Categoria: ECONOMIA

  • Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

    Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

    O IBGE divulgou que a taxa de ocupação no trimestre encerrado em junho ficou em 5,8%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012

    Vagas de trabalho em atividades ligadas à educação ajudaram o Brasil a registrar no segundo trimestre deste ano a menor taxa de desemprego já apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

    Na quinta-feira (31), o instituto divulgou que a taxa de ocupação no trimestre encerrado em junho ficou em 5,8%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. O mercado de trabalho brasileiro alcançou 102,3 milhões de trabalhadores ocupados, também recorde na série.

    O IBGE destacou que, na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, dos dez grupamentos de atividade, nove apresentaram estabilidade, ou seja, alta ou queda não expressivas, e apenas uma marcou expansão, o grupamento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. 

    Nessa atividade, o número de ocupados chegou a quase 18,9 milhões, acréscimo de 4,5% em relação ao primeiro trimestre. Isso representa que 807 mil pessoas conseguiram trabalho. Esse grupamento de atividade é o segundo com mais postos, perdendo apenas para o de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 19,5 milhões de vagas ocupadas.

    Ano escolar

    Dentro da atividade administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, foi a educação pública e privada que puxou as contratações. São vagas para professores, serventes, inspetores e porteiros, por exemplo, concentradas principalmente nas prefeituras.

    A coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, explica que há um caráter sazonal, isto é, relacionado à época do ano. A administração pública costuma dispensar trabalhadores na passagem de dezembro para janeiro, recontratando depois, principalmente a partir de março, quando retorna o calendário letivo nas escolas, sobretudo do ensino fundamental.

    “Além disso, também as atividades de saúde contribuíram para esse crescimento, mas, de fato, o segmento da educação é bastante relevante nesse processo de recuperação aqui nesse [segundo] trimestre”, disse.

    Como se comportaram os demais grupamentos de atividades na comparação entre os primeiro e segundo trimestres:

    • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 126 mil vagas (1,7%)
    • Indústria geral: 163 mil vagas (1,2%)
    • Construção: menos 14 mil vagas (queda de 0,2%)
    • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 258 mil vagas (1,3%)
    • Transporte, armazenagem e correio: 123 mil vagas (2,1%)
    • Alojamento e alimentação: menos 55 mil vagas (queda de 1%)
    • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 223 mil vagas (1,7%)
    • Serviços domésticos: 60 mil vagas (1,1%)
    • Outros serviços: 101 mil vagas (1,9%)

    Série atualizada

    A Pnad Contínua divulgada em 31 de julho é a primeira com a nova amostra representativa de domicílios, baseada em constatações do Censo 2022.

    As revelações do censo fizeram o IBGE reponderar a amostra, de forma que toda a série histórica da Pnad precisou ser revista, um procedimento comum em diversos países.

    No entanto, de acordo com Adriana Beringuy, não houve diferença, sendo que em muitos casos a taxa é a mesma.

    “A dinâmica do mercado de trabalho foi a mesma”, explicou.

    Dos 159 trimestres móveis pesquisados desde 2012, apenas 25 tiveram a taxa de desocupação alterada, sendo que a variação não passou de 0,1 ponto percentual para mais ou para menos.

    Desde outubro de 2021, nenhum trimestre sequer sofreu alteração. Assim como na série antiga, o maior índice de desemprego foi de 14,9%, atingido em dois períodos: nos trimestres móveis encerrados em setembro de 2020 e em março de 2021, ambos durante a pandemia da covid-19.

    Vagas na área de educação fazem o desemprego ser o menor já registrado

  • Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

    Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

    No começo da tarde, a moeda norte-americana caía 0,93%, cotada a R$ 5,547

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em forte queda nesta sexta-feira (1º), com investidores repercutindo dados de emprego dos Estados Unidos bem mais fracos do que o esperado. O mercado ainda pesa o tarifaço do presidente Donald Trump, principal pauta nas mesas de operação.

