Categoria: POLÍTICA

  • Pesquisa Genial/Quaest aponta que 49% acreditam que uso da Magnitsky contra Moraes é injusta

    Pesquisa Genial/Quaest aponta que 49% acreditam que uso da Magnitsky contra Moraes é injusta

    39% consideram a sanção contra Moraes justa; a pesquisa ouviu 2.004 eleitores de 13 a 17 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, com nível de confiança de 95%

    Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 25, mostra que 49% dos entrevistados consideram injusta a aplicação da Lei Magnitsky por parte do governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Outros 39% consideram a sanção contra Moraes justa.

    Apesar de a maioria dos entrevistados afirmar que a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes foi injusta, o mesmo levantamento mostra que há uma maioria de pessoas que defendem o impeachment do ministro do STF.

    Quando questionados se são a favor do afastamento de Moraes da Suprema Corte, 46% dizem ser a favor e 43%, contra. Entre os evangélicos, os favoráveis ao impeachment chegam a 55%, contra 32% contrários.

    Mesmo entre os que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2022 há um porcentual expressivo que apoia o afastamento de Moraes: 22%, ante 68% que se dizem contrários. Entre os que votaram em Bolsonaro, 82% dizem ser favoráveis à cassação de Moraes, enquanto 10% dizem ser contra.

    Sobre o uso da Magnitsky contra Moraes, a pesquisa mostra que o porcentual dos que consideram a aplicação justa varia, de acordo com a pesquisa, a partir dos recortes feitos e segue, a grosso modo, o viés político dos cidadãos. Entre evangélicos, por exemplo, grupo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro conta com um apoio consistente nos últimos anos, 49% consideram a punição justa e 37% consideram injusta.

    Entre os que dizem ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2022, 75% consideram a punição justa, enquanto 18% dizem que ela foi injusta. Entre os que dizem ter votado em Lula, apenas 17% afirmam que a sanção contra Moraes é justa, enquanto 72% acreditam ter sido injusto.

    A Lei Magnitsky foi aprovada nos Estados Unidos em um contexto de tensões com a Rússia. O nome da lei é em homenagem a Sergei Magnitsky, advogado tributário russo morto em 2009 em uma prisão em Moscou. A lei foi aprovada como um instrumento de sancionar autoridades russas ligadas ao assassinato de Magnitsky. O objetivo era estabelecer formas de punir pessoas em todo mundo por violações de direitos humanos ou corrupção por meio do congelamento de bens nos Estados Unidos, proibição de entrada no país, entre outros.

    O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, no fim de julho, a sanção contra Moraes com a Lei Magnistky. Segundo o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, “Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil”.

    A pesquisa ouviu 2.004 eleitores de 13 a 17 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, com nível de confiança de 95%.

    Pesquisa Genial/Quaest aponta que 49% acreditam que uso da Magnitsky contra Moraes é injusta

  • Maioria dos brasileiros considera prisão domiciliar de Bolsonaro justa, diz pesquisa

    Maioria dos brasileiros considera prisão domiciliar de Bolsonaro justa, diz pesquisa

    A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos entre 13 e 17 de agosto em 120 municípios

    Mais da metade dos brasileiros (55%) acredita que a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi justa, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 25. O levantamento ainda mostra que 39% dizem que a prisão é injusta, enquanto 6% não sabe ou não respondeu.

    A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos entre 13 e 17 de agosto em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais e para menos.

    Os evangélicos são um dos poucos segmentos em que a maioria crê que a prisão de Bolsonaro é injusta. A pesquisa aponta que 57% deles dizem isso, enquanto 38% afirmam que a prisão é injusta. Cinco porcento não sabe ou não respondeu.

    Entre os que votaram branco no segundo turno da eleição presidencial de 2022, 57% dizem que prisão foi justa ante 31% que pensam o contrário. Segundo a pesquisa, 15% de quem votou Bolsonaro naquele ano acreditam que a prisão é justa. Desse grupo 83% acreditam que a prisão foi injusta.

    O levantamento também perguntou aos entrevistados por que Bolsonaro participou da chamada de vídeo – motivo o qual o levou à prisão domiciliar.

    Para 57% dos brasileiros, o ex-presidente queria provocar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e fez isso de propósito.

    Já 30% dizem que Bolsonaro não compreendeu as regras importas pelo magistrado e errou. Os que não sabem ou não responderam são 13%.

    Pelo menos nessa pergunta, os evangélicos que acreditam que Bolsonaro provocou Moraes estão numericamente acima (45% ante 41%).

    A Genial/Quaest já fez outras duas pesquisas em que pergunta aos brasileiros se eles acreditam que Bolsonaro participou do plano de tentativa de golpe. Hoje, os que assim acreditam são 52%, uma oscilação para cima em relação aos 49% de março de 2025.

    Os que responderam não a essa pergunta são 36%, também uma oscilação para cima em comparação aos 35% de março. Dez por cento não sabem ou não responderam, enquanto 2% dizem que não houve tentativa de golpe.

    Entre os que não tem posicionamento, a maioria é daqueles que acreditam que Bolsonaro participou de plano de tentativa de golpe.

    Eles são 58% ante 25% que pensam o contrário. Outros 2% dizem que não houve tentativa de golpe e 15% não sabem ou não responderam

    Maioria dos brasileiros considera prisão domiciliar de Bolsonaro justa, diz pesquisa

  • Cid vê benefícios da delação sob risco em julgamento após vaivém da colaboração

    Cid vê benefícios da delação sob risco em julgamento após vaivém da colaboração

    A PGR diz que Mauro Cid teve “papel relevante em reuniões estratégicas com militares com formação especializada” para operacionalizar o golpe de Estado

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O tenente-coronel Mauro Cid chega ao julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a trama golpista com o risco de perder os benefícios acertados com a Polícia Federal há dois anos em sua delação premiada.

