Categoria: ECONOMIA

  • Quem são as mulheres mais ricas do Brasil segundo a lista de bilionários da Forbes?

    Quem são as mulheres mais ricas do Brasil segundo a lista de bilionários da Forbes?

    A Forbes afirma que o número de mulheres na lista de bilionários brasileiros aumentou neste ano em relação a 2025: são 60 mulheres no total, contra 48 no ano passado. Elas representam 20% do total de 300 bilionários do País.

    Vicky Safra ocupa novamente o posto de mulher brasileira mais rica, com patrimônio estimado em R$ R$ 120,5 bilhões, segundo a lista anual de brasileiros bilionários da revista Forbes. O ranking foi divulgado na quinta-feira, 28.

    Vicky é viúva do banqueiro Joseph Safra, que morreu em 2020. Ela herdou cerca de metade da fortuna do falecido marido, que por muitos anos foi o banqueiro mais rico do mundo. Os demais herdeiros são os filhos: Jacob, Esther, Alberto e David. Vicky também ocupa a 2ª posição no ranking geral de brasileiros mais ricos, atrás apenas de Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, que é o 1º colocado, com fortuna de R$ 227 bilhões.

    A Forbes afirma que o número de mulheres na lista de bilionários brasileiros aumentou neste ano em relação a 2025: são 60 mulheres no total, contra 48 no ano passado. Elas representam 20% do total de 300 bilionários do País.

    Em segundo lugar na lista de mulheres mais ricas está Maria Helena Moraes Scripilliti, filha de José Ermírio de Moraes, fundador do grupo industrial Votorantim. Ela é viúva de Clovis Scripilliti, que ajudou a expandir o grupo pelo Nordeste brasileiro durante as décadas de 1960 e 1970.

    Ana Lúcia de Mattos Barretto Villela aparece em terceiro lugar no ranking de mais ricas. Ela é herdeira do Itaú-Unibanco, o maior banco privado da América Latina, além de membro do conselho de administração do grupo. Ana Lúcia também é uma das maiores acionistas individuais da Itaúsa, holding do banco.

    Entre as dez mulheres brasileiras mais ricas, somente duas são consideradas \”self-made\”, classificação concedida pela Forbes àquelas que construíram seus patrimônios sozinhas, sem heranças: Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, e Lucia Maggi, da Amaggi. Veja a seguir quem são as 10 mulheres brasileiras mais ricas.

    1. Vicky Safra e família

    Patrimônio: R$ 120,5 bilhões

    Origem do patrimônio: Banco Safra

    2. Maria Helena Moraes Scripilliti e família

    Patrimônio: R$ 26,8 bilhões

    Origem do patrimônio: Votorantim

    3. Ana Lúcia de Mattos Barretto Villela

    Patrimônio: R$ 9,8 bilhões

    Origem do patrimônio: Itaúsa

    4. Anne Werninghaus

    Patrimônio: R$ 9,1 bilhões

    Origem do patrimônio: Weg

    5. Cristina Helena Junqueira

    Patrimônio: R$ 8,7 bilhões

    Origem do patrimônio: Nubank

    6. Neide Helena de Moraes

    Patrimônio: R$ 8,4 bilhões

    Origem do patrimônio: Votorantim

    7. Vera Rechulski Santo Domingo

    Patrimônio: R$ 7,1 bilhões

    Origem do patrimônio: AB InBev

    8. Dora Voigt de Assis

    Patrimônio: R$ 6,6 bilhões

    Origem do patrimônio: Weg

    8. Lívia Voigt

    Patrimônio: R$ 6,6 bilhões

    Origem do patrimônio: Weg

    8. Lucia Borges Maggi

    Patrimônio: R$ 6,6 bilhões

    Origem do patrimônio: Amaggi

    Quem são as mulheres mais ricas do Brasil segundo a lista de bilionários da Forbes?

  • TST condena Volkswagen a pagar indenização por trabalho análogo à escravidão

    TST condena Volkswagen a pagar indenização por trabalho análogo à escravidão

    Trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda da empresa na Amazônia entre 1974 e 1986. A montadora alemã era proprietária da área por meio de uma subsidiária. A fazenda era usada para pecuária e extração de madeira.

    O Tribunal Superior do Trabalho (TST) ordenou, na sexta-feira, 29, que a Volkswagen pague R$ 165 milhões por danos morais coletivos. Trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda da empresa na Amazônia entre 1974 e 1986. A montadora alemã era proprietária da área por meio de uma subsidiária. A fazenda era usada para pecuária e extração de madeira.

     

    A Volkswagen Brasil informou, em comunicado, que recorrerá da decisão. A empresa afirmou que, em seus 72 anos de operação no País, defende a dignidade humana e cumpre rigorosamente todas as leis trabalhistas.

     

    O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu investigação em 2019 após receber documentos de um padre local que acompanhava o caso havia décadas. Depois de novas diligências e depoimentos, os promotores denunciaram formalmente a Volkswagen em 2024. Segundo eles, trata-se da maior reparação desse tipo no País.

