Categoria: ECONOMIA

  • Governo americano diz que conversa com Brasil foi muito positiva e monta cronograma de trabalho

    Governo americano diz que conversa com Brasil foi muito positiva e monta cronograma de trabalho

    Em declaração conjunta divulgada nesta quinta-feira (16), Brasil e Estados Unidos afirmaram ter tido “conversas muito positivas” sobre comércio e temas bilaterais. O encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio marcou o início de uma nova fase de cooperação e pode abrir caminho para uma reunião entre Lula e Trump

    (FOLHAPRESS) – O governo dos Estados Unidos classificou como “muito positivas” as conversas entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e sua contraparte americana, o secretário de Estado, Marco Rubio, nesta quinta-feira (16).

    O posicionamento consta em uma declaração conjunta entre os integrantes dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, divulgada no início da noite.

    No comunicado, o representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer, Rubio e Vieira afirmam que houve “conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em andamento”.

    “O embaixador Greer, o secretário Rubio e o ministro Mauro Vieira concordaram em colaborar e conduzir discussões em múltiplas frentes num futuro próximo, estabelecendo um caminho de trabalho conjunto”, diz a declaração.

    “Ambas as partes também concordaram em trabalhar juntas para agendar uma reunião entre o presidente Trump e o presidente Lula na primeira oportunidade possível”, continua.

    A divulgação de uma manifestação conjunta, assinada pelos dois governos, não é um padrão do Departamento de Estado, indicando uma sintonia entre as partes sobre o teor do encontro.

    O comunicado não atrela as sobretaxas a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e à condenação de Jair Bolsonaro (PL), como já fizeram Rubio e Greer anteriormente ao tratar do tema.

    Para integrantes do governo brasileiro, isso é mais um sinal de que há uma orientação para que se avance em acordos comerciais, a despeito de questões políticas.

    Após o encontro, em pronunciamento a jornalistas, Vieira afirmou que este é um “início auspicioso de processo negociador” com os Estados Unidos. O ministro também disse que pediu o fim de sanções aplicadas pelos EUA, como suspensão de vistos e punições financeiras a autoridades.

    Este foi o primeiro encontro presencial entre representantes de alto escalão dos dois governos desde que Lula e Trump tiveram uma rápida interação durante a Assembleia Geral da ONU. Depois, ambos os presidentes conversaram por telefone. Trump reafirmou publicamente ter tido uma “química” com Lula.

    Apesar da declaração oficial, interlocutores do governo americano ligados ao Departamento de Estado minimizaram o aspecto positivo da reunião e disseram que, para o secretário de Estado, a parte política ainda importa. A maior parte das sanções a autoridades brasileiras, como a suspensão de vistos, partiu do Departamento de Estado, que tem uma ala considerada mais ideológica e ligada ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o empresário Paulo Figueiredo.

    Os sinais públicos dados pelos auxiliares de Trump nesta quinta, porém, sinalizam uma perda de espaço dessa ala.

    Governo americano diz que conversa com Brasil foi muito positiva e monta cronograma de trabalho

  • Dólar e Bolsa fecham em queda com dados de atividade econômica do Brasil

    Dólar e Bolsa fecham em queda com dados de atividade econômica do Brasil

    Investidores avaliam resultado do IBC-Br, divulgado nesta manhã pelo Banco Central; analistas também pesam tensões entre EUA e China, além de possível corte de juros pelo Fed neste mês

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda de 0,37% nesta quinta-feira (16), cotado a R$ 5,441, e a Bolsa recuou 0,28% a 142.200 pontos.

    Em dia de agenda esvaziada, o mercado digeriu os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto).

    Na ponta internacional, o destaque ficou com as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além de expectativas sobre os juros americanos.

    O IBC-Br mostrou que a atividade brasileira voltou a crescer em agosto, a 0,4%, rompendo a sequência de três meses de queda. O dado, porém, veio mais fraco do que os 0,6% esperados.

    A desaceleração, segundo analistas de mercado, deriva de um ambiente de juros restritivos e incertezas em relação à política tarifária dos Estados Unidos.

    Na última reunião de política monetária, no mês passado, o BC (Banco Central) decidiu manter a taxa básica de juros do país, a Selic, em 15% ao ano. A ata do encontro mostrou que o colegiado inaugurou uma nova fase na política de juros, na qual a Selic deverá ficar inalterada por um longo período de tempo para atingir a meta de inflação de 3% ao ano.

    O dado de agosto “reforça que a atividade não corre o risco de uma desaceleração acentuada, mas atravessa um período de crescimento mais contido”, avalia Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

    “A trajetória do segundo semestre seguirá condicionada à política monetária, à confiança dos agentes e ao comportamento do mercado de trabalho, em um ambiente fiscal e externo desafiador”, afirma ela.

    Ao mesmo tempo, o mês de agosto foi marcado pela entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo carne, café e frutas. Há expectativas de que o tarifaço seja atenuado: o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se encontraram nesta tarde para começar as tratativas sobre as sobretaxas.

    “É a primeira de uma série de conversas. Tem muito chão pela frente e vai demorar até termos algum resultado concreto, mas o fato de que autoridades brasileiras e americanas estão oficialmente sentando à mesa para conversar traz maior otimismo para os investidores”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

    As tarifas do presidente Donald Trump seguem em destaque no mercado global também. A escalada de tensões entre Estados Unidos e China tem voltado a despertar temores de uma guerra comercial de grandes proporções, semelhante à do início do ano.

    À época, Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e o líder chinês Xi Jinping respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas temporariamente para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA.

    Na semana passada, porém, o governo de Xi Jinping anunciou controles de exportação que devem causar rupturas no fornecimento global de terras raras, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter autorização de Pequim para exportar ímãs críticos e outros produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras extraídas da China.

