamos essa instrução em setembro do ano passado para valer em janeiro [de 2025]. O que aconteceu em janeiro, todos nós sabemos. A Receita Federal recebeu o maior ataque da história de mentiras, de fake news, dizendo mentirosamente que aquela instrução normativa tratava de tributação de meios de pagamento”, afirmou Barreirinhas.

    Um dos principais fatores para o cancelamento da norma pelo governo foi um vídeo crítico do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que hoje tem mais de 9 milhões de curtidas no Instagram.

    “As operações de hoje [quinta-feira] mostram quem ganhou com essa mentira, com essas fake news: o crime organizado. As operações mostram que, independentemente das intenções, as pessoas que espalharam aquelas fake news, aquelas mentiras no início do ano, ajudaram o crime organizado”, disse o secretário da Receita sem citar o parlamentar.

    O PCC expandiu o uso de instituições financeiras e fundos de investimento para impedir o rastreamento e lavar dinheiro. Segundo a Receita, mil estabelecimentos vinculados à facção movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

    A Receita Federal vê um processo de “bancarização do crime organizado”.

    As fintechs participantes do esquema colocariam recursos ilegais no mercado financeiro, onde se torna mais difícil questionar, uma vez investidos em fundos, se a origem é regular ou não.

    “Os antigos traficantes enterravam dinheiro e aquilo perdia valor porque era consumido pela umidade. Hoje [o crime organizado] ‘bancariza’ e coloca no mercado de capitais para render”, disse Maria Cecília Meng, superintendente da 8ª Região Fiscal da Receita, que engloba o estado de São Paulo.

    Ela analisa que o desafio é rastrear os investimentos para chegar aos destinatários finais porque as fintechs operam por meio de chamadas “contas bolsão” em bancos comerciais, sem informações sobre o titular do dinheiro.

    “Nós já temos esses dados. Essas operações são um novo início. Há um paraíso fiscal no Brasil formado por fintechs e fundos [de investimento]”, completa Maria Cecília.

    Um dos principais alvos da Operação Carbono Oculto é a fintech BK Bank.

    Segundo a Receita Federal, a fintech seria o banco paralelo da organização e teria movimentado sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis de 2020 a 2024. Abarcando um período maior, a apuração da PF, por sua vez, afirma ter identificado R$ 68,9 milhões movimentados em contas na BK Bank entre janeiro de 2020 e agosto de 2025.

    A defesa da empresa não foi localizada.

    Receita: campanha contra fiscalização do Pix, de Nikolas, ajudou o PCC

  • Ibovespa atinge máxima histórica com megaoperação da PF e efeito Tarcísio em pesquisa

    Ibovespa atinge máxima histórica com megaoperação da PF e efeito Tarcísio em pesquisa

    No começo da tarde o dólar tinha queda 0,24%, cotado a R$ 5,402, com os investidores repercutindo números da economia dos Estados Unidos em busca de sinais sobre os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ibovespa registra alta nesta nesta quinta-feira (21), impulsionado por mais um dia de recuperação das ações de bancos brasileiros, pela alta dos papéis das distribuidoras de combustível após megaoperação da Polícia Federal contra PCC (Primeiro Comando da Capital) e pelo cenário eleitoral para as eleições do ano que vem.

    Às 14h03, a a Bolsa subia 1,83%, a 141.753 pontos -a caminho de fechar em uma nova máxima e após superar os 142 mil pontos nesta manhã pela primeira vez na história.

    Enquanto isso, o dólar tinha queda 0,24%, cotado a R$ 5,402, com os investidores repercutindo números da economia dos Estados Unidos em busca de sinais sobre os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

    Na cena doméstica, uma nova pesquisa divulgada nesta manhã apresentou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um cenário hipotético de segundo turno das eleições presidenciais de 2026.

    O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica Tarcísio marcando 48,4% contra 46,6% de Lula na disputa presidencial do ano que vem.

    Tarcísio é considerado o principal nome da centro-direita para concorrer à Presidência contra o petista em 2026 e é tratado como candidato por banqueiros e empresários.

    O mercado também acompanha as consequências da força-tarefa que atua para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão em empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro nesta quinta. A operação mira mais de 350 alvos, pessoas físicas e jurídicas, que são utilizadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

    Pelas estimativas dos investigadores, o conjunto de negócios que foi alvo da operação nesta quinta movimentou cerca de R$ 30 bilhões para o crime organizado. Os agentes têm mandados para bloquear R$ 1,4 bilhão.

