Categoria: ECONOMIA

  • Gasto com Previdência subirá R$ 87,2 bi em 2026 com reajustes, novos benefícios e salário-maternidade

    Gasto com Previdência subirá R$ 87,2 bi em 2026 com reajustes, novos benefícios e salário-maternidade

    Nas contas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a despesa total chegará a R$ 1,072 trilhão no ano que vem, contra R$ 984,66 bilhões em 2025. O dado não inclui sentenças judiciais nem compensações devidas a regimes previdenciários de estados e municípios

    (FOLHAPRESS) – O gasto com benefícios previdenciários vai subir R$ 87,2 bilhões em 2026 com a concessão de reajustes, novos benefícios e o impacto da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que flexibilizou as regras de pagamento do salário-maternidade.

    Nas contas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a despesa total chegará a R$ 1,072 trilhão no ano que vem, contra R$ 984,66 bilhões em 2025. O dado não inclui sentenças judiciais nem compensações devidas a regimes previdenciários de estados e municípios.

    A projeção, obtida pela reportagem por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), constará no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026, a ser enviado ao Congresso Nacional até a próxima sexta-feira (29).

    O crescimento nominal de 8,9% tende a gerar pressão sobre o limite de gastos do arcabouço fiscal, que é corrigido pela inflação acumulada em 12 meses até junho (5,35%) mais uma variação real, que ficará em 2,5% no ano que vem.

    Pelas estimativas do INSS, só a decisão do STF sobre o salário-maternidade terá um impacto extra de R$ 8,5 bilhões.

    Em março de 2024, os ministros do Supremo consideraram inconstitucional a regra que exigia de trabalhadoras autônomas um período mínimo de dez contribuições para acessar o benefício. Além dos novos pedidos, o governo entende que a decisão pode abrir caminho à cobrança de retroativos por parte de seguradas que tiveram o requerimento negado nos últimos cinco anos.

    Embora significativo, o impacto indicado pelo INSS é inferior aos R$ 12 bilhões que a Previdência havia divulgado inicialmente. O valor passou a ser usado pela equipe econômica como justificativa para defender uma mudança nas regras fiscais que, na prática, vai abrir um espaço extra de R$ 12 bilhões em ano eleitoral.

    A alteração consta na PEC (proposta de emenda à Constituição) 66, que flexibiliza as regras de pagamento de sentenças judiciais devidas por estados e municípios. O texto também retira os precatórios da União do limite de gastos do arcabouço e prevê uma transição de dez anos até que essas despesas voltem a ser integralmente contabilizadas na meta de resultado primário (diferença entre receitas e despesas, descontado o serviço da dívida).

    A ministra Simone Tebet (Planejamento) chegou a dizer, em 16 de julho, que a expansão do limite de gastos daria “neutralidade” frente ao impacto da decisão do STF. “Achei justa essa neutralidade para a gente zerar o jogo”, afirmou na ocasião.

    A nova estimativa do INSS consta em nota técnica elaborada em 21 de julho e indica que, na prática, o governo terá um ganho de quase R$ 4 bilhões para destinar a outras despesas.

    O documento ainda aponta um custo adicional com a decisão do STF entre R$ 10,6 bilhões e R$ 11,6 bilhões ao ano de 2027 a 2029 -chegando a um total de R$ 42,3 bilhões em quatro anos. Procurados para comentar a revisão dos números, Previdência e INSS não responderam até a publicação deste texto.

    A projeção do INSS para 2026 ainda revela a revisão de outro número relevante para as discussões orçamentárias: a previsão de gastos com a Previdência neste ano.

    Quando divulgou a última reavaliação de receitas e despesas, em 22 de julho, a equipe econômica indicou esperar uma despesa de R$ 980,9 bilhões em benefícios previdenciários, sem contar sentenças judiciais e as compensações a estados e municípios.

    Ao elaborar as estimativas do ano que vem, no entanto, o órgão partiu de uma base de cálculo de R$ 984,66 bilhões para 2025 -R$ 3,8 bilhões a mais do que constou no relatório. Se confirmada na próxima reavaliação, em setembro, a revisão pode forçar novos bloqueios nas despesas livres do governo, que incluem investimentos e gastos com o funcionamento da máquina pública.

    Como mostrou a Folha de S.Paulo, o Ministério da Previdência Social já havia alertado a equipe econômica sobre a imprecisão das estimativas para 2025, dada a desconsideração de fatores que vão pressionar o Orçamento na segunda metade do ano, como a decisão do STF sobre salário-maternidade e a tendência de redução da fila de espera pelos benefícios.

    A estimativa para a despesa com benefícios em 2026 também evidencia o custo extra com outros fatores, como o reajuste do salário mínimo, hoje em R$ 1.518.
    Segundo o INSS, um aumento de 7,44% no piso deve gerar um impacto de R$ 34,04 bilhões, pois o reajuste contempla 45,3% dos segurados. Já a reposição da inflação (prevista em 4,66%) para os demais beneficiários terá um custo de R$ 25,8 bilhões.

    Há ainda um incremento de R$ 26,1 bilhões devido à concessão de novos benefícios, o que os técnicos chamam de crescimento vegetativo da folha de pagamento.

    Por outro lado, o governo espera uma economia de R$ 2,8 bilhões com a mudança nas regras de concessão do auxílio-doença, também chamado de benefício por incapacidade temporária.

