Categoria: ECONOMIA

  • Lula defende tributação de super ricos para ação climática

    Lula defende tributação de super ricos para ação climática

    A taxação de grandes fortunas pode gerar de US$ 200 bilhões a US$ 1,3 trilhão, a depender do percentual de tributação aplicado

    BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – Em discurso aos líderes mundiais nessa sexta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os mais ricos do mundo sejam taxados para bancar iniciativas para combater os impactos das mudanças climáticas.

    “As exigências crescentes de adaptação vão requerer esforços ainda maiores de financiamento. Sem incluir o capital privado, a conta não fechará”, disse. “Um imposto mínimo sobre corporações multinacionais e a tributação de super ricos podem gerar recursos valiosos para a ação climática.”

    O presidente argumentou, ainda, que mercados de carbono também devem ser uma fonte de transferência de renda para ajudar no financiamento climático. Ele citou a coalizão lançada pelo Brasil na COP30, junto de União Europeia e China, para unificar os valores cobrados pelo carbono como uma ferramenta para tornar esse processo mais justo.

    “É possível pensar em um novo modelo de economia sem sacrificar a geração de riqueza. É viável trabalhar por uma transição justa que proporcionem ao Sul Global as oportunidades que lhe foram negadas no passado”, afirmou Lula.
    O presidente cobrou que os signatários do Acordo de Paris cumpram o que prometeram, em especial quanto ao repasse de verbas aos países mais pobres.

    O acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar o aquecimento de mais de 1,5°C”, disse. “[Mas] sem meios de implementação adequados, exigir a implementação dos países em desenvolvimento é injusto e irrealista”.

    Lula ressaltou também que a maioria dos recursos são repassados em forma de empréstimo, aumentando o endividamento das nações em desenvolvimento. Assim, defendeu que sejam adotados mecanismos de troca de dívida -a partir dos quais investimentos climáticos podem ser descontados da dívida pública.

    Lula defende tributação de super ricos para ação climática

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  • Aneel quer que preço da conta de luz mude conforme horário do dia

    Aneel quer que preço da conta de luz mude conforme horário do dia

    Proposta prevê aumento do valor em períodos de pico, para estimular consumo em outros horários; mudança está ligada à alteração do parque gerador, mais dependente de usinas solares e eólicas

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) pretende alterar a forma como boa parte dos brasileiros paga pela energia, fazendo com que o valor cobrado na conta de luz passe a variar conforme o horário diário em que se deu o consumo.

    O objetivo é incentivar pessoas e pequenas empresas com maior uso de eletricidade a deslocarem parte de seu consumo para fora do chamado “horário de pico”, normalmente no início da noite, entre 18h e 21h, quando o sistema elétrico enfrenta maior sobrecarga.

    A Folha de S.Paulo teve acesso a detalhes dessa proposta, que ainda deve ser objeto de uma audiência pública pelo prazo de 90 dias, para colher sugestões. A expectativa da agência reguladora é que o tema já esteja regulado no início do ano que vem, para entrar em vigor até o fim de 2026.

    Pela minuta elaborada, seriam alvo da medida os consumidores de baixa tensão que consomem mais de 1.000 kWh (quilo-watt-hora) por mês. Neste perfil podem entrar famílias maiores, que vivam em propriedades de grande porte, além de comércios em geral, como restaurantes e hotéis.

    Hoje, está em vigor um tipo de “tarifa horária” que é cobrada de grandes consumidores, como indústrias, que podem optar por aderir à chamada “Tarifa Branca”, que existe desde 2018 e prevê o mesmo tipo de incentivo para tentar reduzir a pressão sobre o abastecimento elétrico.

    O uso dessa tarifa, porém, depende da adesão de cada grande consumidor, que precisa fazer um pedido à sua distribuidora. Na avaliação da Aneel, essa regra acabou comprometendo o resultado da iniciativa.

    Por isso, a nova proposta acaba com a necessidade de adesão, fazendo com que qualquer consumidor que consuma mais de 1.000 kWh seja, automaticamente, enquadrado pela tarifa horária, podendo sair dela se achar que não compensa.

    “Essa medida permitirá ampliar a resposta da demanda, induzindo o deslocamento do consumo para horários de menor carregamento, contribuindo para a modicidade tarifária, eficiência na utilização da rede e maior integração das fontes renováveis, reduzindo os cortes de geração”, afirma a agência, em nota técnica que analisa a proposta.

