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  • PEC também blinda deputados estaduais e ameaça processos em todo o país

    PEC também blinda deputados estaduais e ameaça processos em todo o país

    A PEC é um antigo desejo de boa parte do mundo político que, publicamente, argumenta precisar se defender de coação judicial por discursos e posições ideológicas. Nos bastidores, o principal temor são as investigações a cargo do STF relativas à suspeita de corrupção na aplicação das bilionárias emendas parlamentares

    (CBS NEWS) – A PEC da Blindagem, cujo texto de apenas cinco parágrafos foi aprovado nesta quarta-feira (17) pela Câmara, guarda em seu tamanho enxuto um leque de dúvidas e brechas com potencial de paralisar processos por todo o país, inclusive relativos a deputados estaduais.

    O objetivo central do projeto é obrigar o STF (Supremo Tribunal Federal) a pedir licença prévia ao Congresso para processar criminalmente deputados federais e senadores, regra que existiu de 1988 a 2001 e que caiu devido a um amplo cenário de impunidade.

    O projeto seguiu para análise dos senadores e, caso seja aprovado, será promulgado. Emendas à Constituição não passam por veto ou sanção presidencial.

    A PEC é um antigo desejo de boa parte do mundo político que, publicamente, argumenta precisar se defender de coação judicial por discursos e posições ideológicas. Nos bastidores, o principal temor são as investigações a cargo do STF relativas à suspeita de corrupção na aplicação das bilionárias emendas parlamentares.

    Veja, ponto a ponto, as brechas, dúvidas e potenciais efeitos da PEC.

    MEDIDAS CAUTELARES

    O primeiro ponto da PEC altera o atual parágrafo 1º do artigo 53 da Constituição, que hoje se resume a dizer que deputados e senadores serão submetidos a julgamento no Supremo.

    A PEC acrescenta que “a qualquer tempo”, eles “somente serão alvos de medidas cautelares de natureza pessoal ou real dele [STF] provenientes”.

    A interpretação é a de que a redação dá margem à blindagem de parlamentares, a qualquer tempo, contra medidas como busca e apreensão, quebra de sigilo, bloqueio de bens e de salários, inclusive na área cível.

    “Há um risco de que se entenda que os parlamentares não poderão ser alvo de qualquer tipo de medida cautelar, mesmo oriundas de processos cíveis ou trabalhistas. Ou seja, ficam imunes mesmo com relação a ilícitos ou atos de descumprimento contratual sem qualquer relação com o mandato”, diz Guilherme France, gerente do centro de conhecimento anticorrupção da Transparência Internacional.

    A redação sugere ainda um foro por prerrogativa alargado, incluindo proteção a fatos sem nexo com o cargo ou anteriores ao mandato, colidindo com jurisprudência do STF. Hoje congressistas só tem foro no STF por delitos criminais cometidos no exercício do mandato e relacionados a ele.

    Medidas cautelares contra deputados federais determinadas por outras instâncias não são incomuns.

    Recentemente, por exemplo, um deputado federal aliado de Hugo Motta (Republicanos-PB) foi alvo de busca e apreensão autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por supostos delitos cometidos quando era deputado estadual.

    O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais articuladores da atual PEC, teve anos atrás bloqueio de bens e de parte do salário ordenado pela Justiça do Paraná, em processos da área cível no âmbito da Lava Jato.

    AVAL DO CONGRESSO

    O segundo e terceiro parágrafos da PEC estabelecem a necessidade de autorização prévia de Câmara e Senado para que parlamentares sejam processados criminalmente no STF. A votação para licença, secreta, deve ocorrer em até 90 dias

    Não há menção sobre período de transição. Como emendas à Constituição têm efeito imediato, processos em andamento podem ser congelados.

    Em 2022, por exemplo, o STF decidiu que o abrandamento na Lei de Improbidade feito pelo Congresso no ano anterior valia para os casos em andamento.

    “É possível que os parlamentares exijam uma autorização das Casas a que pertencem para a continuidade mesmo dos processos já iniciados. Afinal, qualquer novo ato no âmbito desses processos criminais representaria uma exceção à regra”, diz France.

    Há também dúvida sobre o que acontece em casos ainda não julgados e que estejam em instâncias inferiores por não estarem relacionadas a foro. Eles terão que ser remetidos ao STF? Deverá haver autorização do Congresso para seguirem o curso?

    Também não há menção sobre implicações caso o Congresso não delibere em até 90 dias. Especialistas ouvidos dizem haver certo consenso de que eventual omissão significa aprovação tácita ao processo. Outros dizem haver dúvida.

    “Não há qualquer previsão sobre o que acontece se o prazo não for respeitado. Esse vazio normativo pode gerar insegurança jurídica e até paralisar investigações, já que processos em curso em instâncias inferiores precisariam ser remetidos ao STF e ficariam pendentes do aval político do Congresso”, diz Berlinque Cantelmo, advogado especialista em direito penal e sócio do RCA Advogados.

    EFEITO CASCATA PARA DEPUTADOS ESTADUAIS

    A Constituição estabelece que aos deputados estaduais aplicam-se as mesmas regras relativas a inviolabilidade e imunidade.

    O STF já decidiu em casos específicos que as imunidades garantidas pela Constituição Federal aos deputados federais e senadores também são aplicáveis aos 1.059 deputados estaduais.

    Caso essa interpretação prevaleça, os processos no âmbito estadual em todo o país que mirem deputados estaduais também precisarão de aval das respectivas Assembleias Legislativas.

    PRESCRIÇÃO

    O quarto parágrafo da PEC estabelece que só se o Congresso recusar o pedido do STF para processar parlamentares há suspensão da prescrição enquanto durar o mandato.