    Às 12h32, a moeda norte-americana caía 0,93%, cotada a R$ 5,547. A cotação do Ibovespa, por outro lado, está fora do ar desde o início do pregão devido a um problema técnico.

    A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou bem abaixo das projeções no último mês de julho: foram abertos 73 mil postos, ante expectativa de 110 mil. A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

    Além disso, houve uma revisão dos dados do mês de junho. Em vez de 147 mil vagas, como reportado anteriormente, foram criadas apenas 14 mil.

    Na análise do economista sênior do Inter, André Valério, o resultado do “payroll” (folha de pagamento, em inglês) sugere uma economia paralisada pela incerteza em torno da política comercial de Trump.

    “A tendência de desaceleração do mercado de trabalho americano é clara”, afirma. “Toda a incerteza gerada pelo ‘dia da liberação’ parece ter contribuído para a paralisação nas contratações, o que tem sido evidenciado nas revisões para baixo.”

    Os dados sucedem a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) pela manutenção da taxa de juros no atual patamar de 4,25% e 4,5%. Em entrevista coletiva após a reunião, o presidente Jerome Powell viu o mercado de trabalho em um ponto de equilíbrio devido ao declínio simultâneo de oferta e demanda, embora tenha reconhecido que essa dinâmica “sugere um risco de queda”.

    Até então, a leitura do mercado era de que os juros não seriam cortados em setembro. Com os dados do payroll nesta sexta, as apostas estão de volta à mesa, e o próximo relatório de emprego deverá ditar se haverá ou não o início do ciclo de afrouxamento monetário.

    A decisão pela manutenção dos juros não foi unânime entre os membros do comitê: dois diretores defenderam um corte de 0,25 ponto percentual, e houve uma abstenção.

    “Vale destacar que membros do Fed emitiram declarações sobre suas discordâncias, e o tom delas indicou que não há motivos claros para sustentar as taxas nos patamares atuais”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

    As declarações destacaram “que cortes de juros poderiam prejudicar o mercado de trabalho e que a criação de emprego no setor privado está ‘estagnada’, minimizando também o impacto das tarifas sobre a inflação”, afirma Shahini.

    O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, baliza as decisões de política monetária a partir dos dados de desemprego e de inflação. O objetivo é atingir o pleno emprego e levar a inflação à meta de 2% ao ano.

    Quanto maiores as taxas de juros nos Estados Unidos, mais o mercado tende a direcionar investimentos para lá, já que os retornos ligados à renda fixa norte-americana ficam mais atrativos -o que fortalece o dólar. O inverso também é verdadeiro: sinalizações de queda nos juros levam os operadores a retirar recursos dos EUA e direcioná-los a outros ativos, o que enfraquece a moeda.

    A pauta comercial, porém, segue no radar. Trump assinou uma medida na noite de quinta impondo tarifas de 10% a 41% sobre dezenas de países e mudando o início do tarifaço para dia 7 de agosto.

    O vizinho Canadá será taxado em 35% já a partir desta sexta, conforme ameaçado por Trump em carta enviada neste mês. Antes, a tarifa do país era de 25%. O aumento, segundo a Casa Branca, foi devido em parte ao fracasso em interromper o fluxo de fentanil na fronteira.

    Entre as sobretaxas do decreto que atinge 69 parceiros comerciais, estão 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul e 15% para a Venezuela. Índia e Taiwan serão alvo de uma tarifa de 25% e 20%. Lesoto, que havia sido ameaçado com uma taxa de 50%, ficou com 15%.

    O Brasil é listado com uma tarifa de 10%, mas na quarta-feira Trump assinou medida que implementa uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros, elevando o valor total da sobretaxa para 50%, a maior até o momento. Apesar da taxa, o país se beneficiou de uma isenção para cerca de 700 produtos exportados aos EUA.