    Nos cálculos da Aneel, o programa afetaria uma parcela pequena do consumidor residencial, equivalente a apenas 0,9% do total do país. Esse alcance subiria para 5,9% dos consumidores rurais e 17,1% do grupo formado pelo setor comercial, industrial e de serviços.

    Esses consumidores, quando somados, respondem por apenas 2,5% daqueles que usam as redes de baixa tensão. Por outro lado, são responsáveis por cerca de 25% de toda a energia consumida na baixa tensão do país.

    Para ampliar o interesse na proposta, a Aneel chega a sugerir nomes que possam resultar em maior “engajamento dos consumidores”. No lugar da “Tarifa Branca” dos grandes consumidores, é sugerido o uso de termos como “Tarifa Hora Certa”, “Tarifa Inteligente”, “Tarifa Flexível” e “Tarifa Sustentável”.

    A lógica que sustenta a proposta está ligada à mudança vivida na matriz de geração do setor elétrico, que atravessa uma fase de forte expansão da geração eólica, além dos painéis solares, usados tanto em grandes usinas quanto em telhados residenciais.

    O resultado é que, durante o dia, a oferta de energia é alta, mas ao anoitecer, quando o sol se põe, a geração cai rapidamente, enquanto o consumo sobe. Isso gera um engarrafamento elétrico, que pressiona o sistema e pode exigir o acionamento de usinas térmicas, mais caras e mais poluentes, mas que entregam energia na hora exata que se precisa.

    Para se ter uma ideia do crescimento da fonte solar, esta saltou de 793 MW (megawatts) em 2020 para 5.589 MW em 2024. Foi fonte de maior expansão no período, respondendo por 51,8% da potência adicionada em 2024.

    No caso das eólicas, a expansão saiu de 1.726 MW em 2020 para 4.239 MW em 2024, sustentada por políticas de leilões de energia, subsídios e novas tecnologias. O vento respondeu por 39,3% do crescimento da geração no ano passado.

    O resultado disso é que, somadas as fontes solar e eólica, 91,1% da potência instalada em 2024 veio dessas usinas. “A dominância evidente das fontes solar e eólica, turbinadas pelas políticas de subsídios anteriormente mencionadas, tornaram a operação do sistema bastante complexa, dada a redução da flexibilidade que o operador do sistema tem para modular a geração conforme o comportamento da carga”, afirma a Aneel no documento.

    Ao tornar a energia mais cara em horários de pico e mais barata nos demais, a agência espera estimular mudanças de comportamentos, como programar máquinas de lavar para outros períodos, ajustar horários de uso de ar-condicionado ou carregar carros elétricos de madrugada.

    “A tarifa horária atua como um instrumento regulatório que alinha o comportamento da demanda às condições reais de oferta, reduzindo riscos operativos e maximizando a eficiência da rede”, afirma a nota técnica. “Momentos de sobreoferta de energia devem resultar em menores custos, que devem ser percebidos pelos consumidores, para que se aproveitem disso e reduzam o custo médio de compra de energia.”

    A Folha de S.Paulo questionou a Aneel e o MME (Ministério de Minas e Energia sobre o assunto) sobre o assunto, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

    Aneel quer que preço da conta de luz mude conforme horário do dia

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  • Tesla aprova bônus que pode tornar Musk o primeiro trilionário do mundo

    Tesla aprova bônus que pode tornar Musk o primeiro trilionário do mundo

    Acionistas da Tesla aprovaram um pacote bilionário que pode tornar Elon Musk o primeiro trilionário do mundo. O bônus, estimado em até US$ 878 bilhões, depende de metas ambiciosas, como multiplicar o valor de mercado e os lucros da montadora nos próximos anos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os acionistas da Tesla aprovaram nesta quinta-feira (6) um pacote de remuneração que pode garantir ao bilionário Elon Musk um bônus de US$ 878 bilhões ao longo da próxima década, o maior pagamento do tipo na história corporativa.

    Mais de 75% dos votos foram favoráveis à proposta, segundo a empresa, em uma votação vista como endosso à ambição do bilionário de transformar a montadora de carros elétricos em uma gigante de inteligência artificial e robótica.

    A remuneração, no entanto, está ligada a uma série de metas ambiciosas de longo prazo. Para alcançar o US$ 1 trilhão, Musk deve quase sextuplicar o valor de mercado da montadora, de US$ 1,5 trilhão para US$ 8,5 trilhões, multiplicar os lucros em 24 vezes, para US$ 400 bilhões, e vender milhões de robôs.

