(UOL/FOLHAPRESS) – A suspensão da votação da reforma do Estatuto, nesta segunda-feira (24), uniu grupos políticos antagônicos do Corinthians.
QUEM ARTICULOU A PARALISAÇÃO
Após os conselheiros aprovarem por unanimidade a necessidade de alterações no Estatuto, surgiram divergências em relação ao anteprojeto que seria colocado em votação, liderado por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo.
Ligado ao grupo Renovação e Transparência e com apoio de alguns conselheiros vitalícios, Jorge Kalil foi o primeiro a solicitar a suspensão da votação.
Diretor de futebol durante a gestão de Augusto Melo, Rubens Gomes, o Rubão, uniu-se ao antigo opositor nesse movimento.
Na sequência, o secretário do Conselho de Orientação (CORI) e um dos líderes do Movimento Corinthians Grande (chapa 82), Paulo Pedro, ao lado do ex-candidato à presidência e ex-líder do mesmo grupo, Felipe Ezabella, propôs que fossem votados apenas três pontos específicos da reforma: direito ao voto do Fiel Torcedor; cota feminina no Conselho Deliberativo; proporcionalidade dos votos (individuais, em vez das chapinhas).
A proposta contou com o apoio de Kalil e Rubão, além da anuência de boa parte da Renovação e Transparência e de conselheiros vitalícios.
Posteriormente, Peterson Ruan e Vinicius Cascone, que participaram ativamente até o fim da gestão de Augusto Melo, defenderam que a rediscussão da reforma estatutária ocorra por meio de audiências públicas.
Após uma interrupção de aproximadamente dez minutos na sessão, Romeu Tuma Júnior conversou com essas lideranças e também com Alê Oz, presidente da Gaviões da Fiel.
O presidente do Conselho propôs que as audiências ocorressem entre segundas e quartas-feiras de dezembro, em dez sessões, e que o projeto fosse votado ainda em 2025.
Ao final, os conselheiros rejeitaram a ideia de Tuma e definiu-se que as reuniões ocorrerão entre dezembro e fevereiro, a votação no Conselho Deliberativo acontecerá depois do Carnaval e a Assembleia Geral de Sócios será realizada em março.
Com isso, Romeu buscou garantir que as definições passem a valer já para a eleição de 2026.
ARTICULAÇÃO OCORREU DESDE O FIM DE SEMANA
Os acontecimentos que se desenharam na reunião desta segunda-feira (24) já vinham sendo previstos em encontros realizados no último fim de semana.
Diversas reuniões ocorreram dentro e fora do Parque São Jorge, especialmente no sábado (22).
Líderes como Jorge Kalil e Felipe Ezabella se reuniram com conselheiros vitalícios e integrantes da Renovação e Transparência, como Ademir Benedito e Guilherme Strenger.
Em paralelo, outros grupos políticos também se articulavam nos bastidores em busca de consenso.
Ciente dessas movimentações, Romeu Tuma Júnior admitiu alternativas para evitar a reprovação total do anteprojeto de reforma estatutária.
Foi a partir daí que o presidente do Conselho passou a cogitar a possibilidade de rediscutir o projeto e agendar uma nova data para votação.
Ainda que ligeiramente frustrado com o andamento da reunião, Tuma avaliou o cenário como positivo, sobretudo pelas garantias de que os pontos definidos na reforma serão aplicados já na eleição de 2026.
EX-PRESIDENTE DA GAVIÕES PEDE DESCULPAS A ANDRÉ NEGÃO
Logo após Tuma anunciar o encerramento da reunião desta segunda-feira (24), o ex-presidente da Gaviões da Fiel, Douglas Deúngaro, conhecido como Metaleiro, pediu a palavra.
Em seu discurso, criticou ideias e propostas de SAF no Corinthians e, ao final, pediu desculpas ao conselheiro André Luiz de Oliveira, o André Negão, candidato derrotado na última eleição presidencial.
Metaleiro admitiu arrependimento por ter votado em Augusto Melo, presidente destituído por impeachment.
Em resposta, André Negão deixou o local onde estava e abraçou Metaleiro, selando a reconciliação entre eles.

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