Categoria: ECONOMIA

  • Selic no fim de 2025 continua em 15%, aponta Focus

    Selic no fim de 2025 continua em 15%, aponta Focus

    A mediana para a Selic no fim de 2026 permaneceu em 12,50% pela 29ª semana consecutiva. Levando em conta apenas as 63 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também continuou em 12,50%

    A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,0% pela oitava semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente reunião, em 30 de julho.

    No seu comunicado, o Copom afirmou que a incerteza demanda “cautela” na condução da política monetária. E informou que antecipa uma “continuação na interrupção do ciclo de alta de juros”, para avaliar se a manutenção da Selic em 15,0% por período “bastante prolongado” é suficiente para fazer a inflação convergir à meta.

    “O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse o Copom.

    Considerando apenas as 65 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a mediana para a Selic no fim deste ano também se manteve em 15,0%.

    A mediana para a Selic no fim de 2026 permaneceu em 12,50% pela 29ª semana consecutiva. Levando em conta apenas as 63 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também continuou em 12,50%.

    A projeção para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela 27ª semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela 34ª semana consecutiva.

    Selic no fim de 2025 continua em 15%, aponta Focus

  • Dólar no fim de 2025 continua em R$ 5,60, projeta Focus; para 2026, segue em R$ 5,70

    Dólar no fim de 2025 continua em R$ 5,60, projeta Focus; para 2026, segue em R$ 5,70

    A projeção para o dólar no fim de 2027 permaneceu em R$ 5,70. Um mês antes, era de R$ 5,70 também. A mediana para o fim de 2028 também continuou em R$ 5,70. Quatro semanas antes, já era de R$ 5,70

    As medianas do relatório Focus para a cotação do dólar no horizonte de 2025 a 2028 ficaram estáveis. Para o fim deste ano, a projeção se manteve em R$ 5,60. Um mês antes, era de R$ 5,65. A estimativa para o fim de 2026 continuou em R$ 5,70, mesmo nível de quatro semanas antes. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 18.

    A projeção para o dólar no fim de 2027 permaneceu em R$ 5,70. Um mês antes, era de R$ 5,70 também. A mediana para o fim de 2028 também continuou em R$ 5,70. Quatro semanas antes, já era de R$ 5,70.

    A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

    Dólar no fim de 2025 continua em R$ 5,60, projeta Focus; para 2026, segue em R$ 5,70

  • Projeção do Focus para crescimento do PIB de 2025 continua em 2,21%

    Projeção do Focus para crescimento do PIB de 2025 continua em 2,21%

    A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 continuou em 1,87%. Um mês antes, era de 1,88%. Considerando só as 38 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,87% para 1,90%

    A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 continuou em 2,21%. Considerando apenas as 41 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a estimativa também continuou em 2,21%.

    O Banco Central (BC) aumentou a sua estimativa de crescimento da economia brasileira este ano, de 1,9% para 2,1%, no Relatório de Política Monetária (RPM) do segundo trimestre. Segundo a autarquia, a atividade continua resiliente, embora já seja possível observar “certa moderação” no ritmo de expansão.

    A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 continuou em 1,87%. Um mês antes, era de 1,88%. Considerando só as 38 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,87% para 1,90%.

    A mediana para o crescimento do PIB de 2027 caiu de 1,93% para 1,87%, ante 2,00% de quatro semanas antes. A estimativa intermediária para 2028 ficou estável, em 2,0%, pela 75ª semana seguida.

    Projeção do Focus para crescimento do PIB de 2025 continua em 2,21%

  • Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

    Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

    O governo Lula envia ao USTR um documento contestando acusações de Donald Trump contra o Brasil em áreas como Pix, etanol, desmatamento e propriedade intelectual. A entrega ocorre em meio à escalada de sanções impostas a autoridades brasileiras e familiares por Washington

    O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para entregar, nesta segunda-feira (18), um relatório em resposta à ofensiva aberta pela administração de Donald Trump contra o Brasil. O documento é uma réplica ao processo conduzido pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), que acusa o país de adotar práticas comerciais “desleais” em diferentes áreas, entre elas o Pix, o etanol, a propriedade intelectual e o combate ao desmatamento ilegal.

    A investigação foi instaurada em 15 de julho com base na Seção 301 da Lei Comercial americana, mecanismo que permite a Washington apurar supostas violações cometidas por parceiros estrangeiros. Desde então, a agência abriu consultas públicas para ouvir empresas e cidadãos sobre o tema.