    Com o bônus, o bilionário pode sair do patrimônio atual de cerca de US$ 490 bilhões, segundo a Forbes, para se tornar o primeiro trilionário do mundo.

    A vitória era esperada, já que Musk pôde exercer o direito de voto de sua participação de cerca de 15%, após a Tesla transferir sua sede legal de Delaware para o Texas -movimento que contornou uma disputa judicial que havia travado um aumento anterior de remuneração.

    Com os bônus, a participação do empresário na empresa poderia chegar a 25%. As ações da Tesla subiram cerca de 1% nas negociações pós-fechamento do mercado.

    Mesmo assim, o plano enfrentou resistência de investidores institucionais, incluindo o fundo soberano da Noruega, que criticaram o valor “fora de escala” e o precedente que ele cria para a governança corporativa. O conselho da Tesla havia alertado que Musk poderia deixar a empresa caso o pacote fosse rejeitado.

    No evento da empresa, em Austin, no Texas, Musk subiu ao palco em Austin acompanhado de robôs. “O que estamos prestes a iniciar não é apenas um novo capítulo do futuro da Tesla, mas um livro completamente novo”, disse. “Vai ser uma história e tanto.”

    Analistas consideram o resultado positivo para as ações da montadora, cujo valor de mercado depende da visão de Musk de expandir tecnologias de direção autônoma, táxis-robôs e robôs humanoides -apesar de suas declarações políticas e polêmicas recentes terem prejudicado a imagem da marca.

    O conselho argumenta que o plano beneficia os acionistas no longo prazo, pois Musk só receberá a remuneração se atingir metas ambiciosas. Entre elas, produzir 20 milhões de veículos, colocar 1 milhão de robotáxis em operação, vender 1 milhão de robôs e alcançar até US$ 400 bilhões em lucro operacional.
    Caso as metas sejam alcançadas e o valor de mercado alcance os US$ 8,5 trilhões, sua fatia na montadora valeria US$ 2,4 trilhões.

    A aprovação também deve aliviar preocupações de investidores sobre a atenção de Musk, dividida entre a Tesla e suas outras companhias, como a SpaceX e a xAI, além de sua crescente atuação política.

    Tesla aprova bônus que pode tornar Musk o primeiro trilionário do mundo

  • Bets propõem imposto retroativo em troca de taxa de aposta menor

    Bets propõem imposto retroativo em troca de taxa de aposta menor

    Empresas de apostas esportivas tentam negociar com o governo para evitar que a taxa sobre apostas dobre de 12% para 24%. As bets propõem pagar impostos retroativos sobre lucros passados em troca de uma alíquota menor, estimando arrecadar R$ 12,5 bilhões ao país

    (FOLHAPRESS) – As empresas de apostas esportivas, conhecidas como bets, estão negociando com líderes do governo no Congresso uma moeda de troca para impedir que a taxa de aposta cobrada das companhias dobre, de 12% para 24%. Esse aumento foi proposto pelo senador Renan Calheiros em novo projeto de lei para compensar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês.

    As casas de jogos de azar são um dos principais alvos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para que o governo aumente a arrecadação e consiga fechar as contas públicas sem ter que fazer corte de gastos em pleno ano pré-eleitoral.

    A cobrança retroativa de impostos das casas de apostas que operaram no Brasil legalmente nos últimos cinco anos, mas por meio de empresas sediadas em paraísos fiscais, já tinha sido colocada em discussão no Congresso no âmbito das compensações para os aumentos de gastos do governo.

    Esse é um tema que vem sendo defendido pelo Ministério da Fazenda desde o começo do ano. Em março, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, defendeu que as bets que atuaram no Brasil antes da regulamentação do setor já respondiam ao fisco nacional e, por isso, devem pagar impostos retroativamente.

    “Porque, no passado, se eles tiveram renda aqui no Brasil, tiveram faturamento, e estavam de fato no Brasil, eles devem tributos ao Brasil”, afirmou Barreirinhas na época.

    Mas o assunto acabou saindo de pauta no novo projeto de lei proposto por Calheiros. Agora, muitas bets estão se articulando para retomar a discussão usando a medida como moeda de troca para uma alta menor da taxa de aposta, para até 15%.