    Ele decidiu se tornar o primeiro militar delator da história do país após ver o cerco da Polícia Federal se fechar contra seu pai, o general Mauro Lourena Cid, envolvido na venda de presentes de Estado recebidos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

    Mauro Cid foi à Polícia Federal acompanhado de seus advogados com a proposta de acordo de colaboração premiada exatas duas semanas após Lourena Cid ser alvo de buscas.

    Segundo o acordo, em troca de falar tudo que testemunhou na reta final do governo, Cid seria condenado a uma pena curta e evitaria impactos judiciais para seus familiares.

    A delação, porém, foi marcada pelo vaivém do militar. Ele não compartilhou informações importantes para a investigação nos primeiros depoimentos e mudou de versão sobre figuras-chave no processo, como o ex-ministro Walter Braga Netto.

    A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao Supremo a condenação de Mauro Cid pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, associação criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio privado.

    Paulo Gonet sugere ainda que os benefícios sejam mantidos, mas em grau menor. Cid queria no máximo dois anos de reclusão, e a PGR pede a redução de somente um terço da pena.

    Veja tudo que pesa contra Mauro Cid, segundo a denúncia:

    REUNIÃO COM BRAGA NETTO

    A PGR diz que Mauro Cid teve “papel relevante em reuniões estratégicas com militares com formação especializada” para operacionalizar o golpe de Estado. Um desses encontros, segundo a acusação, teria ocorrido na casa do ex-ministro Walter Braga Netto, em 12 de novembro de 2022.

    “O réu confessou ter sido o responsável por agendar reunião com outros militares […] na casa do general Braga Netto, com o objetivo de planejar ação de forte impacto social que justificasse a decretação do estado de exceção”, afirma Gonet.

    A acusação diz que o encontro serviu para que o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira e Braga Netto dessem início ao planejamento para uma missão chamada Copa 2022, cujo objetivo era neutralizar o ministro Alexandre de Moraes.

    A defesa nega ao Supremo que Cid tivesse conhecimento do plano Copa 2022 e diz que esse trecho da acusação é o “mais complexo em sentido de prova nos autos”.

    REUNIÃO COM “KIDS PRETOS”

    A PGR diz que Mauro Cid se reuniu com militares com formação nas Forças Especiais –os chamados “kids pretos”– para elaborar uma carta aberta pressionando o comandante do Exército a “aderir ao golpe que vinha sendo planejado”.

    O encontro ocorreu em 28 de novembro de 2022, momento em que os militares se encontravam em Brasília para assessorar os generais do Alto Comando reunidos na capital federal.

    Segundo a acusação, a “pauta da reunião, como visto, foi documentada por WhatsApp e não deixa dúvidas de seu caráter golpista”. “A carta aberta, sabidamente subversiva à hierarquia interna, foi divulgada na internet no mesmo dia da reunião”, diz.

    O Exército realizou uma sindicância e identificou quatro autores do documento. No entanto, nenhum deles participou da reunião indicada na denúncia.

    A defesa de Mauro Cid não cita a reunião em suas alegações finais. Em depoimento, o tenente-coronel disse que no encontro não se discutiu golpe de Estado nem planos para pressionar os chefes das Forças a apoiar os planos golpistas de Bolsonaro.

    “Eu gostaria de caracterizar essa reunião como conversa de bar. Bate-papo de bar. Ninguém apresentou documento, ninguém sentou para organizar [a pressão contra os comandantes militares]”, disse Cid.

    Porta-voz de Bolsonaro

    A Procuradoria apresenta versões diferentes sobre a posição de Mauro Cid na trama golpista. No início das alegações finais, diz que o militar tinha “menor autonomia decisória” e atuava como “porta-voz de Jair Messias Bolsonaro, transmitindo orientações aos demais membros do grupo”.

    Em outro trecho do mesmo documento, a PGR diz que Cid tinha posição estratégica e foi uma “figura decisiva nos planos e ações da organização criminosa”. “Sua atuação foi fundamental para viabilizar, de forma prática, os objetivos delineados pela organização criminosa”, completa.

    A defesa diz que o vínculo funcional entre o ex-ajudante de ordens e o ex-presidente não é suficiente para colocar o militar dentro da organização criminosa. Ela argumenta que Mauro Cid tinha “papel coadjuvante como ajudante de ordens […], sem poderes decisórios ou influência no planejamento de eventos que a PGR aponta serem criminosos”.

    OMISSÕES NA DELAÇÃO

    Paulo Gonet afirma que Mauro Cid omitiu informações importantes para a investigação em seus depoimentos à Polícia Federal -com destaque para uma suposta blindagem inicial a Braga Netto, a quem acusou somente no final do processo de ter entregue dinheiro vivo para viabilizar os planos golpistas.

    As contradições de Cid, na visão da PGR, devem ser consideradas na definição do tamanho do benefício que será concedido pelo Supremo em sua colaboração premiada.

    “A omissão de fatos graves, a adoção de uma narrativa seletiva e a ambiguidade do comportamento prejudicam apenas o próprio réu, sem nada afetar o acervo probatório desta ação penal”, diz.

    A defesa argumenta que Cid não omitiu informações em sua delação, mas compreendeu a gravidade de fatos testemunhados somente após as revelações dos planos golpistas pela Polícia Federal.

    “A posição da Procuradoria-Geral da República ao entender que as informações trazidas pelo colaborador contribuíram efetivamente para os esclarecimentos dos fatos e dinâmica dos acontecimentos […] é manifestamente incompatível com o pedido de subtração dos benefícios ajustados no acordo”, conclui.