    Em casos em que o processo permaneça suspenso sem que haja deliberação do Congresso, o tempo de prescrição segue, beneficiando parlamentares alvos de processos.

    BLINDAGEM A PRESIDENTE DE PARTIDO

    O último parágrafo da PEC estende o foro especial no STF a presidentes de partidos políticos com representação no Congresso Nacional.

    Isso tem potencial de beneficiar políticos que comandam legendas, mas não têm mandato, como os das três maiores legendas da Câmara: Valdemar Costa Neto (PL), Edinho Silva (PT) e Antônio Rueda (União Brasil).

    “Presidente de partido político não é autoridade pública. O partido político, embora carregue consigo ares eminentemente públicos, é pessoa jurídica de direito privado. Não há nenhuma razão, ainda mais em um contexto discursivo de tutela das prerrogativas do Congresso, em se estender o foro por prerrogativa de função a dirigente de partido político”, diz Guilherme Barcelos, doutor em direito constitucional e sócio do Barcelos Alarcon Advogados.

    COMO FUNCIONA NA PRÁTICA

    Se promulgada, a PEC deve ser alvo de questionamentos no STF, que pode considerá-la, no todo ou em parte, inconstitucional. O fato de a Constituição de 1988 ter estabelecido a blindagem dificultaria decisão nesse sentido.

    A medida aprovada pelos constituintes, porém, tinha como pano de fundo a necessidade de proteção aos parlamentares em um ambiente em que o país havia recém-saído da ditadura, que perseguiu e cassou mandatos de políticos devido às suas posições políticas.

    Além disso, a PEC da Blindagem tem diferenças e é mais ampla da regra que valeu de 1988 a 2001.

    O STF também deverá se manifestar sobre a aplicação prática de vários pontos da proposta.

    PEC também blinda deputados estaduais e ameaça processos em todo o país

  • Alcolumbre acusa Eduardo Bolsonaro de instigar EUA contra o Brasil

    Alcolumbre acusa Eduardo Bolsonaro de instigar EUA contra o Brasil

    Em discurso no Senado, presidente da Casa criticou o deputado por atuar nos Estados Unidos contra interesses nacionais, cobrou fim da polarização política e rebateu críticas sobre sua ausência em sessão

    O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou nesta quarta-feira (17) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusando-o de instigar os Estados Unidos contra o Brasil.

    “Não dá para ver todos os dias um deputado federal, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, estimulando um país contra o meu País. Nunca falei sobre isso, mas está na hora de começar a falar. Não dá para aceitar todas essas agressões calado”, disse em discurso no plenário.

    Alcolumbre afirmou ainda que os EUA “ofendem o Brasil todos os dias” e associou a declaração ao episódio envolvendo o historiador Eduardo Bueno, conselheiro do Senado, que publicou vídeo comemorando a morte do influenciador americano Charlie Kirk. Segundo o senador, ele mesmo gostaria de ter demitido Bueno.

    Durante sua fala, o presidente do Senado também criticou a polarização política. “De um lado dizem que o Brasil é dos brasileiros. Do outro, estão nos Estados Unidos dizendo que Donald Trump vai impor novas sanções ao Brasil, ao Parlamento, ao Judiciário e ao Executivo, prejudicando o País”, afirmou.

    Alcolumbre aproveitou para rebater críticas à sua ausência na sessão de terça-feira (16). Ele explicou que não compareceu por conta de uma indisposição estomacal, após ser acusado de faltar para escapar de questionamentos sobre projetos da oposição.

    “Uma autoridade importante disse que minha ausência era por medo das manifestações populares. Estou o tempo todo pedindo calma, equilíbrio, ponderação. Não preciso avisar todo mundo porque eu estava doente”, declarou.

    Alcolumbre acusa Eduardo Bolsonaro de instigar EUA contra o Brasil

  • Câmara impõe derrota ao governo, avança com anistia e vai decidir se dá perdão ou reduz penas

    Câmara impõe derrota ao governo, avança com anistia e vai decidir se dá perdão ou reduz penas

    Deputados aprovam urgência para projeto de anistia aos atos golpistas, abrindo disputa no plenário sobre perdão amplo, que pode incluir Bolsonaro, ou apenas redução de penas. Decisão representa derrota ao governo e intensifica pressão política em Brasília

    (CBS NEWS) – A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (17) um requerimento de urgência de projeto que anistia os condenados pelos atos golpistas. Os parlamentares discutirão, a partir de agora, se aprovarão um perdão amplo, que envolva até o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ou uma redução das penas, como negociado nos bastidores com alas do STF (Supremo Tribunal Federal).

    A aprovação da urgência é uma derrota para o governo Lula (PT), que atuava para evitar o avanço dessa pauta. Com a condenação do ex-presidente pelo Supremo na semana passada, aumentou a pressão de bolsonaristas sob o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para, enfim, pôr o tema para análise do plenário.

    A urgência leva o tema da anistia diretamente para o plenário, sem a necessidade de aprovação em comissões, e representa um aceno da cúpula da Câmara para oposição bolsonarista. Líderes do centrão, no entanto, negociam para que seja aprovada somente uma proposta de redução de penas dos condenados pelos atos golpistas.

    A articulação para destravar o tema em plenário foi articulada por cardeais de partidos do centrão e ganhou tração com movimentações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que viajou a Brasília para se reunir com autoridades e pressionar o presidente da Casa, seu correligionário.
    O centrão quer Tarcísio como adversário de Lula nas eleições presidenciais de 2026 e busca, com a anistia, um gesto a Bolsonaro na expectativa de que ele abençoe a candidatura do governador.

    Foram 311 votos favoráveis à urgência do projeto proposto pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), com apoio de partidos do centrão -eram necessários 257 para que a urgência fosse aprovada. Agora, os parlamentares ainda devem analisar o mérito, ainda sem texto definido e sem data estabelecida.

