O Hamas não participará na governação de Gaza no pós-guerra, afirmou hoje uma fonte do movimento, na véspera da cimeira dedicada ao território palestino, que reunirá no Egito cerca de duas dezenas de dirigentes em torno de Donald Trump.
Após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, entrou em vigor na última sexta-feira um cessar-fogo baseado em um plano de 20 pontos apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, que prevê o desarmamento do Hamas e exclui qualquer participação do movimento na futura administração do território palestino.
“Para o Hamas, o governo da Faixa de Gaza é uma questão resolvida. O grupo não participará de nenhuma forma na fase de transição, o que significa que renunciou ao controle da região, mas **continua sendo um elemento importante da sociedade palestina”, afirmou à AFP, sob anonimato, uma fonte próxima da equipe de negociadores do movimento.
Embora a liderança do Hamas tenha se mostrado dividida no passado em relação a temas-chave — especialmente sobre a administração futura de Gaza —, há consenso quanto à recusa em entregar as armas.
“O Hamas aceita uma trégua de longa duração e garante que suas armas não serão utilizadas durante esse período, exceto em caso de ataque israelense contra Gaza”, disse a mesma fonte. “A entrega das armas está completamente fora de questão e não é negociável”, reforçou outro dirigente do Hamas no sábado.
A primeira cláusula do plano apresentado pelos Estados Unidos determina que a Faixa de Gaza, sob domínio do Hamas desde 2007, se torne uma “zona desradicalizada e livre do terrorismo”, que não represente ameaça para os países vizinhos.
O plano também prevê que o Hamas não tenha qualquer papel político na futura governança de Gaza e que toda sua infraestrutura militar e arsenal sejam destruídos.
Durante uma fase de transição, a administração local ficará sob responsabilidade de um comitê palestino “tecnocrático e apolítico”, encarregado de gerir os serviços públicos.
A fonte ligada aos negociadores afirmou que a equipe pediu ao Egito, um dos principais mediadores, que convoque uma reunião até o fim da próxima semana para definir a composição desse comitê, acrescentando que a lista de nomes está quase finalizada.
“O Hamas, junto com outras facções, apresentou 40 nomes. Nenhum deles pertence ao Hamas, e não há vetos sobre os indicados”, disse a fonte.
Apesar disso, o papel do Hamas no pós-guerra ainda é incerto, já que o movimento anunciou, no sábado, que não participará da assinatura oficial do acordo de paz com Israel.
O cessar-fogo foi acertado na quinta-feira, no Egito, e entrou em vigor na sexta-feira, prevendo a libertação dos reféns mantidos em Gaza em até 72 horas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel — 48 reféns, dos quais apenas 20 estariam vivos, seriam trocados por 1.950 prisioneiros palestinos.
O acordo segue o plano anunciado no fim de setembro pelo presidente Donald Trump, com o objetivo de encerrar dois anos de conflito na região.
O Hamas reconheceu, contudo, que um acordo de paz global e definitivo exigirá negociações muito mais complexas, previstas para a segunda fase do plano proposto pelos Estados Unidos.
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