    Segundo uma associação do setor que preferiu não se identificar, a cobrança retroativa tem potencial de arrecadação de R$ 12,5 bilhões de uma só vez, o que ajudaria no cumprimento do orçamento no curto prazo. O número foi apurado por meio de uma plataforma particular de dados sobre as empresas que estão operando legalmente no Brasil.

    A avaliação de algumas casas de aposta é de que, embora isso penalize grandes bets que atuam no Brasil há muito tempo antes da regulamentação de suas atividades, para investimentos de longo prazo, pagar o imposto retroativamente é um remédio amargo que poderia ser aturado em troca de um imposto menor. Isso porque o valor do passado é um número fechado, enquanto a taxa de aposta será paga indefinidamente no futuro.

    O Ministério da Fazenda foi questionado pela reportagem se está considerando a ideia, mas não retornou até a publicação da reportagem.

    Bets propõem imposto retroativo em troca de taxa de aposta menor

  • Petrobras anuncia lucro líquido de R$ 32,7 bi no terceiro trimestre 

    Petrobras anuncia lucro líquido de R$ 32,7 bi no terceiro trimestre 

    A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 32,7 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 23% em relação ao período anterior. O resultado foi impulsionado pelo aumento da produção de petróleo e gás e pela leve alta no preço do barril

    A Petrobras divulgou, na noite desta quinta-feira (6), que teve um lucro líquido de R$ 32,7 bilhões no terceiro trimestre de 2025. Segundo a empresa, o resultado foi impulsionado pela produção de óleo e gás de 3,14 milhões de barris de óleo equivalentes por dia. O lucro do período é 23% maior do que o do trimestre anterior.

    Ainda de acordo com a empresa, o desempenho operacional levou a companhia a registrar um fluxo de caixa operacional de R$ 53,7 bilhões (US$ 9,9 bilhões).  

    “Os resultados também foram favorecidos por uma ligeira elevação do preço do petróleo em relação ao último trimestre”, apontou a empresa em divulgação publicada na página na internet. 

    “A Petrobras está gerando resultados financeiros positivos e retorno aos seus acionistas, mesmo diante do novo patamar de preços do petróleo”, disse o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Fernando Melgarejo. 

    Eficiência

    Segundo a divulgação da Petrobras, o diretor entende que houve aumento da eficiência e redução das paradas de produção. Ele ainda destacou que a empresa alcançou o topo da produção do Unidade de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) Almirante Tamandaré e superou sua capacidade nominal. 

    “São diversas frentes de trabalho que se traduzem em resultados concretos para a companhia, seus acionistas e para a sociedade brasileira”, ponderou.

    A Petrobras contabilizou que, considerando os primeiros nove meses de 2025, foram quase R$ 200 bilhões em tributos para a sociedade brasileira. “Foram aprovados para o período R$ 12,16 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio”, afirmou na nota.

    A Petrobras garante que a maior parcela dos investimentos está no segmento de “exploração e produção”, com foco no desenvolvimento da produção no pré-sal, com o avanço na construção de novas unidades para os campos de Búzios, Atapu e Sépia.

     

    Petrobras anuncia lucro líquido de R$ 32,7 bi no terceiro trimestre 

  • Isenção do IR reduz desigualdade e incentiva consumo, diz especialista

    Isenção do IR reduz desigualdade e incentiva consumo, diz especialista

    Lula deve sancionar na próxima semana o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil e reduz alíquotas para salários de até R$ 7.350. Especialistas afirmam que a medida pode impulsionar o consumo, reduzir dívidas e diminuir a desigualdade econômica

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar na próxima semana o Projeto de Lei nº 1.087/2025,  aprovado nas duas casas do Congresso Nacional.

    A expectativa é que a sanção ocorra a partir do dia 11 (terça-feira), após Lula retornar de Belém, onde participa da Cúpula do Clima. 

    A matéria – proposta pelo governo federal há cerca de um ano – isenta do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e reduz alíquotas do tributo para salários entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. O projeto ainda aumenta a taxação de altas rendas, a partir de R$ 600 mil anuais (ou R$ 50 mil mensais) – esses recursos compensarão as perdas com as isenções.

    Consumo pode aumentar

    As medidas só entrarão em vigor no próximo ano. Para analistas de diversos setores ouvidos pela Agência Brasil, quando a futura lei terá potencial redistributivo, ela aumentará o consumo das famílias, poderá diminuir o endividamento e impactará positivamente no crescimento da economia.