    O resultado da votação impõe uma derrota ao Palácio do Planalto. A orientação do governo era de impedir o avanço desse tema. Como a Folha de S.Paulo mostrou, parlamentares foram alertados de que o Executivo poderá rever indicações de cargos na estrutura federal de quem apoiasse o texto.

    Além disso, a avaliação entre aliados de Lula é que a aprovação da anistia representaria uma vitória para o governo Donald Trump, que iniciou uma ofensiva contra o país num criticar o julgamento de Bolsonaro.

    Petistas disseram ainda que haveria uma suposta quebra de acordo dos partidos do centrão, e creditam essa postura ao incômodo com a posição do PT contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que dificulta que os parlamentares sejam processados criminalmente.

    Antes de iniciar a sessão, Motta disse que o Brasil precisa de pacificação e que caberia ao plenário decidir, diante de “visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023”.

    Ele afirmou que, caso fosse aprovada a urgência, um relator seria nomeado para que a Câmara pudesse chegar, “o mais rápido possível”, a um texto substitutivo que encontrasse apoio da maioria da Casa.

    “Tenho a plena convicção que a Câmara dos Deputados, na qualidade dos seus membros, terá a capacidade de construir essa solução, que busque a pacificação nacional, o respeito às instituições, o compromisso com a legalidade e levando em conta também as condições humanitárias das pessoas que estão envolvidas nesse assunto que estamos tratando”, discursou Motta.

    A votação foi criticada por parlamentares de partidos de esquerda, com coro de “sem anistia”, e celebrada por bolsonaristas, que falaram em dia histórico.

    Líder do PT, Lindbergh Farias (RJ) disse que quem votasse a favor do texto estaria comprometendo a sua biografia. Ele também se dirigiu a Motta, lembrou o motim de bolsonaristas que inviabilizou o trabalho da Câmara e disse que “a turma que te desrespeitou, que não foi punida, está aí comemorando”.

    “Os senhores ao votarem na anistia estão sendo cúmplices de um golpe de estado continuado”, afirmou Lindbergh. “Não estão pacificando nada. Vocês estão abrindo caminho para a extrema direita atacar as instituições.”

    Líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), agradeceu a “retidão e o equilíbrio” de Motta, criticou a esquerda e falou em julgamento “injusto, político e que persegue opositores”.

    Pesquisa do Datafolha realizada nos dia 8 e 9 de setembro mostrou que a maioria dos brasileiros é contra a aprovação de uma anistia para livrar Bolsonaro. Rejeitam a ideia 54%, ante 39% que a defendem.

    Na manhã de terça (16), Motta já havia informado aos líderes partidários que ele levaria o tema à votação, posição reafirmada em reunião com os líderes dos partidos à noite. Ele também avisou isso a integrantes do Palácio do Planalto e ao próprio presidente Lula, com quem almoçou na segunda-feira (15), e buscou autoridades em Brasília para tratar do tema, inclusive ministros do Supremo.

    Motta também pediu aos líderes partidários para que contassem votos em suas respectivas bancadas antes de tomar a decisão. Como a anistia ampla tem oposição de boa parte do centrão e de toda a esquerda, o acordo entre o PL e Motta foi o de votar a urgência de outro projeto que também trata de anistia, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), e era mais restrito.

    Parlamentares do PL celebraram a iniciativa de votar a urgência, mas dizem que trabalharão para que seja aprovado um projeto que dê anistia ampla, geral e irrestrita, incluindo Bolsonaro.

    A aprovação da urgência, argumentam os deputados, não significa adesão ao texto. Após a definição de um relator, todo o conteúdo da proposta pode ser alterado. Nesse sentido, a votação da urgência nesta quarta apenas inaugura um novo embate entre bolsonaristas, centrão e esquerda pelo teor da matéria.

    Enquanto bolsonaristas insistem na anistia ampla, líderes do centrão afirmam que não há maioria para isso e argumentam que essa proposta acabaria barrada no Senado ou no STF, além de ser vetada pelo presidente Lula.

    O centrão articula uma matéria alternativa, de redução de penas, que poderia até incluir Bolsonaro, mas sem um perdão para os crimes. A ideia é evitar que o ex-presidente cumpra pena na Papuda e, em vez disso, siga em prisão domiciliar por causa de sua idade e saúde, o que já estaria combinado com uma ala do STF. Articulada por Motta, a proposta de redução de penas teria aval do STF, do Senado e do Planalto.

    A proposta desenhada por Motta e o centrão reduz a pena do crime de abolição violenta do Estado democrático de Direito, de prisão de 4 a 8 anos para entre 2 e 6 anos. Já o crime de golpe de Estado, hoje com prisão entre 4 a 12 anos, iria para 2 a 8 anos. Além disso, as punições por esses dois crimes não se somariam mais –seria excluído o crime menos grave.

    O texto de Crivella anistia, desde o dia 30 de outubro de 2022 até a publicação da lei, “todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas”.

    Câmara impõe derrota ao governo, avança com anistia e vai decidir se dá perdão ou reduz penas

  • Copom mantém Selic em 15% ao ano e repete sinal de juro alto por tempo 'bastante prolongado'

    Copom mantém Selic em 15% ao ano e repete sinal de juro alto por tempo 'bastante prolongado'

    A Selic começou a subir na gestão de Roberto Campos Neto, cujo mandato terminou em 31 de dezembro de 2024, e seguiu em alta sob a atual administração do BC, comandada por Gabriel Galípolo

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17), por unanimidade, manter parada a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano pela segunda vez seguida e repetiu a intenção de conservar o juro alto por tempo “bastante prolongado”.