    No início de junho, o governo editou uma MP (medida provisória) para reduzir de 180 para 30 dias o prazo máximo de duração do auxílio-doença concedido via Atestmed, sistema online que dispensa perícia presencial e prevê análise de atestado médico. A mudança foi concebida para reduzir gastos, diante da percepção de que a ferramenta gerou uma enxurrada de pedidos e concessões.

    Para a Previdência, no entanto, a mudança poderia impulsionar a fila da perícia médica presencial a um patamar inédito de 3,6 milhões até o fim de dezembro se implementada de forma imediata, como mostrou a Folha de S.Paulo.

    Ainda em junho, Previdência e INSS publicaram uma portaria conjunta para ampliar para 60 dias o prazo de duração do benefício concedido via sistema. A regra, no entanto, é transitória e vale por 120 dias a partir de sua publicação.

    Gasto com Previdência subirá R$ 87,2 bi em 2026 com reajustes, novos benefícios e salário-maternidade

  • Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

    Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

    Apontado como uma das principais bandeiras de Lula (PT) na tentativa de se reeleger em 2026, a proposta já foi aprovada em comissão especial e está pronta para ser votada no plenário da Câmara, o que deve ocorrer nas próximas semanas

    (FOLHAPRESS) – A oposição e parte do centrão se movimentam no Congresso para alterar o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, tendo como principal alvo a proposta de compensar a perda de arrecadação com a ampliação da cobrança sobre o estrato mais rico da população.

    Apontado como uma das principais bandeiras de Lula (PT) na tentativa de se reeleger em 2026, a proposta já foi aprovada em comissão especial e está pronta para ser votada no plenário da Câmara, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

    O texto atual, relatado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), eleva a faixa de isenção do IR de R$ 3.036 para R$ 5.000, com desconto parcial para rendas de até R$ 7.350. A compensação se dará pela criação do imposto mínimo para quem ganha a partir de R$ 50 mil mensais (cerca de R$ 600 mil anuais), com alíquota de 10% para quem ganha a partir de R$ 1,2 milhão ao ano.

    O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta quarta-feira (27) que o partido irá apresentar emenda para derrubar toda a proposta de compensação feita pelo governo e que o movimento tem apoio do centrão.

    “Nós somos a favor da isenção até R$ 10 mil e vamos apresentar destaque [emenda] para o PT botar digital lá de que é contra. E vamos apresentar emenda para não ter compensação. O Partido Liberal é a favor de redução de imposto e não de aumento”, disse o parlamentar.

    Questionado se o projeto como um todo não seria inviabilizado caso a compensação caia, Sóstenes disse que esse é um problema do governo e “ele que se vire”.

    O líder do partido de Jair Bolsonaro afirmou ainda não temer ser alvo da campanha que o PT e o governo patrocinaram nas redes sociais –e que prometem repetir agora na votação– de que os contrários ao projeto querem defender ricos e privilégios em detrimento do alívio no bolso dos mais pobres e da classe média.

    “Eu tenho certeza que o Centrão virá conosco e não vai ter compensação. Não estamos preocupados com isso [campanha ricos x pobres]. ‘Ah, estão defendendo os ricos’. Nós defendemos que o brasileiro paga imposto demais. Pobre, rico, classe média, milionário. Tem que reduzir impostos.”

    Os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, são outros que defendem ou a derrubada ou alterações que minimizem o impacto para a parte mais rica da população.

    Rueda tem se manifestado contra a criação do imposto sobre rendas mais altas, mas integrantes do partido dele dizem que é preciso conversar antes porque não dá para derrubar a medida sem colocar outra forma de compensação, como defende o PL.

    O PP chegou a propor aumentar de R$ 50 mil para R$ 150 mil a faixa de cobrança dos mais ricos, mas abandonou a proposta. O partido, no entanto, defenderá mudanças no plenário.

    A sigla vai pedir que seja votada uma emenda do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) para aumentar a CSLL (Contribuição Sobre o Lucro Líquido) dos bancos com faturamento superior a R$ 1 bilhão por ano, de 21% para 25%, como forma de elevar a faixa de renda que terá desoneração. Além disso, irá propor a elevação do teto de isenção parcial de R$ 7.350 para R$ 7.590. “Aí alcançaremos cinco salários mínimos”, diz Cajado.

    Apesar das movimentações, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), manifestou nesta quarta defesa de aprovação do texto em plenário, sem modificações de relevo.

    “A aprovação por unanimidade [na comissão] demonstra que o trabalho foi bem feito. Claro que teremos emendas e destaques que queiram mudar algo, mas, pela construção feita, entendo que o texto da comissão possa vir a ser mantido. Temos que aguardar, a política é dinâmica, é uma Casa plural, vamos enfrentar os destaques e as iniciativas para aumentar a bondade do pacote, mas a Câmara vai ter responsabilidade”, disse durante evento do grupo Globo.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se disse otimista com a votação após encontro com Motta nesta quarta. “O apoio à taxação dos super-ricos é maior que a isenção porque a sensação é que há muita injustiça no Brasil e os super-ricos precisam contribuir com uma justa parte.”