    O texto afirma que alguns parceiros comerciais, “apesar de terem se envolvido em negociações, ofereceram termos que, em meu julgamento, não resolvem os desequilíbrios em nosso relacionamento comercial ou não se alinharam com os EUA em questões econômicas e de segurança nacional.”

    As novas tarifas retomam o chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, quando Trump anunciou pela primeira vez o tarifaço sobre dezenas de países. A reação negativa na ocasião fez o presidente americano suspendê-las na semana seguinte, impondo no lugar uma cobrança temporária de 10% enquanto buscava acordos com os países alvo. O prazo, adiado duas vezes, se encerraria nesta sexta.

    No período, Trump chegou a uma trégua com a China após as tarifas entre os dois países superarem 100% e celebrou acordos com o Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, alguns de seus principais parceiros comerciais.

    No caso do Brasil, a sobretaxa temporária de 10% deu lugar no início de julho a uma ameaça de 50%. O presidente americano havia dito em carta e confirmou no decreto desta quarta que parte dos motivos para aplicar sobretaxas ao país seria o que vê como “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Após a confirmação das sobretaxas às exportações brasileiras, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve tentar ampliar a lista de exceções para poupar mais empresas do tarifaço do republicano. Os negociadores esperam que as tratativas se arrastem por um longo período.

    Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo do ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

    A posição no governo Lula é que as discussões sobre os assuntos econômicos devem se manter e até se intensificar, independentemente das sanções financeiras impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Dólar tem forte queda após dados de emprego dos EUA ficarem abaixo do esperado

  • Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

    Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

    O ministro afirmou que há opção no mercado interno para parte dos produtos que eram enviados aos EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (1º) que o objetivo do Brasil continua sendo mais parcerias com os Estados Unidos, após a imposição de tarifas de 50% pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre as exportações de produtos brasileiros aos EUA.

    Em entrevista a jornalistas em Brasília, Haddad afirmou que há opção no mercado interno para parte dos produtos que eram enviados aos EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”.

    Na última quinta-feira (31), Haddad afirmou que há muita injustiça na sobretaxa de 50% e que o governo brasileiro vai recorrer da decisão de Trump.

    “Vamos recorrer nas instâncias devidas, tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais, recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar”, afirmou. “Isso não interessa à América do Sul, nós estamos no mesmo continente, nós estamos buscando mais integração, mais parceria.”

    O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também busca ampliar a lista de exceções para poupar mais empresas do tarifaço do republicano. Os negociadores esperam que as tratativas se arrastem por um longo período.

    Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo de Haddad com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

    O entendimento no governo Lula é que a lista de exceções de produtos brasileiros traz alívio para setores exportadores estratégicos, como o da aviação. Há preocupação, no entanto, em relação aos impactos sobre exportadores de médio e pequeno porte.

    Haddad diz que Brasil continua buscando parcerias com EUA

  • Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

    Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

    Casa Branca anuncia que Canadá não fez “mais para prender, apreender, deter ou intercetar traficantes, criminosos em liberdade e drogas ilícitas”

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva aumentando a tarifa sobre produtos canadenses de 25% para 35%. “O Canadá não cooperou para conter o fluxo contínuo de fentanil (uma droga sintética) e outras drogas ilícitas e retaliou contra os Estados Unidos pelas ações do presidente para lidar com essa ameaça incomum e extraordinária aos Estados Unidos”, diz comunicado da Casa Branca divulgado nesta quinta-feira, 31.

    “Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa sobre o Canadá de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente”, diz documento.

    A Casa Branca observou, contudo, que mercadorias qualificadas para tratamento tarifário preferencial sob o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) continuam não sujeitas às tarifas do Ieepa Canadá. A Ieepa é a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, que Trump tem invocado para conseguir as taxas extras a seus parceiros comerciais.

    Em caso de desrespeito, mercadorias transbordadas para fugir da tarifa de 35% estarão sujeitas, em vez disso, a uma tarifa de transbordo de 40%, disse a Casa Branca.

