Categoria: ECONOMIA

  • Milei planeja aproveitar respaldo das urnas para desengavetar reformas econômicas

    Milei planeja aproveitar respaldo das urnas para desengavetar reformas econômicas

    Presidente quer esperar novo Congresso, mais favorável, para aumentar jornada de trabalho argentina; proposta é mudar regras do trabalho, tributárias e previdenciárias, mas ele terá de negociar

    BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Logo depois de comemorar a vitória nas eleições legislativas do último domingo (26), o presidente argentino Javier Milei já deu algumas pistas de como pretende aproveitar o novo fôlego que as urnas deram aos governistas no Congresso.

    Com a configuração mais favorável no Parlamento a partir de dezembro, ele poderá finalmente avançar em três reformas que tentava fazer desde o início do mandato, há quase dois anos: uma trabalhista, seguida de uma tributária e, depois, uma do sistema previdenciário.

    Em uma entrevista na TV, ao comentar o que poderia ser feito para mudar as regras laborais do país, Milei usou de exemplo um projeto de lei de reforma que está parado na Câmara desde o ano passado, de autoria de uma deputada libertária.

    O projeto prevê o aumento da jornada de trabalho, de 8h para 12h, o pagamento de parte do salário em vale-refeição (o que a Justiça já impediu, em decisões anteriores) e o parcelamento de multas e indenizações em até 12 vezes. Nas vezes em que tentaram discutir as mudanças, os governistas não tiveram sucesso.

    Milei chegou a selar uma trégua com os sindicalistas argentinos, sobretudo da CGT (Confederação Geral do Trabalho), no ano passado e retirou uma de mudança na arrecadação dos sindicatos, o que evitou grandes mobilizações contra o governo. Agora, diz que irá insistir na reforma.

    “A maioria dos sindicatos sabe que o que temos hoje não funciona, acredito que vai ter uma melhora. Não estou falando do passado [de diretos adquiridos], estou imaginando o que virá adiante. Todos ganham, os informais que passam a ser formais, ganha a arrecadação para financiar maiores aposentadorias”, disse o presidente.

    O mercado de trabalho na Argentina sentiu o baque do programa atual de ajuste econômico que, se por um lado, freou a inflação, também reduziu a atividade. A informalidade no país também cresceu no último ano.

    Em setembro, o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) apontou que os informais eram 43,2% da população ocupada; 37% deles não contribuiam de forma alguma para a previdência. O número de informais aumentou em 226 mil pessoas entre o segundo trimestre de 2024 e o de 2025 , para 5,75 milhões.

    Uma semana antes das eleições, o secretário de Emprego, Julio Cordero, disse em uma apresentação na Comissão de Orçamento da Câmara que o governo pretendia implementar a negociação de acordos por empresa diretamente com o trabalhador. O secretário afirmou que o plano de Milei é implementar um sistema de salários dinâmicos que sejam definidos por mérito. “Um acordo por empresa permitiria uma situação diferente da que temos agora.”

    “O trabalho informal cresceu para 43%. O objetivo de criar trabalho não é cumprido, e a maior liberdade que os empregadores privados tiveram com este governo foi para demitir mais pessoas”, disse a deputada peronista Vanesa Siley, ao rebater os argumentos do governo.

    A discussão não é nova. Milei tentou fazer uma reforma trabalhista por decreto em seu primeiro ano de governo, por meio de um DNU (Decreto de Necessidade Urgência). A Justiça barrou o avanço das mudanças, argumentando que elas teriam que passar antes pelo Legislativo.

    O governo, teve uma lua-de-mel no primeiro ano, conseguindo aprovar cortes de gastos e enxugar o Orçamento, mesmo tendo atualmente menos de um terço da Câmara.

    Nos dias que precederam a campanha, o presidente reconheceu que a situação econômica era ruim, e que a atividade estava estagnada, mas atribuiu os números negativos a um boicote da oposição no Congresso, que derrubou seus vetos de aumentos de recursos para aposentados.

    Na configuração atual da Câmara, o partido de Milei, A Liberdade Avança, detém menos de um terço (86 vagas) das cadeiras, o que o colocava em uma situação de fragilidade e permitia a derrubada de vetos do presidente.

    A partir dos resultados do último domingo (26), os argentinos decidiram que a aliança governista com o PRO (do ex-presidente Mauricio Macri) terá 107 parlamentares, conquistando um terço e reduzindo a distância para alcançar a maioria necessária (129) para aprovar reformas.