    Integrante do governo que participa das negociações diz acreditar que o projeto será aprovado sem grande alterações já que a votação servirá de teste de autoridade de Motta, que teve a imagem abalada no episódio do motim bolsonarista na Câmara, além de a taxação dos super-ricos ser popular, segundo essa avaliação.

    O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), por exemplo, afirmou que a ideia é reativar nas redes o discurso de que os deputados que encampam a medida protegem os ricos.

    O deputado afirmou ainda que será estabelecido um calendário de votação a partir de uma reunião entre Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). A ideia é dar liberdade para que tanto o Senado quanto a Câmara alterem o texto, mas com a aprovação final até 30 de setembro.

    Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, nesta quarta, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que será difícil para a oposição se colocar contra a medida.

    “Oposição é para dificultar a vida de governo, é assim em qualquer lugar do mundo. Às vezes, em alguns lugares, ganha irracionalidade. (…) O que eles podem fazer é isso, é votar o projeto e eventualmente tentar que não tenha compensação, o que criaria dificuldade de manter escolas, hospitais, porque em qualquer governo do mundo precisa de recursos para manter os serviços públicos funcionando.”

    Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

  • Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

    Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

    Apontado como uma das principais bandeiras de Lula (PT) na tentativa de se reeleger em 2026, a proposta já foi aprovada em comissão especial e está pronta para ser votada no plenário da Câmara, o que deve ocorrer nas próximas semanas

    (FOLHAPRESS) – A oposição e parte do centrão se movimentam no Congresso para alterar o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, tendo como principal alvo a proposta de compensar a perda de arrecadação com a ampliação da cobrança sobre o estrato mais rico da população.

    Apontado como uma das principais bandeiras de Lula (PT) na tentativa de se reeleger em 2026, a proposta já foi aprovada em comissão especial e está pronta para ser votada no plenário da Câmara, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

    O texto atual, relatado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), eleva a faixa de isenção do IR de R$ 3.036 para R$ 5.000, com desconto parcial para rendas de até R$ 7.350. A compensação se dará pela criação do imposto mínimo para quem ganha a partir de R$ 50 mil mensais (cerca de R$ 600 mil anuais), com alíquota de 10% para quem ganha a partir de R$ 1,2 milhão ao ano.

    O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta quarta-feira (27) que o partido irá apresentar emenda para derrubar toda a proposta de compensação feita pelo governo e que o movimento tem apoio do centrão.

    “Nós somos a favor da isenção até R$ 10 mil e vamos apresentar destaque [emenda] para o PT botar digital lá de que é contra. E vamos apresentar emenda para não ter compensação. O Partido Liberal é a favor de redução de imposto e não de aumento”, disse o parlamentar.

    Questionado se o projeto como um todo não seria inviabilizado caso a compensação caia, Sóstenes disse que esse é um problema do governo e “ele que se vire”.

    O líder do partido de Jair Bolsonaro afirmou ainda não temer ser alvo da campanha que o PT e o governo patrocinaram nas redes sociais –e que prometem repetir agora na votação– de que os contrários ao projeto querem defender ricos e privilégios em detrimento do alívio no bolso dos mais pobres e da classe média.

    “Eu tenho certeza que o Centrão virá conosco e não vai ter compensação. Não estamos preocupados com isso [campanha ricos x pobres]. ‘Ah, estão defendendo os ricos’. Nós defendemos que o brasileiro paga imposto demais. Pobre, rico, classe média, milionário. Tem que reduzir impostos.”

    Os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, são outros que defendem ou a derrubada ou alterações que minimizem o impacto para a parte mais rica da população.

    Rueda tem se manifestado contra a criação do imposto sobre rendas mais altas, mas integrantes do partido dele dizem que é preciso conversar antes porque não dá para derrubar a medida sem colocar outra forma de compensação, como defende o PL.

    O PP chegou a propor aumentar de R$ 50 mil para R$ 150 mil a faixa de cobrança dos mais ricos, mas abandonou a proposta. O partido, no entanto, defenderá mudanças no plenário.

    A sigla vai pedir que seja votada uma emenda do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) para aumentar a CSLL (Contribuição Sobre o Lucro Líquido) dos bancos com faturamento superior a R$ 1 bilhão por ano, de 21% para 25%, como forma de elevar a faixa de renda que terá desoneração. Além disso, irá propor a elevação do teto de isenção parcial de R$ 7.350 para R$ 7.590. “Aí alcançaremos cinco salários mínimos”, diz Cajado.

    Apesar das movimentações, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), manifestou nesta quarta defesa de aprovação do texto em plenário, sem modificações de relevo.

    “A aprovação por unanimidade [na comissão] demonstra que o trabalho foi bem feito. Claro que teremos emendas e destaques que queiram mudar algo, mas, pela construção feita, entendo que o texto da comissão possa vir a ser mantido. Temos que aguardar, a política é dinâmica, é uma Casa plural, vamos enfrentar os destaques e as iniciativas para aumentar a bondade do pacote, mas a Câmara vai ter responsabilidade”, disse durante evento do grupo Globo.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se disse otimista com a votação após encontro com Motta nesta quarta. “O apoio à taxação dos super-ricos é maior que a isenção porque a sensação é que há muita injustiça no Brasil e os super-ricos precisam contribuir com uma justa parte.”

    Integrante do governo que participa das negociações diz acreditar que o projeto será aprovado sem grande alterações já que a votação servirá de teste de autoridade de Motta, que teve a imagem abalada no episódio do motim bolsonarista na Câmara, além de a taxação dos super-ricos ser popular, segundo essa avaliação.

