Ela volta com sede de justiça, diz atriz que interpreta Cláudia em 'Três Graças'

Lorrana Mousinho vive momento decisivo em Três Graças, sua primeira novela. Intérprete de Claudia, personagem que sobrevive ao atentado e retorna como aliada contra Ferrete e Arminda, ela constrói biografia própria para atuar. Mestre em artes cênicas, batalhou no teatro e projetos independentes até conquistar espaço na TV.

(CBS NEWS) – Lorrana Mousinho, 33, vive um momento decisivo em “Três Graças”, sua primeira novela. Intérprete de Claudia, a cuidadora de Josefa (Arlete Salles) que desapareceu após ser atropelada a mando do vilão, Ferrete (Murilo Benício), ela diz que a personagem ainda tem a acrescentar à trama.

Em cenas que vão ao ar em breve, o público descobrirá que ela sobreviveu ao atentado e atua como uma aliada de Rogério (Eduardo Moscovis) na missão de desmascarar Arminda (Grazi Massafera) e Ferette.

Lorrana conta que segue gravando normalmente, embora muitos detalhes ainda lhe sejam mantidos em segredo pela produção. Ela confirma que Claudia é uma espécie de espiã, encarregada de observar os movimentos suspeitos na casa de Arminda.

Apesar disso, grande parte das motivações da personagem segue não sendo revelada nem para ela. “Tem coisas que eu sei e não posso dizer, e tem muitas que eu realmente não sei. Onde eles se conheceram? Por que ela? Ainda não chegou para mim”, afirma.

Diante desse vazio, Lorrana construiu para si uma biografia de Claudia, como ferramenta de atuação. Imaginou uma mulher da classe trabalhadora, com uma rotina marcada por ônibus, metrô, cansaço e vidas invisíveis. Criou hipóteses sobre sua infância, a estrutura familiar e até o humor com que ela chega ao trabalho. “Preciso dessa história, mesmo que ela não exista no papel. Mas deixo aberta, respirável, para receber o que vier no roteiro”, diz.

Sobre o atropelamento -em que o agressor não só atinge Claudia como dá ré e passa novamente por cima dela-, a atriz acredita que ela não voltará ilesa. Ainda assim, imagina que o retorno à casa de Arminda pode ser inevitável e carregado de um novo sentido: “Se tentam te matar, isso vira um motivo pessoal. Eu não acredito que ela seja só uma caça-níquel. Para mim, ela volta com sede de justiça”

Lorrana reflete também sobre o universo moral da novela da Globo. Para ela, Rogério e Gerluce ( Sophie Charlotte), transitam numa “zona cinzenta”, na qual justiça e vingança se embaralham. “Acho que o Rogério não está no caminho da maldade, mas da justiça. Só que não é uma justiça burocrática é a justiça de quem foi ferido.. Já a Gerluce é justiceira”.

Mestre em artes cênicas, ela também trabalha com preparação de elenco e metodologias de atuação, como a técnica Chubbuck, que se concentra em usar a dor e as lutas do personagem para criar atuações realistas. Foi justamente durante um workshop dessa técnica, frequentado por produtores e diretores, que ela chamou a atenção.

A cena que apresentou naquele dia virou seu passaporte para a novela de Aguinaldo Silva. Mesmo assim, ela conta que o processo foi lento e passou um ano sem convites. “Achei que muitas portas iam se abrir. Morri na praia. Já nem esperava ser chamada quando apareceu o convite para ‘Três Graças’. A nossa carreira é cheia de altos e baixos”, diz.

Lorrana preferiu não ficar esperando as oportunidades e correu atrás, investindo em seu próprio trabalho. Produziu peças com dinheiro do salário de professora, inscreveu projetos em editais e seguiu atuando no teatro. Com o tempo, os retornos começaram a surgir: ganhou editais que antes não conquistava, viu seus projetos sociais conseguirem patrocínio e começou a acumular um currículo robusto. “Tem trabalho para quem fica. Independente de novela, eu sempre serei atriz.”

Sobre ter ou não plano B, ela brinca que tinham vários – B, C, D e E – mas todos dentro da mesma área. “Eu morreria se tivesse que fazer uma coisa totalmente diferente”, diz. A licenciatura em artes cênicas veio como complemento natural: dar aula era, antes de ser atriz, seu primeiro sonho. Durante a juventude, como muitos atores, passou por animação de festas, colônia de férias e até vendas temporárias de Natal em loja de roupa, mas jamais cogitou abandonar a arte.

Em entrevistas, ela já comentou que por muito tempo achou que não se encaixava no “padrão televisivo”. Hoje, celebra que a TV tenha se tornado um espaço mais plural, aberto a diferentes rostos e histórias. E vive seu momento com a gratidão de quem batalhou por cada oportunidade: “Chegar aqui foi difícil demais. E foi também por permanecer. A vida acontece para quem fica.”

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