O ataque durante a celebração do Hanukkah chocou Sydney e deixou 16 mortos, incluindo um dos atiradores. Entre as vítimas estão líderes religiosos, sobreviventes do Holocausto e uma criança de dez anos. Autoridades seguem investigando enquanto famílias judaicas lamentam as perdas.
O tiroteio ocorrido na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, deixou 16 mortos, incluindo um dos atiradores. Cinco das vítimas já foram identificadas. Mais de doze horas após o ataque, os primeiros detalhes começam a ser esclarecidos pelas autoridades.
De acordo com a polícia australiana, os disparos atingiram cerca de mil pessoas que estavam reunidas para celebrar a primeira noite do Hanukkah, tradição judaica. Os responsáveis pelo ataque seriam pai e filho.
O homem de 50 anos, cuja identidade não foi revelada, morreu após ser baleado em confronto com a polícia. Seu filho, Naveed Akram, de 24 anos, morador do bairro de Bonnyrigg, no sudoeste de Sydney, também foi atingido. Ele está hospitalizado em estado crítico, porém estável, e já se encontra sob custódia policial.
Entre as vítimas fatais, cinco já foram identificadas. A primeira delas é o rabino Eli Schangler, de 41 anos, nascido em Londres. Ele deixa esposa e cinco filhos, sendo o mais novo um bebê de apenas dois meses.
Em entrevista ao Jewish News, o primo de Schangler, o rabino Zalman Lewis, contou que a família soube da morte por meio de um grupo de WhatsApp, quando alguns parentes reconheceram seu nome na lista de vítimas.
“Ainda estamos começando a processar. Não faz sentido. Como um rabino alegre, que foi a uma praia para espalhar felicidade e luz, pode ter a vida interrompida dessa forma?”, lamentou Lewis. “Só podemos fazer o que Eli teria querido: praticar mais mitzvot (boas ações) e continuar espalhando energia positiva.”
Lewis descreveu o primo como alguém “cheio de vida, energia e otimismo”.

© Eli Schangler/Instagram
Alex Kleytman
Outro identificado foi Alex Kleytman, um judeu ucraniano que sobreviveu ao Holocausto. Ele estava na praia de Bondi com a esposa, Larisa, para celebrar o Hanukkah quando o ataque começou.
De acordo com Larisa, Alex morreu tentando protegê-la ao ser atingido por um tiro na parte de trás da cabeça.
“Acho que ele foi atingido atrás da cabeça porque se levantou para me proteger”, disse a viúva ao Daily Mail. Eles foram casados por mais de 50 anos e tiveram dois filhos.
Em 2023, o casal, ambos sobreviventes do Holocausto, compartilhou suas histórias ao Jewish Care. O relatório anual de 2022/23 da instituição descreve que, ainda crianças, Larisa e Alexander enfrentaram horrores indescritíveis durante o Holocausto. As memórias de Alex são especialmente duras, marcadas pelas condições extremas na Sibéria, onde viveu com a mãe e o irmão mais novo enquanto lutavam pela sobrevivência.
O passado traumático não impediu que buscassem um novo começo. Mais tarde, eles imigraram da Ucrânia para a Austrália, onde reconstruíram a vida juntos.

© @saurabhkap00r/X
Dan Elkayam
Também o francês Dan Elkayam, de 27 anos, morreu no ataque. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, na rede social X.
“É com imensa tristeza que soubemos que nosso compatriota Dan Elkayam está entre as vítimas deste ataque terrorista desprezível que atingiu famílias judaicas reunidas na praia de Bondi, em Sydney, no primeiro dia de Hanukkah”, declarou o ministro.
“Esse ato repugnante é mais uma manifestação trágica de uma onda revoltante de ódio antissemita que precisamos combater. A França não medirá esforços para erradicar o antissemitismo onde quer que apareça e para enfrentar o terrorismo em todas as suas formas. As luzes de Hanukkah não devem, e não vão, se apagar”, concluiu.
C’est avec une immense tristesse que nous avons appris que notre compatriote Dan Elkayam compterait parmi les victimes de l’attaque terroriste abjecte qui a frappé les familles juives rassemblées sur la plage de Bondi à Sydney, au premier jour de Hanouka.
Nous pleurons avec sa…— Jean-Noël Barrot (@jnbarrot) December 14, 2025
O presidente francês, Emmanuel Macron se pronunciou pouco depois, também no X, dizendo saber da notícia com “profunda tristeza” e expressando a sua solidariedade para com a sua família e entes queridos.

© @HenMazzig/X
Reuven Morrison
Outra das vítimas é Reuven Morrison, um imigrante da antiga União Soviética que chegou à Austrália nos anos 1970, após enfrentar perseguição no país de origem por ser judeu.
“Nós viemos para cá acreditando que a Austrália era o país mais seguro do mundo, onde os judeus não sofreriam mais com tanto antissemitismo; um lugar onde poderíamos criar nossos filhos em segurança”, disse ele em entrevista à ABC em 2024.
De acordo com o site Chabad.org, Morrison dividia seu tempo entre Sydney e Melbourne e era um empresário bem-sucedido, conhecido por dedicar grande parte de seus lucros a causas e instituições de caridade que valorizava profundamente.

© @NoaMagid/X
Yaakov Levitan
Sabe-se também que uma das vítimas identificadas era o rabino Yaakov Levitan. Ainda há poucas informações sobre ele, apenas que atuou como secretário do Beth Din, o tribunal judaico de Sydney, e também trabalhou no Centro BINA, uma organização da comunidade judaica.
O site Chabad descreve Levitan como um homem profundamente comprometido com sua fé e com o serviço religioso.

© @NoaMagid/X
As autoridades australianas também confirmaram a morte de uma menina de dez anos, embora sua identidade ainda não tenha sido divulgada. Ela é, até o momento, a vítima mais jovem do ataque.
No total, mais de 40 pessoas receberam atendimento médico por ferimentos decorrentes do tiroteio. De acordo com a atualização mais recente, 38 seguem internadas, entre elas dois policiais.

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