    O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), por exemplo, afirmou que a ideia é reativar nas redes o discurso de que os deputados que encampam a medida protegem os ricos.

    O deputado afirmou ainda que será estabelecido um calendário de votação a partir de uma reunião entre Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). A ideia é dar liberdade para que tanto o Senado quanto a Câmara alterem o texto, mas com a aprovação final até 30 de setembro.

    Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, nesta quarta, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que será difícil para a oposição se colocar contra a medida.

    “Oposição é para dificultar a vida de governo, é assim em qualquer lugar do mundo. Às vezes, em alguns lugares, ganha irracionalidade. (…) O que eles podem fazer é isso, é votar o projeto e eventualmente tentar que não tenha compensação, o que criaria dificuldade de manter escolas, hospitais, porque em qualquer governo do mundo precisa de recursos para manter os serviços públicos funcionando.”

    Oposição quer derrubar aumento de IR para mais ricos, e centrão se divide

  • Taxa de juros deve ficar alta por período prolongado, diz Galípolo

    Taxa de juros deve ficar alta por período prolongado, diz Galípolo

    Ao participar do 33º Congresso & Expo Fenabrave, na SP Expo, na capital paulista, Galípolo lembrou que é função do Banco Central trabalhar para que a inflação fique sempre dentro da meta, mas ressaltou que esse tem sido um processo lento e que, por isso, a Selic precisa ser mantida em um campo ainda bastante restritivo.

    O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira (27), em São Paulo, que a taxa básica de juros (Selic) no Brasil deve permanecer em patamar elevado por um longo período. Atualmente, a taxa está estabelecida em 15% ao ano.

    Ao participar do 33º Congresso & Expo Fenabrave, na SP Expo, na capital paulista, Galípolo lembrou que é função do Banco Central trabalhar para que a inflação fique sempre dentro da meta, mas ressaltou que esse tem sido um processo lento e que, por isso, a Selic precisa ser mantida em um campo ainda bastante restritivo.

    “Estamos em um cenário de ter descumprido a meta [de inflação] duas vezes – no final de 2024 e meados de 2025 – e com expectativas e projeções do mercado e do Banco Central que apontam que essa convergência está se dando de uma maneira lenta para a meta de inflação. É isso que tem demandado uma política monetária mais restritiva, que busca justamente fazer essa convergência para a meta”, explicou, durante a palestra Conectando o Presente e o Futuro, promovida pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

     

    O Copom definiu 3% como a meta a ser perseguida para a inflação do país, podendo variar 1,5% para cima ou para baixo. “A Selic é o quanto que o dinheiro se valoriza no tempo. A inflação é o quanto o dinheiro perde valor no tempo. Em um processo de elevação da inflação, você vê a meta escapar e, simultaneamente, ficar menos apertada a política monetária, que deveria justamente estar apertada para perseguir a meta. Por isso tem essa regra de que, quando o Banco Central começa a subir os juros em um processo onde a inflação está subindo, o BC precisa subir mais do que a inflação está subindo. Se a inflação está subindo, significa que a taxa de juros não está restritiva o suficiente para produzir a convergência da inflação para a meta. Se ela não está restritiva o suficiente e está caindo, preciso subir ela mais do que a inflação está subindo”, explicou ele.

    Crescimento

    Durante o evento, Galípolo ressaltou que é difícil explicar como o Brasil continua apresentando crescimento apesar de ter uma taxa básica de juros tão restritiva.

    Uma das explicações possíveis para isso, de acordo com o presidente do BC, seria a renda. Segundo ele, a política tributária mais progressiva, aliada a programas de distribuição de renda, poderiam estar contribuindo para que as pessoas gastem e consumam mais, aumentando o dinamismo da economia.

    “O que parece ter acontecido é que a renda tem se mostrado bastante resiliente. Estamos com o nível de desemprego mais baixo da série histórica, batendo 5,8%, dessazonalizado 5,7%, que é o menor nível de desemprego da série histórica. E estamos com o nível mais alto de renda do trabalhador. Então, mesmo com uma taxa de juros restritiva, a gente segue mostrando uma resiliência no mercado de trabalho, bastante forte, o que deve estar puxando uma demanda mais forte”, afirmou.

     

    Taxa de juros deve ficar alta por período prolongado, diz Galípolo

  • Gol apresenta novo mecanismo de embarque acessível em aeronaves

    Gol apresenta novo mecanismo de embarque acessível em aeronaves

    O dispositivo, que demorou quatro anos para ficar pronto e passa agora por uma fase de testes e avaliação, será utilizado em aeroportos sem passarelas de embarque, que levam os viajantes diretamente do portão para a aeronave.

    JAIRO MARQUES
    MARINGÁ, PR (FOLHAPRESS) – Uma nova e promissora possibilidade de embarque e desembarque em aeronaves, com mais conforto e segurança, para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, foi apresentada pela empresa aérea Gol, em Maringá (PR), nesta terça-feira (26).

    A Folha de S.Paulo acompanhou e testou a Escada de Acesso com Elevador, que se trata de uma plataforma elevatória para até 400 kg que conduz o passageiro cadeirante ou com alguma restrição para degraus até a porta do avião. O equipamento fica imediatamente ao lado da escada convencional, dando um aspecto de maior integração.