    O cenário ficou mais favorável, mas não garantido. Para ter maioria, Milei terá de adotar uma postura mais conciliatória para tentar atrair parlamentares independentes ligados a forças provinciais oferecendo, por exemplo, mais recursos para os governadores; ou diluir as reformas para convencer deputados radicais e outros grupos independentes, como o Províncias Unidas.

    O representante da CGT, Gerardo Martínez, expressou sua oposição à reforma, chamando-a de ratificação do decreto que foi rejeitado pela Justiça. Ele enfatizou a rejeição da CGT a qualquer proposta de reforma trabalhista baseada nesse decreto.

    Para evitar que novas reformas por DNU sejam barradas pela Justiça, em um evento em Tucumán chamado por ele de Pacto de Maio, Milei já havia anunciado que prepara para dezembro uma segunda versão da Lei de Bases, com as reformas previstas -a primeira foi aprovada em 2024 e foi conhecida como “lei-ônibus”, por incluir normas de diferentes áreas.

    Ao debater o Orçamento de 2026, o governo havia adiantado que a nova Lei de Bases vai propor “a inviolabilidade da propriedade privada; o superávit fiscal inegociável; a redução do gasto público para 25% do PIB [Produto Interno Bruto] e novas regras para a exploração de recursos naturais”.

    Milei disse também, sem dar detalhes, que o governo trabalha em um projeto de eliminação de impostos. “Para a [reforma] tributária temos um plano de reduzir 20 impostos agora, ampliar a base tributária, para que, ao baixar as alíquotas, a evasão não faça sentido. Em outras palavras, que as pessoas não querem ser informais. Mas, primeiro, deve haver uma modernização trabalhista, o que não implica perda de direitos”, disse o presidente.

    Milei planeja aproveitar respaldo das urnas para desengavetar reformas econômicas

  • Renan quer concluir votação de IR e ainda busca solução para tema não voltar à Câmara

    Renan quer concluir votação de IR e ainda busca solução para tema não voltar à Câmara

    Renan Calheiros (MDB- AL) quer concluir votação de IR até semana que vem e ainda busca solução para tema não voltar à Câmara

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Renan Calheiros (MDB- AL) afirmou nesta terça-feira (28) que o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil deve ter seu trâmite concluído no Senado na semana que vem, até dia 8 de novembro, no máximo. Ele é o relator do projeto na Casa.

    Segundo ele, havia um compromisso para que a proposta do governo Lula (PT) não levasse mais do que 30 dias de trâmite no Senado. Ela é considerada pelo Planalto um trunfo para a futura campanha eleitoral do petista e, na Câmara dos Deputados, levou 7 meses para ser aprovada, com a inclusão de pontos que não estavam originalmente previstos.

    Adversário político de Renan, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), relator do tema na Câmara, tem dito que todas as alterações foram feitas com aval da Fazenda.

    Apesar do prazo anunciado, Renan ainda não sabe como fará para encerrar o assunto no Senado sem a necessidade de o texto voltar para a Câmara. Isso porque qualquer alteração substancial provoca a volta da proposta para nova análise da Casa vizinha, o que Renan diz não querer de jeito nenhum.

    Renan diz que as inclusões feitas pela Câmara não têm a devida compensação financeira e quer resolver isso no Senado. Ele acredita que isso será possível em um projeto paralelo, separado do texto central do IR. “Vou apresentar a compensação. Fazer aqui no Senado o que eles deixaram de fazer na Câmara”, disse o emedebista à imprensa.

    Para isso, Renan estaria aguardando cálculos da Fazenda. A expectativa é que ele apresente seu relatório ainda nesta terça, após um encontro com o ministro Fernando Haddad.

    Além de prever isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês, a proposta determina a redução gradual da alíquota do IR para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350.

    Para compensar a renúncia fiscal, o projeto prevê a tributação de lucros e dividendos na fonte e a criação de um “imposto mínimo” de até 10% para pessoas com renda superior a R$ 600 mil por ano.

    Renan quer concluir votação de IR e ainda busca solução para tema não voltar à Câmara

  • Vou trocar ideias com Renan Calheiros sobre isenção do IR em almoço, diz Haddad

    Vou trocar ideias com Renan Calheiros sobre isenção do IR em almoço, diz Haddad

    Renan é crítico às mudanças feitas pela Câmara no textodo governo, e tem indicado a intenção de retirar as alterações

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (28) que vai tratar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o Projeto de Lei que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês. Um almoço entre os dois está marcado para esta tarde.

