Categoria: ECONOMIA

  • Inflação abaixo do teto reforça expectativa por queda de juros no início de 2026

    Inflação abaixo do teto reforça expectativa por queda de juros no início de 2026

    Economistas aguardam cortes na Selic a partir de janeiro ou março; IPCA desacelerou a 4,46% nos 12 meses até novembro, segundo IBGE

    RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A volta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para um patamar inferior ao teto da meta de inflação ajuda o BC (Banco Central) na condução da política monetária e reforça a expectativa de início de um ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, no primeiro trimestre de 2026, segundo economistas.

    Na manhã desta quarta (10), o IBGE informou que a alta dos preços medida pelo IPCA desacelerou a 4,46% no acumulado de 12 meses até novembro.

    Com o resultado, o índice ficou abaixo do teto de 4,5% da meta de inflação pela primeira vez desde setembro de 2024. No recorte mensal, o IPCA subiu 0,18%, a menor variação para novembro desde 2018.

    A divulgação dos números ocorre no mesmo dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC faz sua última reunião em 2025 para definir o patamar da Selic, atualmente em 15% ao ano.

    Economistas entendem que a instituição ainda vai esperar para cortar a taxa de juros, mas avaliam que a perda de ritmo do IPCA pavimenta o caminho para a redução no início de 2026.

    A dúvida é se o primeiro corte virá na reunião do Copom no final de janeiro ou no encontro de meados de março, e qual o tamanho dele.

    “Há um cenário em construção para uma Selic que pode começar a cair em janeiro sem trazer apreensão para o mercado”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, em uma referência ao contexto de perda de força do IPCA.

    Segundo ele, a inflação mostra trajetória de baixa devido a pelo menos três questões: a trégua do dólar, a redução dos preços dos alimentos com a supersafra e a própria política de juros do BC.

    Para Vale, o primeiro corte na taxa Selic deve ser de 0,5 ponto percentual ou menor, de 0,25 ponto percentual. O economista projeta Selic de 13% ao final de 2026.

    Ele avalia que ainda há desafios no horizonte do BC. O câmbio e os alimentos, por exemplo, não devem ajudar tanto em 2026, prevê Vale.

    Conforme o economista, o IPCA tende a ficar abaixo do teto de 4,5% ao longo do próximo ano, mas só deve atingir o centro da meta de 3% em 2027.

    Em novembro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a instituição deveria perseguir o alvo de 3%, e não o limite superior de 4,5%.

    Com a trégua do IPCA em 12 meses, integrantes do governo Lula (PT) e empresários reforçaram as cobranças por redução dos juros nas últimas semanas.

    Ao levar a Selic para 15%, o BC buscou esfriar a demanda por bens e serviços, já que o crédito fica mais caro. Isso tende a reduzir a pressão sobre parte dos preços.

    O efeito colateral é a desaceleração da economia, que já apareceu no PIB (Produto Interno Bruto) e que pode causar incômodo para o governo antes das eleições de 2026.

    Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas (Associação Paulista de Supermercados), afirma que o país precisa de uma taxa de juros “mais civilizada” que estimule os investimentos. Para ele, haveria espaço para corte na Selic já na reunião desta quarta.

    “Todos os dados apontam para uma inflação com menor pressão sobre os orçamentos das famílias e com a expectativa de que o ciclo de arrocho monetário já se encerre nos próximos meses”, diz.

    Em 2025, o BC passou a perseguir a meta de maneira contínua, abandonando o ano-calendário de janeiro a dezembro.

    No novo modelo, o objetivo é considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).

    O IPCA estourou a meta contínua pela primeira vez em junho.

    O economista Leonardo Costa, do conglomerado financeiro Asa, manteve a previsão de primeiro corte da Selic de 0,5 ponto percentual em março.

    Ele, contudo, vê agora possibilidade de o BC considerar uma redução de 0,25 ponto percentual já em janeiro, caso os próximos indicadores confirmem a “trajetória benigna observada recentemente”.

    Inflação abaixo do teto reforça expectativa por queda de juros no início de 2026

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  • Bolsa Família de dezembro começa a ser pago nesta quarta-feira (10)

    Bolsa Família de dezembro começa a ser pago nesta quarta-feira (10)

    Em novembro, o programa beneficiou 48,59 milhões de pessoas, com um valor médio de R$ 683,28 por família; veja o calendário do Bolsa Família de dezembro!

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Bolsa Família de dezembro começa a ser pago pela Caixa Econômica Federal nesta quarta-feira (10). Os pagamentos deste mês foram antecipados e serão finalizados antes do Natal, como já aconteceu em outros anos. Os repassem seguem, assim, até o dia 23, conforme o final do NIS (Número de Identificação Social).