    O dispositivo, que demorou quatro anos para ficar pronto e passa agora por uma fase de testes e avaliação, será utilizado em aeroportos sem passarelas de embarque, que levam os viajantes diretamente do portão para a aeronave. Ele também pode ser acionado quando o avião estaciona na chamada área remota, onde os passageiros descem por escadas.

    A plataforma, pioneira na América Latina, elimina a necessidade de equipamentos menos práticos e mais caros, como o ambulifit -caminhão que se eleva até a altura da aeronave para transferir o passageiro- ou alternativas que reduzem o conforto e a segurança do usuário, como as cadeiras escaladoras automatizadas ou mesmo cadeiras comuns carregadas por funcionários

    A Gol não revela o valor do investimento, mas informa que ele deve continuar para levar o instrumento para outros pontos do país. O elevador portátil foi construído pela empresa Easy Ground Service Solutions, de Maringá.

    “A Gol sempre teve esse propósito de ser uma empresa para todos. A gente se posiciona no mercado assim e a acessibilidade sempre esteve dentro do nosso cerne, de pensar como revolucionar a aviação e fazer a aviação ser um local inclusivo, um local diverso”, declara Felipe Sobrinho, gerente de pertencimento da empresa.

    O executivo não nega, porém, que o mecanismo tenta responder também a queixas de passageiros, principalmente os com deficiência, pelas condições de embarque e desembarque.

    “A reclamação existe, vem de uma dor. E eu acho que é esse o papel da Gol, de transformar. A gente escuta os nossos clientes. O resultado dessa escada que foi de uma escuta, de entender qual que era a dor do nosso cliente e trazer uma solução mais confortável.”

    A plataforma leva 45 segundos para subir ou descer o passageiro. Não faz barulho, não tem trepidação, não tem desnível e tem uma operacionalidade simples. Todo o processo de feitura foi acompanhado e recebeu consultoria de Bruno Bartolo, analista de pertencimento da Gol e pessoa com deficiência visual.

    “Quando se vê essa escada se entende que ela é acessível e que ela coloca a pessoa com deficiência e sem deficiência no mesmo patamar. Isso é inclusão. Tenho um cliente embarcando pelo degrau, tenho a pessoa com deficiência utilizando o elevador ao lado utilizando a própria cadeira de rodas. É tudo mais rápido e tranquilo”, afirmou Sobrinho.

    O Censo 2022 do IBGE mostrou que o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência ou 7,3% da população do país.

    A ESCADA DE ACESSO COM ELEVADOR
    – Fabricada pela Easy Service Ground Solution, de Maringá (PR)
    – Feita em aço carbono, chapas de aço, acrílico e outros materiais
    – Altura mínima de 4,7 m
    – Altura máxima de 5,8 m
    – 9,5 m de comprimento
    – Capacidade para 16 pessoas (incluindo na escada e na plataforma)
    – Suporta ate 400 kg na plataforma elevatória

    O repórter viajou a Maringá a convite da Gol

    Gol apresenta novo mecanismo de embarque acessível em aeronaves

  • Dólar sobe puxado por exterior, mas perde força com melhora do petróleo

    Dólar sobe puxado por exterior, mas perde força com melhora do petróleo

    A ameaça à independência do Fed com a tentativa de demissão de Lisa Cook por Donald Trump segue no foco do mercado e vem fazendo a moeda norte-americana perder força

    O dólar está rodando perto da estabilidade na manhã desta quarta-feira, 27, com viés de alta, em meio ao ensaio de melhora do petróleo e queda do minério de ferro na China. Pesam nos ajustes iniciais também a valorização generalizada da divisa americana e a queda do lucro industrial da China em julho. A ameaça à independência do Fed com a tentativa de demissão de Lisa Cook por Donald Trump segue no foco, mas é ponderada pelos analistas porque depende de um longo processo legal, o que reduz o impacto imediato.

    Nos juros, a curva de taxas futuras oscila próxima da estabilidade. Investidores aguardam os dados do Caged de julho (14h30) e a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no 33º Congresso & ExpoFenabrave (14h).

    As concessões de crédito livre dos bancos aumentaram 0,5% em julho, na comparação com junho, para R$ 571,4 bilhões, sem ajustes sazonais, informou o BC. Em 12 meses, crescem 12,8%.

    O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 4,4 pontos na passagem de julho para agosto, encerrando o mês em 90,4 pontos, a maior queda para um mês desde o período da pandemia, conforme informou a FGV.

    O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do BC avaliou, em ata publicada nesta quarta-feira, que a política macroprudencial neutra segue adequada ao atual momento. Na semana passada, o colegiado manteve o Adicional Contracíclico de Capital Principal do Brasil em 0%.

    Um estudo encomendado pela Amcham Brasil e pela Britcham aponta que a cobrança de 10% de IR na fonte sobre lucros e dividendos enviados ao exterior, prevista no PL 1.087/2025, terá impacto pequeno, mas negativo na atividade econômica. A medida, que pode entrar em vigor em 2026, deve gerar R$ 8,9 bilhões em arrecadação, segundo o governo.

    No exterior, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a diretora do Fed Lisa Cook não disse que não cometeu fraude hipotecária. “Ela só diz que Trump não pode demiti-la”.