    Citando a “posição extraordinariamente agressiva” dos chineses na imposição de “controles de exportação para todos os tipos de produtos”, o presidente Donald Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro na sexta-feira.

    Em resposta, o Ministério do Comércio chinês defendeu o diálogo, mas disse estar disposto a “ir até o fim” caso os EUA não voltem atrás nas sobretaxas adicionais de 100%. “Se os Estados Unidos optarem pelo confronto, a China o levará até o fim; se optarem pelo diálogo, nossa porta permanecerá aberta”, afirmou na terça.

    Já nesta quinta, a China acusou os americanos de alimentar pânico em relação aos controles chineses sobre terras raras.

    “A interpretação dos EUA distorce e exagera seriamente as medidas da China [de controle de exportação de terras raras], provocando deliberadamente mal-entendidos e pânico desnecessários”, disse He Yongqian, porta-voz do Ministério do Comércio da China, em entrevista coletiva.

    “Desde que os pedidos de licença de exportação estejam em conformidade e se destinem ao uso civil, eles serão aprovados.”

    Embora os investidores estejam aliviados com o fato das duas maiores economias do mundo terem evitado os aumentos tarifários retaliatórios de março e abril, cada troca de farpas entre Washington e Pequim corre o risco de inviabilizar uma reunião entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul no final deste mês -um ponto fixo que até agora ajudou a ancorar a estabilidade dos mercados.

    “A ‘trégua’ temporária nas alíquotas das tarifas expira em 12 de novembro. Nos próximos dias, devemos ver negociações mais tensas entre EUA e China, com os dois países buscando mostrar suas melhores cartas antes dos encontros”, diz Mattos, da StoneX.

    Ainda no radar, o mercado projeta um corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) no final do mês após um discurso do presidente da autarquia, Jerome Powell, na terça-feira.

    Ele sinalizou que as condições econômicas que culminaram no corte de 0,25 ponto percentual da reunião passada seguem vigentes, com o mercado de trabalho dando sinais de fraqueza e a inflação estabilizada.

    “Um corte de juros em outubro está dado”, afirma Julia Coronado, fundadora da empresa de pesquisa MacroPolicy Perspectives e ex-economista do Fed. “Nada mudou a perspectiva de que ainda há riscos de queda no mercado de trabalho.”

    Dólar e Bolsa fecham em queda com dados de atividade econômica do Brasil

  • Pontos controversos podem ser retirados de projeto da isenção do IR, diz Renan

    Pontos controversos podem ser retirados de projeto da isenção do IR, diz Renan

    Relator afirma que objetivo é preservar núcleo do texto e garantir sanção ainda neste ano; senador afirma que Câmara incluiu exceções sem a devida compensação financeira

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesta quinta-feira (16) que “pontos controversos” no projeto que aumenta a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 podem ser retirados do texto e encaminhados para uma tramitação separada, de forma paralela. O objetivo, explica ele, seria preservar ao menos o “núcleo do projeto” e garantir a sanção do presidente Lula antes da virada do ano.

    Qualquer alteração substancial no projeto no Senado obrigaria a Casa a devolver o texto para a Câmara, para uma nova análise, levando um tempo maior para a conclusão da matéria no Legislativo. Assim, Renan entende que o desmembramento do projeto pode ser uma saída. Pondera, contudo, que ainda não concluiu seu relatório e que caberá ao Senado bater o martelo.

    Sobre os pontos controversos, Renan se refere a modificações que foram feitas na Câmara a partir do texto original, que é de autoria do Planalto.

    O senador entende que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) costurou exceções no projeto sem a devida compensação financeira. Lira, adversário político de Renan em Alagoas, foi o relator do projeto na Câmara.

    “Algumas coisas que foram colocadas sem a devida compensação serão olhadas com uma lupa para não distorcer o projeto, que é o primeiro passo significativo no caminho da justiça tributária”, disse Renan.

    O senador destaca que a versão aprovada pela Câmara blindou, por exemplo, rendimento obtido com títulos como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e de Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros). Ele acrescenta que a falta de previsão para compensação esbarra na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

    Ainda segundo Renan, uma das eventuais compensações poderia ser a elevação de alíquota das bets, que estava prevista na Medida Provisória 1303, derrubada pela Câmara.

    “Se o Senado entender que pode incorporar algumas dessas compensações, elas não ensejarão a volta do projeto para Câmara, elas irão desmembradas para a Câmara, para tramitar em um projeto paralelo”, diz Renan, que nesta quinta conduziu uma audiência pública sobre o projeto do IR com sindicatos de trabalhadores.

    No encontro, o relator ouviu pedidos para que o projeto seja aprovado e sancionado a tempo de o trabalhador sentir os efeitos da medida já em janeiro de 2026.

    “Gostaria de dizer que este projeto vai tramitar no Senado de forma célere e que aqui no Senado não teremos lobista influindo na tramitação e não vamos permitir que ele seja utilizado para pautar outras matérias que não são de interesse da sociedade, blindagem, anistia, seja lá o que for. Aqui será feito um debate aberto, transparente, a luz do dia, ouvindo cada setor da população”, disse Renan aos representantes das entidades.

    No início do mês, ao receber a relatoria, Renan já havia criticado a Câmara dos Deputados. Segundo ele, a proposta foi usada para pressionar o governo Lula, em uma chantagem para tentar avançar com a pauta da anistia e da PEC da Blindagem.

    O emedebista fará mais duas audiências públicas, na próxima semana. Seu relatório será apresentado logo na sequência, ainda em outubro.

    Além de promessa de campanha, a isenção do IR também é a principal aposta do PT para alavancar a popularidade de Lula em ano eleitoral. A medida ainda inclui um desconto no imposto de quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350 mensais. Hoje, na prática, a isenção já é de até R$ 3.036 por mês. Ao todo, a desoneração da base da pirâmide de renda deve beneficiar até 16 milhões de contribuintes a um custo de R$ 31,2 bilhões no ano que vem, segundo a Câmara.