    Como reflexo, as ações de distribuidoras de combustível subiram forte no começo desta tarde. Os papéis da Ultrapar (dona dos postos Ipiranga) subiam 7,31%, acompanhadas por altas de 5,66% e 5,01% nos papéis da Raízen e Vibra Energia (maior distribuidora de combustíveis do Brasil), respectivamente.

    Além do mercado financeiro e setor de combustíveis, a atuação de grupos de crime organizado também é investigada no mercado imobiliário, transporte público, clínicas odontológicas, entre outros.

    Na agenda internacional, dados econômicos estão no foco. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA nesta quinta, o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos teve alta anualizada de 3,3% no segundo trimestre de 2025. A primeira leitura, divulgada há cerca de um mês, havia apontado avanço de 3%.

    Apesar dos números da economia americana mostrarem crescimento, analistas ainda projetam um corte de juros para setembro pelo Fed. Jerome Powell, presidente do BC americano, sinalizou um possível corte durante discurso na última sexta.

    Operadores precificam 84% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG, com outro corte de mesma magnitude totalmente precificado até dezembro.

    O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado. Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que costumam vir acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem.

    Os agentes também continuam monitorando os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.

    Lisa é uma três diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o período de governo de Trump, e foi uma das nove diretoras que votou pela manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada no fim de julho, decisão que irritou Trump.

    A diretora do Fed afirmou que a sua demissão não tem amparo legal e que também não vai renunciar ao posto.

    As tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros permanecem no radar dos investidores.

    Os canais de negociação entre os países continuam fechados e há um temor de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para a próxima semana, intensifique as tensões.

    Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.

    Segundo relatos de aliados que estiveram com o Bolsonaro nos últimos dias, ele considera uma condenação no processo da trama golpista de 2022 no STF (Supremo Tribunal Federal) como certa.

    Esses aliados também preveem uma condenação, mas esperam que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes que devem ser imputados a Bolsonaro.

    Além disso, ministros do STF têm avaliado que uma prisão do ex-presidente Bolsonaro não deve ser cumprida em um quartel do Exército.

    A avaliação parte de uma leitura no Supremo de que uma possível detenção de Bolsonaro em área militar poderia precipitar movimentos de apoiadores do ex-presidente em área próxima ao QG do Exército -uma reedição dos acampamentos golpistas de 2022.

    Ibovespa atinge máxima histórica com megaoperação da PF e efeito Tarcísio em pesquisa

  • O que é a TV 3.0 e o que muda para o consumidor?

    O que é a TV 3.0 e o que muda para o consumidor?

    “Com mais interatividade, qualidade de som, imagem superior e maior integração com a internet, o novo sistema moderniza o setor e coloca o país na vanguarda da radiodifusão mundial”, diz a pasta.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da tecnologia de televisão aberta e gratuita brasileira. Segundo o Ministério das Comunicações, a tecnologia vai revolucionar a forma como os brasileiros assistem televisão.

    “Com mais interatividade, qualidade de som, imagem superior e maior integração com a internet, o novo sistema moderniza o setor e coloca o país na vanguarda da radiodifusão mundial”, diz a pasta.

    Considerada “a televisão do futuro”, a TV 3.0 vai integrar os serviços de internet (broadband) à habitual transmissão de sons e imagens (broadcast), possibilitando o uso de aplicativos que permitirão aos telespectadores interagir com parte da programação e até mesmo fazer compras diretamente de seu televisor, abrindo novas possibilidades de geração de receitas às emissoras.

     

    No ano passado, os membros do conselho deliberativo do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), entidade responsável pela nova geração, recomendaram ao governo federal a adoção do sistema ATSC 3.0 (do inglês, Comitê de Sistema Avançado de Televisão) como padrão técnico para a evolução tecnológica da TV digital. Isso deve ser confirmado pelo decreto presidencial. O novo sistema também deve estabelecer as novas funcionalidade, bem como um cronograma de migração, que deve ser gradativo, começando pelas grandes cidades, como foi com a TV digital. A previsão é que parte da população brasileira já consiga desfrutar da TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.