    O Produto Interno Bruto (PIB) dos países da OCDE cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 ante os três meses anteriores, quando houve expansão de 0,1%, segundo a OCDE.

    Dólar sobe puxado por exterior, mas perde força com melhora do petróleo

  • Setor de serviços atingiu recorde de 15,2 milhões de empregos em 2023

    Setor de serviços atingiu recorde de 15,2 milhões de empregos em 2023

    Rendimento médio foi equivalente a 2,3 salários mínimos

    O setor de serviços empregou o contingente recorde de 15,2 milhões de pessoas em 2023. Esse número de trabalhadores representa alta de 7,1% em relação aos 14,2 milhões do ano anterior.

    Já em relação a 2019, que delimita o período pré-pandemia de covid-19 ─ antes de a economia ser severamente atingida por medidas de restrição sanitária e isolamento ─ o crescimento na ocupação foi de 18,3%, o que representa mais 2,4 milhões de trabalhadores no setor.

    Os dados fazem parte da Pesquisa Anual de Serviços, divulgada nesta quarta-feira (27) pelo 

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de serem relativos a 2023, os dados são os mais recentes da radiografia anual que o IBGE faz do setor. 

    A pesquisa apresenta informações de atividades como alojamentos, alimentação, transportes, correios, comunicação, turismo, escritórios, cultura e reparo de automóveis. Empresas do setor financeiro não estão incluídas no estudo.

    Empregados

    O levantamento aponta que, das 34 atividades observadas, cinco concentravam 47% dos postos de trabalho gerados, com destaque para serviços de alimentação, com 1,8 milhão de empregos:

    • Serviços de alimentação (11,74% dos empregos)
    • Serviços técnico-profissionais (11,24%)
    • Serviços para edifícios e atividades paisagísticas (8,11%)
    • Serviços de escritórios a apoio administrativo (7,78%)
    • Transporte de cargas (8,20%)

    Salários

    Em 2023, o setor de serviços reunia 1,7 milhão de empresas. Ao todo, essas firmas pagaram R$ 592,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Isso equivale a 2,3 salários mínimos (s.m.) mensais por funcionário, em média.

    Dos sete grandes segmentos pesquisados pelo IBGE, três tiveram remuneração acima da média, com destaque para serviços de informação e comunicação:

    • Serviços de informação e comunicação (4,7 s.m.)
    • Outras atividades de serviços (3,6 s.m.)
    • Transporte, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,8 s.m.)

    Ao observar os dados por unidades da federação, os pesquisadores apontam que os salários médios mais altos foram pagos em São Paulo (2,8 s.m.), no Rio de Janeiro (2,5 s.m.) e Distrito Federal (2,4 s.m.). 

    Já as remunerações mais baixas foram no Acre, em Roraima e no Piauí, todas com 1,4 salário mínimo.

    Receitas

    Em 2023, as empresas pesquisadas pelo IBGE tiveram receita bruta de R$ 3,4 trilhões. O estado de São Paulo respondeu por 45% desse montante, seguido por Rio de Janeiro (10%), Minas Gerais (7,8%), Paraná (5,5%) e Rio Grande do Sul (4,7%).

    De 2022 para 2023, houve troca no posto de segmento com maior participação na receita líquida (receita bruta descontada impostos e outros abatimentos). O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares passou a ocupar o topo, com 29,2% de participação, deixando para trás o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (28,1%).

    Pesquisa mensal

    Mês a mês, o IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), com o desempenho do setor no ano corrente, mas sem informações sobre nível de emprego e remuneração média.No primeiro semestre de 2025, de acordo com a PMS, o setor apresentou expansão de 2,5% em relação ao mesmo período de 2024.

    Setor de serviços atingiu recorde de 15,2 milhões de empregos em 2023

  • STF vai unificar regra para julgamentos de indenização por cancelamento ou atraso de voos

    STF vai unificar regra para julgamentos de indenização por cancelamento ou atraso de voos

    Tribunal decidirá se juízes seguirão Código de Defesa do Consumidor ou norma da Aeronáutica; Azul pede que decisões sigam o Código Brasileiro de Aeronáutica, que é menos rígido com companhias aéreas

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu a repercussão geral de um caso que analisa se a responsabilidade por cancelamento, alteração ou atraso de voo por motivo de caso fortuito ou força maior deve seguir normas do CDC (Código de Defesa do Consumidor) ou do CBA (Código Brasileiro de Aeronáutica).

    O tribunal fará um novo julgamento para decidir qual norma valerá para esses processos, ainda sem data marcada.

    O recurso foi movido pela companhia aérea Azul, que contesta uma decisão proferida a favor de um passageiro que chegou atrasado ao destino depois de a empresa remanejar o voo por más condições climáticas.

    Na ação, os advogados do passageiro relatam que o voo, que iria do Rio de Janeiro para Corumbá (MS), com escala no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), foi interrompido nos arredores de Bonito (MS), e parte dos passageiros teve de seguir viagem por meio de um ônibus oferecido pela companhia aérea. Inicialmente, a chegada em Corumbá estava prevista para as 9h30 do dia 6 de agosto de 2024, mas, com o atraso, o passageiro chegou ao destino à 1h15 do dia seguinte.

    Os advogados afirmaram ainda que o passageiro teve um gasto extra de R$ 76 com alimentação durante a viagem de ônibus.