     

    De acordo com os autos, cerca de 300 trabalhadores foram contratados por meio de vínculos irregulares para desmatar a floresta e preparar pastagens. Eles eram vigiados por guardas armados, viviam em alojamentos precários, recebiam alimentação insuficiente e permaneciam na fazenda sob servidão por dívidas. Não havia assistência médica, nem para quem contraía malária.

    TST condena Volkswagen a pagar indenização por trabalho análogo à escravidão

  • Novo ataque hacker a empresa que opera Pix rouba R$ 420 mi

    Novo ataque hacker a empresa que opera Pix rouba R$ 420 mi

    A ação criminosa explorou vulnerabilidades nos servidores da empresa, que atuam como intermediários de comunicação com o Banco Central.

    Um ataque hacker contra a Sinqia, empresa brasileira que fornece tecnologia de conexão entre instituições financeiras e o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (Pix), desviou cerca de R$ 420 milhões na tarde da última sexta-feira (29).

    Segundo dados divulgados pelo Banco Central R$ 380 milhões foram retirados do banco HSBC e outros R$ 40 milhões da instituição financeira Artta. Apesar da gravidade, a infraestrutura central do Pix não foi comprometida e segue funcionando normalmente, de acordo com a própria Sinqia.

    A ação criminosa explorou vulnerabilidades nos servidores da empresa, que atuam como intermediários de comunicação com o Banco Central. Após identificar a tentativa de invasão, o BC interrompeu imediatamente a conexão da operadora com a rede do sistema financeiro nacional, para evitar que o ataque se espalhasse para outras instituições.

    A ofensiva foi contida a tempo de bloquear R$ 350 milhões. A Polícia Federal já foi acionada para investigar o caso, enquanto o Banco Central trabalha para recuperar o montante ainda não rastreado.

    Reações das instituições afetadas
    O HSBC, maior prejudicado, informou que nenhuma conta de clientes foi atingida. Segundo o banco, as movimentações suspeitas ocorreram exclusivamente no sistema de um provedor e foram bloqueadas. Em nota, a instituição destacou ter tomado medidas de segurança e afirmou estar colaborando com as autoridades.

    A Artta também se manifestou, afirmando que as contas afetadas estão vinculadas diretamente ao Banco Central e são utilizadas apenas para liquidações interbancárias, sem impacto às contas de clientes.

    Justificativas da Sinqia
    A Sinqia confirmou o episódio e disse ter contratado especialistas forenses para apurar a origem da invasão. A empresa destacou que apenas “um número limitado de instituições financeiras” foi atingido e que não há indícios de comprometimento de dados pessoais.

    A companhia afirmou ainda que está reconstruindo as plataformas em um novo ambiente, com monitoramento reforçado e camadas adicionais de segurança.

    Histórico de ataques
    O caso ocorre pouco tempo após outro ataque de grandes proporções, registrado em julho, quando hackers desviaram quase R$ 1 bilhão explorando falhas da C&M Software, outra fornecedora de serviços tecnológicos. À época, valores foram retirados irregularmente de contas vinculadas ao Banco Central. Até o momento, não há indícios de ligação entre os dois episódios.

    Alterações no Pix
    O ataque aconteceu apenas um dia depois de o Banco Central anunciar mudanças nas regras do Pix para reforçar mecanismos de devolução de valores em casos de fraude. As alterações começam a valer de forma facultativa em 23 de novembro e se tornam obrigatórias a partir de 2 de fevereiro.

    Segundo o BC, o novo modelo permitirá rastrear os caminhos percorridos pelo dinheiro, aumentando as chances de recuperação. “A segurança é um dos pilares fundamentais do Pix e seu aprimoramento é um processo contínuo”, disse o órgão em nota.

     
    Veja a nota da Sinqia, na ÍNTEGRA:
    No dia 29 de agosto, a Sinqia detectou atividade suspeita no ambiente Pix. Nossa equipe agiu rapidamente e iniciou uma investigação para determinar a causa do incidente. Estamos trabalhando com o apoio dos melhores especialistas forenses nisto. Já estamos em contato com clientes afetados, que compreendem um número limitado de instituições financeiras.

    Neste momento, verificamos que o incidente se limita apenas ao ambiente Pix. Não há evidências de atividade suspeita em nenhum outro sistema da Sinqia além do Pix e esse problema afeta apenas a Sinqia no Brasil. Além disso, neste momento, não temos indicação de que quaisquer dados pessoais tenham sido comprometidos.
    Enquanto nossa investigação ainda está em andamento, colocamos em prática um plano detalhado para alcançar uma restauração completa. Primeiro, isolamos o ambiente Pix de todos os outros sistemas da Sinqia e o desconectamos proativamente do Banco Central, enquanto conduzimos nossa análise.