    Têm direito ao benefício as famílias inscritas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) com renda mensal por pessoa de até R$ 218. Para não perderem o benefício, famílias que fazem parte do programa devem ter seus documentos e dados sobre renda atualizados no cadastro.

    Este é o último pagamento do ano.

    A atualização do CadÚnico deve ser feita pelo responsável pela unidade familiar, que precisa ir até um ponto de atendimento da rede assistencial, como o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), ou a um posto de atendimento do Cadastro Único.

    Em novembro, o programa beneficiou 48,59 milhões de pessoas, com um valor médio de R$ 683,28 por família.

    Desde novembro o MDS está descontinuando o pagamento do Auxílio Gás, que era depositado a cada dois meses. No dia 24 de novembro, o governo federal iniciou a distribuição do vale recarga do Programa Gás do Povo para cerca de 1 milhão de famílias em dez capitais brasileiras, marcando a transição ao novo modelo que garante gratuidade na recarga do botijão de 13 kg.

    Todas as famílias que recebem o Auxilio Gás migrarão para o Gás do Povo em fevereiro de 2026. O programa está sendo implementado gradatividade em diferentes municípios.

    Neste mês, 4,41 milhões de famílias ainda recebem o Auxílio Gás, com um investimento de R$ 485,87. O recurso pago é de R$ 110 por domicílio.

    VEJA O CALENDÁRIO DO BOLSA FAMÍLIA DE DEZEMBRO

    Final do NIS – Data de pagamento

    1 – 10 de dezembro
    2 – 11 de dezembro
    3 – 12 de dezembro
    4 – 15 de dezembro
    5 – 16 de dezembro
    6 – 17 de dezembro
    7 – 18 de dezembro
    8 – 19 de dezembro
    9 – 22 de dezembro
    0 – 23 de dezembro

    QUEM PODE PARTICIPAR DO GÁS DO POVO?

    Famílias inscritas no CadÚnico com renda mensal igual ou inferior a meio salário mínimo (atualmente R$ 759) têm direito ao Programa Gás do Povo. A prioridade da recarga é para quem recebe o Bolsa Família.

    As famílias de duas ou três pessoas têm direito a quatro botijões por ano, com vales vigentes por três meses cada. Já famílias com quatro ou mais pessoas podem retirar seis botijões anuais e os vouchers são válidos por dois meses após a distribuição.

    O benefício não é cumulativo. Ou seja, se um vale não for usado dentro do prazo, ele não será transferido para o próximo ciclo.

    O QUE É O BOLSA FAMÍLIA?

    O Bolsa Família, iniciativa que nasceu no Programa Fome Zero em 2003, é um programa de transferência de renda destinado a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Ele é pago pela Caixa Econômica Federal, mas a sua gestão é feita pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

    QUEM PODE RECEBER O BOLSA FAMÍLIA?

    Famílias que estão inscritas no CadÚnico e que tenham renda familiar per capita (por pessoa) igual ou inferior a R$ 218 por mês são elegíveis ao programa.

    Para calcular o valor, é necessário somar os rendimentos de todas as pessoas que moram na mesma casa, sejam elas pais, cônjuges, companheiros, filhos, enteados ou irmãos e dividir pelo número de pessoas.

    Não devem ser incluídos no cálculo indenizações por danos materiais ou morais, benefícios pagos pelo poder público de forma temporária e quantias recebidas em programas de transferência de renda (como o próprio Bolsa Família).

    QUAIS SÃO AS REGRAS PARA RECEBER O BOLSA FAMÍLIA?

    Além do valor determinado para renda, é necessário que os beneficiários atendam algumas condições nas áreas de saúde e educação, como:

    – Realizar acompanhamento pré-natal, no caso de gestantes;
    – Acompanhar o calendário nacional de vacinação;
    – Acompanhar o estado nutricional de crianças menores de sete anos;
    – Manter frequência escolar mínima de 60% para crianças de quatro e cinco anos, e de 75% para a faixa etária de seis a 18 anos incompletos que não tenham concluído a educação básica;
    – Ao matricular a criança na escola e ao vaciná-la no posto de saúde, a família precisa informar que é beneficiária do Bolsa Família.

    QUEM PAGA O BOLSA FAMÍLIA?

    O pagamento é feito pela Caixa, que utiliza o aplicativo Caixa Tem. Com ele, é possível movimentar o dinheiro sem que seja necessário ir até uma agência.

    Aqueles que desejam sacar o benefício devem ir até caixas eletrônicos, lotéricas, correspondentes Caixa Aqui e agências do banco. O beneficiário também tem acesso ao valor por meio do cartão do Bolsa Família ou Cartão do Cidadão.

    QUAL É O VALOR PAGO PELO BOLSA FAMÍLIA?