    Relator do texto no Senado, Renan é crítico às mudanças feitas pela Câmara no texto, e tem indicado a intenção de retirar as alterações, mas sem remeter o PL de volta para aprovação dos deputados. Isso poderia levar a questionamentos na Justiça.

    Haddad relatou que já houve uma reunião com Renan, e entre os secretários da Fazenda e a equipe técnica do senador.

    Vou trocar ideias com Renan Calheiros sobre isenção do IR em almoço, diz Haddad

  • Trump confirma, no Japão, que encontrará Xi Jinping na quinta-feira (30)

    Trump confirma, no Japão, que encontrará Xi Jinping na quinta-feira (30)

    Trump também defendeu que o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, “acalma os mercados” e que pensou nele para assumir a chefia do Federal Reserve

    O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou que encontrará o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na quinta-feira, 30, e disse que a reunião “correrá bem”. A declaração foi dada em discurso nesta terça-feira, 28, em jantar com empresários no Japão.

    O republicano ainda defendeu que o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, “acalma os mercados” e que pensou nele para assumir a chefia do Federal Reserve (Fed), mas enfatizou: “ele não quer”. Bessent é o responsável por realizar as entrevistas e guiar o processo dos candidatos para assumir o posto de Jerome Powell.

     

    Trump confirma, no Japão, que encontrará Xi Jinping na quinta-feira (30)

  • Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

    Neste mês, o programa de transferência de renda do governo federal alcançará 18,91 milhões de famílias, com gasto de R$ 12,88 bilhões; com adicionais, valor médio do benefício está em R$ 683,42

    A Caixa Econômica Federal paga nesta terça-feira (28) a parcela de outubro do Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 7.

    O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 683,42. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês, o programa de transferência de renda do governo federal alcançará 18,91 milhões de famílias, com gasto de R$ 12,88 bilhões.

    Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até 6 meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a gestantes e nutrizes (mães que amamentam), um de R$ 50 a cada filho de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a cada criança de até 6 anos. 

    No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

    Os beneficiários de 39 cidades receberam o pagamento na segunda-feira (20), independentemente do NIS. A medida beneficiou os moradores de 22 municípios do Acre afetados pela seca e de algumas cidades em quatro estados: Amazonas (três), Paraná (duas), Piauí (duas), Roraima (seis) e Sergipe (quatro).Essas localidades foram afetadas por chuvas ou por estiagens ou têm povos indígenas em situação de vulnerabilidade. A lista dos municípios com pagamento antecipado está disponível na página do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

    Desde o ano passado, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

    Regra de proteção

    Cerca de 1,89 milhão de famílias estão na regra de proteção em outubro. Essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até um ano, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. No mês, 211.466 famílias entraram na regra de proteção.

    Em junho, o tempo de permanência na regra de proteção foi reduzido de dois anos para um. No entanto, a mudança só abrange as novas famílias que entraram na fase de transição. Quem se enquadrou na regra até maio deste ano continuará a receber metade do benefício por dois anos.

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

  • Campos Neto diz que caso Master não representa risco sistêmico ao setor financeiro

    Campos Neto diz que caso Master não representa risco sistêmico ao setor financeiro

    Para ex-presidente do Banco Central, risco é de imagem para esse mercado; economista diz que atual gestão da autarquia faz análise correta sobre assunto

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (27) que o caso envolvendo a compra do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília) não representa um risco sistêmico ao setor financeiro do país.

    “Tem um consenso hoje de que não tem risco sistêmico, mas sim de imagem. É preciso preservar o sistema, e o Banco Central tem feito uma análise correta sobre o tema”, disse Campos Neto, chefe global de Políticas Públicas e vice-presidente do Nubank, em entrevista à GloboNews.

    A autarquia decidiu em setembro vetar a aquisição após avaliar um risco de sucessão, já que o BRB teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master, segundo profissionais ouvidos pela Folha de S.Paulo na ocasião.

    Campos Neto disse que ficou sabendo das negociações pela imprensa, e que até sua saída do BC, no fim do ano passado, o assunto não havia sido ventilado. Para o economista, a atual gestão do BC, hoje presidido por Gabriel Galípolo, tem feito um trabalho técnico sobre o assunto.