    Em segundo lugar, por precaução, estamos trabalhando ativamente para reconstruir os sistemas afetados em um novo ambiente com monitoramento e controles aprimorados. Também estamos trabalhando com especialistas externos adicionais para nos ajudar a acelerar esse processo e complementar os recursos de nossa própria equipe. Depois que o ambiente for reconstruído e estivermos confiantes de que está pronto para ser colocado de volta em funcionamento, o Banco Central irá revisá-lo e aprová-lo antes de colocá-lo novamente online.

    Assim que tivermos uma previsão clara sobre quando o novo sistema estará online, forneceremos mais atualizações aos nossos clientes. A segurança das transações realizadas em nossos sistemas é nossa primeira prioridade.

    Agradecemos o apoio de nossos clientes e pedimos desculpas pelo inconveniente. Estamos tratando essa situação com a maior seriedade e continuamos comprometidos com a transparência e em manter nossas partes interessadas informadas à medida que novas informações se tornem disponíveis.

    Veja a nota da Artta, na ÍNTEGRA:

    No dia 29/08, a Sinqia S.A., empresa homologada e autorizada pelo Banco Central para operar o SPB e o Pix, registrou um incidente em sua infraestrutura tecnológica que afetou diversas instituições financeiras, entre elas a Artta Sociedade de Crédito Direto S.A. e bancos como o HSBC.
     
    IMPORTANTE DESTACAR!
    Não houve ataque ao ambiente da Artta nem às contas de nossos clientes. As contas envolvidas são mantidas junto ao Banco Central e utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária.
    Como medida preventiva, interrompemos as transações de saída no mesmo dia, priorizando a segurança e a proteção integral dos recursos de nossos clientes.

    Estamos em contato direto com o Banco Central e a Sinqia e atuando para que a normalização das operações aconteça com a máxima agilidade e total segurança.

    Reafirmamos nosso compromisso com a integridade do sistema financeiro, a proteção dos clientes e a transparência em nossas comunicações.

    Em caso de dúvidas, nossa equipe está disponível pelo e-mail: suporte@artta.com.br.

    Novo ataque hacker a empresa que opera Pix rouba R$ 420 mi

  • Posts falsos tentam incentivar saques em massa do Banco do Brasil

    Posts falsos tentam incentivar saques em massa do Banco do Brasil

    A ofensiva foi considerada pela Advocacia-Geral da União (AGU) uma tentativa de “gerar caos no sistema financeiro nacional”. Acionada pelo Banco Central, a AGU enviou notícia-crime à PF pedindo abertura de investigação. Segundo o órgão, houve “disparo massivo de publicações que buscam aterrorizar a sociedade”.

    Mensagens alarmistas que circulam em grupos de WhatsApp e Telegram, nas últimas semanas, colocaram o Banco do Brasil (BB) no centro de uma onda de boatos. Vídeos, imagens e textos com frases como “Tire seu dinheiro do Banco do Brasil” e “Brasileiros sacando seu dinheiro pelo risco Moraes/Dino” se espalharam rapidamente e chegaram às mãos da Polícia Federal.

    A ofensiva foi considerada pela Advocacia-Geral da União (AGU) uma tentativa de “gerar caos no sistema financeiro nacional”. Acionada pelo Banco Central, a AGU enviou notícia-crime à PF pedindo abertura de investigação. Segundo o órgão, houve “disparo massivo de publicações que buscam aterrorizar a sociedade”.

    Um levantamento feito pela empresa Palver, especializada em análise de tendências sociais, mostrou que, entre mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e 5 mil do Telegram monitorados, o Banco do Brasil se tornou tema frequente a partir da segunda quinzena de agosto. Para os pesquisadores, as mensagens tinham caráter alarmista e exploraram receios antigos da população, como inflação e confisco de poupança.

    O pano de fundo da narrativa foi a inclusão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na lista de sanções da Lei Magnitsky, nos Estados Unidos. A legislação congela bens e proíbe transações de pessoas acusadas de violações de direitos humanos. Como Moraes recebe salários pelo BB, mensagens distorcidas passaram a associar o banco à punição americana.

    O movimento ganhou força após nota divulgada pelo próprio BB em 19 de agosto, na qual reforçava atuar em conformidade com as leis brasileiras e normas internacionais. A frase foi usada em publicações que sugeriam risco à instituição.

    Os boatos se intensificaram entre os dias 14 e 21 de agosto, período em que o banco divulgou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre — 60% inferior ao do ano anterior. A notícia, somada ao adiamento do pagamento de dividendos para dezembro de 2025, foi explorada em postagens que estimulavam desconfiança sobre a solidez do banco.

    De acordo com a Palver, no dia 21 houve pico de 120 menções ao BB a cada 100 mil mensagens — número próximo a grandes temas políticos, como “Bolsonaro”. Entre os dias 28 de julho e 26 de agosto, 53% das mensagens eram favoráveis a saques no banco, enquanto 30% defendiam a instituição.