    O Bolsa Família paga um auxílio mínimo de R$ 600 por mês, composto também por valores adicionais conforme a composição familiar. Em casas com gestantes, lactantes e/ou crianças e adolescentes de até 18 anos que estiverem na escola, por exemplo, cada integrante desses grupos recebe um adicional de R$ 50.

    Veja quais outros benefícios é possível receber:

    – Benefício de Renda de Cidadania: São pagos R$ 142 por integrante da família
    – Benefício Complementar: Se a família não atingir o piso de R$ 600, o governo paga a diferença para que seja alcançado o valor mínimo
    O governo também inclui os seguintes adicionais:
    – Benefício da Primeira Infância: São pagos R$ 150 para cada criança entre zero e seis anos de idade;
    – Benefício Variável Familiar: É pago o valor de R$ 50 para cada criança entre sete e 12 anos, cada adolescente entre 12 e 18 anos, e para gestantes;
    – Benefício Variável Familiar Nutriz: R$ 50 nas famílias com bebês de zero a seis meses; o benefício é pago para ampliar a capacidade de alimentação da mãe que amamenta.

    Bolsa Família de dezembro começa a ser pago nesta quarta-feira (10)

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  • Lula e Trump tiveram conversas construtivas sobre comércio, diz representante dos EUA

    Lula e Trump tiveram conversas construtivas sobre comércio, diz representante dos EUA

    Jamieson Greer afirma, porém, que nem todos os problemas foram resolvidos e que há coisas que brasileiros ‘podem fazer’ para alcançar mais concessões nas tarifas

    O Representante Comercial dos EUA (USTR, em inglês), Jamieson Greer, sinalizou nesta quarta-feira, 10, que houve avanço nas negociações comerciais com o Brasil, ao participar de sessão de perguntas e respostas em evento do Atlantic Council.

    Segundo ele, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Donald Trump, dos EUA, tiveram “conversas construtivas sobre o comércio recentemente”, citando como exemplo a inclusão do Brasil nas isenções tarifárias sobre cacau e café.

    Greer ponderou que nem todos os problemas foram resolvidos, mas que há coisas que os brasileiros “podem fazer” para alcançar mais concessões em relação a tarifas.

    “O Brasil é um bom parceiro para os EUA, mas também é um competidor, principalmente na agricultura”, disse, ecoando comentários feitos na véspera. “Eles possuem muitas barreiras tarifárias e não-tarifárias para bens americanos, e o presidente Trump também se preocupa sobre outras questões de política externa”.

    Entre as preocupações, Greer citou o que chamou de legislações “utilizadas como arma” contra empresas de tecnologia, “ordens secretas de investigação” contra empresas e indivíduos americanos sem detalhes públicos e prisão arbitrária de americanos. O representante comercial, contudo, não apresentou provas das acusações.

    “A segurança nacional é muito importante para nós. Queremos ter uma relação econômica melhor com o Brasil, só assim poderemos discutir concessões”, ressaltou.

    Questionado sobre a China, Greer descartou preocupações com o acordo comercial com Pequim, afirmando que autoridades americanas trabalham para descobrir “o que os chineses querem dos EUA” e quais bens podem ser comercializados sem danos para a segurança dos EUA. O representante disse ainda que vê maior equilíbrio no comércio de bens de consumo e de itens de baixa tecnologia, defendendo que “não há inconsistências” nas novas políticas.

    Lula e Trump tiveram conversas construtivas sobre comércio, diz representante dos EUA

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  • Uber e 99 veem regulamentação ilegal e desistem de serviço de motoapp em SP

    Uber e 99 veem regulamentação ilegal e desistem de serviço de motoapp em SP

    Empresas representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) previam retomar o serviço ainda esta semana, mas regras sancionadas pelo prefeito de SP são chamadas de ‘proibitivas, ilegais e inconstitucionais’

    SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Uber e a 99 não vão mais começar a prestar o serviço de motoapp nesta quinta (11), como haviam comunicado anteriormente.

    A desistência da operação acontece após sanção do prefeito Ricardo Nunes da lei que regulamenta o serviço na capital paulista. A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa as empresas, enviou comunicado hoje anunciando a desistência — ao menos por enquanto.

    A lei é “uma regulamentação ilegal e que funciona como uma proibição”, diz a nota da Amobitec. Ao UOL, o diretor da associação, André Porto, disse que a regulação vai “tirar o direito de milhões de pessoas em São Paulo à mobilidade, e prejudicar motociclista”.

    Uber e 99 não descartam acionar a Justiça por conta da lei municipal. Porto explicou que as empresas estudam medidas para apontar “os fortes indícios de descumprimento de uma decisão judicial”.