    Para compensar a perda desses recursos, o governo propôs a criação de um imposto mínimo de até 10% sobre a alta renda. O alvo da medida são 141 mil contribuintes que recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5%.

    Pontos controversos podem ser retirados de projeto da isenção do IR, diz Renan

  • Senado ouve trabalhadores sobre aumento da faixa de isenção do IR

    Senado ouve trabalhadores sobre aumento da faixa de isenção do IR

    O projeto do governo federal compensa a perda de receita e institui um patamar mínimo de imposto a ser pago por aqueles que têm rendimento tributável acima de R$ 600 mil por ano

    Trabalhadores de diversos setores apresentaram, nesta quinta-feira (16), em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, suas visões sobre os efeitos que a aprovação do projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês.

    Aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto, do governo federal, compensa a perda de receita e institui um patamar mínimo de imposto a ser pago por aqueles que têm rendimento tributável acima de R$ 600 mil por ano.

    No formato em que se encontra o projeto, está prevista uma alíquota de 10% do IR com potencial de atingir cerca de 141,4 mil contribuintes pessoas físicas de alta renda. Atualmente, esse grupo recolhe, em média, uma alíquota de 2,5% de IR sobre seus rendimentos totais. O texto aplica ainda uma redução gradual para os rendimentos acima de R$ 5 mil mensais até o valor de R$ 7.350. Para aqueles que recebem acima de R$ 7.350 mensais, nada muda.

    Justiça social

    O comerciário Tiago Bitencourt Neves defendeu que a atualização da tabela de imposto de renda é uma questão de justiça social. Para ele, a progressividade tributária é mais do que uma proposta econômica, “é uma proposta de país”. 

    “O Brasil precisa de sistema que taxe o luxo, e não o arroz e o feijão. Que cobre de quem vive de especulação, como os bancos. Que taxe as bets, super-ricos e bilionários”, acrescentou.
    Para Tiago Neves, o projeto é uma chance de corrigir uma desigualdade histórica no país. 

    “Não se trata de apenas uma discussão técnica, mas uma escolha política sobre quem paga a conta e sobre quem se beneficia do país que a gente constrói todos os dias, com nossa luta diária”, argumentou.

    Correção histórica

    O trabalhador do setor de serviços Jadiel de Araujo Santos ressaltou que os parlamentares têm a oportunidade de fazer uma “correção histórica de uma tabela que há anos está defasada, fazendo com que milhões de brasileiros, os que mais trabalham, paguem mais do que deveriam”.

    “Isso devolverá dignidade e poder de compra às famílias, com um dinheiro que circulará na economia. Quem ganha até R$ 5 mil não é privilegiado, é quem faz o país ficar de pé. É reconhecer o esforço de quem move o país”, complementou.

    Impactos

    O trabalhador do setor financeiro Juliano Rodrigues Braga se apresentou como um dos quase 45 mil bancários que serão beneficiados com a isenção do IR. 

    “Talvez vocês não tenham noção, mas este valor tem impacto direto no meu bolso, de cerca de R$ 2,5 mil por ano”, disse.

    “E talvez achem isso pouco, haja vista a enorme disparidade salarial de rendimento deste país. Mas não se enganem. Esse valor representa a quantia necessária para pagar várias despesas ordinárias, para que tenhamos sobrevivência digna neste país. E será um dinheiro devolvido ao mercado, aquecendo a economia”, argumentou.

    Jadiel Santos vê, na proposta, uma possibilidade de justiça tributária, na qual todos possam contribuir para o financiamento de políticas públicas, na medida da capacidade contributiva de cada um.

    “E capacidade contributiva, neste país, é dizer que quem ganha menos deve pagar menos; e quem ganha mais deve pagar mais. Vale uma observação. Quem ganha mais neste país, via de regra, são aquelas pessoas que, quase inequivocadamente, ganham por meio do suor e do sacrifício humano alheio, a exemplo dos bancos que adoecem seus trabalhadores com metas abusivas; das bets que retiram dinheiro do pai e da mãe de família; e dos investidores da Faria Lima”.

    Poder de compra

    A gerente de posto de combustíveis Silvia Letícia Alves Mattar que revelou receber, em média, salário de R$ 3,8 mil, disse que no seu caso a isenção trará o retorno de aproximadamente R$ 200 por mês. 

    “É praticamente um 14º salário no bolso. Essa medida vai aumentar o poder de compra de quem ganha menos e ajudar a movimentar o comércio”, disse.

    Trabalhador do setor de alimentação, Zacarias Assunção disse ser “muito injusto quem ganha pouco pagar mais e quem ganha mais pagar menos”. Isso, segundo ele, “é uma luta injusta e desigual porque quem leva o Brasil nas costas acaba pagando mais impostos”.

    Segundo o metalúrgico Claudionor Vieira do Nascimento, 68% dos trabalhadores de sua categoria na região do ABC deixarão de pagar ou terão o pagamento reduzido de IR.

    Dirigindo-se aos parlamentares, o trabalhador disse ficar desapontado ao ver muitos que deveriam atuar em favor dos trabalhadores associarem esse projeto a aumento de impostos, por fazer uma justa compensação ao cobrar mais de quem ganha muito mais.

    Ele citou, também como exemplo de descompromisso com a classe trabalhadora, a atuação de parlamentares para isentar grandes grupos econômicos. 

    “Por que os mais de R$ 800 bilhões em isenção para as empresas desse país não são comentados e não incomodam a maioria dos parlamentares brasileiros?”, questionou.

    “A classe brasileira está de olho nessas votações, porque isso não é aumentar impostos. É fazer um pouco de justiça social e dar um pouco de dignidade para aqueles que constroem a riqueza de nosso país”, defendeu.

    O frentista Willian Ferreira Da Silva foi além e defendeu, também como justiça social, a redução da jornada de trabalho, que atualmente é de 6 dias trabalhados por 1 de descanso.