    Cid vê benefícios da delação sob risco em julgamento após vaivém da colaboração

  • PT diz que Trump pretende derrotar Lula em 2026 e que governo americano usará IA em ofensiva

    PT diz que Trump pretende derrotar Lula em 2026 e que governo americano usará IA em ofensiva

    O partido aponta que Trump usará as redes sociais e ferramentas de inteligência artificial em sua ofensiva política

    SÃO PAULO, SP (UOL/CBS NEWS) – O PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou um documento neste sábado (23) em que afirma que o chefe do governo americano, Donald Trump, tentará derrotar o brasileiro nas eleições de 2026. De acordo com a legenda, Trump usará as redes sociais e ferramentas de inteligência artificial em sua ofensiva política.

    O que Trump e seus aliados da direita brasileira pretendem, e não terão êxito, é derrotar, nas eleições de 2026, o projeto de desenvolvimento nacional que estamos consolidando sob a liderança do presidente Lula”, afirma a resolução política do diretório nacional do partido, a primeira da nova gestão petista.

    O partido afirma que a soberania brasileira está sendo atacada por Trump. O presidente americano impôs tarifas sobre produtos de diversos países mas, no caso brasileiro, as atrelou às investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O governo americano também sancionou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) envolvidos no caso, principalmente Alexandre de Moraes.

    “O centro dessa ofensiva do governo Trump e de seus aliados brasileiros se dará com intenso uso da guerra híbrida, por meio das redes sociais e do uso da inteligência artificial como instrumentos de disseminação de desinformação, teorias da conspiração e discursos de ódio”, afirma a legenda, que defende uma regulação das plataformas.

    O partido também cita “ataques sistemáticos contra governos progressistas” por parte dos Estados Unidos. Ainda segundo a sigla, há uma disputa “de caráter prolongado” contra o fascismo.

    O documento foi divulgado pouco depois de o PT definir os nomes que comporão sua comissão executiva até 2029, concluindo o processo de troca de direção que colocou o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva como presidente do partido.

    O partido também planeja manifestações no 7 de Setembro, data em que bolsonaristas devem ir às ruas para defender o ex-presidente. A data coincide com o período do julgamento de Bolsonaro no STF, que começará no dia 2, com sessões até o dia 12. Os petistas querem se contrapor ao grupo político adversário.

    “Estamos convocando o 7 de Setembro para que ele seja nacional, ocorra em todos os estados”, disse Edinho em entrevista a jornalistas na sede do PT, em Brasília.

    O dirigente petista também afirmou que o partido trabalhará para ampliar sua federação partidária, hoje composta por PT, PCdoB e PV, e que disputará o apoio de partidos e integrantes do centrão -o grupo político, predominante no Congresso, tem representantes em ministérios do governo Lula, mas acelerou um movimento de afastamento visando às eleições do ano que vem.

    “Vamos disputar essas lideranças até o fim. Se elas quiserem estar conosco, serão bem-vindas”, afirmou Edinho Silva, em referência à aliança que Lula pretende montar para disputar a reeleição.

    O principal gargalo seria com União Brasil e PP. Os partidos acabam de lançar uma federação e têm buscado um nome à direita para apoiar na eleição presidencial, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    DIREÇÃO PETISTA

    O PT terminou ainda a escolha de quem ocupará cargos executivos na legenda pelos próximos anos. O partido terá cinco vice-presidentes:

    • Jilmar Tatto – deputado federal por São Paulo e antigo secretário de Comunicação do PT
    • Joaquim Soriano – dirigente partidário
    • José Guimarães – deputado pelo Ceará e líder do governo na Câmara
    • Rubens Junior – deputado federal pelo Maranhão
    • Washington Quaquá – prefeito de Maricá (RJ)

    Havia uma indefinição sobre o destino de Jilmar Tatto. Ele se movimentou para continuar como secretário de comunicação e teve apoio de setores do partido, mas precisou mudar de cargo. Já a secretária de Finanças, Gleide Andrade, conseguiu se manter no posto.

    O novo secretário de comunicação petista é Eden Valadares, ex-presidente do diretório do PT na Bahia e próximo do líder do governo no Senado, Jaques Wagner.

    Outro cargo cobiçado na direção do PT também teve o antigo ocupante reconduzido: o ex-deputado pelo Rio Grande do Sul Henrique Fontana continuará como secretário-geral.

    Quem fecha a lista de ocupantes dos cargos mais poderosos da estrutura petista é Laércio Ribeiro, dirigente partidário de São Paulo.

    PT diz que Trump pretende derrotar Lula em 2026 e que governo americano usará IA em ofensiva

  • Dino determina que PF investigue R$ 694 mi em emendas parlamentares irregulares

    Dino determina que PF investigue R$ 694 mi em emendas parlamentares irregulares

    O TCU (Tribunal de Contas da União) será o responsável por identificar cada uma das emendas e enviar os dados para a investigação da Polícia Federal

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou neste domingo (24) que a Polícia Federal abra inquérito para investigar 964 emendas parlamentares que não tiveram seus planos de trabalho cadastrados.

    As emendas, somadas, chegam a R$ 694 milhões. O TCU (Tribunal de Contas da União) será o responsável por identificar cada uma das emendas e enviar os dados para a investigação da Polícia Federal.

    O inquérito será aberto após o Supremo decidir que as emendas Pix deveriam ser executadas mediante a aprovação de um plano de trabalho. Após a decisão, parlamentares procuraram regularizar seus repasses para evitar a suspensão dos pagamentos.

    Em fevereiro, havia mais de 8.200 planos não cadastrados. O número desceu para 6.760 em março. Mesmo após mais de seis meses, 964 emendas Pix seguem sem o detalhamento da sua execução.

    As emendas Pix são transferências de recursos feitas por parlamentares que, até 2024, não tinham objeto predeterminado de contratação. O Supremo determinou que cada emenda desse tipo deve ter um plano de trabalho especificando sua execução.