    A resposta brasileira chega em um momento de forte desgaste na relação bilateral. Na semana passada, o governo Trump elevou a pressão ao suspender os vistos de dois técnicos do Ministério da Saúde ligados ao programa Mais Médicos, Mozart Sales e Alberto Kleiman. A medida atingiu também familiares do ministro Alexandre Padilha e veio acompanhada do aviso de que novas sanções poderão ser adotadas. Washington sustenta que o programa, ao contratar profissionais cubanos, contribui para financiar o regime de Havana, alvo de embargo econômico desde a década de 1960.

    Não é a primeira vez que brasileiros enfrentam restrições semelhantes. Em julho, Trump já havia barrado a entrada nos Estados Unidos de ministros do Supremo Tribunal Federal, entre eles Alexandre de Moraes e outros sete magistrados.

    Outro ponto de atrito veio da decisão de Trump de impor sobretaxa de 50% sobre seis categorias de produtos brasileiros. No centro do processo do USTR estão alegações de que:

    – O Brasil criou barreiras injustas a empresas de tecnologia americanas, citando Pix como exemplo;
    – Acordos comerciais recentes concederam tarifas preferenciais a parceiros, penalizando importações vindas dos EUA;
    – A política para o etanol rompeu a lógica de reciprocidade, encarecendo o produto americano;
    – O desmatamento ilegal fornece vantagem competitiva à agricultura nacional em prejuízo dos produtores dos EUA;
    – Houve enfraquecimento das regras anticorrupção e de transparência;
    – O país falhou em proteger adequadamente a propriedade intelectual, prejudicando empresas de tecnologia e do setor criativo.

    A resposta de Brasília tenta rebater cada um desses pontos e busca reduzir a escalada de tensões, mas diplomatas avaliam que o gesto pode não ser suficiente para conter a disposição de Trump em ampliar medidas punitivas contra o Brasil.

    Brasil entrega nesta segunda relatório a Trump sobre práticas comerciais

  • Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

    Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

    O valor do pró-labore, que é o pagamento para o sócio que trabalha na empresa, sofre desconto de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que garante o recolhimento da contribuição para aposentadoria e outros benefícios da Previdência Social, como auxílio-doença e pensão por morte

    (FOLHAPRESS) – Sócios que atuam na operação de suas empresas devem ser remunerados obrigatoriamente por meio de pró-labore, que pode ser combinado com a distribuição de lucros e dividendos. A definição desses valores deve observar questões tributárias e contábeis, além das normas da Receita Federal.

    O valor do pró-labore, que é o pagamento para o sócio que trabalha na empresa, sofre desconto de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que garante o recolhimento da contribuição para aposentadoria e outros benefícios da Previdência Social, como auxílio-doença e pensão por morte.

    Para valores acima da faixa de isenção de dois salários mínimos por mês (R$ 3.036), também incide Imposto de Renda, com alíquotas que podem chegar a 27,5%.

    Cálculos da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) feitos para a Folha mostram o custo desses tributos para a empresa e para o sócio.

    Rafaela de Sá, planejadora financeira da Planejar, afirma que a pessoa que tem um cargo efetivo de administração em uma empresa precisa recolher o pró-labore no valor de pelo menos um salário mínimo. O sócio sem cargo não tem essa obrigação e pode receber tudo como dividendos, que não são tributados.

    Uma simulação feita pela planejadora mostra que um sócio que retira R$ 30 mil por mês da empresa na forma de pró-labore, por exemplo, sofre desconto do INSS no teto (R$ 908,73) e Imposto de Renda estimado em cerca de R$ 5.800, considerando a tabela progressiva com as deduções mínimas. O valor líquido final é de aproximadamente R$ 23 mil.

    Na retirada do mesmo valor via distribuição de dividendo, não há incidência de INSS ou IR. Mesmo que seja aprovado o projeto do governo para taxar parte da distribuição de lucros, as alíquotas efetivas ficarão em no máximo 10%.

    Uma opção é distribuir o pró-labore pelo mínimo, diz a planejadora, e colocar parte dos dividendos em um plano de previdência privada.

    Ela afirma que os dividendos são mais vantajosos no curto prazo, pois resultam em um ganho líquido maior. “Mas o pró-labore, apesar da maior carga tributária, é vantajoso quando o sócio deseja contribuir para o INSS, planeja se aposentar pelo regime oficial ou precisa comprovar renda para financiamentos, crédito ou processos de imigração.”