    “Isso também vai melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores que sustentam qualquer sistema. Até porque capital não gera renda por ele próprio. As empresas têm sempre, atrás dela, na ponta, o trabalhador”, disse. 

    “Trabalhadores nunca conquistaram direito sem lutar. Para nós, só a luta faz a lei”, acrescentou.

    Trabalhador do setor químico, José Evandro Alves da Silva defendeu que a sociedade se mobilize novamente, como fez nas manifestações contra a anistia, para conseguir essas conquistas. 

    “Temos de ir novamente às ruas, como fizemos recentemente”, disse.

    Senado ouve trabalhadores sobre aumento da faixa de isenção do IR

  • INSS suspende crédito consignado de quatro bancos; veja quais são e entenda os motivos

    INSS suspende crédito consignado de quatro bancos; veja quais são e entenda os motivos

    Suspensão ocorre por suspeitas de irregularidades; Master já havia tido contrato cancelado; instituições passarão por investigação e, ao final, se não houver falhas, poderão retomar empréstimos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) suspendeu a possibilidade de realização de operações de crédito consignado e quatro instituições financeiras nesta quinta-feira (16).

    Segundo documentos publicados no Diário Oficial da União, os bancos Inter e Paraná e as instituições Facta Financeira e Cobuccio a Sociedade de Crédito Direto não podem mais mais realizar o empréstimo após denúncias de irregularidades, que estão sob investigação no governo federal.

    “Decisão é medida necessária para cessar as irregularidades e salvaguardar o interesse público, até a conclusão definitiva dos processos de apuração”, diz o documento.

    Em nota, a Facta Financeira diz que “cumpre rigorosamente a legislação do mercado financeiro e atende aos requisitos dos órgãos reguladores”.

    O Inter, também em nota, diz que foi surpreendido com a suspensão cautelar de novos consignados pelo INSS e informa que está contato com o instituto para entender os motivos da decisão. “O Inter reforça ainda seu compromisso com a transparência e o respeito aos clientes, especialmente aposentados e pensionistas”, adiciona o banco. As demais instituições não responderam até a publicação deste texto.

    O problema estaria ligado a descumprimento de ACT (Acordo de Cooperação Técnica) entre o INSS e as instituições. O crédito consignado é um empréstimo no qual a parcela é descontada diretamente da aposentadoria ou pensão. Com isso, como o risco de calote é praticamente zero, os juros são os mais baixos do mercado.

    As regras são controladas pelo CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) e a exigência de biometria passou a valer após o TCU (Tribunal de Contas da União) mandar bloquear as liberações.

    O instituto não comentou as suspensões, mas reafirma posicionamento já informado anteriormente, quando decidiu não renovar o ACT assinado com o Banco Master. Na ocasião, afirmou que contratos só seguirão vigentes “desde que observadas todas as regras vigentes”.

    “A decisão, de caráter preventivo, decorre de análise técnica e jurídica e seguirá válida até a conclusão das apurações em andamento ou até que a instituição financeira comprove, de forma objetiva, o atendimento integral à legislação e aos regulamentos que disciplinam o crédito consignado”, disse o órgão.

    A suspensão atinge novos contratos. Quem já é cliente dos bancos deverá ser atendido normalmente, sob pena de punições às instituições. A medida não deve alterar os canais de atendimento ao cidadão, nem os procedimentos de orientação sobre crédito consignado.

    Outra informação é a de que as instituições poderão ter o contrato para empréstimo retomado com o instituto após a conclusão das apurações e caso comprovem que estão agindo conforme as normas aplicáveis.

    A Facta diz também que a suspensão temporária e valerá por até 30 dias e que a situação envolve também outras diferentes instituições financeiras.

    “O motivo da decisão cautelar ainda não está esclarecido, uma vez que não houve acesso aos autos. A administração da empresa está em contato com INSS para compreender o contexto e elaborar um plano de ação com objetivo de normalizar o serviço com a maior brevidade possível”, afirma.
    A financeira atua há 29 anos e diz ter 4 milhões de clientes ativos.

    AUSÊNCIA DO ‘NÃO PERTURBE’ LEVOU A MAIS CANCELAMENTOS

    No início de agosto, o INSS cancelou a autorização para que oito instituições financeiras fizessem novas operações de consignado, com desconto feito diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.

    As instituições foram descredenciadas por não terem implementado o mecanismo obrigatório do Não Perturbe, criado para bloquear ligações indesejadas com ofertas de crédito e coibir o assédio a um público considerado vulnerável. Parte delas afirma que não oferece crédito por telefone, mas providenciará a contratação do serviço para ter sua autorização reativada.

    O QUE É E COMO FUNCIONA O EMPRÉSTIMO CONSIGNADO?

    O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito na qual o valor das parcelas é descontado diretamente do benefício mensal do segurado. Aposentados, pensionistas e demais beneficiários do INSS podem autorizar esse tipo de operação.

    Atualmente, é possível comprometer até 45% da renda mensal com o crédito, sendo 35% com empréstimo pessoal consignado, 5% com cartão de crédito e 5% com cartão de benefício.

    O prazo de pagamento pode chegar a 84 meses (sete anos). Em março, o CNPS elevou o teto dos juros para 1,85% ao mês. Até então, o limite era de 1,8% mensais, valor definido no início de 2025.

    INSS suspende crédito consignado de quatro bancos; veja quais são e entenda os motivos

  • 'Shutdown' nos EUA? Tribunal impede governo de despedir funcionários

    'Shutdown' nos EUA? Tribunal impede governo de despedir funcionários

    Um tribunal federal da Califórnia suspendeu temporariamente os planos do governo Trump de demitir milhares de funcionários federais durante a paralisação do governo. A decisão atende a um pedido de sindicatos que acusam a administração de abuso de poder e violação das leis trabalhistas

    O tribunal federal da Califórnia emitiu nesta quarta-feira (15) uma decisão temporária que impede o governo de Donald Trump de demitir funcionários federais enquanto o governo permanece paralisado.