    O ciclo de alta de juros foi interrompido no encontro anterior, em julho, com a Selic estacionada em seu maior nível observado em 19 anos. Naquela ocasião, o colegiado do BC foi cauteloso ao antecipar os próximos passos, falando em “continuação na interrupção do ciclo” na reunião de setembro. Dessa vez, demonstrou mais confiança na estratégia em curso.

    No comunicado, o comitê disse que seguirá vigilante, avaliando se a manutenção da taxa básica no nível atual por período “bastante prolongado” será suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. Afirmou também que o cenário atual -marcado por elevada incerteza- exige cautela na condução da política de juros.

    A decisão tomada nesta quarta correspondeu à visão consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrava que a manutenção dos juros no atual patamar de 15% ao ano era a expectativa unânime das 36 instituições consultadas.

    Ao longo do ciclo de alta de juros, que durou de setembro de 2024 a junho deste ano, a taxa básica acumulou elevação de 4,5 pontos percentuais -de 10,5% a 15% ao ano. Nesse processo, que atravessou a transição de comando do BC, foram sete aumentos ao todo.

    A Selic começou a subir na gestão de Roberto Campos Neto, cujo mandato terminou em 31 de dezembro de 2024, e seguiu em alta sob a atual administração do BC, comandada por Gabriel Galípolo -indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Nas últimas semanas, o cenário econômico evoluiu de maneira mais favorável ao trabalho do BC de levar a inflação em direção à meta.

    O objetivo central perseguido pelo Banco Central é de 3%. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).

    Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, o comitê tem hoje a inflação do primeiro trimestre de 2027 na mira.

    No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano caiu ligeiramente, de 4,9% para 4,8%, enquanto a estimativa para 2026 se manteve em 3,6%. Para o 1º trimestre de 2027, o dado permaneceu em 3,4% (acima do centro da meta).

    O primeiro estouro da inflação no novo formato ocorreu em junho. Dois meses depois, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve a primeira deflação (recuo) em um ano com queda na conta de luz, na gasolina e em alimentos. No acumulado em 12 meses até agosto, o índice soma inflação de 5,13% -bastante acima do teto.

    As expectativas de inflação de médio prazo tiveram leve melhora, mas seguem distantes do centro da meta. Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA termine 2026 em 4,3%. Para 2027, a estimativa mediana do mercado para inflação recuou para 3,9%.

    No cenário internacional, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4% e 4,25% ao ano. A redução ocorre em meio a ataques de Donald Trump à autonomia da instituição.

    O aumento da diferença entre as taxas dos EUA e do Brasil pode beneficiar os ativos brasileiros e ajudar a segurar o dólar. Na última semana, a moeda norte-americana veio operando em queda e recuou abaixo de R$ 5,30. Em julho, a cotação do dólar usada pelo Copom em suas projeções foi de R$ 5,55.

    Os efeitos da guerra comercial seguem no radar do Copom depois que representantes do governo Trump fizeram novas ameaças em reação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Mas o clima de tensão é menor do que no encontro de julho, quando o republicano confirmou a aplicação da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros exportados aos EUA.

    Quanto ao cenário doméstico, o comitê afirmou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica tem apresentado “certa moderação” no crescimento, mas ressaltou que mercado de trabalho ainda mostra dinamismo.

    Apesar do contexto de juros altos, o mercado de trabalho ainda mostra sinais de resiliência. A taxa de desemprego do Brasil recuou a 5,6% no trimestre até julho, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O indicador renovou a mínima da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

    Por outro lado, os sinais de desaceleração da economia a partir do segundo trimestre deste ano levaram até mesmo o Ministério da Fazenda a reduzir sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, de 2,5% para 2,3%.

    O Copom volta a se reunir nos dias 4 e 5 de novembro, no penúltimo encontro do ano, quando passará a olhar para a inflação do segundo trimestre de 2027.

    Copom mantém Selic em 15% ao ano e repete sinal de juro alto por tempo 'bastante prolongado'

  • Lula diz que vetará anistia a Bolsonaro se Congresso aprovar projeto

    Lula diz que vetará anistia a Bolsonaro se Congresso aprovar projeto

    Lula disse que a decisão sobre anistia “é um problema do Congresso”, mas reiterou que, se a anistia chegasse à sanção presidencial, a vetaria

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O presidente Lula (PT) afirmou que vetará eventual projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso a proposta seja aprovada pelo Congresso. A declaração foi dada à BBC News Brasil e à BBC News, na manhã desta quarta-feira (17), no Palácio da Alvorada.
    “Se viesse pra eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria”, disse.

    A fala ocorre em meio à articulação de aliados de Bolsonaro para levar a voto o regime de urgência da proposta na Câmara, sob comando do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

    Lula disse à BBC que a decisão sobre anistia “é um problema do Congresso” e que “o presidente da República não se mete numa coisa do Congresso Nacional”. Mas reiterou que, se a anistia chegasse à sanção presidencial, a vetaria.

    O Congresso poderia derrubar o veto de Lula. Além disso, o tema pode voltar ao STF (Supremo Tribunal Federal), já que indultos e anistias para os crimes apurados podem ser considerados inconstitucionais.

    Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por sua participação na trama golpista de 2022. Ele está em prisão domiciliar desde o início de agosto por descumprimento de medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.

    Lula disse à BBC que não vê caráter político na condenação do adversário.

    “Acho que ele [Bolsonaro] foi julgado por um crime que ele cometeu. Não tem política nisso. Eu fui julgado sem ter direito de defesa. Fui julgado, fiquei 580 dias preso, até hoje não provaram absolutamente nada. E a sentença que deram para mim era que eu tinha cometido um crime chamado fato indeterminado, ou seja, uma má fé”, disse.