    A AGU identificou perfis que propagaram as mensagens, entre eles os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO), além do advogado Jeffrey Chiquini. Este último alegou que sua fala tratava apenas de realocação de investimentos.

    Com a escalada, o BB divulgou nova nota no dia 22, classificando as mensagens como “inverídicas e maliciosas”. A AGU formalizou o pedido de investigação à PF em 25 de agosto.

    A crise mobilizou também sindicatos. Em ato na Avenida Paulista, bancários exibiram cartazes em defesa da instituição e da soberania nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os ataques nas redes tinham motivação política.

    Posts falsos tentam incentivar saques em massa do Banco do Brasil

  • Governo brasileiro informa EUA sobre acionamento de Lei da Reciprocidade

    Governo brasileiro informa EUA sobre acionamento de Lei da Reciprocidade

    O acionamento do primeiro passo da Lei da Reciprocidade ocorreu na noite de quinta-feira (28). O governo Lula (PT) decidiu por avaliar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deu margem nas últimas semanas para a abertura de negociações sobre o tarifaço de 50% imposto sobre produtos brasileiros.

    MARIANA BRASIL E JULIA CHAIB
    BRASÍLIA, DF E WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A Embaixada do Brasil nos Estados Unidos enviou na noite desta sexta-feira (29) o comunicado sobre a aplicação da Lei da Reciprocidade em relação às tarifas de 50% aplicadas por Donald Trump ao país. A partir de agora, a Camex precisa analisar o caso e os americanos devem dizer se querem fazer consultas.

    O acionamento do primeiro passo da Lei da Reciprocidade ocorreu na noite de quinta-feira (28). O governo Lula (PT) decidiu por avaliar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deu margem nas últimas semanas para a abertura de negociações sobre o tarifaço de 50% imposto sobre produtos brasileiros.

    A lei estabelece os critérios que podem ser utilizados pelo Brasil para reagir com medidas retaliatórias contra sanções econômicas aplicadas por outro país.

    Segundo integrantes do governo que acompanham as discussões, o acionamento da lei ocorreu para delimitar etapas e deixar claro que o início do processo retaliatório se deu porque o Brasil é vítima de uma agressão dos americanos.

    Ainda de acordo com essas fontes, a tendência é que o Brasil não retalie os EUA com a imposição de sobretaxas sobre produtos americanos, devido aos prejuízos que uma decisão como essa traria à economia. O foco devem ser outras frentes previstas na legislação, como a suspensão de direitos de propriedade intelectual, a exemplo de patentes de medicamentos.

    Ainda segundo os envolvidos, a decisão de acionar a lei na quinta não tem relação com a aproximação do julgamento contra Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal), que está marcado para começar na próxima terça-feira (2). O caso de Bolsonaro foi usado por Trump como motivação das sanções, mas o governo Lula rejeita incluir esse tema na mesa de negociações.

    O governo já havia estabelecido quatro frentes de atuação para lidar com o tarifaço: negociação, mitigação dos efeitos (com o anúncio de medidas de contingência para amparar empresas, com o Plano Brasil Soberano), busca por novos mercados internacionais e, por fim, a aplicação da reciprocidade.

    O bloqueio dos EUA às tentativas de negociação do Brasil e a falta de abertura determinaram o acionamento da lei na noite de quinta.
    Desde o anúncio do tarifaço, a gestão de Lula vinha buscando contato com os americanos por meio do vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além do chanceler, Mauro Vieira, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    Além dos entraves no contato com as autoridades americanas -havendo, por exemplo, o cancelamento da reunião entre Haddad e o secretário do Tesouro, Scott Bessent-, o clima na tratativa do tema piorou após os Estados Unidos abrirem uma investigação comercial contra o Brasil por meio do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA). O objetivo é apurar supostas práticas injustas do Brasil no comércio bilateral.

    Na ação de quinta, o Ministério de Relações Exteriores deu um prazo de 30 dias para que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) analise os argumentos sobre a legalidade do acionamento dos instrumentos de retaliação.

    Por determinação de Lula, a equipe da Fazenda já vinha elaborando nos últimos dias, com a ajuda de outras pastas, um conjunto de medidas para eventual resposta às sanções impostas pelo governo de Trump contra o Brasil.

    De lá para cá, o governo brasileiro reforçou um discurso mais nacionalista e com reforços à ideia de soberania nacional. Em suas falas públicas, Lula tem reiterado mensagens de que o Brasil não será “subalterno” e de que não iria se humilhar diante de Trump.

    Um telefonema entre os dois chegou a ser aventado, mas, até o momento, não ocorreu. Em paralelo, Lula enviou uma carta convidando seu homólogo americano a participar da COP30, a conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas) que será realizada em novembro, em Belém.

    Segundo auxiliares do presidente, o texto da carta não menciona o tarifaço, limitando-se ao convite, nos mesmos moldes do que foi enviado aos demais chefes de Estado. Um dos objetivos do envio da carta é reforçar a mensagem de que Lula não tem problema direto com Trump.