    A decisão foi tomada após o sindicato que representa esses trabalhadores entrar com uma ação judicial contestando os planos da administração.

    “As evidências sugerem que o Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) e o Escritório de Gestão de Pessoal (OPM) estão aproveitando a paralisação do governo para agir como se as leis não se aplicassem a eles e impor as estruturas que desejam sobre uma situação que não lhes agrada. Acredito que os autores da ação demonstrarão, no fim, que o que está sendo feito aqui é ilegal, ultrapassa a autoridade e é arbitrário e caprichoso”, afirmou a juíza Susan Ilston.

    Ela acrescentou: “É uma atitude precipitada. Há um custo humano que não pode ser tolerado.”

    “A partir de agora, a ordem de restrição temporária está em vigor”, anunciou a juíza.

    Pouco antes da decisão, o diretor do OMB, Russel Vought, havia dito no programa The Charlie Kirk Show, citado pelo The Guardian, que o governo se preparava para realizar novos cortes, podendo chegar a 10 mil demissões.

    No dia 10 de outubro, a administração Trump já havia anunciado “reduções na força de trabalho” em sete agências federais, afetando pelo menos 4,1 mil servidores. O governo justificou as demissões alegando que a paralisação — que os republicanos atribuem aos democratas — tornou as medidas inevitáveis.

    Os sindicatos, porém, entraram com uma ação ainda antes do início da paralisação, no fim de setembro, prevendo as ameaças de cortes em massa.

    O processo argumenta que o OMB, sob direção de Vought, violou a lei ao ameaçar servidores com demissão e ao ordenar que realizassem tarefas ligadas aos próprios desligamentos durante o período de paralisação.

    Se confirmadas, as demissões farão do governo Trump o primeiro da história dos Estados Unidos a promover cortes em massa no funcionalismo durante um “shutdown” — paralisação total das atividades governamentais.

    “Nenhum presidente jamais decidiu demitir milhares de servidores durante uma paralisação do governo”, afirmou Everett Kelley, presidente da Federação Americana de Trabalhadores Governamentais (AFGE). “A AFGE está contestando esse abuso de poder ilegal e sem precedentes do presidente Trump e não vai parar de lutar até que todas as notificações de demissão sejam revogadas.”

    Os Estados Unidos já enfrentaram 11 paralisações de governo. A mais longa durou 35 dias, em 2018, também sob a administração Trump. A atual paralisação completa agora duas semanas.
     
     

    'Shutdown' nos EUA? Tribunal impede governo de despedir funcionários

  • Dólar fecha em queda e Bolsa avança com expectativa sobre novo corte de juros nos EUA

    Dólar fecha em queda e Bolsa avança com expectativa sobre novo corte de juros nos EUA

    A moeda norte-americana fechou em queda de 0,14% nesta quarta-feira (15), cotado a R$ 5,462; a Bolsa subiu 0,64%, a 142.603 pontos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda de 0,14% nesta quarta-feira (15), cotado a R$ 5,462, com o mercado repercutindo o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) na véspera.

    Jerome Powell destacou a desaceleração no mercado de trabalho norte-americano como um dos principais pontos que a autarquia levará em conta nas próximas decisões de política monetária, alimentando expectativas de que o ciclo de corte de juros continuará no encontro do fim do mês.

    A perspectiva de mais reduções desvalorizou o dólar globalmente: o índice DXY -que compara a força da moeda norte-americana a outras seis divisas pares- caiu 0,3%, a 98,75 pontos.

    O clima também foi de apetite por risco nos mercados acionários. Aqui, a Bolsa subiu 0,64%, a 142.603 pontos. Em Wall Street, o S&P500 avançou 0,26%; o Nasdaq Composite, 0,66%.

    Segundo Powell, as perspectivas para a inflação e o emprego parecem ter mudado pouco desde o último encontro do Fed em setembro, quando os dirigentes reduziram as taxas de juros e projetaram mais dois cortes neste ano.

    O mercado de trabalho, ao mesmo tempo, está dando sinais de fraqueza. “As evidências disponíveis sugerem que tanto as demissões quanto as contratações permanecem baixas, e que tanto as percepções das famílias sobre a disponibilidade de empregos quanto as percepções das empresas sobre a dificuldade de contratação continuam em trajetória descendente”, disse.

    Esse marasmo de poucas contratações e poucas demissões, no entanto, corre em paralelo à atividade econômica “mais firme do que o esperado”, e os sinais mistos estão levando as autoridades do Fed a adotar uma abordagem “reunião por reunião” para decidir sobre a taxa de juros, afirmou Powell.

    Os comentários do presidente do Fed, na avaliação do mercado, reforçaram a perspectiva de que o ciclo de cortes de juros deve continuar nas próximas reuniões. “Um corte de juros em outubro está dado”, afirma Julia Coronado, fundadora da empresa de pesquisa MacroPolicy Perspectives e ex-economista do Fed. “Nada mudou a perspectiva de que ainda há riscos de queda no mercado de trabalho.”

    Na ferramenta CME Fed Watch, operadores precificam quase 100% de chance de uma nova redução de 0,25 ponto percentual no encontro dos dias 28 e 29 de outubro, repetindo a dose da reunião passada. A taxa de juros do Fed está na banda de 4% e 4,25% desde então.

    De lá para cá, porém, o governo federal dos EUA entrou em uma paralisação que suspendeu a divulgação de novos dados oficiais. O Departamento do Trabalho adiou a publicação do relatório “payroll” de setembro, por exemplo, mas convocou funcionários para preparar os dados do índice de preços ao consumidor de setembro, que serão divulgados ainda este mês.