    “A televisão aberta da era digital permitirá mais interatividade e personalização, como votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade, publicidade e conteúdos personalizados, e até T-commerce, com compras pelo controle remoto. A TV3.0 representa mais do que uma evolução tecnológica, ela simboliza a renovação de um compromisso histórico da radiodifusão com a informação, a cultura e a ética”, afirma o executivo Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD, em entrevista à Agência Brasil.

    Uma das principais inovações da TV 3.0 é justamente sua interface baseada em aplicativos, em que as emissoras terão condições técnicas de passar a oferecer, além do sinal aberto já transmitido em tempo real, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e outras possibilidades.

    “Isso muda a forma como o telespectador acessa a programação. Em vez de ‘caçar’ a TV aberta dentro do aparelho, os canais voltam a estar em posição de destaque em um catálogo de aplicativos, com ícones equivalentes aos canais tradicionais. E não é por isso que a troca rápida entre canais desaparecerá: a pesquisa mostrou o quanto é importante manter essa cultura do zapeamento e isso se traduz na troca rápida entre os aplicativos das emissoras na TV 3.0. Esse modelo devolve visibilidade à TV aberta nos receptores e abre espaço para interatividade, personalização e integração com serviços internet”, destacou Marcelo Moreno, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenador do GT Codificação de Aplicações do Fórum SBTVD e dos maiores especialistas em TV digital no país.

    Retomada do protagonismo

    Professor titular do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o engenheiro Guido Lemos, que atuou no desenvolvimento do programa Ginga, incorporado ao padrão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, avalia que a TV 3.0 pode impulsionar a retomada de relevância da televisão na oferta preferencial de conteúdos, que está sob ameaça com a emergência, cada vez forte, dos serviços de mídia sob demanda (OTT, na sigla em inglês), como os canais de streaming, diretamente instalados nos aparelhos de TV.

    “Quando você olha o que que tá acontecendo nas TVs que estão instaladas em várias residências do Brasil, principalmente o pessoal de renda mais alta, que tem acesso à internet e consegue sustentar fluxos de vídeo nos aparelhos de televisão, observa que a maioria dessas TVs não está conectada em antena de recepção de TV aberta”, observa.

    Os novos aparelhos da TV 3.0 deverão vir de fábrica com a primeira tela apresentando um catálogo de canais de televisão abertos, o que não vem ocorrendo na interface atual das SmartTVs, essas que conectam com a internet, que dão prioridade aos aplicativos de OTT. “A proeminência do ícone do DTV Mais na primeira tela, do botão DTV Mais no controle remoto, de certa forma, é uma reconquista do espaço que a TV aberta perdeu na primeira tela e no controle remoto dos receptores de TV. Então, com isso, esse processo de diminuição do número de usuários pode ser revertido”, acrescenta Lemos.

    Nos últimos anos, a proporção de domicílios brasileiros com sinal de televisão e com assinatura de serviços por TV fechada tem caído, enquanto os serviços de streaming têm aumentado, chegando a quatro de cada dez lares com televisão.

    Campo público

    No campo público, a TV 3.0 deve assegurar destaque para emissoras de caráter educativo, por meio da criação do que está sendo chamado de Plataforma Comum de Comunicação Pública e do chamado Governo Digital, este último dedicado a garantir acesso a serviços públicos diretamente pela televisão, promovendo maior integração entre Estado e cidadão. Mesmo em localidades onde o sinal de emissoras públicas não chega por antena de radiodifusão, a conexão pela internet poderá suprir essa lacuna.

    “Haverá uma plataforma comum que vai compor os canais da União e, com isso, todo televisor que tenha conexão com a internet vai poder acessar o conteúdo dessas emissoras públicas. Cabe destacar que mais de 50% dos televisores hoje no Brasil são conectados à internet”, afirma Carlos Neiva vice-presidente de Relações Institucionais, Rede e Tecnologia da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral) e coordenador da Rede Legislativa de Rádio e TV da Câmara dos Deputados.

    “Não serão mais apenas canais, mas aplicativos. E a rede legislativa terá seu aplicativo, a TV Brasil, o Canal Gov. E esses aplicativos terão não apenas o conteúdo linear [grande de programação convencional], mas também o conteúdo por demanda, ou seja, personificado. É a mesma experiência, por exemplo, que você tem no YouTube ou numa plataforma de streaming“, acrescenta.

