Jorge Aragão diz que não planeja aposentadoria, mas vai diminuir ritmo de shows

Sambista foi atração do festival Psica, que aconteceu em Belém, e evocou o maior karaokê coletivo do festival ao entoar o que chamou no palco de “sambinhas antigos”; cantor disse que vai lançar regravação de Los Hermanos

BELÉM, PA (CBS NEWS) – “Foi para aumentar o cachê, filho, só para isso”, Jorge Aragão brincou no camarim do festival Psica, em Belém, no último domingo (15). Ele estava se referindo às suas falas na última Festa Literária das Periferias (Flup), no Rio de Janeiro, sobre diminuir o ritmo de shows.

Desde outubro, quando aconteceu o evento carioca, o comentário do sambista tem repercutido como o anúncio de uma aposentadoria gradual. Depois de seu show no Psica, no estádio Mangueirão, contudo, ele afirmou que não pensa em parar, só em fazer menos apresentações.

“Estou brincando [sobre aumentar o cachê], claro, mas vou focar mais em gravar, compor, fazer minhas músicas. Mês que vem até uma regravação de Los Hermanos está saindo. É uma pancada, misturando samba com a parada deles. Tem muita coisa para fazer e, do jeito que está hoje, não está dando para mim”, ele afirmou.

Aragão seguiu dizendo que com a agenda de shows que tem atualmente ele se apresenta todas as sextas, sábados e domingos, além de alguns dias durante a semana. “Foi só isso, uma brincadeira, mas não vou parar. São 76 aninhos, tem que diminuir”, disse o cantor.

Em outubro, na festa literária, o sambista havia dito que estava “começando a reduzir o número de shows”. “Acho que chegou o momento de dar uma parada nos palcos para focar em outras coisas da vida, sem deixar de lado minha paixão pela música”, afirmou na ocasião.

Uma das principais atrações do Psica no domingo (14), dia que contou com Mano Brown, BK, Dona Onete, Fruto Sensual e a aparelhagem Crocodilo, entre outros, Jorge Aragão evocou o maior karaokê coletivo do festival ao entoar o que chamou no palco de “sambinhas antigos” para uma plateia emocionada.

Ele carregou as performances com seu vocal hoje grave e conciso -mas ainda firme e capaz de emocionar. Dedicou “Vou Festejar”, hit que compôs e ganhou o Brasil na voz de Beth Carvalho, no ápice do show, aos torcedores do Flamengo, seu time de futebol do coração.

Ainda no camarim, falou sobre a recepção calorosa que recebeu dos paraenses em um dia do festival com atrações de gêneros diferentes do samba. “Tenho que agradar a papai do céu porque é difícil. O pessoal está fazendo esse trabalho de junção com outras tribos. Entendo que o pagode possa se juntar com axé ou sertanejo, mas eu? Cantando os sambas da minha época? E tenho esse retorno, graças a Deus!”

Integrante da primeira formação do Fundo de Quintal, Jorge Aragão disse que ainda canta suas músicas escritas 50 anos atrás, e não compreende muito bem como as novas gerações seguem consumindo sua obra. É algo, ele diz, quase utópico.

“Vi gente dançando, brincando e até chorando. Às vezes é difícil a minha percepção para isso, porque estou sempre imaginando quando fiz essas músicas. Fiz com um pessoal cascudo, não escrevi para essas gerações mais para frente. Então até hoje é meio difícil eu entender como essa coisa segue em ondas, desse jeito”, disse.

O sambista seguiu falando que compôs o repertório de seus shows com outras pessoas, em outro momento. “Mas eu estou aqui, cantando ao lado de gente como BK. Para manter o equilíbrio disso, só imagino que é muito carinho e respeito deles por eu estar atuando até agora”, afirmou.

Jorge Aragão diz que não planeja aposentadoria, mas vai diminuir ritmo de shows

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