    “No caso do ex-presidente, você tem provas concretas, você tem delações concretas, você tem documentos concretos escritos por eles”, afirmou.

    O petista criticou a PEC da Blindagem, proposta aprovada pela Câmara que restringe a abertura de investigações criminais contra parlamentares.

    “Se eu fosse deputado, eu votaria contra. Se eu fosse presidente do meu partido, orientaria para votar contra”, disse à BBC.

    O texto foi aprovado com votos de parte da bancada do PT. Questionado sobre isso, Lula afirmou: “Deixe eu lhe falar uma coisa: eu não sou o presidente do meu partido, sou o presidente da República.”

    Questionado pela BBC sobre a relação com os Estados Unidos, Lula atribuiu a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas ao Brasil a motivos políticos e disse que não telefonou para o americano porque, segundo Lula, “ele nunca quis conversar”.

    Lula afirmou estar disposto a cumprimentar e conversar com Trump se houver encontro em Nova York, durante a Assembleia-Geral da ONU.

    “Se for necessário negociar com o Trump na hora, eu negocio e converso com o Trump.”

    Sobre eventual candidatura em 2026, Lula declarou à BBC que a decisão dependerá de seu estado de saúde e de avaliação do PT “no momento apropriado”.

    Lula diz que vetará anistia a Bolsonaro se Congresso aprovar projeto

  • Lula envia à Câmara projeto para regulação econômica de big techs

    Lula envia à Câmara projeto para regulação econômica de big techs

    Objetivo da proposta enviada pelo governo é combater práticas de concorrência desleais

    O governo federal enviou à Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (17), um projeto de lei de regulação econômica das big techs, com medidas para combater práticas que prejudiquem a concorrência no mundo digital. O projeto foi elaborado pela Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda junto a um grupo técnico coordenado pela Casa Civil.

    O projeto propõe ajustes no Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC – Lei nº 12.529/2011) possibilitando a criação de novos mecanismos para impedir o abuso de poder econômico por grandes plataformas digitais.

    O texto busca prevenir práticas que prejudiquem a livre concorrência e garantir mais transparência, equilíbrio e liberdade de escolha, além de menores preços, a consumidores e empresas. A ideia, segundo o governo, é corrigir distorções, baratear serviços e preservar o espaço para inovação.Durante apresentação do projeto, no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a concorrência é uma velha conhecida do capitalismo que tem a tendência a concentrar o capital em poucas mãos, acarretando na formação de oligopólios e monopólios na economia.

    “O mundo digital evoluiu tão rápido que a legislação não acompanhou o passo a passo da concentração de poder e dinheiro que esses grande grupos econômicos mantém hoje. É dever do Estado regular um setor tão concentrado, impedindo práticas desleais e anticoncorrenciais que vão prejudicar os pequenos, médios e até grandes negócios”, destacou o ministro. 
    Haddad fez questão de destacar que o processo de elaboração do projeto teve início há mais de um ano e passou por consulta pública. “Esse projeto versa sobre ambiente de negócios e práticas concorrenciais justas no Brasil”, destacou. 

    Designação e obrigações

    O projeto de lei cria dois processos administrativos no âmbito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade): a designação de plataformas de relevância sistêmica para mercados digitais e a determinação de obrigações especiais para as plataformas designadas.

    De acordo com o PL, o Cade deverá fazer essa designação a partir de características qualitativas, além de observar um piso mínimo de faturamento — acima de R$ 5 bilhões anuais no Brasil e R$ 50 bilhões em termos globais. A designação será feita caso a caso, mediante instauração de processo administrativo e sujeita à aprovação do Tribunal do Cade.

    O texto prevê que as plataformas poderão ser submetidas a regras prévias de transparência, obrigações, proibições e procedimentos específicos. Assim como na designação, a determinação de obrigações especiais às plataformas digitais será submetida à aprovação colegiada do Tribunal do Cade, que deverá especificar as obrigações e determinar multa em caso de descumprimento.

    Há ainda a previsão de criação da Superintendência de Mercados Digitais (SMD), unidade especializada no Cade para tratar dos novos procedimentos relacionados às plataformas de relevância sistêmica em mercados digitais.

    A nova unidade será responsável por monitorar mercados digitais, instruir os processos de designação de agentes econômicos e de determinação de obrigações especiais, submetendo-os ao Tribunal do Cade, além de observar o cumprimento das obrigações e investigar possíveis violações (postulação qualificada).

    Lula envia à Câmara projeto para regulação econômica de big techs

  • Câmara aprova MP da tarifa social no último dia do prazo, e texto vai para o Senado

    Câmara aprova MP da tarifa social no último dia do prazo, e texto vai para o Senado

    A tarifa social é um programa criado para reduzir o custo da conta de luz de famílias em situação de vulnerabilidade econômica, com gratuidade total para famílias que consomem até 80 kWh (quilo­watt-hora) por mês

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O plenário da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (17), a Medida Provisória 1300/2025, que instituiu a tarifa social de energia elétrica. O texto agora segue para deliberação do plenário do Senado.

    O prazo é crucial. Se a MP não for aprovada em ambas as Casas até esta quarta, perderá a validade, e os benefícios já em vigor podem ser interrompidos, afetando 60 milhões de pessoas em todo o país.

    A tarifa social é um programa criado para reduzir o custo da conta de luz de famílias em situação de vulnerabilidade econômica, com gratuidade total para famílias que consomem até 80 kWh (quilo­watt-hora) por mês. Isso significa que milhões de pessoas podem ter sua conta de energia zerada até esse patamar de consumo.

    Hoje, o benefício atende famílias inscritas no CadÚnico (Cadastro Único) com renda de até meio salário mínimo por pessoa, além de beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), comunidades indígenas e quilombolas.