    Desde o veto, o banco de Daniel Vorcaro está sob pressão para evitar uma intervenção por parte do BC e, por isso, tem negociado empresas, participações societárias e imóveis.

    O Master precisa de cerca de R$ 300 milhões em outubro para manter o fluxo de pagamentos de seus CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e um pouco mais de R$ 1 bilhão nos meses de novembro e dezembro, segundo apurou a Folha de S.Paulo.

    Campos Neto diz que caso Master não representa risco sistêmico ao setor financeiro

  • Dólar cai e Bolsa renova recorde após encontro entre Lula e Trump

    Dólar cai e Bolsa renova recorde após encontro entre Lula e Trump

    O encontro entre Lula e Trump alimentou expectativa por acordo; na tarde desta segunda-feira (27), o dólar recuava 0,41%, a R$ 5,370, e o Ibovespa marcava alta de 0,46%, a 146.857 pontos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em queda nesta segunda-feira (27), com os investidores avaliando o resultado da reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no último domingo.

    Lula afirmou estar convencido de que o Brasil terá uma solução nos próximos dias em relação ao tarifaço imposto pelo republicano. “Ele garantiu que vai ter acordo”, declarou.

    A perspectiva de uma retomada das relações diplomáticas entre os dois países injeta otimismo no mercado de ativos brasileiros, favorecendo tanto o real quanto as empresas listadas na Bolsa.

    Às 16h03, o dólar recuava 0,41%, a R$ 5,370, e o Ibovespa marcava alta de 0,46%, a 146.857 pontos. Na máxima, o índice chegou a 147.976 pontos -novo recorde durante o perído de negociações.

    Lula e Trump se encontraram na tarde deste domingo (26), madrugada do Brasil, em Kuala Lumpur, na Malásia, onde participaram como convidados da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático).

    Segundo membros do governo, Trump estava aberto a Lula e entendeu pontos importantes, acolhendo a demanda de urgência das negociações, e o encontro foi extremamente positivo.

    “O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral que deve se iniciar hoje ainda [manhã desta segunda no Brasil], porque é para ser tudo resolvido em pouco tempo”, disse o chanceler Mauro Vieira. O pedido para que os negociadores dos dois governos falassem no mesmo dia veio de Lula e foi acolhido por Trump.

    “O diálogo foi franco, o presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para elevar tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil por causa do superávit da balança comercial para os Estados Unidos. Disse e repetiu isso diversas vezes.”

    Não há expectativa por parte do governo, porém, de que exista uma medida a ser divulgada hoje. A estimativa é que exista alguma resolução nas próximas semanas.

    Na análise de Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, o encontro representa um passo necessário para desescalar tensões que já afetaram setores importantes do mercado brasileiro. Para os investidores, no entanto, trata-se de uma oportunidade, e não de uma solução automática.

    A concretização desses avanços depende da etapa de negociações e, sobretudo, “da capacidade do Brasil de transformar essa janela diplomática em sinais concretos de previsibilidade econômica”, diz ele.

    “Se as equipes conseguirem um acordo com suspensão temporária de tarifas e caminhos claros para retirada gradual, veremos redução do prêmio de risco e janelas de compra atrativas; se ficar apenas no simbólico, a incerteza continuará comprimindo ativos e investimentos.”

    Ainda assim, o mercado vê o encontro com otimismo. Mesmo dependendo do avanço das negociações, a leitura dos investidores é que os dois países estão a caminho de uma solução para o conflito comercial -seja pela total eliminação das sobretaxas de 50% a produtos brasileiros, seja por uma diminuição da alíquota.

    Um possível acordo entre Estados Unidos e China também aumenta o apetite por ativos de risco. Trump afirmou que os dois países estão prontos para alcançar uma solução para o recente impasse sobre as exportações chinesas de terras raras, restringidas no começo do mês pelo governo Xi Jinping.

    Trump, em resposta, ameaçou a imposição de sobretaxas de 100% sobre produtos chineses. Os dois líderes devem se encontrar no final desta semana na Coreia do Sul.

    “Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, disse Trump, ao sair da Malásia. “A China está chegando e será muito interessante.”

    Além do tarifaço, o mercado se posiciona à espera da decisão de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) nesta semana.