    “A regra irá privar o direito de milhões de paulistanos à mobilidade e de milhares de motociclistas ao trabalho, diferentemente do que ocorre com os demais brasileiros que já contam com os benefícios do serviço em todo o País. A legislação não regulamenta o serviço de motoapp na cidade de São Paulo, mas impede o seu funcionamento ao reunir exigências impossíveis que extrapolam os limites legais”, disse a Amobitec.

     

    Uber e 99 veem regulamentação ilegal e desistem de serviço de motoapp em SP

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  • Haddad: aprovação do PL do devedor contumaz é boa notícia 'para os contribuintes sérios'

    Haddad: aprovação do PL do devedor contumaz é boa notícia 'para os contribuintes sérios'

    Segundo o ministro, empresários de setores que têm devedores contumazes pediam providências ao governo desde o início do mandato. Ele declarou ainda que só de um setor, a sonegação chega aos R$ 28 bilhões, com mais da metade sendo dívida com os Estados

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (10) que a aprovação do projeto de lei do devedor contumaz é uma muito boa notícia para os contribuintes sérios. Ele conversou com jornalistas na portaria do ministério e disse que a Receita tem dificuldade de calcular impacto arrecadatório do devedor contumaz no curto prazo, mas que há expectativa de aumento no médio prazo principalmente para Estados.

    “O papel nosso é organizar os setores da economia com as regras mais justas para todos, sobretudo os que participam do setor e nem sempre conseguem se deparar com regras justas”, disse. E continuou: “Você tem uma desorganização desse setor há muitos anos em virtude da presença, nesses setores, de contribuintes que são devedores contumazes. Eles se valiam, até hoje, das brechas da legislação para abrir e fechar empresas, para a utilização de laranjas, tudo no sentido de explorar uma atividade econômica altamente rentável se você não pagar impostos”.

    Segundo o ministro, empresários de setores que têm devedores contumazes pediam providências ao governo desde o início do mandato. Ele declarou ainda que só de um setor, a sonegação chega aos R$ 28 bilhões, com mais da metade sendo dívida com os Estados.

    Haddad declarou que, se ficar provado que alguém é devedor contumaz, com a nova legislação, essa pessoa pode ter a empresa fechada e ser obrigado a sair do mercado.

    “Eu acredito que isso seja uma muito boa notícia para os contribuintes sérios que querem se manter na atividade, mas que querem práticas concorrenciais justas e leais”, completou.

    Haddad: aprovação do PL do devedor contumaz é boa notícia 'para os contribuintes sérios'

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  • Inflação é a menor para novembro desde 2018 e retorna para meta em 12 meses

    Inflação é a menor para novembro desde 2018 e retorna para meta em 12 meses

    Apesar de ganhar força frente ao mês anterior, a nova taxa é a menor para novembro desde 2018. A variação de 0,18% ficou levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,19%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,16% a 0,26%

    (FOLHAPRESS) – A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou a 0,18% em novembro, após marcar 0,09% em outubro, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    Apesar de ganhar força frente ao mês anterior, a nova taxa é a menor para novembro desde 2018. A variação de 0,18% ficou levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,19%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,16% a 0,26%.

    Nos 12 meses, a inflação acumulada pelo IPCA desacelerou a 4,46% até novembro, após marcar 4,68% até outubro.

    Isso significa que o índice voltou a ficar abaixo do teto da meta perseguida pelo BC (Banco Central), que é de 4,5%, o que não acontecia desde setembro de 2024.

    A divulgação do IPCA de novembro ocorre no mesmo dia em que o BC faz sua última reunião em 2025 para definir o patamar da taxa básica de juros, a Selic.

    Em uma tentativa de conter a inflação, a instituição iniciou em setembro de 2024 um ciclo de aumento nos juros, levando a Selic para 15% ao ano. A taxa está nesse patamar desde o último mês de junho.

    Com a trégua do IPCA no acumulado de 12 meses, integrantes do governo Lula (PT) e empresários reforçaram as cobranças por redução nos juros. A expectativa de analistas para a reunião desta quarta, contudo, é de manutenção da taxa em 15%.

    Ao levar a Selic para dois dígitos, o BC buscou esfriar a demanda por bens e serviços, já que o crédito fica mais caro. Isso tende a reduzir a pressão sobre parte dos preços.

    O efeito colateral é a desaceleração da economia, movimento que já apareceu no PIB (Produto Interno Bruto) e que pode causar incômodo para o governo antes das eleições de 2026.

    META CONTÍNUA E PROJEÇÕES

    Em 2025, o BC passou a perseguir a meta de inflação de maneira contínua, abandonando o ano-calendário de janeiro a dezembro.

    No novo modelo, o objetivo é considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro do alvo é 3%.