    Governo brasileiro informa EUA sobre acionamento de Lei da Reciprocidade

  • Aneel mantém bandeira vermelha patamar 2 em setembro

    Aneel mantém bandeira vermelha patamar 2 em setembro

    O responsável por escolher a bandeira tarifária mensalmente é a Aneel. É aplicada uma cobrança a depender da cor (verde, amarela, vermelha patamar 1 ou vermelha patamar 2)

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou nesta sexta-feira (29) que a bandeira tarifária de setembro será a vermelha patamar 2, mesmo nível de agosto. A sinalização indica que os consumidores receberão as contas de luz com adicional de R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos.

    Segundo a agência, as condições de afluência dos reservatórios da usina, hoje abaixo da média, não são favoráveis para a geração hidrelétrica. O quadro exige maior acionamento de usinas termelétricas, com maiores custos de geração, o que segundo o órgão justifica a manutenção da bandeira no próximo mês.

    O QUE SÃO AS BANDEIRAS TARIFÁRIAS?

    O sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz, que permite repassar mensalmente aos consumidores os maiores custos do país com a geração de energia, completou dez anos de implementação em 2025.

    O mecanismo faz com que preços maiores para gerar energia, sobretudo pelo menor volume de água nas hidrelétricas, sejam transmitidos de forma mais imediata à famílias para que elas, informadas do maior custo, consumam de maneira mais consciente.

    Antes, o repasse era feito de maneira defasada no reajuste anual das tarifas -o que poderia, sem uma moderação no uso da energia, impulsionar ainda mais o acerto de contas.

    O responsável por escolher a bandeira tarifária mensalmente é a Aneel. É aplicada uma cobrança a depender da cor (verde, amarela, vermelha patamar 1 ou vermelha patamar 2).

    A definição usa diferentes variáveis, sendo a principal o PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) -indicador que leva em conta o valor da geração de energia e é influenciado principalmente pelas condições dos reservatórios das hidrelétricas e pela consequente necessidade de acionamento de termelétricas (ou seja, menos água significa mais custos).

    DIFERENÇA ENTRE AS BANDEIRAS

    – Bandeira verde: custo normal, sem cobrança adicional.
    – Bandeira amarela: custo moderado, com um pequeno acréscimo.
    – Bandeira vermelha: custo alto, com acréscimo maior, dividido em patamar 1 e patamar 2.

    Aneel mantém bandeira vermelha patamar 2 em setembro

  • Bolsa bate novo recorde histórico com cenário eleitoral e dados da inflação dos EUA

    Bolsa bate novo recorde histórico com cenário eleitoral e dados da inflação dos EUA

    O dólar, também atento ao cenário internacional, fechou com alta de 0,29%, cotado a R$ 5,421

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,36% nesta sexta-feira (29), a 141.422 pontos, renovando o recorde histórico nominal de fechamento do Ibovespa. Durante o dia, a Bolsa também bateu uma nova máxima histórica intradia, após atingir 142.378 pontos no começo da tarde.

    O principal índice do mercado local iniciou a sessão em alta intensificando o movimento visto na quinta. Assim como na véspera, os investidores continuaram repercutindo uma possível consolidação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no cenário eleitoral de 2026, e a recuperação das ações de bancos brasileiros.

    Novos dados da inflação dos Estados Unidos e a expectativa para os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) sobre a taxa de juros americana também estiveram no foco do mercado.

    O dólar, também atento ao cenário internacional, fechou com alta de 0,29%, cotado a R$ 5,421.

    Apesar da alta nesta sexta, a moeda americana registrou uma queda de 3,18% no mês de agosto. A Bolsa, por outro lado, teve um aumento de 6,28% no mesmo período.

    No cenário doméstico, o mercado permaneceu atento ao cenário eleitoral. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputam quem irá capitalizar politicamente a megaoperação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) da última quinta.

    A operação mirou mais de 350 alvos, pessoas físicas e jurídicas, que são utilizadas pelo PCC em operação do mercado financeiro formal.

    Pelas estimativas dos investigadores, o conjunto de negócios que foi alvo da operação movimentou cerca de R$ 30 bilhões para o crime organizado. Os agentes têm mandados para bloquear R$ 1,4 bilhão.

    Nesta sexta, em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente Lula afirmou que Tarcísio não seria nada sem Jair Bolsonaro (PL) e que fará o que o ex-presidente quiser.

    “Nós temos que reconhecer que o Bolsonaro tem uma força no setor de extrema direita muito forte. O Tarcísio vai fazer o que o Bolsonaro quiser. Até porque, sem o Bolsonaro, ele não é nada. Ele sabe disso”, afirmou Lula na entrevista.

    Pesquisa Atlas/Intel da última quinta mostrou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um cenário hipotético de segundo turno das eleições presidenciais de 2026.

    O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica Tarcísio marcando 48,4% contra 46,6% de Lula na disputa presidencial do ano que vem.

    Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o ritmo é de otimismo com a candidatura de Tarcísio, visto como mais pró-mercado. “Segue o bom momento da Bolsa com o Tarcísio. O mercado já começa a antecipar as eleições do ano que vem, e podemos esperar a volatilidade em cima dessas pesquisas que se tornarão mais recorrentes”.

    O impasse comercial envolvendo Brasil e EUA também permaneceu no radar. Os canais de conversa entre os países para negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros continuam fechados.

    O presidente Lula (PT) autorizou no final da ultima quinta (28) que o Itamaraty dê início ao processo para adoção de medidas da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos.

    A pasta comandada pelo ministro Mauro Vieira acionou a Camex (Câmara de Comércio Exterior), que tem 30 dias para analisar os argumentos sobre a legalidade de acionar instrumentos de retaliação.

    Além disso, há um temor de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para a próxima semana, intensifique as tensões entre os países.

    Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.

    Na cena internacional, o destaque ficou para a inflação dos EUA, medida pelo índice de preços PCE, métrica preferida do Fed (Federal Reserve, banco central americano) para sua meta inflacionária de 2%.

    Segundo o Departamento de Comércio dos EUA nesta sexta, o PCE subiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, após registrar alta de 0,3% em junho. Nos 12 meses até julho, o índice PCE avançou 2,6%, igualando o resultado de junho.

    Os dados fizeram com que operadores aumentassem de 85% para 90% a probabilidade de que o Fed iniciará uma série de cortes graduais na taxa de juros em setembro.

    Jerome Powell, presidente do BC americano, sinalizou um possível corte durante discurso na última sexta. O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado.

    Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que costumam vir acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem.

    Entretanto, para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a resistência da economia norte-americana, com inflação persistindo acima da meta, sinaliza para um ritmo mais lento de cortes na taxa.

    “Juros mais altos nos Estados Unidos exercem uma pressão de alta sobre a taxa de câmbio do real, o que favorece o valor global do dólar”.

    Os agentes também continuaram monitorando os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.

    Na quinta, a diretora entrou com uma ação judicial contra presidente Donald Trump, alegando que o republicano não tem poder para destituí-la do cargo.

    Uma juíza federal avaliou nesta sexta-feira (29) a possibilidade de bloquear temporariamente a demissão de Cook. A audiência judicial terminou sem decisão.

    A audiência perante a juíza distrital dos EUA Jia Cobb, em Washington, é o primeiro passo do que provavelmente será uma batalha judicial prolongada que poderá acabar com a independência histórica do banco central dos EUA e provavelmente será resolvida pela Suprema Corte.

    Bolsa bate novo recorde histórico com cenário eleitoral e dados da inflação dos EUA

  • Tribunal dos EUA decide que tarifas recíprocas de Trump são ilegais

    Tribunal dos EUA decide que tarifas recíprocas de Trump são ilegais

    Donald Trump transformou as tarifas em um pilar da política externa americana, usando-as para exercer pressão política e renegociar acordos comerciais com parceiros comerciais

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um tribunal de apelações dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (29) que a maior parte das tarifas impostas por Donald Trump é ilegal, enfraquecendo o uso dessas medidas pelo presidente como uma ferramenta central da política econômica internacional.

    Trump transformou as tarifas em um pilar da política externa americana, usando-as para exercer pressão política e renegociar acordos comerciais com parceiros comerciais. O Brasil é afetado por uma tarifa de 50% sobre a maior parte de suas exportações, uma das maiores sobretaxas do mundo.

    O tribunal determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte.

    As tarifas deram ao governo Trump poder de barganha para obter concessões econômicas de parceiros comerciais, mas também aumentaram a volatilidade nos mercados financeiros.

    “O estatuto confere autoridade significativa ao presidente para adotar uma série de ações em resposta a uma emergência nacional declarada, mas nenhuma dessas ações inclui explicitamente o poder de impor tarifas, impostos alfandegários ou similares, nem o poder de tributar”, afirmou o tribunal.

    A decisão do Tribunal de Apelações para o Circuito Federal dos EUA, em Washington, abordou a legalidade das chamadas tarifas “recíprocas” impostas por Trump em abril como parte de sua guerra comercial, bem como um conjunto separado de tarifas impostas em fevereiro contra China, Canadá e México.

    A decisão do tribunal não afeta tarifas emitidas sob outras bases legais, como as tarifas de Trump sobre importações de aço e alumínio.

    Trump justificou os conjuntos de tarifas -assim como as mais recentes- com base na Lei de Poderes Econômicos em Emergências Internacionais (International Emergency Economic Powers Act, IEEPA), que concede ao presidente autoridade para enfrentar ameaças “inusitadas e extraordinárias” durante emergências nacionais.

    “Parece improvável que o Congresso tenha pretendido, ao promulgar a IEEPA, se afastar de sua prática anterior e conceder ao presidente autoridade ilimitada para impor tarifas”, afirmou a decisão. “O estatuto não menciona tarifas (ou qualquer sinônimo) e não contém salvaguardas processuais que estabeleçam limites claros ao poder do presidente de impor tarifas.”