    O 1º Juizado Especial Cível da Regional da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, condenou a Azul a pagar R$ 107 de indenização por danos materiais e R$ 8.000 por danos morais.

    No recurso extraordinário ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a Azul disse que o voo não prosseguiu por causa de condições climáticas desfavoráveis.

    “A companhia aérea se vê obrigada a não decolar por questões de falta de autorização e segurança operacional, cuja razão é de um evento da natureza imprevisível. Mas, ao contrário do que se espera, a empresa é condenada, pela simples ocorrência do atraso ou remanejamento do voo, ao pagamento de danos morais; pior, sem qualquer tipo de comprovação”, escreveu a defesa da companhia aérea.

    A judicialização excessiva é uma reclamação antiga das companhias aéreas brasileiras. A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) afirma que, neste ano, o impacto de gastos com processos judiciais deverá ultrapassar o patamar de R$ 1 bilhão. Segundo a entidade, o cenário é “incompatível com os altos índices de pontualidade e regularidade registrados pela aviação brasileira”.

    Segundo o painel de indicadores do transporte aéreo da Anac, a porcentagem dos gastos do setor aéreo brasileiro com condenações judiciais vem apresentando leve alta nos últimos dois anos, mas ainda está abaixo do patamar observado na pandemia. Em 2024, condenações judiciais representaram 1,3% das despesas das companhias.

    Com a repercussão geral, a decisão do STF no próximo julgamento passará a valer para todos os casos que envolvam danos por cancelamento ou atraso de voos.

    Especialistas afirmam que o Código de Defesa do Consumidor é o mais favorável e justo aos passageiros. Maria Inês Dolci, advogada especializada na área da defesa do consumidor, explica que o CBA (Código Brasileiro de Aeronáutica) limita a quantia de indenização paga ao consumidor. Segundo ela, os juízes hoje optam por seguir o CDC por entenderem que os processos envolvem uma relação de consumo entre viajantes e companhias aéreas.

    No recurso extraordinário, a Azul pede, além da repercussão geral, que a Corte imponha o regime jurídico de responsabilidade civil estabelecido pelo CBA, especialmente nos artigos 251-A e 265.

    A norma define que, para conseguir indenização por falha na execução do contrato de transporte, o passageiro ou o expedidor da encomenda (em caso de transporte de carga) tem de demonstrar a efetiva ocorrência do prejuízo.

    Diz também que, a não ser que o dano atinja o valor de todos os volumes, somente será considerado, para a indenização, o peso dos volumes perdidos, destruídos, avariados ou entregues com atraso.

    “No meu entendimento, a limitação da indenização para o consumidor é um dano enorme. A decisão do STF é complexa, tem muito interesse econômico e social e, portanto, nós somos pela aplicação do Código de Defesa do Consumidor, porque não tem a limitação da indenização, o consumidor está protegido o dano sofrido pelo cancelamento”, diz Dolci.

    Para Mayara Barretti, advogada do escritório Barreto Dolabella e especialista em direito do consumidor, o CBA é ultrapassado e não considera a Constituição de 1988. A norma da Aeronáutica entrou em vigor em 1986, durante o governo José Sarney.

    STF vai unificar regra para julgamentos de indenização por cancelamento ou atraso de voos

  • Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

    Com adicionais, valor médio do benefício está em R$ 671,54; no modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês

    A Caixa Econômica Federal paga nesta quarta-feira (27) a parcela de agosto do Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 8.

    O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 671,54. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 19,19 milhões de famílias, com gasto de R$ 12,86 bilhões.

    Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a gestantes e nutrizes (mães que amamentam), um de R$ 50 a cada filho de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a cada criança de até 6 anos. 

    No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

    Os beneficiários de 521 cidades receberam o pagamento no último dia 18, independentemente do NIS. A medida beneficiou os moradores dos 497 municípios do Rio Grande do Sul e moradores de algumas cidades em quatro estados: Amazonas (3), Paraná (4), Roraima (6) e Sergipe (11)Essas localidades foram afetadas por chuvas ou por estiagens ou têm povos indígenas em situação de vulnerabilidade. A lista dos municípios com pagamento antecipado está disponível na página do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

    Desde o ano passado, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

    Regra de proteção

    Cerca de 2,63 milhões de famílias estão na regra de proteção em agosto. Essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até um ano, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 365,81.

    Em junho, o tempo de permanência na regra de proteção foi reduzido de dois para um ano. No entanto, a mudança só abrange as novas famílias que entraram na fase de transição. Quem se enquadrou na regra até maio deste ano continuará a receber metade do benefício por dois anos.

    Auxílio Gás

    O Auxílio Gás também será pago nesta quarta-feira às famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com NIS final 8. O valor para este mês foi mantido em R$ 108.

    Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia 5,13 milhões de famílias neste mês. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, no fim de 2022, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg.

    Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

    Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

  • Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora

    Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora

    O presidente dos Estados Unidos diz estar pronto para briga na Justiça por demissão de Lisa Cook no Fed, em ataque inédito à autonomia do banco

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar preparado para brigar na Justiça pela demissão de Lisa Cook, após anunciar tê-la exonerado do cargo de diretora do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano), numa interferência sem precedentes na autonomia do banco.