    Trump eleva tarifas do Canadá para 35% por falta de cooperação no combate às drogas

  • Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

    Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

    A notificação foi feita depois de a Petrobras anunciar uma redução de 14% no preço da molécula de gás fornecida às distribuidoras

    O secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous informou hoje (31) que notificou as distribuidoras de gás natural canalizado e gás natural veicular, o GNV, para que elas expliquem os preços cobrados dos consumidores. A notificação foi feita depois de a Petrobras anunciar uma redução de 14% no preço da molécula de gás fornecida às distribuidoras. A redução começa a valer a partir de amanhã (1º).  

    Damous afirmou durante entrevista à Voz do Brasil, que apesar da redução no preço médio da molécula ter sido de cerca de 32%, desde 2022, o repasse médio ao consumidor tem variado de 1% a 4%. 

    “Decidimos notificar as distribuidoras para que elas expliquem essa situação. A Petrobrás reduziu em 14% os preços e, praticamente, elas vão manter o preço dos que os consumidores já pagam “, disse. 

    O secretário quer que as empresas expliquem porque o percentual de redução está em um patamar tão ínfimo para os consumidores. Caso a resposta não seja satisfatória, o governo estuda aplicar sanções.

    “Se ficar configurado para nós que elas estão praticando preços abusivos, que elas estão aumentando a margem de lucro às custas do consumidor final, vamos instaurar processo administrativo sancionador”, advertiu Damous.

    O secretário disse ainda que os consumidores podem auxiliar, fazendo denúncias aos Procons e também denunciando nos canais da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

    A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP, também foi notificada para colaborar com dados técnicos.

    Foram notificadas a Companhia de Gás de São Paulo, a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, a Companhia de Gás de Santa Catarina, a Companhia Paraense de Gás, a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul, a Gás Brasiliano Distribuidora S.A., a Sinergás GNV do Brasil Ltda., a Eco Comercializadora de GNV S.A., a GNV Anel Ltda., Gás Natural Açu S.A. e a Golar Power Brasil Participações S.A.

    Secretaria do Consumidor vai fiscalizar preços do gás natural

  • Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço

    Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço

    Nesta última quarta (30), Trump assinou o decreto que formalizou a aplicação da tarifa de 50% aos produtos brasileiros que vão para os EUA, com exceção de quase 700 itens

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31) que o plano de amparo a setores da economia brasileira afetados pela tarifa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está quase pronto e que as negociações entram em sua etapa mais forte a partir de agora.

    “Aqueles 35,9% [das exportações] que foram atingidos de fato pela tarifa, nós vamos lutar pra diminuir. Não damos isso como assunto encerrado. A negociação começa mais forte agora”, disse Alckmin, em entrevista ao programa Mais Você.

    Nesta última quarta (30), Trump assinou o decreto que formalizou a aplicação da tarifa de 50% aos produtos brasileiros que vão para os EUA, com exceção de quase 700 itens, entre eles suco e polpa de laranja, alguns minérios e equipamentos de tecnologia.

    “Esse plano está praticamente pronto e foca no emprego, preservar o emprego e a produção. Agora, tivemos ontem o tarifaço, então o presidente Lula (PT) vai bater o martelo porque isso tem impacto de natureza financeira, tributária”, diz.

    O percentual citado por Alckmin, de número de exportações afetadas pela tarifa americana, faz parte de um estudo feito pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), pasta na qual é ministro.

    Em nota divulgada horas mais tarde, o Mdic informou que o cálculo considera que, da fatia poupada das exportações, 44,6% ficaram de fora da nova tarifa anunciada (o que inclui aeronaves, suco e outros itens), enquanto 19,5% estão abarcadas na seção 232, que contempla, por exemplo, os setores de aço e alumínio, já sobretaxados em 50% desde junho.