    O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e desemprego para balizar as decisões de juros. O momento é particularmente sensível para ficar sem os números oficiais: com a inflação ainda acima da meta de 2% e o mercado de trabalho resfriando, os dirigentes estão se dividindo sobre o rumo da política monetária.

    Powell disse que estão buscando fontes alternativas de dados do setor privado, mas enfatizou a importância dos dados governamentais, que ele chamou de “padrão ouro”.

    “Não esperamos conseguir repor os dados que não estamos recebendo”, disse Powell. “Começaremos a sentir falta desses dados, principalmente os de outubro. Se isso continuar por um tempo, eles não os coletarão, e a situação pode se tornar mais desafiadora.”

    A taxa de juros dos Estados Unidos -e as projeções em torno dela- dita o humor dos investidores globalmente. Quando ela está estacionada em patamares elevados, operadores tendem a tirar recursos de outros mercados para aplicar na renda fixa americana, o investimento mais seguro do mundo, o que favorece o dólar ante as demais moedas. Quando ela cai, esses recursos são pulverizados para outras praças, desvalorizando o dólar.

    Em relação ao Brasil, há ainda o diferencial de juros jogando a favor. Quanto maior a diferença entre a taxa americana e a Selic, mais rentável é a estratégia conhecida como “carry trade”.

    Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira. Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real.

    Ainda na seara internacional, as tensões entre Estados Unidos e China seguem no radar. Na terça, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, acusou Pequim de tentar prejudicar a economia mundial ao restringir as exportações de terras raras e minerais críticos.

    Na semana passada, o governo de Xi Jinping anunciou a adoção de controles de exportação que devem causar rupturas no fornecimento global de terras raras, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter autorização de Pequim para exportar ímãs críticos e outros produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras extraídas da China.

    Citando a “posição extraordinariamente agressiva” dos chineses na imposição de “controles de exportação para todos os tipos de produtos”, o presidente Donald Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro na sexta-feira.

    Em resposta, o Ministério do Comércio chinês defendeu o diálogo, mas disse estar disposto a “ir até o fim” caso os EUA não voltem atrás nas sobretaxas adicionais de 100%. “Se os Estados Unidos optarem pelo confronto, a China o levará até o fim; se optarem pelo diálogo, nossa porta permanecerá aberta”, afirmou na terça.

    O cenário reacende o risco de uma guerra comercial, semelhante à do início do ano, quando Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA.

    O fim de semana foi de moderação de tom, e Bessent, depois de retomar a retórica mais dura na véspera, disse nesta quarta que Trump está pronto para se encontrar com Xi Jinping. Eles têm uma reunião marcada para o dia 29 de outubro.

    À CNBC afirmou que os EUA não queriam intensificar o conflito com a China e não queriam se dissociar da segunda maior economia do mundo. Ele disse que foi devido à confiança entre Trump e Xi que o conflito comercial entre os dois países não aumentou ainda mais.

    Dólar fecha em queda e Bolsa avança com expectativa sobre novo corte de juros nos EUA

  • Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

    Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

    Entre as medidas de reestruturação anunciadas pelos Correios, estão o corte de despesas operacionais e administrativas, a busca pela diversificação de receitas e a recuperação da liquidez da empresa

    Os Correios apresentaram, nesta quarta-feira (15), as medidas que integram a primeira fase do plano de reestruturação financeira e operacional para garantir sustentabilidade e modernização da estatal.

    Entre elas, a empresa negocia com bancos o empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, para custear as operações dos Correios e equilibrar financeiramente a instituição no biênio 2025-2026 e para gerar lucro a partir de 2027.

    Segundo o novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, que está no cargo há 21 dias, um dos fatores que contribuíram para as contas negativas foi a crescente concorrência no comércio eletrônico.

    “A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade e isso fez com que a gente sofresse em termos de resultados, de geração de caixa e da operação em si. Então, nos últimos anos, o que vem acontecendo na empresa é que a perda de competitividade vem fazendo com que a gente tenha perda de receitas”, admitiu Rondon.

    De acordo com o presidente, o Postalis (fundo de pensão complementar dos funcionários dos Correios e um dos maiores do país) é um dos itens relevantes de despesas da empresa pública e é preciso negociar uma solução melhor do que a existente nos dias atuais.

    Medidas anunciadas

    Entre as medidas de reestruturação anunciadas, estão o corte de despesas operacionais e administrativas, a busca pela diversificação de receitas e a recuperação da liquidez da empresa. 

    Para o cortes de despesas, a empresa lançará um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), com mapeamento da força de trabalho no país inteiro e de áreas ociosas. 

    “Esse programa de demissão voluntária está sendo tratado de forma bem cuidadosa para enxergar no país onde a gente tem ineficiências e ociosidades e não trabalhar de uma forma linear, perdendo capacidade operacional onde a gente já está justo, gerando todo o potencial de resultado que a gente pode alcançar”, diz Rondon. 

    A estatal também planeja vender imóveis ociosos, o que poderá representar a entrada de recursos novos, acompanhada da redução de gastos com manutenção desses espaços.

    Para que a empresa pública volte a reequilibrar as contas, o plano financeiro prevê também a redução de custos operacionais com a renegociação de contratos com os maiores fornecedores da empresa, em busca de condições mais vantajosas, sem colocar em risco a segurança jurídica das operações.

    Os Correios, que têm como marca o serviço postal, planejam ampliar o portfólio de produtos e serviços para captar e gerar novas receitas. A empresa está fazendo um esforço de reaproximação com grandes clientes, ao mesmo tempo em que estuda experiências internacionais ligadas à rede logística, sobretudo na área de serviços financeiros, e também planeja o lançamento de produtos. 

    “Normalmente, as empresas que geram lucro conseguiram se adaptar rápido e aumentaram o portfólio de ofertas de produtos, com destaque aos serviços financeiros e serviços de seguridade, que são os carros-chefes da maioria das empresas que geram resultados positivos”, avalia o presidente da estatal. 