    Dino deu dez dias para que o TCU identifique o autor de cada emenda Pix irregular e o estado que recebeu o recurso. As informações serão depois compartilhadas com cada superintendência regional da Polícia Federal, responsável por abrir seus inquéritos.

    Na mesma decisão deste domingo, o ministro do Supremo determinou que a AGU (Advocacia-Geral da União) e os ministérios elaborem, em 15 dias úteis, um cronograma de análise das prestações de contas de emendas parlamentares entre 2020 e 2024.

    Dino ainda decidiu que a CGU (Controladoria-Geral da União) deve realizar uma auditoria para verificar os repasses de recursos para a Associação Moriá nos anos de 2022 e 2024.

    A organização recebeu recursos de emendas parlamentares para realizar jogos estudantis de esportes digitais no Distrito Federal. Há suspeitas de superfaturamento e desvio de recursos públicos.

    O ministro determinou que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste criem contas específicas para cada emenda coletiva (bancada e comissão).

    As demais instituições financeiras devem criar também soluções tecnológicas para “travar/bloquear movimentações nas contas específicas que resultem em transferências para outras contas ou saque na ‘boca do caixa’”.

    Dino destacou que os repasses das emendas individuais serão feitos por Ordem de Pagamento da Parceria, uma solução encontrada para ampliar a rastreabilidade dos recursos. A mudança passa a valer no Orçamento de 2026.

    Dino determina que PF investigue R$ 694 mi em emendas parlamentares irregulares

  • Bolsonarismo engole PL e caminha para expurgar centrão do partido

    Bolsonarismo engole PL e caminha para expurgar centrão do partido

    Um dos principais expoentes do centrão –grupo político refundado em 2014 por Eduardo Cunha e de perfil altamente fisiológico–, Valdemar não é mais o mesmo. “O Valdemar já trocou o chip há muito tempo, não vejo ninguém mais conservador e de direita que ele. Tem nosso total apoio”, diz o líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

    RAPHAEL DI CUNTO E RANIER BRAGON
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – A ameaça de expulsão de um dos quadros históricos do PL intensificou o processo colocado em curso pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, de expurgar a “ala centrão” e cristalizar o domínio do bolsonarismo, que embarcou no partido em 2021 e o levou a ter a maior bancada na Câmara dos Deputados.

    Um dos principais expoentes do centrão –grupo político refundado em 2014 por Eduardo Cunha e de perfil altamente fisiológico–, Valdemar não é mais o mesmo. “O Valdemar já trocou o chip há muito tempo, não vejo ninguém mais conservador e de direita que ele. Tem nosso total apoio”, diz o líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

    O objetivo, afirma Sóstenes, é chegar no ano eleitoral de 2026 com a ala de centro praticamente fora do partido e com o PL quase 100% ideológico, como a maior legenda conservadora e de direita do país.
    A mais recente ameaça de expulsão recai sobre o deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP) por elogios a Alexandre de Moraes e declarações críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

    Embora Valdemar tenha publicado nota dizendo que Rodrigues tinha acabado de ser expulso após as declarações, o parlamentar ainda permanece filiado e não foi notificado da representação interna. Ele disse que aguardará esse comunicado para definir como irá se posicionar.

    O deputado foi ministro dos Transportes na gestão Dilma Rousseff (PT) e vereador em São Paulo por quatro mandatos, sempre pelo PL. O caso de Rodrigues chamou atenção por ele ser um dos mais fiéis aliados de Valdemar, tendo ocupado interinamente a presidência da sigla enquanto ele esteve preso, condenado por participação no mensalão das gestões petistas.

    Sóstenes defende tratar o caso com diálogo, parcimônia e amplo direito à defesa. “Entendo a situação do Antonio Carlos, que nunca teve outro partido, e que é daquele PL mais centro, que aderia a qualquer governo. Com o processo de transformação do PL no maior partido de direita do Brasil, porém, acho que está se apresentando um divórcio com o estilo dele de fazer política”, afirmou.

    O líder da bancada afirma esperar que haja um amadurecimento das duas partes que convivem hoje no PL, o centrão e a direita, para um acerto final.

    “Com o processo de ideologização do PL, o ambiente não será atrativo para esses políticos que eram mais centro. A gente elegeu 99 deputados em 2022, sendo que uns 25 eram desse PL mais centro. Uns 15 já saíram e acho que na janela [de transferência partidária, no primeiro trimestre do ano que vem] o restante deve sair.”

    Ele afirma que há cerca de outros 30 deputados bolsonaristas de partidos como União Brasil, PSD, PP e Podemos que devem ingressar na legenda, zerando as perdas. “Na eleição de 2026, o partido vai para as urnas com 98%, 99% nesse perfil do grande partido conservador e de direita.”

    Um dos que também podem deixar a sigla é o deputado Wellington Roberto (RN), que está no PL há mais de 20 anos e liderou o partido na Câmara de 2019 a 2021. Nessa função, representou a bancada no plenário e nas principais negociações do governo Bolsonaro.

    Ele diz que pretende deixar o partido até o fim do ano, sem nem esperar a janela partidária, mas ainda depende de costuras regionais para decidir seu destino. “Toda mudança, quando é rápida demais, é preocupante”, afirma o parlamentar, que perdeu o comando do diretório da Paraíba para o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

    Um outro deputado com vários mandatos pelo PL afirma, sob anonimato, que ainda avalia se continuará na legenda para disputar a eleição. Ele destaca que, com a prisão de Bolsonaro, não está claro se o candidato da direita será do PL ou filiado a outro partido, o que pode levar à saída dos bolsonaristas.

    Os deputados eleitos em 2022 ajudaram a inflar os fundos eleitoral e partidário do PL, que chegaram a casa do bilhão de reais. A sigla passou de 33 deputados federais eleitos em 2018 para 99 em 2022.