    O comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) se reúne terça e quarta-feira para decidir sobre os juros norte-americanos. A expectativa é por mais um corte na taxa, hoje em 4% e 4,25%, dando continuidade à redução da reunião anterior. Operadores precificam quase 100% de probabilidade de um novo corte de 0,25 ponto percentual no próximo encontro, segundo a ferramenta CME FedWatch.

    Os dados de inflação de sexta-feira reforçaram a perspectiva. O CPI (Índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) alcançou 3% no acumulado de 12 meses até setembro -uma aceleração em relação aos 2,9% de agosto, mas abaixo das expectativas de 3,1% de economistas consultados pela Bloomberg.
    Para Eswar Prasad, economista da Universidade Cornell, o número da inflação “praticamente garante” um corte na taxa de juros na próxima reunião do Fed.

    Isso porque o BC dos EUA vê como mais arriscado a desaceleração do mercado de trabalho do que um repique inflacionário, e essa leitura deverá se manter no próximo encontro.

    Reduções nos juros dos Estados Unidos costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco. Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

    Em relação ao Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

    Dólar cai e Bolsa renova recorde após encontro entre Lula e Trump

  • Data centers já inflacionam conta de eletricidade nos EUA e Brasil pode seguir mesmo caminho

    Data centers já inflacionam conta de eletricidade nos EUA e Brasil pode seguir mesmo caminho

    País não recebeu supercomputador de big tech em escala comercial e território americano está no limite; indústria brasileira se prepara para receber máquinas da Nvidia com refrigeração líquida de chips

    PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Nos Estados Unidos, o preço da conta de energia em locais próximos a data centers chegou a disparar até 267% em relação ao que custava há cinco anos, mostra análise da Bloomberg, e o Brasil pode seguir o mesmo caminho, alerta o diretor brasileiro de uma multinacional de refrigeração baseado na Carolina do Norte, Frank Silva.

    A construção da infraestrutura para suportar os serviços de inteligência artificial elevou a parcela da geração elétrica dedicada a data centers de 1,9% em 2018 para 4,4% em 2023, mostra relatório do Berkeley Lab, que tem foco em análises sobre energia e impacto ambiental. O mesmo estudo projeta que, até 2028, essa parcela deve subir para algo entre 6,7% e 12%.

    Até 2017, o consumo desses espaços era mais ou menos constante, na casa de 60 TWh, contra o patamar de 176 TWh em 2023. Como base de comparação, todo o consumo doméstico dos 202 milhões de brasileiros foi 177,5 TWh.

    O que mudou foi a instalação das unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia nos servidores, cada máquina presente no data center. As entregas desse componente eletrônico, que processa muito mais dados ao preço de gastar mais energia e dissipar mais calor, começaram a subir também em 2017.

    Um dos requisitos para fazer funcionar essas GPUs é ter sistemas de resfriamento líquido direto nos chips, feito por máquinas chamadas de CDU. Multinacionais, como a Carrier e a Vertiv, fazem os primeiros movimentos para vender essas máquinas no Brasil.

    A Carrier vai apresentar sua tecnologia, compatível com as máquinas mais recentes da Nvidia, em evento do setor de data centers marcado para o início de novembro. Quando houver os primeiros pedidos, os sistemas de refrigeração de chips serão importados de fábricas da empresa nos EUA. “Se tiver demanda, podemos fabricar na unidade Midea Carrier de Canoas [na região metropolitana de Porto Alegre]”, disse João Paulo Oliveira, gerente de produtos da empresa no Brasil.

    Não se trata de uma tecnologia nova, afirmou o engenheiro hidráulico José Macléu da Silva. Ele trabalhou na assistência técnica da IBM entre 1987 e 1992, quando os mainframes da gigante americana utilizavam os chamados chips TTL, que dissipavam muito calor, assim como os chips da Nvidia, e precisavam de resfriamento líquido para não fritar.

    No final dos anos 1980, a IBM substituiu a tecnologia TTL por outra mais eficiente (MacOS), e as máquinas de resfriamento de chip caíram em desuso.

    Caso se confirme, a chegada desses equipamentos ao país alteraria o escopo do impacto ambiental dessas fábricas, como ocorreu nos Estados Unidos.

    A Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) calcula que exista 843 megawatts (MW) de potência instalada em data centers no Brasil, que representam 1,7% do consumo total de energia elétrica no país. Até 2029, a entidade projeta que esses números cresçam, respectivamente, para 2.192 megawatts e 3,6%.

