Embaixador de Washington nas Nações Unidas respondeu que país ‘fará tudo o que estiver em seu poder para proteger o hemisfério, as fronteiras e o povo americano’; EUA também ameaçam sanções máximas contra Maduro por financiar ‘narcoterrorismo’
SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – Rússia e China criticaram duramente, perante o Conselho de Segurança da ONU, nesta terça-feira (23), a pressão militar e econômica que os Estados Unidos exercem sobre a Venezuela, que classificaram de intimidação e “comportamento de cowboy”.
O embaixador de Washington na ONU, Mike Waltz, respondeu, durante a reunião de urgência solicitada pela Venezuela e apoiada por Rússia e China, que os EUA “farão tudo o que estiver em seu poder para proteger o hemisfério, as fronteiras e o povo americano”.
Waltz disse ainda que os americanos vão impor e aplicar “sanções máximas” para privar o ditador dos recursos que, segundo Washington, usaria para financiar o Cartel de Los Soles.
“A capacidade de Maduro de v ender o petróleo da Venezuela permite sua reivindicação fraudulenta ao poder e suas atividades narcoterroristas. O povo da Venezuela, francamente, merece algo melhor”, afirmou.
Em novembro, Washington designou o Cartel de los Soles da Venezuela como uma organização terrorista estrangeira responsável por “violência em todo o hemisfério” e pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa.
Os EUA acusam Maduro de chefiar o cartel, que supostamente seria composto por membros e ex-membros da cúpula militar venezuelana.
Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, chegou a dizer que o “Cartel de los Soles é uma das maiores organizações criminosas existentes no hemisfério [ocidental]”.
Muitos analistas da guerra às drogas questionam se o Cartel de los Soles é um grupo criminoso formal ou uma aliança flexível de autoridades corruptas que enriqueceram com o contrabando de drogas e recursos naturais por meio dos portos venezuelanos.
Por sua vez, Maduro e sua administração negam a existência de tal cartel, classificando-o como uma “narrativa” sem fundamento difundida por Washington para retirá-los do poder.
As falas de Waltz ocorrem em meio a uma escalada militar. Nesta terça, a Venezuela aprovou uma uma lei contra a “pirataria nos mares do mundo”, uma resposta direta às ações navais dos Estados Undiso contra petroleiros na costa do país sul-americano.
O texto diz que “toda pessoa que promover, instigar, solicitar, invocar, favorecer, facilitar, apoiar, financiar ou participar das ações de pirataria, bloqueio ou outros atos ilícitos internacionais será sancionada com prisão de 15 a 20 anos”. Ainda prevê multas que podem chegar a EUR 1 milhão (R$ 6,5 milhões). Segundo Maduro, a medida tem um “grande poder”.
Na segunda-feira (22), Trump tornou a ameaçar a ditadura de Nicolás Maduro em meio à operação americana que impõe um bloqueio naval contra o país. Já o regime venezuelano acusa os EUA de usar a manobra numa tentativa de derrubar Maduro.
Questionado por jornalistas sobre este tema durante evento em Mar-a-Lago, residência de Trump na Flórida, o presidente disse que a resposta americana depende do ditador. “Isso depende dele, do que ele queira fazer. […] Se ele se mostrar duro, será a última vez que poderá fazê-lo”, afirmou, em tom de ameaça.
O ditador Nicolás Maduro respondeu pouco tempo depois dizendo que Trump “estaria melhor” se “focasse os problemas” dos Estados Unidos e não se concentrasse tanto na Venezuela.
“Penso que o presidente Trump poderia fazer melhor em seu país e no mundo”, afirmou Maduro em transmissão feita pela TV estatal, na qual lembrou a “conversa cordial” por telefone que teve com o americano em 21 de novembro.
“Não é possível que 70% de seus discursos e declarações sejam [sobre] a Venezuela. Mas e os Estados Unidos?”, completou Maduro.
O Exército dos Estados Unidos afirmou nesta segunda que matou um suposto narcotraficante que estava a bordo de uma embarcação que navegava pelo que descreveu como rotas conhecidas de tráfico de drogas no oceano Pacífico.
O cerco militar ao regime venezuelano só tem crescido. Em 10 de dezembro, os EUA capturaram o petroleiro Skipper. No dia 16, Trump anunciou um “bloqueio total” de navios sancionados; e em 20 de dezembro, incerceptara outras duas embarcações.
A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo e produz diariamente cerca de um milhão de barris de petróleo, tem uma economia dependente de exportações dessa commodity. O país está sob embargo desde 2019 e, por isso, destina boa parte de suas vendas ao mercado paralelo com descontos altos. Segundo especialistas, um bloqueio dos EUA contra exportações asfixiaria a economia venezuelana, aumentando ainda mais a pressão pela saída de Maduro.

Deixe um comentário