    A lei de 1977 havia sido historicamente usada para impor sanções a inimigos ou congelar seus ativos. Trump, o primeiro presidente a usar a IEEPA para impor tarifas, afirma que as medidas foram justificadas devido a desequilíbrios comerciais, declínio da capacidade industrial americana e ao fluxo transfronteiriço de drogas.

    O Departamento de Justiça de Trump argumentou que a lei permite tarifas sob provisões de emergência que autorizam o presidente a “regular” importações ou bloqueá-las completamente.

    Trump declarou emergência nacional em abril devido ao fato de os EUA importarem mais do que exportam, situação recorrente há décadas. O presidente afirmou que o déficit comercial persistente prejudicava a capacidade industrial e a prontidão militar dos EUA.

    Ele disse que as tarifas de fevereiro contra China, Canadá e México eram apropriadas porque esses países não estavam fazendo o suficiente para impedir a entrada ilegal de fentanil nos EUA -alegação negada pelos três países.

    O tribunal de apelações analisou dois processos: um movido por cinco pequenas empresas americanas e outro por 12 estados liderados pelo Partido Democrata, que argumentaram que a IEEPA não autoriza a imposição de tarifas.

    A Constituição dos EUA concede ao Congresso, e não ao presidente, a autoridade para instituir impostos e tarifas, e qualquer delegação desse poder deve ser explícita e limitada, segundo os processos.

    O Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, com sede em Nova York, já havia julgado contra as políticas tarifárias de Trump em 28 de maio, afirmando que o presidente havia excedido sua autoridade ao impor ambos os conjuntos de tarifas questionadas. O painel de três juízes incluía um magistrado indicado por Trump em seu primeiro mandato.

    Outro tribunal em Washington também decidiu que a IEEPA não autoriza as tarifas de Trump, e o governo recorreu dessa decisão. Ao menos oito processos judiciais questionam as políticas tarifárias de Trump, incluindo um movido pelo estado da Califórnia.

    Tribunal dos EUA decide que tarifas recíprocas de Trump são ilegais

  • Volkswagen é condenada a pagar R$ 165 milhões por trabalho análogo à escravidão na ditadura

    Volkswagen é condenada a pagar R$ 165 milhões por trabalho análogo à escravidão na ditadura

    A empresa foi condenada ainda a fazer um pedido público de desculpas em jornais e revistas; a montadora informou que irá recorrer

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A 8ª Vara do Trabalho de Redenção, no Pará, condenou a Volkswagen ao pagamento de multa no valor de R$ 165 milhões pela acusação de trabalho análogo à escravidão na ditadura militar em uma fazenda que mantinha no Brasil, na região Norte.

    A empresa foi condenada ainda a fazer um pedido público de desculpas em jornais e revistas, e manter em seus contratos de terceirização cláusula de vedação a trabalho escravo.

    A montadora irá recorrer. Em nota, afirma que “seguirá sua defesa em busca de justiça e segurança jurídica nas instâncias superiores” e diz defender a dignidade humana ao longo de sua história.

    “A Volkswagen do Brasil informa que tomou conhecimento da decisão em primeira instância relacionada à investigação da fazenda Vale do Rio Cristalino, mas seguirá sua defesa em busca de justiça e segurança jurídica nas instâncias superiores”, diz.

    “Com um legado de 72 anos, a empresa defende consistentemente os princípios da dignidade humana e cumpre rigorosamente todas as leis e regulamentos trabalhistas aplicáveis. A Volkswagen reafirma seu compromisso inabalável com a responsabilidade social, que está intrinsecamente ligada à sua conduta como pessoa jurídica e empregadora.”

    O caso foi levado à Justiça no final de 2024, por meio de ação civil pública com acusações de trabalho escravo, tráfico de pessoas e violações dos direitos humanos na fazenda Vale do Rio Cristalino, conhecida como fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia (PA), entre os anos de 1974 e 1986.

    A propriedade pertence à CVRC (Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria), subsidiária da Volkswagen, e era usada pela empresa para criação de gado e extração de madeira durante a ditadura militar.

    O julgamento da empresa começou em maio de 2025. Houve tentativa de conciliação em dois momentos, mas a Volkswagen negou o acordo. Em sua defesa, solicitou que os pedidos do MPT (Ministério Público do Trabalho), responsável pela ação civil pública, fossem negados.

    Alegou ainda que os trabalhadores não tinham vínculo de emprego com as empreiteiras contratadas na época, disse não haver mais nenhum sucessor que integre o passivo da ação e que os funcionários não prestavam serviços diretos à Volkswagen, mas a terceiros, e nunca pediram reconhecimento da carteira assinada.