    O IPCA estourou a meta contínua pela primeira vez em junho. Em novembro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a instituição deveria perseguir o centro de 3%, e não o limite superior de 4,5%.

    Na mediana, as projeções do mercado financeiro recuaram a 4,40% para o IPCA no acumulado dos 12 meses de 2025. A estimativa consta no boletim Focus publicado pelo BC na segunda (8) -antes da divulgação dos novos dados do IBGE.

    Inflação é a menor para novembro desde 2018 e retorna para meta em 12 meses

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  • BC deve manter Selic em 15% nesta quarta, enquanto nos EUA aposta é de queda nos juros

    BC deve manter Selic em 15% nesta quarta, enquanto nos EUA aposta é de queda nos juros

    Já nos EUA, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, os investidores veem uma chance de 87,4% de um corte de 0,25 ponto nas taxas do Fed. Entre analistas consultados pela Bloomberg, 85 dos 104 entrevistados apostam numa redução dessa magnitude.

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta Superquarta, quando ocorrem decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter a Selic (taxa básica) em 15% ao ano, enquanto o Fed (Federal Reserve, banco central americano) deve realizar um novo corte de 0,25 ponto, aumentando o diferencial entre as taxas dos dois países.

    As decisões, mais uma vez, já são esperadas pelo mercado. Sobre a Selic, todas as 34 instituições consultadas pela Bloomberg esperam uma manutenção em 15% ao ano.

    Já nos EUA, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, os investidores veem uma chance de 87,4% de um corte de 0,25 ponto nas taxas do Fed. Entre analistas consultados pela Bloomberg, 85 dos 104 entrevistados apostam numa redução dessa magnitude.

    Nesta terça (9), o dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,437, ainda sob impacto da entrada de Flávio Bolsonaro na corrida pela Presidência da República em 2026.

    Apesar das apostas quase unânimes, o mercado estará atento a sinalizações tanto do BC (Banco Central) quanto do Fed sobre seus próximos passos.

    As apostas sobre o início do corte de juros no Brasil ainda estão divididas. A discussão maior é se a autoridade monetária iniciará o ciclo de cortes em janeiro ou em março de 2026, ano eleitoral.

    O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressiona para que o BC reduza os juros, o que deve resultar em novas críticas caso a projeção unânime de manutenção da taxa se confirme.

    Entre os que acreditam numa redução já em janeiro, pesa o cenário de desaceleração econômica no Brasil. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB do país avançou apenas 0,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com os três meses anteriores.

    Além disso, desde a reunião anterior, em novembro, a projeção para a inflação coletada pelo boletim Focus para este ano recuou para dentro do teto da meta, a 4,43%. Para 2026, a estimativa caiu ligeiramente, de 4,2% para 4,17%, e, para 2027, se manteve em 3,8%.

    O objetivo perseguido pelo BC é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora dessa margem, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O primeiro estouro no novo formato ocorreu em junho.

    Por outro lado, o comitê afirmou em seu último comunicado que vê necessidade de uma manutenção do atual nível de juros por um período “bastante prolongado”. E a taxa de desemprego, que ficou em 5,4% no trimestre encerrado em outubro, ainda está baixa, mostrando resiliência da atividade econômica.

    Nos EUA, a decisão do Fed se dará com dados defasados. Isso porque o “shutdown” do governo interrompeu as leituras econômicas a partir de agosto e, com a retomada das atividades, as agências federais estão fazendo divulgações retroativas. O último dado de inflação, por exemplo, mostra desaceleração da alta de preços, mas é datado de três meses atrás.

    Os agentes se valem de uma série de dados do mercado de trabalho para calibrar as apostas sobre os juros. Na quinta, por exemplo, o Departamento do Trabalho divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais somaram 191 mil na semana encerrada em 29 de novembro, ante expectativa de 220 mil de economistas consultados pela Reuters.

    É o nível mais baixo desde setembro de 2022, o que sugere que o desempenho do mercado de trabalho americano não está tão fraco. Na quarta, porém, um relatório de emprego da ADP referente a novembro mostrou que o setor privado teve a maior queda em mais de dois anos e meio durante o mês. Foram fechados 32 mil postos de trabalho em novembro, ante estimativa de economistas consultados de abertura de 10 mil postos de trabalho.

    Nesta terça, um novo dado também mostrou que a economia americana está registrando uma estabilidade nas contratações e nas demissões.

    Diante de dados mistos, a decisão do Fed promete ser dividida -ainda mais ao se considerar que outros relatórios importantes ainda não foram divulgados por causa do shutdown. O “payroll”, que avalia o estado do mercado de trabalho, está defasado e só será atualizado em 16 de dezembro, ou seja, após a reunião da autoridade norte-americana.