    Os números não consideram o consumo dos data centers de grandes provedores de nuvem, como Google, Microsoft, Amazon e Huawei, que não divulgam informações sobre as suas operações.

    Hoje, o maior data center do Brasil em operação, localizado em Vinhedo, tem 61 MW. No mercado, se especula sobre a construção de data centers com potência instalada de até 900 MW em um só campus, com a chegada das máquinas de IA.

    Esses números colocariam essas unidades que se promete construir no Brasil entre as maiores do mundo. Na Noruega, o data center de Kolos, o que tem a maior potência instalada, segundo dados públicos, tem possibilidade de expansão para até 1.000 MW. Além da eletricidade gasta pelos próprios chips, as máquinas que mais consomem são justamente as responsáveis pela climatização do centro de processamento de dados.

    Diante da crescente demanda por processamento de dados ligada a maior oferta de produtos de inteligência artificial, os construtores de data centers enfrentam uma escolha de Sofia: adaptar todo o sistema de refrigeração, incluindo torres de resfriamento líquido, para ganhar eficiência em eletricidade (PUE), ou manter o sistema de troca de calor com o ar e gastar bem menos água -o que é medido pelo coeficiente de eficiência em água (WUE).

    As empresas se orientam por coeficientes como o PUE e o WUE, além da pegada de carbono, para definir seus projetos. Um data center de uma big tech nos Estados Unidos, por exemplo, pode preferir gastar mais água para compensar a pegada de carbono da eletricidade proveniente da queima de gás natural.

    Era o que estava planejado para um data center que o Google queria construir no Chile, que projetava um consumo anual de água de 7 bilhões de litros. As cifras assustaram a vizinhança, que se mobilizou e levou o gigante da tecnologia a desistir do projeto.

    No Brasil, isso não deve se repetir porque a Política Nacional de Data Centers, instituída por medida provisória do governo Lula, limita o gasto de água de data centers para conceder vantagens tributárias.

    Desistir da água, por outro lado, faz aumentar o consumo de eletricidade, que responde a cerca de 15% do gasto do complexo de processamento de dados.

    Enquanto um ar-condicionado com compressor a ar é capaz de resfriar até 600 toneladas de atmosfera, um equipamento de potência similar acoplado com torre de evaporação (em que há dissipação de água no ambiente) resfria até 4.000 toneladas. Uma solução intermediária, com torre de água em circuito fechado (sem evaporação), resfria até 2.000 toneladas, de acordo com a Carrier.
    Em relatório entregue a autoridades em agosto, a Brasscom argumenta que outros setores gastam mais do que os data centers. A metalurgia, por exemplo, já representa 9% do consumo de eletricidade no Brasil.

    Porém, a Agência Internacional de Energia mostra que os data centers tendem a se concentrar em regiões, onde há vantagens regulatórias, de conectividade e grande disponibilidade de mão de obra especializada. Esse comportamento pode levar a situação reportada pela Bloomberg, em que certas cidades americanas viram o preço da conta de eletricidade quase triplicar.

    Como o sistema de distribuição e de cobrança de eletricidade no Brasil é diferente, é difícil estimar se esse padrão se repetiria no país. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e grupos interessados no mercado já discutem quem vai pagar pelos investimentos necessários na rede de distribuição para receber data centers no país e parte disso pode sobrar para os outros consumidores.

    Data centers já inflacionam conta de eletricidade nos EUA e Brasil pode seguir mesmo caminho

  • Alckmin: reunião de Lula e Trump destrava negociações técnicas

    Alckmin: reunião de Lula e Trump destrava negociações técnicas

    Presidente em exercício reafirmou que a principal prioridade do governo brasileiro é a retirada da sobretaxa de 40% aplicada pelos Estados Unidos a produtos nacionais desde agosto

    A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, marcou o “passo mais importante” na reaproximação entre os dois países, disse nesta segunda-feira (27) o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).

    O encontro ocorreu no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, e foi o primeiro diálogo direto entre os dois líderes desde que Trump voltou à Casa Branca. Segundo Alckmin, o gesto político abriu caminho para destravar as negociações sobre tarifas, investimentos e cooperação econômica.

    “O passo político foi dado com brilho e louvor. Agora é hora de avançar no lado técnico e estabelecer a pauta de trabalho”, disse Alckmin a jornalistas, em entrevista na portaria da Vice-Presidência da República, em Brasília. 