    O economista João Leme, da Consultoria Tendências, estima que o Produto Interno Bruto (PIB) ganhará impulso de 0,15 a 0,2 ponto percentual. No bolso dos trabalhadores, o impacto será “de um 14º salário, mas distribuído todos os meses do ano.”

    Nas contas de Pedro Humberto de Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os estratos inferiores da classe média deverão dispor de mais R$ 350 a R$ 550 mensais, em média.

    “Vai ser uma folga orçamentária considerável”, opina.

    Inflação e desigualdade 

    Otimista, Carvalho não descarta, no entanto, a possibilidade de haver inflação localizada. “Toda vez  que há maior renda disponível para a população tem de se aumentar o consumo por serviços”, como comércio, educação, saúde, tecnologia da informação e turismo.

    “Serviços é um setor muito sensível à inflação”, observa, ao descartar que haja aumento vigoroso no preço dos alimentos.

    Na percepção do diretor técnico adjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, a inflação não será problema, pois “está sob controle” e em processo de “desaceleração.”

    Em sua opinião, outro efeito mais provável é bastante desejável: diminuição da desigualdade econômica ao isentar os menores rendimentos de impostos e passar a cobrar tributos dos mais ricos. “Essa medida resgata o princípio constitucional da tributação de acordo com a capacidade contributiva”, argumenta.

    O advogado Bruno Medeiros Durão, tributarista e especialista em finanças, acredita que a correção da tabela do Imposto de Renda é “um passo importante na direção da justiça fiscal”, mas não é o suficiente.

    “O problema do nosso Imposto de Renda não é fiscal, é de justiça social. Por isso, as medidas têm que ser estruturais”, diz. Para ele, a principal medida estrutural é “voltar a tributar lucros e dividendos.” Em sua avaliação, “é impensável um país manter a isenção sobre o rendimento de capital dos mais ricos, enquanto o trabalhador paga Imposto de Renda (IR) sobre o salário. O IR tem que incidir sobre toda a renda”, pondera.

    O advogado avalia que a tabela do Imposto de Renda está defasada e tem poucas alíquotas. “O ideal é corrigir a tabela anualmente, vincular essa correção à inflação, aumentar o número de faixas e, crucialmente, criar uma alíquota máxima mais alta para a altíssima renda, que hoje se esquiva de pagar o que deveria”, critica. 

    Dívidas

    Outro efeito assinalado pelos entrevistados pela Agência Brasil é o pagamento de dívidas contraídas pelas famílias. “O adimplemento de dívidas contratadas em pregresso com certeza vai ser uma das destinações possíveis e muito provavelmente das mais comuns”, prevê João Leme.

    De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), oito de cada dez famílias tinham alguma dívida a vencer em outubro.  Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que outubro foi o nono mês consecutivo que o percentual de endividados aumentou e seguiu como o maior patamar registrado na série histórica.

    Os entrevistados ainda consideram que a isenção do imposto de renda entre os trabalhadores de menor rendimento e o aumento da tributação sobre a fatia mais rica da sociedade serão assuntos debatidos durante a campanha eleitoral em 2026.

    “Candidatos que souberem traduzir a taxação de ‘super ricos’, de dividendos e de grandes fortunas em um alívio concreto para a vida da classe média terão uma narrativa poderosíssima. A pauta tem um forte alinhamento ideológico, forçando todos os presidenciáveis a se posicionar de maneira clara sobre a tributação de renda e patrimônio. Acredito que será um dos temas mais quentes e decisivos”, resume o advogado Bruno Medeiros Durão.

     

    Isenção do IR reduz desigualdade e incentiva consumo, diz especialista

  • Caixa abre inscrições para concurso público com salários de até R$ 14.915; veja como participar

    Caixa abre inscrições para concurso público com salários de até R$ 14.915; veja como participar

    A Caixa Econômica Federal abriu inscrições para concurso público com 184 vagas de nível superior e salários de até R$ 14.915. As oportunidades incluem cargos para engenheiros, arquitetos e médicos, com provas marcadas para 1º de fevereiro de 2026

    (FOLHAPRESS) – A Caixa Econômica Federal inicia nesta sexta-feira (7) as inscrições para o concurso público destinado a cargos de nível superior. Os interessados devem se inscrever até 8 de dezembro pelo site da Fundação Cesgranrio, banca organizadora do certame.

    A iniciativa busca preencher o total de 184 vagas, distribuídas em seis cargos, com a maior parte direcionada a Engenheiros Civis. Os salários iniciais variam de R$ 11.186,00 a R$ 14.915,00.