    Se as projeções se confirmarem, a diferença nos juros entre Brasil e Estados Unidos vai aumentar ainda mais, o que deve favorecer o real.

    Quando a taxa americana cai -como ocorreu nas últimas reuniões do Fed- e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”.

    Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

    BC deve manter Selic em 15% nesta quarta, enquanto nos EUA aposta é de queda nos juros

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  • Dólar fecha em alta e Bolsa recua após Flávio Bolsonaro dizer que candidatura é 'irreversível'

    Dólar fecha em alta e Bolsa recua após Flávio Bolsonaro dizer que candidatura é 'irreversível'

    PL que reduz penas a condenados por atos golpistas atenuou perdas dos ativos brasileiros à tarde; investidores estrangeiros retiraram R$ 1,7 bilhão da B3 no dia do anúncio de Flávio

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em alta de 0,31% nesta terça-feira (9), cotado a R$ 5,437, com investidores monitorando os desdobramentos da entrada de Flávio Bolsonaro na corrida pela Presidência em 2026. Na segunda, o senador afirmou à Folha de S.Paulo que sua candidatura é “irreversível”.

    “Minha candidatura não está à venda. A condição para isso é o presidente Bolsonaro livre e nas urnas. A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro. Não tenho preço”, afirmou.

    O senador anunciou na sexta-feira sua candidatura à Presidência em 2026, notícia que inspirou forte volatilidade para os ativos domésticos e levou à retirada de cerca de R$ 1,7 bilhão da B3 por parte de investidores estrangeiros.

    A leitura do mercado é de que, com o apoio de Bolsonaro ao filho mais velho, uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome favorito da Faria Lima para a disputa, perderia força e favoreceria uma reeleição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja política fiscal desagrada grande parte do mercado.

    “Acredita-se que uma reeleição do governo Lula significaria um cenário de maior expansão fiscal por mais quatro anos, o que pressionaria a inflação e manteria juros mais elevados”, aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

    Com o cenário eleitoral incerto, o mercado adota cautela. A moeda chegou à máxima de R$ 5,495 nesta sessão, mas desacelerou ganhos à tarde quando discussões em Brasília para votação do PL da Dosimetria ganharam tração. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o projeto -que trata das penas dos condenados por tentativa de golpe e pode reduzir o tempo de prisão de Bolsonaro em regime fechado para 2 anos e 4 meses- será votado na Casa.

    O efeito também foi sentido na Bolsa, que reverteu perdas e passou a rodar no positivo. Ao fim do pregão, porém, perdeu força, fechando em queda de 0,13%, a 157.981 pontos.

    Uma das interpretações no mercado é a de que, se o projeto for aprovado, crescem as chances de Flávio desistir da candidatura, colocando novamente na disputa o nome de Tarcísio.

    No cenário internacional, operadores repercutiram dados de emprego dos Estados Unidos medidos pelo Jolts.

    As vagas em aberto, uma medida da demanda por mão de obra, aumentaram em 12 mil e chegaram a 7,67 milhões em outubro, mês marcado pelo “shutdown” do governo norte-americano que paralisou a divulgação de estatísticas oficiais da economia americana. Economistas consultados pela Reuters previam 7,15 milhões de vagas não preenchidas. Já as contratações caíram em 218 mil, para 5,149 milhões.

    O relatório também incorporou a leitura de setembro. Naquele mês, havia 7,658 milhões de vagas em aberto e as contratações foram de 5,367 milhões.

    Por serem defasados, os dados não devem pautar a decisão do Fed de quarta-feira. No entanto, reforçam a percepção de que o mercado de trabalho permaneceu no que os economistas e as autoridades chamam de “sem contratações, sem demissões”.

    Essa estagnação motivou dois cortes de juros pelo Fed neste ano, e a previsão do mercado é que justifique mais uma redução de 0,25 ponto percentual nesta semana, levando a taxa para a banda de 3,50% a 3,75%. A probabilidade desse afrouxamento acontecer é de 87,4%, segundo a ferramenta FedWatch, enquanto os 12,6% restantes apostam em uma manutenção do atual patamar.

    A decisão será divulgada às 16h (horário de Brasília) de quarta-feira. Às 18h30, será a vez do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC brasileiro divulgar a definição sobre a taxa Selic.

    Aqui, a previsão é que os juros encerrem o ano parados em 15% e que o Copom (Comitê de Política Monetária) flexibilize o discurso, abrindo a porta para a queda da Selic em 2026. Enquanto a manutenção da taxa no atual patamar é a projeção unânime, as apostas para o início do ciclo de cortes de juros estão divididas entre janeiro e março do próximo ano.

    No mercado de câmbio, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, melhor para o real, e o inverso também vale.