    Desde o início da legislatura, 10 já saíram do partido para agremiações mais próximas ao governo Lula (PT): 5 foram para o PP, 3 para o Republicanos, 1 para o MDB e 1 para o PSB -o deputado Júnior Mano, que buscou se aproximar do grupo do governador do Ceará, que é petista, com o objetivo de se cacifar para uma vaga no Senado.

    O deputado Robinson Faria (RN) havia se filiado ao PL pela ligação do filho, o ex-ministro das Comunicações Fábio Faria, com Bolsonaro, mas afirma que não se encaixou na legenda. “Meu voto é mais de centro, e o PL estava com uma pauta que eu não concordava. Se posicionou contra a reforma tributária, por exemplo, e eu votei a favor”, diz ele, hoje no PP.

    O PL é uma das várias crias da Arena, a sigla que apoiava o regime militar. O partido atingiu certo grau de notoriedade em 1989, quando Guilherme Afif Domingos disputou a Presidência da República, chegou a empolgar em determinado período, mas ficou em sexto.

    No governo Fernando Henrique Cardoso, o PL viveu momentos de oposição, após Valdemar se desentender com o então poderoso ministro das Comunicações, Sergio Motta. À época com pouco mais de dez deputados federais, o partido se esforçava para escapar do pelotão dos nanicos.

    Foi em 2002 que a sigla deu sua primeira grande guinada. Na eleição presidencial daquele ano, o empresário mineiro José Alencar caiu nos braços do PL após se desentender com o MDB. Alencar foi escolhido para ser vice de Lula, que venceu a eleição e se tornou presidente da República a partir de 2003.

    Desde então, com altos e baixos, o PL esteve na órbita dos governos do PT, em especial comandando a área de transportes.

    Valdemar caiu em desgraça com o mensalão, renunciou ao mandato de deputado por duas vezes –em 2005, quando estourou o escândalo, e em 2013, quando saiu sua ordem de prisão–, mas mesmo na cadeia não perdeu a influência sobre a sigla.

    O partido teve um segundo momento de ascensão em 2010, quando o palhaço Tiririca se tornou o deputado mais votado do país e o PL, a sua sigla, chegou a 41 deputados federais eleitos.

    Foi a sua melhor marca até a chegada de Bolsonaro, em 2021, que o tirou do bloco de médios para o colocar na prateleira das maiores legendas do país.

    Bolsonarismo engole PL e caminha para expurgar centrão do partido

  • Ministros se calam sobre menção de Bolsonaro a conversas com STF em meio a processo

    Ministros se calam sobre menção de Bolsonaro a conversas com STF em meio a processo

    Em troca de mensagens em junho, Bolsonaro relatou ao filho que havia tido conversas com membros do STF. Nas agendas dos ministros, não há registros de encontros recentes com o ex-presidente.

    GUILHERME SETO
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram não se manifestar a respeito das menções feitas sobre eles por Jair Bolsonaro (PL) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

    Em troca de mensagens em junho, Bolsonaro relatou ao filho que havia tido conversas com membros do STF. Nas agendas dos ministros, não há registros de encontros recentes com o ex-presidente.

    As referências do ex-presidente e do deputado federal aos magistrados aparecem em relatório final de investigação da Polícia Federal apresentado na quarta-feira (20), que aponta indícios de que os dois tentaram obstruir o julgamento da trama golpista, atualmente em curso na corte.

    A Folha de S.Paulo procurou os gabinetes dos 11 ministros e também a própria assessoria de comunicação do STF. A reportagem perguntou se eles tiveram encontros ou contatos com Bolsonaro ou seus aliados e interlocutores, onde e com qual finalidade.

    A corte respondeu que não fará comentários sobre o caso, que está em andamento. Em notas, os ministros André Mendonça, Flávio Dino e Gilmar Mendes afirmaram que também não se pronunciariam. Os demais não responderam.
    No relatório da Polícia Federal, destacam-se as menções a Gilmar e Mendonça.

    Em 27 de junho, após receber material de seu filho Eduardo que a PF não conseguiu recuperar, Bolsonaro disse que o conteúdo não deveria ser compartilhado por ele nas redes sociais, pediu que ele esquecesse “qualquer crítica ao Gilmar” e afirmou que tinha “conversado com alguns do STF” e que “todos ou quase todos demonstram preocupação com sanções”.

    Dias depois, em 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o tarifaço contra o Brasil.

    Gilmar mantém diálogo com integrantes de núcleo bolsonarista, que chegaram a tentar organizar um encontro do ex-presidente com o ministro, mas não tiveram sucesso.

    Mendonça, por sua vez, é citado no relatório em contexto no qual a PF aponta “ação coordenada” entre Eduardo, Jair Bolsonaro e a defesa de Filipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais do ex-presidente e também réu no caso da trama golpista, com o objetivo de causar “tumulto processual”.

    Em 10 de julho, Jeffrey Chiquini, advogado de Martins, apresentou mandado de segurança no STF no qual questionou a atuação do ministro Alexandre de Moraes no processo, contestou o andamento acelerado, em sua visão, das investigações a respeito da trama golpista e criticou o veto do magistrado a depoimentos de testemunhas de defesa do réu.

    No sorteio eletrônico do STF, a ação foi distribuída para Mendonça, o que animou o grupo bolsonarista, já que o ministro é considerado alinhado com o ex-presidente e é também crítico à visão predominante na corte a respeito do 8 de Janeiro como tentativa de golpe de Estado.

    Dois dias após a ação de Chiquini, Eduardo encaminhou mensagens a seu pai que diziam que eles tinham a “oportunidade de mudar a relatoria da trama golpista”, que é de Moraes. “Mendonça pode ficar prevento das questões [pode assumir as ações] que irão para o plenário. Vitória gigante hoje. Precisamos que o Mendonça dê essa liminar”, explicavam as mensagens, cuja autoria a PF não conseguiu rastrear.