    Os aprovados terão pacote de benefícios incluindo assistência à saúde, previdência complementar, participação nos lucros e resultados, auxílio-alimentação, auxílio-refeição, vale-transporte e auxílio-creche.

    O concurso será realizado por meio de prova objetiva, com questões de conhecimentos gerais e específicos, além do teste discursivo e uma avaliação de títulos.

    Os candidatos com formação e experiência específicas poderão somar pontos na fase de títulos. A aplicação das provas está marcada para o dia 1º de fevereiro de 2026.

    VEJA QUADRO COM AS VAGAS, SALÁRIOS E CARGA HORÁRIA:

    Cargos – Vagas – Salário – Carga horária
    Engenheiro Civil – 103 – R$ 14.915,00 – 8 horas diárias – 40 horas semanais
    Engenheiro Elétrico – 13 – R$ 14.915,00 – 8 horas diárias – 40 horas semanais
    Médico do Trabalho – 24 – R$ 11.186,00 – 6 horas diárias – 30 horas semanais
    Engenheiro de Segurança – 3 – R$ 14.915,00 – 8 horas diárias – 40 horas semanais
    Arquiteto – 36 – R$ 14.915,00 – 8 horas diárias – 40 horas semanais
    Engenheiro Mecânico – 5 – R$ 14.915,00 – 8 horas diárias – 40 horas semanais

    A Caixa mantém políticas de inclusão, destinando percentuais de vagas para cotistas:

    – 25% para negros;
    – 5% para pessoas com deficiência (PCD);
    – 3% para indígenas;
    – 2% para quilombolas.

    O presidente da Caixa, Carlos Vieira, destacou que o concurso “reafirma o compromisso da Caixa com o fortalecimento de áreas estratégicas”.

    O cronograma previsto estipula que o resultado das provas e o prazo para envio de títulos ocorrem em 11 de março de 2026, com a verificação de cotas para negros, indígenas e quilombolas programada para 26 de abril.

    A divulgação dos resultados finais está prevista para 26 de maio. O concurso tem validade de dois anos, com possibilidade de prorrogação. Mais informações detalhadas podem ser obtidas no site da Caixa clicando na opção “Trabalhe na CAIXA”.

    Caixa abre inscrições para concurso público com salários de até R$ 14.915; veja como participar

  • Shutdown: cancelamento de voos pode causar caos nos EUA nesta sexta

    Shutdown: cancelamento de voos pode causar caos nos EUA nesta sexta

    O Departamento de Transportes dos EUA ordenou o cancelamento de milhares de voos por falta de funcionários durante o shutdown, a paralisação mais longa da história americana. Aeroportos devem enfrentar atrasos, filas e risco de colapso em plena temporada pré-Ação de Graças

    Os Estados Unidos devem enfrentar um dia de caos aéreo nesta sexta-feira (7), com o cancelamento de ao menos 4% dos voos programados em todo o país. A medida foi determinada pelo Departamento de Transportes em resposta à escassez de funcionários provocada pela paralisação do governo federal, que já dura 38 dias, o shutdown mais longo da história americana.

    Sem verba aprovada pelo Congresso, parte dos serviços públicos foi suspensa e servidores essenciais, como os controladores de tráfego aéreo, continuam trabalhando sem receber. Muitos começaram a se ausentar, o que levou o secretário de Transportes, Sean Duffy, a ordenar o cancelamento inicial de 4% dos voos, número que pode chegar a 10% até 14 de novembro.

    De acordo com dados do FlightAware, mais de 650 voos já foram cancelados até a manhã desta sexta. A consultoria Cirium estima que cerca de 1.800 viagens possam ser suspensas diariamente, afetando mais de 260 mil passageiros. Além das cancelamentos, aeroportos registram longas filas e atrasos em razão da falta de pessoal de segurança.

    A crise ocorre às vésperas da temporada de férias e do feriado de Ação de Graças, quando o movimento aéreo nos EUA tradicionalmente aumenta. Entre os 40 aeroportos atingidos pela medida estão alguns dos principais do país, como os de Nova York, Los Angeles, Chicago, Dallas e Miami.

    Por enquanto, os voos internacionais, incluindo as rotas entre Brasil e Estados Unidos, devem seguir operando normalmente. Segundo o ex-investigador da FAA Jeff Guzzetti, a decisão de reduzir as operações tem como objetivo evitar riscos de acidentes diante do número insuficiente de controladores. Ele comparou o impacto da medida ao fechamento do espaço aéreo após os atentados de 11 de setembro de 2001.