    Já famílias com renda entre meio salário mínimo e um salário mínimo por pessoa e consumo de até 120 kWh/mês passam a ter isenção de parte dos encargos, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

    Desde julho de 2025, beneficiários já têm acesso à isenção até 80 kWh/mês. O benefício é automático para quem está no Cadastro Único e não exige solicitação às distribuidoras. Mesmo com a gratuidade, porém, ainda permanecem cobranças como iluminação pública e impostos estaduais ou municipais.

    A não aprovação da MP no prazo obrigaria o governo a enviar um novo projeto para recriar os benefícios, causando atrasos e insegurança tanto para consumidores quanto para distribuidoras.

    O texto estabelece ainda que as receitas das usinas de Angra 1 e 2 serão rateadas entre os usuários do Sistema Interligado Nacional, exceto entre os consumidores da subclasse residencial baixa renda, de forma proporcional ao consumo individual e mediante um adicional tarifário, estabelecido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

    Se o texto for aprovado exatamente nos termos da MP como foi editada pelo Executivo, ou seja, sem emendas que o modifiquem substancialmente, ele pode ser promulgado automaticamente pelo Congresso, sem a necessidade de sanção direta do presidente Lula (PT). Se houver modificações no texto original, ele precisa da sanção presidencial.

    Nesta terça-feira (16), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que se reuniria com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar da MP 1300 e reforçou que espera a aprovação do projeto no Congresso.

    “Estou muito confiante de que ela vai ser aprovada amanhã pelo Senado da República, e hoje ainda na Câmara dos Deputados. Todos sabem da importância dela para a população, principalmente a população mais carente”, disse Silveira após evento no Palácio do Planalto.

    Silveira vinha afirmando que o modelo de tarifa social proposto pelo governo estaria garantido neste ano, mesmo que a MP caia. Isso acontece porque a MP, enquanto está valendo, já garantiria a publicação da regulamentação relativa ao tema.

    O senador Eduardo Braga (MDB-AM), porém, eleito presidente da comissão mista responsável por analisar a MP, afirmou que a perda de validade da MP faria a resolução da Aneel sobre o tema ficar sem eficácia. “Aí seria um ato jurídico imperfeito. Então, nós teríamos insegurança jurídica numa questão que envolve milhões de brasileiros. Essa responsabilidade o Congresso Nacional tem.”

    Braga disse ainda que outros temas do setor, como a CDE e outros pontos incluídos nas MPs 1.304 e 1.307, que também tratam de energia, terão de ser discutidos em outro momento.

    “As outras questões, sem nenhuma perda, poderão ser absorvidas na 1.304 e na 1.307, que nós teremos mais tempo para debater e mais tempo, inclusive, para construir uma maioria, ouvir o setor e não cometer nenhuma precipitação em um setor tão estratégico.”

    Líderes do centrão chegaram a articular dar um recado político ao governo Lula na votação da MP, após a insatisfação com o fato de o PT ter votado majoritariamente contra a PEC da Blindagem. Uma das possibilidades discutidas foi a votação de um destaque apresentado pelo Solidariedade.

    Esse destaque busca constranger o governo federal, uma vez que ele amplia a quantidade de beneficiários da medida, mas encarece a tarifa a ser paga por consumidores da classe média e de setores da indústria. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou posicionamento contrário à votação do destaque.

    Além disso, integrantes do centrão defendiam alterar trecho do texto, transferindo competências que seriam do Ministério de Minas e Energia para a Aneel. Esse movimento mira enfraquecer o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que virou desafeto de parlamentares da cúpula da Câmara e do Senado.

    A MP gerou disputa política desde o momento em que foi apresentada por Lula em maio deste ano. Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), atuaram, inclusive, para esvaziar a medida e evitar que Silveira ficasse com o protagonismo da proposta.

    Essa iniciativa tinha como pano de fundo a briga entre a cúpula do Senado com Silveira. O ministro foi indicado pelo ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e por Alcolumbre, mas rompeu com ambos ao não atender pedidos deles para indicações em agências reguladoras e projetos da área.

    Câmara aprova MP da tarifa social no último dia do prazo, e texto vai para o Senado

  • Dino reage a avanço da PEC da Blindagem e acelera julgamento sobre emendas no STF

    Dino reage a avanço da PEC da Blindagem e acelera julgamento sobre emendas no STF

    O ministro determinou que a PGR (Procuradoria-Geral da República) e a AGU (Advocacia-Geral da União) devem enviar seus posicionamentos sobre o mérito das ações que questionam as emendas parlamentares

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Em reação à aprovação da PEC da Blindagem na Câmara, o ministro Flávio Dino decidiu nesta quarta-feira (17) finalizar a instrução dos processos sobre as emendas parlamentares no STF (Supremo Tribunal Federal) e acelerar o julgamento que pode reduzir os poderes do congressistas sobre o Orçamento.

    A resposta de Dino coloca em evidência a principal queixa de políticos do centrão contra o Supremo. A indisposição dos parlamentares tem relação com o avanço de investigações sobre desvios de emendas.

    O tribunal tem cerca de 80 inquéritos abertos para investigar parlamentares e ex-parlamentares suspeitos de crimes relacionados ao envio dos recursos. Os inquéritos, todos sob sigilo, estão em ao menos seis gabinetes no Supremo.

    O temor com o avanço das investigações foi um dos motivos citados por políticos do centrão nos bastidores da Câmara para aprovar a PEC da Blindagem. O texto prevê que investigações contra parlamentares só podem ser abertas no STF mediante aval de deputados e senadores, em votação secreta.

    Dino determinou que a PGR (Procuradoria-Geral da República) e a AGU (Advocacia-Geral da União) devem enviar seus posicionamentos sobre o mérito das ações que questionam as emendas parlamentares.