    Em sua decisão, que tem quase 300 páginas, o juiz Otavio Bruno da Silva Ferreira afirmou que os casos narrados na ação, mesmo que ocorridos nas décadas de 1970 e 1980, revelam “violação grave e sistemática de direitos fundamentais”.

    Silva citou ainda as acusações de aliciamento, servidão por dívida, restrição de locomoção e condições degradantes como agravantes, incluindo exigência de autorização escrita para sair e retenção de quem tentava deixar o local.

    “Tais elementos demonstram a gravidade e justificam a adoção de medidas de satisfação (reconhecimento público e desculpas) e de não repetição (deveres estruturais de diligência na cadeia), para prevenir reiteração e reconstituir a confiança pública”, afirmou.

    Segundo a ação civil pública, a fazenda Vale do Rio Cristalino era um “dos maiores empreendimentos rurais da região amazônica, iniciado na década de 1970 e subsidiado pelo governo militar, sobretudo por meio da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e do Basa (Banco da Amazonia S/A)”.

    O local chegou ter cerca de 300 empregados diretos, incluindo profissionais para funções administrativas, vaqueiro, segurança e fiscais, entre outras. Para o serviço de roçagem e derrubada, o trabalho seria feito de forma análoga à escravidão por trabalhadores sem vínculos empregatícios, contratados por empreiteiros.

    O início do trabalho se deu com a transformação da vegetação nativa em local de 139 mil hectares em área de pasto por meio de queimadas e desmatamentos feitos por empreiteiros chamados de “gatos”, que seriam os responsáveis por recrutar lavradores em pequenos municípios no interior dos estados de Mato Grosso, Goiás e no que é hoje o Tocantins.

    O processo diz que os “gatos” ofereciam trabalho para vários homens, em especial adolescentes, com promessas como bom salário, vínculo de emprego com a montadora e outras vantagens. Era comum deixar dinheiro adiantado com a família dos trabalhadores.

    Os jovens eram levados em paus de arara vigiados por homens armados. Ao chegar ao local, muitas vezes, eram vendidos para outros “gatos”, proibidos de ir e vir, e forçados a trabalhar sob o argumento de que já tinham dívidas de transporte e até mesmo de comida com a fazenda.

    As frentes de trabalho ficavam a cerca de 80 km da entrada. Eram comuns, segundo a denúncia, violência, jornadas extenuantes, golpes de facão, humilhações e até disparo de armas de fogo. Há relatos de desaparecimentos.

    Ao chegar à fazenda, de acordo com o MPT, os profissionais eram obrigados a comprar uma lona e construir a própria moradia de forma precária. A comida era comprada em uma cantina no local e eles nunca conseguiam quitar as dívidas, dizem os relatos.

    As denúncias chegaram ao MPT em 2019, levadas pelo padre Ricardo Rezende Figueira, que foi coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) para a região do Araguaia e Tocantins da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na época.

    Volkswagen é condenada a pagar R$ 165 milhões por trabalho análogo à escravidão na ditadura

  • Governo Lula prevê salário mínimo de R$ 1.631 em 2026

    Governo Lula prevê salário mínimo de R$ 1.631 em 2026

    O valor representará um aumento de 7,44% em relação ao piso atual (R$ 1.518)

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê um salário mínimo de R$ 1.631 em 2026. Se confirmado, o valor representará um aumento de 7,44% em relação ao piso atual (R$ 1.518).

    O dado consta no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026, encaminhado ao Congresso Nacional nesta sexta-feira (29).

    O valor é R$ 1 maior do que a estimativa anterior, de R$ 1.630, enviada pelo Executivo junto com o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, em 15 de abril deste ano.

    O cálculo segue a fórmula de correção da política de valorização, que inclui reajuste pela inflação de 12 meses até novembro do ano anterior mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes (neste caso, 2024).

    No ano passado, a economia cresceu 3,4%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No entanto, o ganho real a ser incorporado será menor, de até 2,5%, graças à limitação aprovada no fim do ano passado pelo Legislativo, no âmbito do pacote de medidas de contenção de gastos do ministro Fernando Haddad (Fazenda).

    O salário mínimo é baliza para uma série de despesas obrigatórias do Poder Executivo, como aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Sua correção interfere diretamente em algumas despesas mais relevantes do Orçamento Federal.

    Por isso, o governo decidiu limitar o ganho real ao mesmo ritmo de expansão do arcabouço fiscal, que fica entre 0,6% e 2,5% acima da inflação ao ano. A medida tenta evitar que o crescimento acelerado dos gastos obrigatórios indexados ao piso achate as despesas livres (como custeio e investimentos), colocando em risco a sustentabilidade da regra.

    Para o ano que vem, o percentual de ganho real do arcabouço e do salário mínimo ficará no teto de 2,5%, dado o desempenho da arrecadação acumulado em 12 meses até junho de 2025.

    O valor do piso projetado para 2026 ainda pode mudar ao longo do ano, conforme variações na estimativa para a inflação.

    Governo Lula prevê salário mínimo de R$ 1.631 em 2026