    O impasse político no Congresso, que travou a aprovação do orçamento, continua sem solução. O governo precisa de 60 votos no Senado para encerrar o shutdown, mas apenas 53 parlamentares pertencem ao partido do presidente Donald Trump. Democratas condicionam o apoio à ampliação de programas de assistência médica, enquanto republicanos tentam negociar cortes e recomposição de verbas.

    Enquanto o fechamento paralisa serviços e agrava o caos aéreo, o governo e a oposição trocam acusações nas redes sociais. Trump atribui o bloqueio aos democratas, que, por sua vez, o acusam de negligência. O Senado deve votar nesta sexta-feira um novo texto orçamentário em uma tentativa de encerrar a crise que já ameaça a economia e a rotina de milhões de americanos.

    Shutdown: cancelamento de voos pode causar caos nos EUA nesta sexta

  • Shutdown nos EUA: uma em cada oito pessoas passa fome no país

    Shutdown nos EUA: uma em cada oito pessoas passa fome no país

    O shutdown mais longo da história dos Estados Unidos suspendeu o programa SNAP, que garante comida a milhões de famílias. Sem recursos federais, o país enfrenta aumento da fome, caos nos aeroportos e alta nos custos do sistema de saúde

    Com o governo dos Estados Unidos paralisado há semanas, o país enfrenta o maior shutdown de sua história e as consequências já atingem milhões de pessoas. Cerca de 42 milhões de americanos que dependem do programa de assistência alimentar SNAP, conhecido como vale-alimentação, estão sem acesso garantido ao benefício desde sábado (1º), quando o fundo que o sustenta ficou sem recursos.

    Sem o financiamento federal, famílias de baixa renda correm risco de passar fome. O governo anunciou que os beneficiários receberão apenas metade do valor habitual, após uma decisão judicial impedir a suspensão completa do programa.

    “Tenho que escolher entre pagar meus remédios, as contas ou comprar comida para mim e meus animais”, relatou um veterano de guerra do Missouri ao The Guardian.

    De acordo com a rede Feeding America, que administra centenas de bancos de alimentos no país, a demanda por ajuda cresceu de forma “sem precedentes”. “Uma em cada oito pessoas nos EUA não tem o suficiente para comer. Se você é uma das sete que têm, é hora de agir”, afirmou Linda Nageotte, presidente da organização.

    Além do impacto alimentar, o shutdown também afeta os programas de saúde pública. Com o fim dos subsídios criados em 2021, o custo das apólices do Obamacare aumentou, e muitos cidadãos de baixa renda perderam a cobertura gratuita. Há casos em que o valor dos planos dobrou.

    A crise também atinge o transporte aéreo. Cerca de 730 mil funcionários federais continuam trabalhando sem receber salário, entre eles os controladores de voo, que já alertaram que não voltarão ao trabalho até o fim da paralisação. Na sexta-feira (31), dois aeroportos de Nova York precisaram suspender temporariamente pousos por falta de pessoal.

    Durante a última paralisação federal, em 2018-2019, foi justamente o colapso parcial do tráfego aéreo que forçou democratas e republicanos a chegarem a um acordo.

    Enquanto milhões de americanos enfrentam insegurança alimentar e incertezas, o ex-presidente Donald Trump foi alvo de críticas por realizar uma festa luxuosa inspirada no universo de O Grande Gatsby, símbolo de ostentação e desigualdade social.

    Shutdown nos EUA: uma em cada oito pessoas passa fome no país

  • Bolsa renova recorde, e dólar fecha em queda após decisão do Copom

    Bolsa renova recorde, e dólar fecha em queda após decisão do Copom

    O dólar caiu 0,23% e fechou o dia cotado a R$ 5,348; o Ibovespa, principal índice da B3, superou pela primeira vez na história os 154 mil pontos, ao atingir 154.352 pontos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira renovou o recorde de fechamento nesta quinta-feira (6), ao encerrar o dia em leve alta de 0,02%, aos 153.339 pontos.

    No pico das negociações, o Ibovespa, principal índice da B3, superou pela primeira vez na história os 154 mil pontos, ao atingir 154.352 pontos. O índice perdeu fôlego ao longo da tarde, mas ainda assim completou o 12º pregão seguido de valorização.

    O dólar, por sua vez, caiu 0,23%, cotado a R$ 5,348. O movimento de enfraquecimento da moeda americana também foi observado no exterior: o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, recuou 0,47%, a 99,70 pontos.