    Eduardo, então, disse a Bolsonaro que, se Mendonça admitisse o mandado de segurança, Moraes ficaria como relator dos processos na Primeira Turma do STF, e o ex-ministro da Justiça do governo de seu pai assumiria o posto no plenário.

    O advogado Jeffrey Chiquini pede uma liminar para cancelar audiência que será nesta segunda-feira e para suspender processo da trama golpista até que se julgue o agravo regimental que suscita nulidade”, completou.

    Para a PF, o diálogo mostra que os Bolsonaros e a defesa de Martins agiram para subverter a lógica do julgamento no STF. O relatório destaca que a investigação não identificou indícios de que Mendonça soubesse das intenções dos investigados. O caso ainda não foi analisado pelo ministro.

    Mendonça já sinalizou a pessoas próximas que a jurisprudência do STF mostra que mandado de segurança não pode ser usado para derrubar a decisão de outro ministro e, portanto, considera o pedido da defesa de Martins juridicamente inviável.

    Para Thiago Bottino, professor da FGV Direito Rio, qualquer contato de ministros do STF com Bolsonaro ou seus aliados seria “absolutamente inadequado, ainda que o interlocutor não integre a Primeira Turma, onde ocorre o julgamento” da trama golpista.

    Um ministro não deve se manifestar nem pública nem privadamente sobre um caso que está pendente de julgamento no tribunal que ele integra. Sobretudo acerca do efeito das pressões externas feitas sobre o STF, supostamente causadas por um dos acusados a serem julgados”, afirma Bottino.

    Além de Gilmar e Mendonça, somente Moraes é citado entre os demais ministros do Supremo no relatório. Para a PF, Eduardo e Jair Bolsonaro atuaram coordenadamente, com o apoio de figuras como o pastor Silas Malafaia, que foi incluído no inquérito, e o advogado Martin de Luca, que representa a Trump Media Group e a plataforma de vídeos Rumble nos EUA, para buscar sanções contra o ministro, coagir o Judiciário brasileiro e impedir eventual condenação criminal de Bolsonaro.

    Eles foram indiciados e podem ser denunciados pela PGR (Procuradoria-geral da República) pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
    Caso seja condenado no caso da trama golpista, Bolsonaro pode, com base nos tempos previstos em lei, receber uma pena mínima de 12 anos e meio até uma máxima superior a 43 anos de prisão.

    Na ação penal sobre a trama golpista, ele é acusado de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

    Ministros se calam sobre menção de Bolsonaro a conversas com STF em meio a processo

  • Governo e STF avaliam que julgamento de Bolsonaro pode levar a novas sanções dos EUA

    Governo e STF avaliam que julgamento de Bolsonaro pode levar a novas sanções dos EUA

    Na avaliação de ministros, há interesse dos EUA de criar instabilidade em torno do tribunal e do governo Lula, o que poderia se acirrar com o avanço do julgamento sobre a trama golpista liderada por Bolsonaro.

    CATIA SEABRA E CÉZAR FEITOZA
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Donald Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começa em setembro.

    Na avaliação de ministros, há interesse dos EUA de criar instabilidade em torno do tribunal e do governo Lula, o que poderia se acirrar com o avanço do julgamento sobre a trama golpista liderada por Bolsonaro.

    Embora todos esses personagens afirmem que não há possibilidade de o STF se curvar a essas pressões, o início do julgamento e a possível condenação de Bolsonaro são citados como elementos de maior tensão dentro de um ambiente que já se tornou conflituoso.

    A pressão do governo Trump, desde a aplicação da sobretaxa de 50% até as punições a ministros do STF, é feita com o argumento de que Bolsonaro é perseguido pelo Judiciário no Brasil, em benefício do governo Lula.

    Ministros dizem acreditar que os americanos têm outras ferramentas à disposição, como sanções a outros integrantes do tribunal, que podem ser utilizadas durante o processo de julgamento, como forma de intimidação aos ministros –ainda que apontem que esse tipo de ação não terá efeito sobre o processo.

    Essas autoridades ressaltam o perfil belicoso de Trump e de bolsonaristas, mas outras alas do governo e do STF alimentam, por outro lado, a expectativa de que o presidente americano reveja a imposição de sobretaxa aos produtos brasileiros.

    Essa aposta ganhou adeptos após o vazamento de diálogos em que Bolsonaro e aliados discutem a atuação conjunta com o governo americano para obter a anistia do ex-presidente às custas de ameaças à economia brasileira. Em algumas das conversas, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aponta receio de que Trump, em algum momento, desista da ofensiva.

    Dentro do governo, a crença em eventual recuo de Trump é minoritária. Dois ministros de Lula ouvidos pela Folha tentam minimizar os impactos das sanções financeiras contra Alexandre de Moraes determinadas pela gestão Trump. Eles destacam que poucos membros da corte possuem bens nos EUA, como imóveis ou investimentos.

    Ainda assim, nos bastidores, ministros buscam contato com banqueiros e políticos para avaliar os efeitos práticos da Lei Magnitsky e tentar conter os resultados de eventuais novas sanções.

    Além do julgamento de Bolsonaro, integrantes do governo temem o impacto econômico da recente decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros só têm validade no Brasil se confirmadas pela corte.

    Expressa em uma decisão sobre o rompimento da barragem de Mariana (MG), a manifestação de Dino foi interpretada como uma possibilidade de o tribunal punir bancos que aplicarem sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes por determinação do governo Trump.

    A terça-feira (19) -dia seguinte à decisão de Dino- foi marcada por alta do dólar e abalos na bolsa impulsionados pela queda em bloco das ações do setor bancário. Colaboradores diretos de Lula acompanham com apreensão a escalada de tensão entre STF e o governo americano.