    Prioridade é o fim do tarifaço

    O vice-presidente reafirmou que a principal prioridade do governo brasileiro é a retirada da sobretaxa de 40% aplicada pelos Estados Unidos a produtos nacionais desde agosto. Alckmin voltou a dizer que a medida, que afeta setores industriais e do agronegócio, é considerada “inadequada”.

    “Essas tarifas de 10% [impostas em abril] mais 40% [impostas no fim de julho] são totalmente desproporcionais. A tarifa média do Brasil para os Estados Unidos é de apenas 2,7%. Precisamos resolver isso rapidamente”, afirmou.

    Segundo o Ministério do Desenvolvimento, cerca de 34% dos US$ 40 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA no último ano foram impactados pelas sobretaxas. Em julho, a pasta tinha divulgado que o percentual tinha ficado em 35,9%, mas o número foi revisado levemente para baixo.

    O governo trabalha agora em duas frentes: pedir a suspensão temporária das tarifas durante as negociações técnicas e ampliar a lista de produtos isentos. Entre os itens que o Brasil tenta incluir na lista de exceções está o café, hoje sujeito a uma tarifa de até 50%.

    Negociações e próximos passos

    Alckmin coordena o grupo responsável pelas negociações com Washington, ao lado dos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa é de que equipes técnicas dos dois países se reúnam nas próximas semanas.

    Durante viagem ao Japão nesta segunda, Trump classificou o encontro com Lula, ocorrido no domingo (26) na Malásia, como “muito bom”. O presidente estadunidense, no entanto, evitou prometer o fim imediato das tarifas. “Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas veremos. Eles gostariam de fazer um acordo”, disse Trump.

    Lula, por sua vez, afirmou que Brasil e Estados Unidos devem “fazer um bom acordo” nas próximas rodadas de negociação.

    Datacenters

    Além da pauta tarifária, Alckmin destacou que os dois governos discutem temas não tarifários, como a instalação de datacenters (centros de dados) no Brasil e a atração de investimentos em energia renovável.

    O vice-presidente voltou a defender a aprovação da medida provisória dos datacenters, editada em setembro, que cria regras para o setor e é considerada essencial para atrair capital estrangeiro.

    “Essa iniciativa pode atrair investimentos, especialmente diante da escassez global de energia. O Brasil tem abundância de fontes limpas e renováveis”, disse.

    Nova fase diplomática

    Alckmin encerrou a entrevista classificando o gesto entre Lula e Trump como “um marco político que reposiciona o Brasil no cenário internacional”.

    “Foi uma importantíssima aproximação entre as duas maiores democracias do Ocidente. Agora começa uma fase importante para aprofundar os laços e buscar oportunidades concretas”, concluiu.

    Alckmin: reunião de Lula e Trump destrava negociações técnicas

  • Projeção do Focus de crescimento do PIB de 2025 passa de 2,17% para 2,16%

    Projeção do Focus de crescimento do PIB de 2025 passa de 2,17% para 2,16%

    A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 também diminuiu, de 1,80% para 1,78%. Um mês antes, era de 1,80%. Considerando só as 77 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,93% para 1,77%

    A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 oscilou de 2,17% para 2,16%. Um mês antes, era de 2,16%. Considerando apenas as 79 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a estimativa caiu de 2,21% para 2,15%.

    O Banco Central diminuiu a sua estimativa de crescimento da economia brasileira este ano, de 2,1% para 2,0%, no Relatório de Política Monetária (RPM) do terceiro trimestre. Segundo a autarquia, a redução ocorreu devido aos efeitos, ainda incertos, do aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos da América, e a sinais de moderação da atividade econômica no terceiro trimestre. Esses fatores, porém, foram parcialmente compensados por prognósticos mais favoráveis para a agropecuária e para a indústria extrativa, disse.

    A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 também diminuiu, de 1,80% para 1,78%. Um mês antes, era de 1,80%. Considerando só as 77 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,93% para 1,77%.

    A mediana para o crescimento do PIB de 2027 passou de 1,82% para 1,83%. Quatro semanas antes, era de 1,90%. A estimativa intermediária para 2028 ficou estável, em 2,00%, pela 85ª semana seguida.

    Projeção do Focus de crescimento do PIB de 2025 passa de 2,17% para 2,16%