    Em um dia de agenda econômica esvaziada, os investidores repercutiram a decisão do Banco Central, anunciada na véspera, de manter a Selic em 15% ao ano e defender que a taxa permaneça nesse patamar por um “período bastante prolongado”.

    No mercado doméstico, os investidores reagiram a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, de segurar a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano pela terceira reunião seguida.

    A definição ocorreu apesar do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçar a pressão por cortes na última semana.

    Assim como em setembro, mês da última decisão do Copom, o colegiado do BC voltou a adotar um tom conservador e manteve a indefinição sobre o início dos cortes de juros à frente.

    No comunicado, o comitê demonstrou mais convicção em seu plano ao afirmar que avalia como suficiente a estratégia de manter a taxa no nível atual por período “bastante prolongado” para a convergência da inflação à meta. Parte dos economistas acreditava que o Copom retiraria o advérbio “bastante” da frase, abrindo espaço para ajustes mais cedo, o que não ocorreu.

    A decisão do Copom já era aposta praticamente unânime entre analistas, mas há dúvidas sobre o que vai acontecer daqui para frente.

    Para Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, o comunicado sinalizou que o corte não deve vir tão cedo. “O Copom indicou que irá esperar o mercado interno e externo terem mais desdobramentos para definir uma política monetária menos restritiva”.

    Marcos Praça, diretor de análise na Zero Markets Brasil, classificou o comunicado do Copom como neutro. “O comitê fez um comunicado sem brechas para interpretação. Inclusive, mencionou que poderia elevar os juros, o que reforça o tom cauteloso. Basicamente, o BC preferiu deixar para as próximas decisões qualquer mudança”.

    De acordo com Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o comunicado do BC após a decisão ainda é conservador e firme, mas tem algumas sinalizações discretas. “O Comitê vê sinais de desaceleração da inflação, que se continuarem, darão maior confiança para a autoridade cortar a Selic”.

    Ele, contudo, afirma que o corte não deve acontecer na decisão de dezembro, mas sim em janeiro de 2026.

    Desde a reunião anterior, em setembro, as projeções para a inflação coletadas pelo boletim Focus recuaram de 4,3% para 4,2% para 2026 e de 3,93% para 3,8% para 2027 -janela de tempo na mira do BC devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia.

    O objetivo central perseguido pelo BC é de 3%. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).

    No mercado de câmbio, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, melhor para o real. Quando a taxa por lá cai -como ocorreu nas últimas duas reuniões do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano)- e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”.

    Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

    Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a decisão do Banco Central, vista como sinal de independência e firmeza na condução da política monetária, “reforçou o carry trade do local e sustentou o real” durante o pregão.

    Investidores também permaneceram atentos a dados da economia norte-americana.

    A empresa global de recolocação Challenger, Gray & Christmas revelou nesta quinta que as demissões em massa anunciadas pelos empregadores dos EUA aumentaram em outubro, marcando o nível mais alto para o mês em 22 anos.

    Os dados contrastam com números da ADP, que mostraram que a abertura de vagas no setor privado se recuperou em outubro, marcando 42 mil novos postos de trabalho, acima da expectativa de 28 mil.

    Historicamente, a estimativa mensal da ADP tem se desviado da contagem do relatório de emprego do governo produzida pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho, e, por causa disso, economistas pedem cautela ao interpretar os números.

    Por causa da paralisação do governo federal dos Estados Unidos, agora a mais longa da história, a divulgação de dados oficiais sobre a economia americana está suspensa. O momento é particularmente sensível para o BC americano, que se vale dos números econômicos para decidir sobre a taxa de juros.

    Sem a referência das publicações oficiais do governo, a autoridade se abastece de relatórios laterais para decisões de política monetária, embora reconheça que a ausência de dados “padrão-ouro” limita a visibilidade sobre a atividade.

    Na reunião da semana passada, o Fed estendeu o ciclo de cortes de juros em mais uma redução de 0,25 ponto percentual, repetindo a dose do encontro anterior, e levou a taxa à banda de 3,75% e 4%.

    Novos cortes não estão garantidos. “Longe disso”, afirmou o presidente da autarquia, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a decisão. “Houve opiniões muito diferentes sobre como proceder em dezembro”, disse ele.

    De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, investidores veem uma chance de 67% de um corte de 0,25 ponto na reunião de 10 de dezembro

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