    Nas palavras de um ministro, há um grande risco na medida, e o próprio presidente estaria sensível a isso. Mas o governo não tem como interferir em uma decisão do STF.

    Integrantes do governo citam o alinhamento entre Dino, Moraes e o ministro Gilmar Mendes no discurso em defesa da soberania nacional como prova dessa impossibilidade de interferência. Lembram ainda que o próprio Moraes reiterou a ameaça durante entrevista na última terça-feira (19).

    Sobre os riscos, governistas citam como exemplo o fato de as reservas de instituições financeiras serem em dólar e alertam até mesmo para a hipótese de saída de investidores americanos sob pressão do Departamento de Tesouro americano.

    Essa avaliação contrasta com recente postagem da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais. Na publicação em suas redes, Gleisi disse que Dino agiu em legítima defesa do Brasil e voltou a culpar a família Bolsonaro pelas retaliações de Trump ao país. O julgamento de Bolsonaro é usado pelo americano como justificativa para sanções econômicas ao país.

    “A especulação com o valor das ações dos bancos é mais uma parcela do Custo Bolsonaro, que recai sobre o país desde que ele se aliou a Trump para fugir do julgamento por seus crimes”, publicou Gleisi.

    A ministra afirma que vê Trump como agressor do sistema financeiro brasileiro, incentivado por Bolsonaro. “Quem agrediu o sistema financeiro no Brasil foi Donald Trump, provocado por Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo. O ministro Flávio Dino tomou uma decisão em defesa da soberania nacional, das nossas leis e até dos bancos que operam em nosso país”, escreveu.

    O discurso de Gleisi é apoiado por uma ala do governo, adepta à tese de que a declaração de Dino apenas traduz a norma de que, para ser aplicada no Brasil, a decisão de um tribunal estrangeiro deve ser convalidada pela justiça brasileira.

    Moraes teve um cartão de bandeira americana bloqueado por ao menos um banco no Brasil desde a imposição das sanções pelo governo dos Estados Unidos.

    O ministro foi sancionado em julho com a aplicação da Lei Magnitsky, dispositivo da legislação americana usado para impor sanções econômicas contra indivíduos envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos.

    Por meio da lei, o governo americano determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que a pessoa sancionada tenha nos Estados Unidos e também pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares com ela.

    A possibilidade de a sanção ser estendida a demais ministros e seus parentes tem preocupado integrantes da corte e do governo.

    Governo e STF avaliam que julgamento de Bolsonaro pode levar a novas sanções dos EUA

  • Moraes pede a extradição de seu ex-assessor

    Moraes pede a extradição de seu ex-assessor

    O pedido foi encaminhado ao Ministério da Justiça, que repassou o caso ao Itamaraty. Cabe agora ao governo brasileiro formalizar a solicitação junto às autoridades da Itália, país para onde Tagliaferro se mudou.

    O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou a extradição de seu ex-assessor Eduardo de Oliveira Tagliaferro. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de atuar contra a legitimidade do processo eleitoral e tentar prejudicar as investigações sobre atos antidemocráticos, revelou o colunista Lauro Jardim, no site O Globo.

    O pedido foi encaminhado ao Ministério da Justiça, que repassou o caso ao Itamaraty. Cabe agora ao governo brasileiro formalizar a solicitação junto às autoridades da Itália, país para onde Tagliaferro se mudou. No ofício enviado a Moraes, o ministério informou:
    “Informo a Vossa Excelência que o pedido de extradição do Sr. Eduardo de Oliveira Tagliaferro foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores, em 20 de agosto de 2025, para formalização junto ao Governo da Itália”.

    Acusações
    Tagliaferro ocupou cargo de assessor quando Moraes presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A denúncia da PGR aponta que ele teria cometido os crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolve organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

    Segundo a procuradoria, o ex-assessor teria vazado informações confidenciais obtidas no exercício da função. O objetivo seria atrapalhar investigações e favorecer interesses próprios e de terceiros ligados a atos antidemocráticos.

    Em abril deste ano, a Polícia Federal já havia indiciado Tagliaferro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública. Na ocasião, ele foi investigado pela divulgação de diálogos de Moraes com servidores do TSE e do STF.

    Declarações públicas
    No dia 30 de julho, Tagliaferro afirmou em suas redes sociais que revelaria os bastidores do gabinete de Moraes. Ele declarou ter “bastante coisa” contra o ministro, a quem acusou de ter “destruído sua vida e a de várias pessoas”.

    Desde que deixou o país, o ex-assessor tem feito críticas públicas ao ministro e, de acordo com informações divulgadas pela imprensa, prepara uma denúncia contra Moraes a ser apresentada ao Parlamento Europeu.

    Apoio político
    Tagliaferro passou a contar com apoio de grupos bolsonaristas, que o veem como vítima de perseguição política. Em suas manifestações, ele tem reforçado o discurso de críticas às supostas arbitrariedades atribuídas a Moraes.

    Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a conduta do ex-assessor mostra alinhamento com investigados que também deixaram o Brasil para escapar da Justiça. “Tagliaferro atua em conjunto com outros fugitivos no objetivo de potencializar reações ofensivas contra o legítimo trabalho das autoridades brasileiras responsáveis pelas investigações e ações penais em curso regular”, afirmou Gonet.

    Próximos passos
    A decisão sobre a extradição depende agora do governo italiano, que deve analisar o pedido formalizado pelo Itamaraty. Enquanto isso, o processo contra Tagliaferro segue em andamento no Brasil, com base na denúncia apresentada pela PGR.

    A expectativa é que o Supremo seja comunicado sobre os próximos desdobramentos assim que houver resposta das autoridades estrangeiras.