    Para viabilizar essa plataforma, segundo Marcelo Moreno, da UFJF, já estão em andamento projetos entre academia e setor privado dedicados a criar aplicativos e ferramentas específicas para a comunicação pública, “garantindo que ela também tire proveito de funcionalidades avançadas como personalização, interatividade e novos formatos audiovisuais”.

    Principais desafios

    Dois desafios fundamentais da TV 3.0, no entanto, estão relacionados aos custos de migração, como licenciamento de tecnologia e aquisição de transmissores, por parte das emissoras, e compra de conversores e receptores, por parte dos usuários. E também a universalização do acesso à internet de qualidade, uma realidade ainda distante do conjunto da população.

    Segundo indicador de conectividade significativa criado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que inclui fatores como custo e velocidade da conexão, presença de banda larga fixa nos domicílios e acesso por múltiplos dispositivos, apenas 22% dos indivíduos com 10 anos ou mais no Brasil têm condições satisfatórias de conectividade.

    Em duas décadas, a proporção de lares urbanos brasileiros com Internet passou de 13% para 85%, mostra a TIC Domicílios 2024 – cetic.br

    Estão nessa situação 73% dos indivíduos da classe A (mais rica), 33% dos habitantes da Região Sul e 28% dos homens, mas apenas com 16% de mulheres, 11% dos que vivem no Nordeste, e 3% dos indivíduos das classes DE (a mais pobre).

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da tecnologia de televisão aberta e gratuita brasileira. Segundo o Ministério das Comunicações, a tecnologia vai revolucionar a forma como os brasileiros assistem televisão.

    “Com mais interatividade, qualidade de som, imagem superior e maior integração com a internet, o novo sistema moderniza o setor e coloca o país na vanguarda da radiodifusão mundial”, diz a pasta.

    Considerada “a televisão do futuro”, a TV 3.0 vai integrar os serviços de internet (broadband) à habitual transmissão de sons e imagens (broadcast), possibilitando o uso de aplicativos que permitirão aos telespectadores interagir com parte da programação e até mesmo fazer compras diretamente de seu televisor, abrindo novas possibilidades de geração de receitas às emissoras.

    No ano passado, os membros do conselho deliberativo do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), entidade responsável pela nova geração, recomendaram ao governo federal a adoção do sistema ATSC 3.0 (do inglês, Comitê de Sistema Avançado de Televisão) como padrão técnico para a evolução tecnológica da TV digital. Isso deve ser confirmado pelo decreto presidencial. O novo sistema também deve estabelecer as novas funcionalidade, bem como um cronograma de migração, que deve ser gradativo, começando pelas grandes cidades, como foi com a TV digital. A previsão é que parte da população brasileira já consiga desfrutar da TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.

    “A televisão aberta da era digital permitirá mais interatividade e personalização, como votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade, publicidade e conteúdos personalizados, e até T-commerce, com compras pelo controle remoto. A TV3.0 representa mais do que uma evolução tecnológica, ela simboliza a renovação de um compromisso histórico da radiodifusão com a informação, a cultura e a ética”, afirma o executivo Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD, em entrevista à Agência Brasil.

    Uma das principais inovações da TV 3.0 é justamente sua interface baseada em aplicativos, em que as emissoras terão condições técnicas de passar a oferecer, além do sinal aberto já transmitido em tempo real, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e outras possibilidades.

    “Isso muda a forma como o telespectador acessa a programação. Em vez de ‘caçar’ a TV aberta dentro do aparelho, os canais voltam a estar em posição de destaque em um catálogo de aplicativos, com ícones equivalentes aos canais tradicionais. E não é por isso que a troca rápida entre canais desaparecerá: a pesquisa mostrou o quanto é importante manter essa cultura do zapeamento e isso se traduz na troca rápida entre os aplicativos das emissoras na TV 3.0. Esse modelo devolve visibilidade à TV aberta nos receptores e abre espaço para interatividade, personalização e integração com serviços internet”, destacou Marcelo Moreno, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenador do GT Codificação de Aplicações do Fórum SBTVD e dos maiores especialistas em TV digital no país.