    Para recuperar a liquidez da empresa, entrará a mencionada negociação com as instituições financeiras para captação de recursos da ordem de R$ 20 bilhões que financiem as demais medidas de reestruturação. 

    “Estamos negociando a operação para ter reequilíbrio da empresa em 2025 e 2026, para ter tempo de adotar as medidas que começam a impactar em 2026, para em 2027 a gente conseguir iniciar um ciclo de balanço em azul. A ideia é que em 2027 a empresa já esteja reequilibrada e com lucro, em 2027.”

    Pacote anteriorApós fechar o ano de 2024 no vermelho, com o prejuízo total de R$ 2,6 bilhões, em maio deste ano, a empresa anunciou um pacote de medidas para socorrer a empresa, o que incluiu outro programa de demissão voluntária (PDV); redução de jornada de trabalho para 6 horas diárias em unidades administrativas; suspensão temporária das férias de 2025 e a decretação do fim do trabalho remoto. 

    Como resultado, a última edição do PDV do Correios foi encerrada com o pedido voluntário de demissão de cerca de 3,5 mil empregados, o que gerou uma economia anual de aproximadamente R$ 750 milhões à estatal.

    O presidente Emmanoel Rondon comparou as medidas do primeiro semestre às anunciadas agora. “Aquelas foram medidas emergenciais, não foram estruturais. O que a gente está buscando agora são medidas estruturais que permitam o equilíbrio da empresa nos próximos anos”. 

    Questionado se a direção dos Correios cogita a privatização da estatal, o novo presidente respondeu que as medidas estudadas para o curto prazo são maiores do que as que foram feitas em um passado recente e estas poderão cumprir a função de reestruturação da empresa. Rondon adiantou que novas medidas estão em análise e poderão acompanhar as ações estruturantes anunciadas nesta quarta-feira.

    “Neste momento, estamos buscando ter o equilíbrio financeiro da empresa, que as receitas dela sejam suficientes para pagar as despesas que temos todos os meses, para sair dessa discussão de viabilidade ou não da empresa. A empresa vai se colocar em pé e vai ser viável.”

    O presidente Emmanoel Rondon afirmou que os Correios têm capacidade de geração de receita. ” Se fizermos a normalização da situação de caixa dela e da operação, [os Correios] têm capacidade de gerar receita suficiente para pagar as despesas.”

    Estrutura

    Os Correios estão presentes em 100% dos municípios do Brasil. O país tem 5.568 municípios, além do Distrito Federal e do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (PE), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    A estrutura da estatal abrange mais de 10 mil agências de atendimento, mais de 8 mil unidades operacionais (de distribuição e tratamento de encomendas e correspondências), 23 mil veículos e 80 mil empregados diretos.

    Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

  • Fraude no INSS: bloqueio de valores ligados a sindicato soma R$ 389 mi

    Fraude no INSS: bloqueio de valores ligados a sindicato soma R$ 389 mi

    Descontos são referentes aos anos de 2021 e janeiro de 2025; a cifra equivale a tudo que o Sindnapi recebeu em descontos feitos nas aposentadorias e pensões do INSS entre os anos 2021 e janeiro de 2025

    O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de valores ligados ao Sindicato Nacional de Aposentados e Pensionistas da Força Sindical (Sindnapi) que somam R$ 389 milhões. 

    A cifra equivale a tudo que o sindicato recebeu em descontos feitos nas aposentadorias e pensões do INSS entre os anos 2021 e janeiro de 2025. Além do Sindnapi, a medida atinge o patrimônio pessoal do presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. 

    Também foram atingidos o espólio de João Batista Inocentini, antigo presidente do sindicato, que morreu em 2023, e outros três dirigentes. 

    A decisão integra a mais recente fase da Operação Sem Desconto, que apura fraudes no INSS e foi deflagrada na semana passada pela a Polícia Federal (PF). Na ocasião, foram apreendidos bens como joias, relógios, dinheiro em espécie e carros de luxo, incluindo uma Ferrari, Porsches e até um carro de Fórmula 1. Ao todo foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em sete estados. 

    Além dos bloqueios, Mendonça autorizou as quebras de sigilo bancário e fiscal do sindicato e de alguns de seus dirigentes. O ministro justificou as medidas diante, entre outros motivos, devido à gravidade dos crimes investigados e do “risco de interferência na produção probatória e as manobras de dilapidação patrimonial e lavagem de capitais”. 

    O objetivo, segundo a decisão, é o “estrangulamento financeiro da estrutura criminosa”, além da “necessidade de assegurar a recuperação e o futuro ressarcimento dos valores objeto dos crimes”, escreveu Mendonça. 

    “De fato, extrai-se dos autos a existência de fundadas suspeitas de relevante participação dos representados nos ilícitos apurados na referida operação e em grupo criminoso organizado para lesar aposentados e pensionistas mediante os descontos indevidos de benefícios previdenciários junto ao INSS, com posterior emprego de medidas para ocultação e lavagem dos vultosos recursos ilícitos obtidos, notadamente no entorno de entidades como o SINDNAPI”, disse o ministro. 

    As medidas foram determinadas com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou para movimentações financeiras suspeitas envolvendo os investigados. A PF identificou, por exemplo, repasse de R$ 1,1 milhão do Sindnapi a uma construtora que depois teria repassado parte do dinheiro para uma outra empreiteira, que não possui nenhum funcionário. 

    Em nota, o Sindnapi disse que “reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados”.  

    No Congresso, a base governista tem acusado a oposição de tentar explorar o caso para atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por seu irmão mais velho, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, ser vice-presidente do Sindnapi. O sindicalista, contundo, não foi alvo de nenhuma medida judicial nem figura como investigado no inquérito. 