    Quando a taxa por lá cai -como ocorreu nas últimas reuniões do Fed- e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”.

    Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

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  • INSS suspende repasses de descontos em empréstimos consignados vinculados ao Master

    INSS suspende repasses de descontos em empréstimos consignados vinculados ao Master

    Decisão assinada pelo presidente do órgão, no último dia 26, já gerou o bloqueio de R$ 27 milhões; autarquia afirmou que medida era necessária para cessar possíveis irregularidades e resguardar o interesse público

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) decidiu suspender, por medida cautelar, o repasse dos valores descontados de empréstimos consignados e de cartões de crédito nos benefícios vinculados ao Banco Master.

    A medida, assinada pelo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, no último dia 26, já gerou o bloqueio de R$ 27 milhões em repasses até esta terça-feira (9).

    O órgão afirmou, na decisão obtida pela reportagem, que a suspensão é necessária para cessar possíveis irregularidades e resguardar o interesse público.

    A decisão deverá durar até a conclusão do processo aberto no INSS para apurar irregularidades no ACT (Acordo de Cooperação Técnica) celebrado com o Banco Master.

    A manifestação foi feita pela Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (Dirben) e pela Procuradoria Federal Especializada do órgão.

    O crédito consignado é um empréstimo no qual a parcela é descontada diretamente da aposentadoria ou pensão. Como o risco de calote é praticamente zero, os juros são os menores do mercado. As regras são controladas pelo CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social).

    Em outubro, o INSS também havia decidido não renovar o ACT que autorizava o Banco Master a oferecer crédito consignado a aposentados e pensionistas.

    Com isso, a instituição deixou de estar credenciada para iniciar novas operações da modalidade nos sistemas do INSS.

    A medida também valerá até a conclusão das apurações em andamento ou até que a instituição financeira comprove, de forma objetiva, o atendimento integral à legislação e aos regulamentos que regulam o crédito consignado.

    O INSS também solicitou ao Dataprev a retirada dos acessos do banco aos ambientes operacionais do consignado.

    Um dos elementos considerados para a proibição foi o volume expressivo de reclamações em bases oficiais e públicas, com relatos de dificuldades para cancelamento, cobranças indevidas e operações não reconhecidas.

    A autarquia também disse que há indícios de descompasso entre práticas adotadas e parâmetros normativos, que incluem exigências de autorização expressa, autenticação biométrica, guarda adequada de documentos e responsabilidade da instituição pela atuação de correspondentes bancários.

    Na última semana, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga desvios em aposentadorias do INSS aprovou a convocação do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, para prestar depoimento.

    Os requerimentos apontaram como principal motivo para a convocação de Vorcaro as reclamações de consumidores sobre operações de crédito consignado concedidas pelo Master.

    Vorcaro chegou a ser preso no dia 18 de novembro sob o argumento de haver risco de fuga e, agora, está solto e monitorado por tornozeleira eletrônica. A prisão foi feita no aeroporto de Guarulhos.

    O banqueiro é investigado pela Polícia Federal em um caso de emissão de títulos de crédito falsos. O BRB, banco estatal do Distrito Federal, teria pago R$ 12,2 bilhões ao Master em operações desse tipo.

    A reportagem procurou o Banco Master, que não respondeu até a publicação deste texto.

    INSS suspende repasses de descontos em empréstimos consignados vinculados ao Master

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  • Financeiras que travam celular em caso de calote avançam, apesar de proibições judiciais

    Financeiras que travam celular em caso de calote avançam, apesar de proibições judiciais

    O antivírus da Kaspersky bloqueou 88 mil apps do tipo entre agosto de 2024 e julho deste ano

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os aplicativos de bloqueio remoto em caso de calote avançam no Brasil, apesar de proibições judiciais contra a prática.

    O antivírus da Kaspersky bloqueou 88 mil apps do tipo entre agosto de 2024 e julho deste ano. São 43 vezes o número de ocorrências registrado há dois anos, nos 12 meses entre setembro de 2022 e agosto de 2023.

    Para receber crédito dessas empresas, os consumidores instalam aplicativos capazes de travar o funcionamento do aparelho, em método conhecido como “kill switch” (botão de desligar, em inglês). A Kaspersky bloqueia uma lista de apps de instituições financeiras com essa funcionalidade por considerar que há risco de extorsão.

    Tribunais no Distrito Federal e no Amazonas já consideraram que a oferta de crédito mediante a instalação do kill switch é ilegal, embora não exista veto específico sobre a prática.

    No período analisado pela Kaspersky, a Supersim, uma correspondente bancária conhecida por oferecer crédito usando o celular como garantia, foi proibida de operar com essa condição em contratos.