    Moraes pede a extradição de seu ex-assessor

  • Decisão de Moraes sobre Coaf cria risco para operações contra facções e lavagem

    Decisão de Moraes sobre Coaf cria risco para operações contra facções e lavagem

    Moraes determinou, na quarta-feira (20), a suspensão em todo o Brasil de processos que usam relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) requisitados pelo Ministério Público sem autorização judicial.

    JOSÉ MARQUES
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes que tinha o objetivo de frear a anulação de operações contra organizações criminosas criou o temor entre investigadores de que o efeito seja o contrário –e provoque anulações em massa de apurações da polícia e do Ministério Público em todo o país.

    Moraes determinou, na quarta-feira (20), a suspensão em todo o Brasil de processos que usam relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) requisitados pelo Ministério Público sem autorização judicial.

    Também foram suspensos processos que usam esses relatórios sem a abertura de um procedimento formal de investigação. Os relatórios do Coaf fornecem a órgãos como o MP e a polícia dados bancários e fiscais de eventuais investigados.

    A suspensão determinada por Moraes é válida até que o plenário do Supremo decida a respeito do tema. A tese definida pelos ministros valerá para todos os processos similares no país.

    Atualmente, a expectativa é que o Supremo forme maioria para determinar que o compartilhamento desses dados é válido, ainda que haja discordância de alguns ministros.

    Relatórios de inteligência financeira sob requisição já foram usados em diversos casos de repercussão no país, como os dos ataques de 8 de Janeiro e da trama golpista que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de ações a respeito de facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital).

    Moraes decidiu suspender as ações a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), porque a falta de entendimento consolidado sobre o assunto tem feito tribunais como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidirem que a polícia e o Ministério Público não podem solicitar diretamente relatórios de inteligência sem prévia autorização judicial.

    Isso levou o STJ a derrubar uma parte da Operação El Patrón, que investigou suspeitas da existência de uma milícia ligada a um deputado estadual na Bahia. Depois, o STF reverteu a decisão.

    O STJ também anulou a Operação Sordidum, que tratava de um grupo que movimentou R$ 50 milhões em dinheiro do tráfico em Mato Grosso do Sul.

    Embora a suspensão determinada por Moraes tivesse a intenção de aguardar que o STF uniformizasse o entendimento sobre o assunto em todo o país, a amplitude causou a possibilidade de que diversas investigações possam ser prejudicadas.

    O Ministério Público de São Paulo pediu nos autos que o ministro delimite sua decisão com urgência.

    A peça assinada pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, diz que, logo após a decisão de Moraes, várias defesas pediram a suspensão de processos que tratam de operações complexas sobre lavagem de dinheiro e corrupção.

    “Nos casos levados ao conhecimento da Procuradoria-Geral, há cautelares pessoais e patrimoniais vigentes, tais como prisões preventivas e sequestros de bens”, diz o procurador-geral.
    “Diante desse cenário, paralelamente ao requerimento de suspensão das ações penais e investigações, as defesas apresentaram pedidos de revogação de medidas cautelares, justamente o que se buscava evitar por meio da decisão monocrática em questão.”

    Ele cita, especificamente, quatro grandes operações contra o crime organizado que ficaram sob risco.

    Uma delas é a Tacitus, contra policiais suspeitos de prática de corrupção e lavagem de dinheiro em benefício do PCC. Outra, é a Fim da Linha, que trata da atuação da mesma facção nas linhas de transporte paulistanas.

    Além disso, ele cita a operação Armageddon, sobre extorsão e financiamento ao tráfico de drogas, e a Car Wash, sobre suspeitas de tráficos de drogas, uso de produtos químicos controlados e lavagem de dinheiro.

    O Ministério Público paulista pede que o ministro esclareça que só devem ser suspensos efeitos de decisões que contrariem entendimento anterior do Supremo sobre o tema, “sem prejuízo da continuidade das ações penais, investigações criminais em curso e dos recursos decorrentes”.

    Em outra petição, a PGR também pediu para que Moraes suspenda apenas decisões que anularam as provas oriundas de relatórios de inteligência financeiros, e não “decisões que reconheceram a validade das requisições de relatórios pelas autoridades investigatórias”.

    Advogados criminalistas que atuaram em processos relacionados ao tema discordam da visão do Ministério Público, e criticam o uso sob demanda do Coaf pelos órgãos de investigação.

    Gustavo Mascarenhas, que atuou em processos criminais que questionaram a solicitação desses relatórios fiscais sem decisão judicial, diz que o Coaf “não deve ser órgão acessório das autoridades encarregadas da persecução penal”.

    “O Coaf deve ser uma unidade de inteligência financeira, que fornece ativamente dados que devem ser investigados”, diz ele. “O que se está fazendo, caso RIFs [relatórios financeiros] possam ser encomendados, é tornar o Coaf um mero órgão de assessoramento do Ministério Público e das polícias.”

    Moraes ainda não decidiu se irá delimitar a suspensão no processo que trata do tema.

    Atualmente, o Coaf se relaciona de duas formas com as polícias e outros órgãos de investigação. Na primeira, o próprio conselho produz seus RIFs e envia às entidades competentes para investigar as transações apontadas como suspeitas.

    Uma segunda forma ocorre quando o próprio órgão de investigação solicita informações sobre determinadas pessoas ou empresas. Nesse caso, o Coaf busca em seu banco de dados se há algum apontamento de transação suspeita da pessoa indicada e então encaminha a quem solicitou.

    Em 2019, o STF autorizou o compartilhamento desses dados com o Ministério Público e a polícia sem necessidade de autorização judicial prévia. À época, o Supremo avaliava pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para anular provas no caso da “rachadinha”.

    No ano passado, a Primeira Turma do STF derrubou uma decisão do STJ que entendia que a polícia não podia solicitar dados diretamente ao Coaf sem autorização da Justiça.

    Decisão de Moraes sobre Coaf cria risco para operações contra facções e lavagem