    Com a manifestação de todas as partes, o ministro poderá deixar os processos prontos para irem a julgamento no plenário do Supremo na segunda quinzena de outubro. A inclusão na pauta, porém, depende do presidente do tribunal -Luís Roberto Barroso vai deixar a função em 29 de setembro para seu sucessor, Edson Fachin.

    O julgamento será amplo e pode dar desfecho a uma série de embaraços relacionados às emendas parlamentares, como o montante do Orçamento destinado à indicação dos congressistas.

    As ações pedem, entre outros pontos, a eliminação definitiva das emendas impositivas. Se a sugestão for acatada pelo tribunal, o governo ficará desobrigado de pagar as emendas solicitadas pelos deputados e senadores.
    Articulação com STF

    O conteúdo da PEC da Blindagem foi apresentado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes no sábado (13).

    Ele se encontrou com cada um separadamente, segundo relatos feitos à Folha, e disse que a aprovação da proposta criaria um ambiente favorável para derrotar a anistia ampla e irrestrita articulada para livrar de punição o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais condenados pela trama golpista e pelos ataques de 8 de janeiro.

    A vitória fortaleceria Motta no cargo ao entregar uma demanda do centrão -o deputado teve sua autoridade questionada após o motim de bolsonaristas e a pressão pela anistia .

    Nessas conversas, o presidente da Câmara também citou as decisões de Dino pela suspensão de pagamento de emendas parlamentares ao Orçamento. Segundo ele, isso tem alimentado um clima de animosidade no Congresso em relação ao Supremo.

    As reações no tribunal foram diversas. Um ministro disse à Folha que não criaria barreiras à aprovação da PEC da Blindagem, mas sugeriu que a Câmara incluísse no texto um trecho que estabelecesse tempo para a aprovação da investigação contra os parlamentares suspeitos.

    Um parágrafo sobre o tema foi incluído no texto. Ele prevê que a autorização será tácita caso o Congresso não se manifeste sobre o tema em até 90 dias.

    Outros três ministros do Supremo afirmaram, sob reserva, não ter firmado acordo para a aprovação da proposta que blinda os parlamentares de investigações criminais. Um deles chegou a dizer que a PEC pode incentivar membros de organizações criminosas a se candidatarem em 2026.

    O acordo sugerido por Motta ao Supremo estipula que a Câmara deve barrar o projeto de lei que concede uma anistia ampla e irrestrita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais condenados pela trama golpista e pelos ataques às sedes dos Poderes de 8 de janeiro.

    Um texto alternativo deve avançar na Câmara para redução das penas dos condenados pela tentativa frustrada de golpe de Estado. A proposta foi articulada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) com os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes em abril de 2025.

    Os termos exatos da proposta ainda não foram finalizados. Uma das ideias é alterar a Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito e prever a absorção do crime de abolição do Estado de Direito pelo crime de golpe de Estado.

    Essa sugestão poderia reduzir em mais de seis anos a pena de Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista.

    Dino reage a avanço da PEC da Blindagem e acelera julgamento sobre emendas no STF

  • Fed faz primeiro corte no ano e reduz juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

    Fed faz primeiro corte no ano e reduz juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

    A redução ocorre em meio a ataques de Trump contra a autonomia do banco central. No começo desta semana, o presidente dos EUA voltou a pressionar a instituição, pedindo um corte “maior” de juros

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) decidiu nesta quarta-feira (17) diminuir a taxa de juros do país para entre 4% e 4,25% ao ano, na primeira redução da taxa básica americana em 2025. A redução veio em linha com a expectativa de analistas, que projetavam majoritariamente um corte de 0,25 ponto percentual nesta reunião.

    Os juros permaneciam entre 4,25% e 4,50% desde 18 de dezembro de 2024, quando o Fed também aprovou um corte de 0,25 ponto percentual. Foram cinco reuniões neste ano em que os diretores optaram pela manutenção da taxa.

    O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia admitido a possibilidade de reduzir os juros do país no último mês, mencionando os riscos de desaceleração do mercado de trabalho americano como justificativa.

    A inflação nos Estados Unidos permanece resiliente, chegando a 2,6% em julho. Por outro lado, o crescimento mensal de empregos desacelerou, com empresas freando contratações. Com isso, o mercado de trabalho se tornou o principal fator analisado pelo Fed.

    “Esta situação incomum [de inflação resiliente e mercado de trabalho menos aquecido] sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E se esses riscos se materializarem, podem fazê-lo rapidamente na forma de demissões acentuadamente maiores e aumento do desemprego”, disse ele no Simpósio de Jackson Hole, em agosto.

    A redução ocorre em meio a ataques de Trump contra a autonomia do banco central. Na segunda (15), o presidente dos EUA voltou a pressionar a instituição, pedindo um corte “maior” de juros.

    O republicano já disse cogitar nomear a si mesmo para dirigir o banco central, que a taxa poderia estar dois ou três pontos percentuais abaixo e que Powell é “burro” e “idiota” por manter os juros nesse nível.

    Nas últimas semanas, o presidente americano também iniciou uma campanha para tentar destituir Lisa Cook, única diretora negra no Fed, do cargo, acusando-a de uma suposta fraude na documentação de uma hipoteca.

    Apesar da ofensiva, um tribunal rejeitou a demissão.

    Na segunda-feira (15), Trump teve uma vitória: seu indicado ao conselho de diretores do Fed, Stephen Miran, foi aprovado pelo Senado por 48 votos a 47.

    Agora, o republicano conta com três indicados por ele no conselho de política monetária. Os diretores Christopher Waller e Michelle Bowman, os únicos votos contrários à manutenção dos juros na última reunião do Fed, também foram conduzidos ao cargo por Trump.