    “Estão expressamente excluídas da cobertura da ordem executiva, assinada na quarta-feira, 45% das vendas brasileiras para o mercado americano (US$ 18 bilhões em 2024)”, disse o Mdic. “A maior parte das exportações brasileiras (64,1%) segue concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes.”

    O comunicado afirmou ainda que produtos em trânsito não serão afetados pelo tarifaço. Segundo o ministério, a decisão de Trump “exclui da majoração tarifária mercadorias que tenham sido embarcadas, no Brasil, até 7 dias após a data da ordem executiva, observadas as condições previstas”.

    De acordo com o vice-presidente, a perspectiva é de que a inflação caia, mesmo com o aumento da tarifa, pois fatores como o preço do dólar e uma grande safra devem auxiliar a baixar preço de alimentos, por exemplo.

    “Uma supersafra também ajuda a derrubar preço de comida. Então é importante um clima bom. A gente precisa ficar atento ao dólar, então não deixar escalar a crise para não subir o dólar, porque o dólar reflete muito rápido no processo inflacionado”, explica Alckmin. “Mas eu diria que a tendência da inflação é cair. Ela deve ser reduzida, Já começou por alimentos. [O setor de] serviços ainda resiste um pouco mais, mas estou otimista com a questão inflacionária.”

    A aplicação da tarifa começa a valer a partir da semana que vem. Os 50% substituem os 10% que já haviam sido anunciados por Trump a diversos países, dentre eles o Brasil.

    Desde o começo dos anúncios, Alckmin está representando o Brasil na negociação com os EUA. Ao mesmo tempo, por também estar à frente do Mdic, Alckmin vem se reunindo com empresários e representantes de setores da indústria, do agronegócio, da tecnologia e outros segmentos para tratar dos impactos da medida americana na economia brasileira.

    Após as reuniões, o vice-presidente concede falas quase que diariamente a coletivas de imprensa, em que faz um balanço do que foi discutido com os representantes.

    Com a escolha desta quinta por falar a um programa matinal, o governo mirou em um contato com um público mais amplo, adotando uma linguagem mais simplificada sobre o tema. O vice-presidente comeu coxinhas e mostrou meias com temática de café durante a conversa, em tom descontraído.

    Na entrevista, Alckmin evitou detalhar medidas previstas no plano de amparo aos setores e de contingenciamento, além de ter respondido a perguntas de espectadores acerca do tarifaço enquanto tomava café da manhã, quadro tradicional conduzido pela apresentadora Ana Maria Braga.

    De acordo com o governo, as tentativas de diálogo com os americanos já duram meses, o que incluiu o envio de duas cartas oficiais ao país, sem retornos.

    O principal contato com os EUA, segundo o vice-presidente, tem sido com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, com quem reiterou a disposição do governo brasileiro de negociar para evitar a sobretaxa.

    Na carta em que antecipou o anúncio de 50%, Trump usou como justificativa para a sobretaxa o tratamento da justiça brasileira ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), acusando o Brasil de perseguição pelos processos enfrentados por ele no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Lula e a equipe do governo, no entanto, já afirmaram que as decisões do Judiciário e aspectos da política interna brasileira não estão abertos a negociação, e condenaram a contaminação política na relação econômica feita pelo americano.

    Diferentes setores ainda avaliam o impacto das tarifas. A Abal (Associação Brasileira do Alumínio) afirmou que, em uma análise preliminar, a nova tarifa não será cumulativa à alíquota de 50% vigente desde junho. A entidade afirma que, apesar disso, “os impactos já são expressivos” pois os EUA são o terceiro principal destino das exportações da indústria brasileira de alumínio (atrás apenas de Canadá e Noruega).

    De acordo com a entidade, os prejuízos totais ao setor poderão alcançar US$ 210 milhões (R$ 1,15 bilhão), considerando os efeitos diretos já contabilizados e as estimativas até o fim do ano.

    Negociação fica mais forte agora, e assunto não está encerrado, diz Alckmin sobre tarifaço