    Professor titular do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o engenheiro Guido Lemos, que atuou no desenvolvimento do programa Ginga, incorporado ao padrão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, avalia que a TV 3.0 pode impulsionar a retomada de relevância da televisão na oferta preferencial de conteúdos, que está sob ameaça com a emergência, cada vez forte, dos serviços de mídia sob demanda (OTT, na sigla em inglês), como os canais de streaming, diretamente instalados nos aparelhos de TV.

    “Quando você olha o que que tá acontecendo nas TVs que estão instaladas em várias residências do Brasil, principalmente o pessoal de renda mais alta, que tem acesso à internet e consegue sustentar fluxos de vídeo nos aparelhos de televisão, observa que a maioria dessas TVs não está conectada em antena de recepção de TV aberta”, observa.

    Os novos aparelhos da TV 3.0 deverão vir de fábrica com a primeira tela apresentando um catálogo de canais de televisão abertos, o que não vem ocorrendo na interface atual das SmartTVs, essas que conectam com a internet, que dão prioridade aos aplicativos de OTT. “A proeminência do ícone do DTV Mais na primeira tela, do botão DTV Mais no controle remoto, de certa forma, é uma reconquista do espaço que a TV aberta perdeu na primeira tela e no controle remoto dos receptores de TV. Então, com isso, esse processo de diminuição do número de usuários pode ser revertido”, acrescenta Lemos.

    Nos últimos anos, a proporção de domicílios brasileiros com sinal de televisão e com assinatura de serviços por TV fechada tem caído, enquanto os serviços de streaming têm aumentado, chegando a quatro de cada dez lares com televisão.

    No campo público, a TV 3.0 deve assegurar destaque para emissoras de caráter educativo, por meio da criação do que está sendo chamado de Plataforma Comum de Comunicação Pública e do chamado Governo Digital, este último dedicado a garantir acesso a serviços públicos diretamente pela televisão, promovendo maior integração entre Estado e cidadão. Mesmo em localidades onde o sinal de emissoras públicas não chega por antena de radiodifusão, a conexão pela internet poderá suprir essa lacuna.

    “Haverá uma plataforma comum que vai compor os canais da União e, com isso, todo televisor que tenha conexão com a internet vai poder acessar o conteúdo dessas emissoras públicas. Cabe destacar que mais de 50% dos televisores hoje no Brasil são conectados à internet”, afirma Carlos Neiva vice-presidente de Relações Institucionais, Rede e Tecnologia da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral) e coordenador da Rede Legislativa de Rádio e TV da Câmara dos Deputados.

    “Não serão mais apenas canais, mas aplicativos. E a rede legislativa terá seu aplicativo, a TV Brasil, o Canal Gov. E esses aplicativos terão não apenas o conteúdo linear [grande de programação convencional], mas também o conteúdo por demanda, ou seja, personificado. É a mesma experiência, por exemplo, que você tem no YouTube ou numa plataforma de streaming“, acrescenta.

    Para viabilizar essa plataforma, segundo Marcelo Moreno, da UFJF, já estão em andamento projetos entre academia e setor privado dedicados a criar aplicativos e ferramentas específicas para a comunicação pública, “garantindo que ela também tire proveito de funcionalidades avançadas como personalização, interatividade e novos formatos audiovisuais”.

    Dois desafios fundamentais da TV 3.0, no entanto, estão relacionados aos custos de migração, como licenciamento de tecnologia e aquisição de transmissores, por parte das emissoras, e compra de conversores e receptores, por parte dos usuários. E também a universalização do acesso à internet de qualidade, uma realidade ainda distante do conjunto da população.

    Segundo indicador de conectividade significativa criado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que inclui fatores como custo e velocidade da conexão, presença de banda larga fixa nos domicílios e acesso por múltiplos dispositivos, apenas 22% dos indivíduos com 10 anos ou mais no Brasil têm condições satisfatórias de conectividade.

    Em duas décadas, a proporção de lares urbanos brasileiros com Internet passou de 13% para 85%, mostra a TIC Domicílios 2024 – cetic.br

    Estão nessa situação 73% dos indivíduos da classe A (mais rica), 33% dos habitantes da Região Sul e 28% dos homens, mas apenas com 16% de mulheres, 11% dos que vivem no Nordeste, e 3% dos indivíduos das classes DE (a mais pobre).

    O que é a TV 3.0 e o que muda para o consumidor?