    Trump anunciou que demitiu Cook numa carta divulgada na segunda (25), alegando que ela havia cometido fraude hipotecária no passado. A diretora, porém, afirmou que o presidente não tem poderes para destituí-la e que não renunciaria. Seu advogado disse que vai questionar a medida de Trump na Justiça.

    A decisão de Trump alarmou de imediato economistas, por gerar um cenário de incerteza. Analistas temem que o gesto possa minar a independência da instituição, adquirida há 74 anos, além de gerar riscos de aumento de inflação no futuro.

    Há ainda o receio de que isso gere pânico em investidores, por ser o ataque a um banco que garante a confiança no sistema econômico americano, assim como no dólar, e que controla a inflação. Por enquanto, no entanto, a reação no mercado financeiro foi tímida.

    O S&P 500 fechou em alta de 0,41%, impulsionado principalmente pela Nvidia, que subiu 1,1%, e pela Eli Lilly, que registrou avanço de quase 6%. O índice de tecnologia Nasdaq e o Dow Jones subiram 0,44% e 0,30%, respectivamente.

    Trump alegou que Cook cometeu supostas irregularidades em suas declarações sobre hipoteca pessoal, com base nas alegações de um aliado. Porém não há nenhuma acusação formal contra a diretora.

    Pelas regras do banco, o presidente da República teria o poder de destituir uma autoridade se houvesse justa causa. Não está claro se esse caso encaixa-se nesse critério por não haver um processo contra Cook.

    “O presidente Trump alegou me demitir ‘por justa causa’ quando não existe justa causa conforme a lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, afirmou a diretora em comunicado na noite de segunda.

    Juristas afirmaram a jornais americanos que o caso é robusto, sobretudo por envolver uma conduta de caráter privado e não ligada à atuação dela no Fed. Por isso, preveem que a batalha nos tribunais pode ser longa.

    “Sempre estamos envolvidos em disputas legais”, disse Trump nesta terça, após ser questionado se estava preparado para enfrentar o caso na Justiça.

    Trump ainda disse que quer “pessoas 100% corretas, e não parece que ela seja”, acusando-a novamente de fraude hipotecária. O presidente também afirmou que pretende substituí-la rapidamente e que espera em breve conseguir maioria para reduzir a taxa de juros (atualmente entre 4,25% e 4,5%). “Temos ótimas pessoas para essa posição”, afirmou, após reunião do seu gabinete.

    Um porta-voz do Fed afirmou nesta terça que o banco cumprirá o que a Justiça decidir, reconhecendo a intenção de Cook de questionar a demissão.

    “Mandatos longos e proteções contra demissão para os governadores servem como uma salvaguarda vital, garantindo que as decisões de política monetária sejam baseadas em dados, análise econômica e nos interesses de longo prazo do povo americano,” disse ainda o porta-voz do Fed.

    O presidente americano elegeu o Fed como um dos seus alvos há meses, pressionando por uma queda na taxa de juros. Até então, ele mirava o presidente da instituição, Jerome Powell, a quem já ameaçou demitir diversas vezes.

    Ele surpreendeu, porém, ao demitir Cook. O mandato da diretora só termina em 2038, dez anos após o fim do mandato do republicano. O temor no mercado é que, se o presidente conseguir demiti-la, isso seja uma carta branca para que ele exonere outros integrantes do banco, minando a independência da instituição.

    Primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed, indicada em 2022 pelo ex-presidente Joe Biden, Cook foi acusada por William Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, de ter falsificado documentos e cometer fraude.

    Pulte disse no X que Cook havia designado um condomínio em Atlanta como sua residência principal depois de tomar um empréstimo em sua casa no Michigan, que ela também declarou como residência principal. Pulte disse à CNBC que também está investigando uma propriedade que Cook tem em Massachusetts.

    A diretora afirmou na ocasião que leva a sério qualquer questionamento sobre seu histórico financeiro como membro do Federal Reserve e que estava reunindo informações precisas para responder a qualquer pergunta legítima.

    A medida foi fortemente criticada ao longo do dia por democratas. Ao The New York Times, o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, acusou o presidente de tentar “assumir o controle do Federal Reserve”.

    “Hugo Chávez estaria orgulhoso”, disse Jeffries. “Por que os republicanos e os chamados defensores do livre mercado não estão reclamando? Bando de completos farsantes.”

    Cook foi uma das nove diretoras que votou pela manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada no fim de julho, em decisão que irritou Trump, que defende a redução da taxa em três pontos percentuais.

    Ao Financial Times, especialistas reforçaram o ineditismo da ação de Trump. “Isso é sem precedentes”, disse Lev Menand, professor da Faculdade de Direito de Columbia, ao jornal.

    “Este [a demissão de Cook] é um ato extraordinário de agressão que viola a independência do Fed”, também disse Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell ao jornal. “Trump agora declarou guerra aberta ao quadro institucional dos EUA, que sustenta a dominância do dólar nas finanças globais”, avaliou.

    David Wessel, diretor do Centro Hutchins para Política Fiscal e Monetária, foi além. “O presidente Trump parece determinado a controlar o Fed -e usará qualquer alavanca que tiver para obter maioria”, disse. “Esta é mais uma maneira pela qual o presidente está minando os fundamentos de nossa democracia.”

    Trump ataca autonomia do Fed e diz que brigará por demissão de diretora