    Isso significa que, caso tenha sucesso em sua tentativa de demitir Lisa Cook, Trump poderia indicar outro diretor para cumprir seu mandato, que termina em janeiro de 2038, e teria maior influência sobre as decisões de juros no país, com quatro dos sete membros fixos do Fomc (sigla para Comitê Federal de Mercado Aberto). Nas decisões de juros, há, ainda, a participação em regime de rodízio de outros 5 diretores regionais.

    O ciclo de queda nos juros americanos deve aumentar a diferença entre as taxas dos Estados Unidos e do Brasil e beneficiar ativos brasileiros, segurando uma alta do dólar ante o real.

    Caso o Banco Central brasileiro mantenha a Selic (taxa básica de juros do Brasil) em 15% nesta quarta, como projetado pelo mercado, essa diferença de juros iria a 10,75 pontos, levando em conta o limite superior americano.

    Quanto maior essa diferença, mais rentável é a estratégia de investimento conhecida como “carry trade”. Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas mais baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira.

    Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real. Na terça (16), o câmbio fechou em R$ 5,298, com a expectativa pelo corte de juros nos EUA. Desde janeiro, a cotação do dólar acumula queda de 14% frente ao real.

    O Ibovespa, por outro lado, registrou 145 mil pontos no começo desta ‘Superquarta’, com aumento no fluxo estrangeiro para a Bolsa de Valores.

    Fed faz primeiro corte no ano e reduz juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

  • Exame aponta câncer de pele e Bolsonaro terá acompanhamento clínico

    Exame aponta câncer de pele e Bolsonaro terá acompanhamento clínico

    O diagnóstico de Jair Bolsonaro foi constatado após procedimento realizado no último domingo (14), de acordo com a equipe médica que fez o atendimento

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Exames realizados por Jair Bolsonaro (PL) indicaram câncer de pele em duas lesões retiradas pelo ex-presidente. Ele passará por acompanhamento clínico para reavaliar a condição.

    O diagnóstico foi constatado após procedimento realizado no último domingo (14), de acordo com a equipe médica que fez o atendimento.

    O boletim divulgado pelo hospital DF Star apontou duas lesões cutâneas com “presença de carcinoma de células escamosas”. Bolsonaro terá que passar por “acompanhamento clínico e reavaliação periódica”.

    De acordo com o médico Cláudio Birolini , a retirada de uma lesão in situ, que era o caso de Bolsonaro, é curativa, o que elimina a necessidade de tratamentos adicionais como quimioterapia. No entanto, o ex-presidente deverá seguir acompanhado pela equipe médica para verificar se novas lesões similares podem aparecer.

    Segundo o médico, o carcinoma identificado é de nível intermediário, que não é totalmente benigno, nem muito agressivo.

    O ex-presidente recebeu alta no início da tarde desta quarta-feira (17) e deixou o hospital em Brasília após passar a noite no centro médico, em decorrência de uma crise de vômito e soluços. A ida à unidade de saúde não tinha relação com o exame das lesões de pele, feito dias antes.

    Das oito lesões retiradas da pele do ex-presidente, em duas foi detectado o câncer de pele: uma no braço e outra no tórax.

    “Duas vieram positivas para um tipo de tumor que é o carcinoma de células escamosas, que não é nem o mais bonzinho e nem o mais agressivo, é o intermediário, mas que ainda assim é um tipo de câncer de pele que pode ter consequências mais sérias”, afirmou o médico. “Ele vai ter que ser reavaliado periodicamente para ver se outras lesões apresentam características suspeitas.”

    As lesões foram identificadas como suspeitas pelo médico em abril, quando Bolsonaro esteve internado para uma cirurgia. Segundo Birolini, a retirada ocorreu agora porque foi o momento encontrado pela equipe para isso.

    Além do resultado da análise das lesões, Bolsonaro fez uma série de exames que identificaram persistência de anemia e mudanças na função renal. Realizou também ressonância magnética para tentar identificar os motivos por trás de sintoma de tontura, mas o exame não identificou alterações graves.

    De acordo com Birolini, os episódios de soluço do ex-presidente ocorrem desde a época em que ele era deputado, mas a condição pode ter ter se intensificado como sequela da facada que recebeu em 2018. As crises de vômito ocorrem quando o soluço se intensifica.

    O ex-presidente cumpre prisão domiciliar por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que considerou que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares impostas no inquérito que investiga tentativa de obstrução de Justiça no caso da trama golpista.

    Bolsonaro foi condenado na semana passada pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

    Aliados citam a saúde como argumento para que ele cumpra pena em casa após condenação por tentativa de golpe de Estado, e, como revelou a Folha de S.Paulo, seus advogados pretendem argumentar riscos caso ele seja obrigado a cumprir a pena em um presídio ou na PF (Polícia Federal).

    O ex-presidente está em pânico com a possibilidade de ser enviado para uma cela do Complexo Penitenciário da Papuda, segundo aliados. Ele tem medo de passar mal no local e não ter atendimento médico apropriado, ou de ser mal tratado por outros presos com quem eventualmente tenha que conviver.

    Aliados do ex-presidente citam a saúde como argumento para que ele cumpra pena em casa após condenação por tentativa de golpe de Estado. Como mostrou a Folha de S.Paulo, seus advogados pretendem apontar riscos caso ele seja obrigado a cumprir a pena no presídio da Papuda, em Brasília, ou numa sala da Polícia Federal.

    O estado de saúde do ex-presidente é o fator principal analisado por seus advogados em um provável pedido ao STF para que a pena em regime fechado seja cumprida em prisão domiciliar. Aliados e familiares têm dado declarações públicas sobre seu abatimento e estado de fragilidade.

    Exame aponta câncer de pele e Bolsonaro terá acompanhamento clínico