    A decisão é de maio de 2025. Os contratos feitos antes disso continuam válidos e quem os assinou ainda pode acabar com o celular inutilizado em caso de inadimplência.

    O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) e o Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) argumentaram que a medida viola direitos básicos dos consumidores (garantia à dignidade, à comunicação, ao trabalho e à informação). A argumentação foi acatada parcialmente pela 2ª Turma Cível do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios).

    A juíza Ana Letícia Martins Santini considerou a instalação do kill switch uma prática abusiva e determinou a nulidade da cláusula, por julgar que houve violação do Marco Civil da Internet. Com isso, a Supersim foi proibida de divulgar seu aplicativo nas lojas de aplicativo de Google e Apple, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A Justiça ainda determinou pena de R$ 10 mil por contrato irregular firmado após o veredito.

    A Supersim apelou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedindo absolvição. O pedido ainda está sob juízo de admissibilidade, a checagem prévia feita pela corte antes de avaliar o mérito. “Confiamos em um desfecho favorável, que permita ampliar nossa missão de inclusão financeira das classes C e D”, diz a empresa em nota.

    Como a decisão do TJDFT vale só para Supersim e seu outro cadastro de pessoa jurídica, a Socinal, empresas concorrentes seguem no mercado. Os correspondentes bancários Juvo e Mister Money ofertam crédito com essa mesma condição. Ambas estão presentes na Play Store, a loja de aplicativos do Google.

    De acordo com a Mister Money, os contratos com celular como garantia permitem acesso ao crédito a pessoas negativadas, mesmo sem comprovação de renda. O aparelho como contrapartida também permitiria baixar os juros praticados, por causa da menor probabilidade de calote.

    A Mister Money ainda diz que tenta negociar “antes de tomar medidas mais sérias” se a pessoa atrasar as parcelas. “O bloqueio remoto do celular, que impede o uso do aparelho, é o último passo, usado só após várias tentativas de contato.”

    Simulador no site da empresa mostra esta oferta: um empréstimo de R$ 5.000 pago em 36 parcelas de R$ 516,72, o que soma R$ 18.601,92.

    A Juvo diz que se diferencia das concorrentes por atuar com um modelo de alienação fiduciária previsto na lei. “Estamos em conformidade com o Código Civil e com o Código de Defesa do Consumidor.” Segundo o comunicado, a companhia afirma que não coleta dados e “bloqueia apenas apps não essenciais”.

    Até julho, a empresa liberou R$ 1,6 bilhão de crédito graças ao formato. Na ocasião, a Juvo havia captado R$ 140 milhões via FIDC, um fundo dedicado à compra de dívidas e outros recebíveis futuros.

    De acordo com o diretor da equipe de pesquisa da Kaspersky para a América Latina, Fábio Assolini, esses aplicativos de empréstimo podem funcionar como um vírus. “Roubam informações pessoais, fotos e contatos, e até bloqueiam o celular da vítima como forma de extorsão.”

    A promessa de crédito fácil, diz Assolini, funciona como gancho para a pessoa instalar o programa, que o especialista chama de “spyloan”. Esse aplicativo não é o que fica na loja do Google -as instituições orientam a baixar outro direto de página web durante a contratação do empréstimo.

    A empresa “normalmente não coloca esse módulo na loja de aplicativos porque ele sabe que será removido em caso de denúncia”, diz o pesquisador da Kaspersky.

    Em outros países como o México, único país da América Latina em que a prática é mais prevalente do que no Brasil, há reportagens mostrando casos em que fotos íntimas de vítimas foram meio de extorsão na cobrança de inadimplentes.

    Os spyloans não podem ser desinstalados pelas vias tradicionais e impedem os usuários de restaurar as configurações de fábrica -o chamado “hard reset”. Na internet, há tutoriais de como desinstalar os aplicativos de empréstimo, o que envolve desativar uma série de permissões do app.

    Assolini alerta que há pessoas que vendem o desbloqueio do aparelho como um serviço. “Contratar um desconhecido na internet para mexer remotamente no seu aparelho, que já está comprometido, é um risco enorme. O usuário pode estar, na verdade, pagando para instalar um malware ainda mais perigoso ou ter todos os seus dados definitivamente roubados.”

    A Juvo diz que só trabalha com o aplicativo disponível nas lojas oficiais, que atende “todos os requisitos de segurança estabelecidos por elas”.

    No caso Supersim, a Justiça do DF negou um pedido de indenização coletiva contra a empresa, por não haver evidências para comprovar dano contra todos os clientes. Caso a reivindicação fosse aceita, os consumidores da correspondente bancária poderiam solicitar reparações financeiras. O Idec tenta reformar essa decisão no STJ.

    Financeiras que travam celular em caso de calote avançam, apesar de proibições judiciais

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