    Fraude no INSS: bloqueio de valores ligados a sindicato soma R$ 389 mi

  • Em áudio, advogado diz que recebeu dicas de marqueteiro do PL antes de falar à CPI do INSS

    Em áudio, advogado diz que recebeu dicas de marqueteiro do PL antes de falar à CPI do INSS

    Foi dada orientação para olhar nos olhos de inquiridores e não enfrentar congressistas; por outro lado, Eli Cohen declara que conversa não é um treinamento prévio

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos primeiros a investigar os descontos irregulares em benefícios previdenciários, o advogado Eli Cohen recebeu dicas do marqueteiro do PL, Duda Lima, sobre como se portar no seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS. A informação consta de áudios obtidos pela reportagem e foi confirmada pelo próprio advogado.

    “O cara falou assim: primeiro lugar, nunca esqueça, a casa é deles, não é sua. Não tente ser esperto, não tente ser isso, não tente dar saidinha. Você está na casa deles. Segundo lugar, quando você for falar com o cara, mira no olho dele. Seja da direita, seja da esquerda, mira. Ele não pode achar que você está com receio”, declarou Cohen a interlocutores, em uma conversa gravada.

    O advogado, tanto na conversa privada como na resposta à reportagem, diferencia as dicas de um treinamento formal para falar em público. “Se teve media training deu tudo errado. Porque eu não estava preparado. Eu não estava nada preparado, muito pelo contrário”, afirmou o advogado no arquivo de áudio.

    A notícia de que o advogado havia tido ajuda de pessoas ligadas ao PL para se preparar para o depoimento foi divulgada semanas atrás e passou a ser explorada por integrantes do governo -já que o partido é o principal da oposição.

    À época, Cohen negou ter havido um treinamento bancado pelo PL. Procurado pela reportagem e informado da existência do áudio, o advogado disse que de fato houve uma conversa rápida entre ambos, mas que isso não configura um treinamento.

    Cohen também afirmou ser alvo de “uma incessante destruição de caráter” por ter exposto informações sobre o esquema de descontos irregulares em aposentadorias.

    Duda Lima disse que passar orientações é parte de seu dia a dia, que não assessora Cohen e que o episódio não se trata de um treinamento.

    “Treinamento que eu ministro teria de ser de dias e constantes. Aliás, não acho correto questionar com quem falo ou deixo de falar. Senão, teríamos de, também, questionar orientação de advogados e de jornalistas. E isso seria incabível”, declarou o chefe da comunicação do PL.

    Em um dos áudios obtidos pela reportagem, Cohen diz que a CPI questionou por escrito se ele havia recebido assistência de integrantes do PL. “É mentira, ninguém me treinou”, disse ele na gravação. Na conversa, ele fala com dois interlocutores.

    Ele respondeu à comissão por escrito e negou que tenha participado de treinamento promovido pelo PL ou outro partido.

    “Não houve qualquer tipo de ‘media training’, tampouco envolvimento de partidos políticos, razão pela qual a matéria publicada carece de veracidade e comprometimento com os verdadeiros fatos que levarão à responsabilização dos reais autores e responsáveis por este grave atentado contra os mais de sete milhões de aposentados e pensionistas atingidos”, escreveu ele no ofício.

    Informado pela reportagem sobre o teor de áudios em que menciona instruções do marqueteiro do PL, Cohen confirmou as dicas de Duda Lima e disse que quem o apresentou foi um amigo em comum chamado Wellington -o sobrenome e a profissão não foram mencionados na entrevista.

    O advogado relatou que seu amigo disse que poderia buscar orientação com o chefe da comunicação do PL. Cohen declarou que nem sabia de quem se tratava.

    “Ele [Wellington] chega e fala: ‘Eli, quer que eu pergunte alguma coisa lá? Eu conheço ele, é meu amigo. Eu falei: ‘Cara, nem sei quem é’. E ele falou assim: ‘Não lembra daquele cara que saiu no tapa na eleição do prefeito?’. Aí eu lembrei”, contou o advogado à reportagem.

    Lima foi agredido por um adversário enquanto acompanhava um dos debates televisivos da disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024. Ele cuidava da campanha do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Dois anos antes, em 2022, chefiou o marketing da tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

    Na véspera do depoimento à CPI, no dia 31 de agosto, um domingo, de acordo com Cohen, ele e Wellington combinaram que o marqueteiro iria até o escritório do advogado. O dia estava corrido e a conversa foi rápida, segundo Cohen.

    “Eu cumprimentei ele, a mesa estava cheia de documentos, ele me falou três ou quatro palavras, não consegui praticamente entender, tanto que eu praticamente nem usei [as dicas no depoimento]. Eles foram fazer essa reunião em outra sala, e eu fui embora”, declarou.

    “Ele falou assim: ‘Você não tem nem tempo de ter um aprimoramento de como falar com eles. Mas eu posso só dizer o seguinte, se ajudar: lembre sempre que a casa é deles, não é sua. E, outra coisa: quando estiver falando com eles, tenta falar olhando para quem te perguntou’”, contou o advogado.

    Quando surgiu a notícia de que Cohen teria tido treinamento de integrantes do PL, o coordenador da bancada governista na CPI, Paulo Pimenta (PT-RS), defendeu que o advogado prestasse um novo depoimento. Disse, na reunião de 22 de setembro, que poderia se tratar de uma obstrução às investigações.

    O líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), minimizou o caso. “Se esse media training de fato existiu, foi muito mal empregado, porque não foi… Não foi tão legal assim o resultado, né?”, disse ele.

    Marinho também disse, na reunião, que o presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto, afirmou a ele que não houve esse suposto treinamento, e sugeriu que o ofício de questionamento fosse enviado a Cohen. “Eu tive o cuidado de perguntar agora ao presidente do partido, e ele me disse que isso nunca existiu”, declarou o senador.

    Em áudio, advogado diz que recebeu dicas de marqueteiro do PL antes de falar à CPI do INSS