    Os dividendos só podem ser pagos se houver lucro. O pró-labore não sofre essa limitação e, por não ser considerado salário, pode ter seu valor alterado a qualquer momento, inclusive para baixo, respeitando o salário mínimo. Também não precisa ser pago mensalmente.

    A advogada Tatiana Galvão Villani afirma que é necessário observar alguns cuidados para evitar autuações da Receita Federal. Por exemplo, distinguir os dois pagamentos. Ela recomenda que os valores sejam pagos em dias diferentes e que a contabilidade mantenha registros que deixem clara a natureza de cada remuneração.

    Além disso, o dividendo precisa ter como lastro o lucro da empresa, mas há casos em que o valor é distribuído ao longo do ano, antes da apuração do resultado do exercício. Caso a empresa tenha prejuízo, o valor pode ser reclassificado como pró-labore, levando à tributação.

    Também é necessário respeitar as regras previstas em contrato social para remuneração dos sócios, especialmente nos casos de distribuição de dividendo de forma desproporcional.

    Segundo Villani, há muitos casos relativos ao tema que chegam ao Carf, conselho que julga os recursos contra autuações do fisco, que tem mantido as cobranças contra quem não observa as exigências da Receita.

    “Nada impede que uma sociedade distribua dividendo em bases mensais, desde que tenha lucro contábil para tanto, com base em uma contabilidade idônea”, afirma a advogada, que é sócia do Galvão Villani, Navarro, Zangiácomo e Bardella Advogados.

    Aldo Macri, diretor de Operações da GoNext Governança e Sucessão, afirma que o pró-labore deve ser atribuído exclusivamente aos sócios que atuam na gestão da empresa, com valores compatíveis com o mercado e com as responsabilidades do cargo.

    Ele também diz que, em empresas familiares, é importante separar as despesas pessoais dos gastos corporativos. O ideal é que as regras estejam formalizadas em documentos como o acordo de sócios.

    “A ausência de regras claras sobre pró-labore e distribuição de lucros pode gerar conflitos entre os sócios, especialmente quando há desequilíbrio entre quem trabalha na empresa e quem apenas participa como investidor.”

    Pró-labore tem tributação maior do que dividendo, mas facilita aposentadoria do INSS

  • Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

    Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

    Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 7,0% no primeiro trimestre de 2025 para 5,8% no segundo trimestre

    A taxa de desemprego caiu em todas as Unidades da Federação na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O instituto pondera que algumas dessas variações ficaram dentro da margem de erro da pesquisa, por isso não são consideradas estatisticamente significativas. Houve quedas de forma estatisticamente significativa em 18 das 27 Unidades da Federação no período.

    Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 7,0% no primeiro trimestre de 2025 para 5,8% no segundo trimestre. Em São Paulo, a taxa de desemprego passou de 6,3% para 5,1% no período.

    No segundo trimestre de 2025, as maiores taxas de desocupação foram as de Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%), enquanto as menores ocorreram em Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%).

    Taxa de desemprego caiu em todas as 27 Unidades da Federação no 2º trimestre, diz IBGE

  • Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos

    Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos

    Entre as atividades criminosas estão o roubo de dados, falsificação de documentos e ocultação de cadáveres

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A investigação em torno dos descontos indevidos em benefícios previdenciários feitos por sindicatos e associações envolvendo mais de R$ 6 bilhões descontados da folha de pagamento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) são apenas a ponta do iceberg de golpes contra a Previdência Social.

    As atividades fraudulentas envolvem roubo de dados, IA (inteligência artificial), falsificação de documentos, uso e ocultação de cadáveres e até a boa-fé de aposentados e pensionistas, segundo o advogado Rômulo Saraiva, especializado em Previdência e colunista da Folha, que reuniu mais de 400 casos de golpes no livro “Fraudes no INSS – Casos Práticos de Vazamento de Dados, Engenharia Social e Impactos na Proteção Social”.

    Dentre os golpes mais comuns estão o da falsa prova de vida, saque após a morte do beneficiário, compra de laudo médico para concessão de benefício por incapacidade, descontos indevidos de mensalidade associativa ou de crédito consignado, roubo de informações sensíveis e documentação falsa.

    No livro, que será lançado em São Paulo nesta quinta-feira (7), às 19h, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), zona oeste da capital paulista, as fraudes foram divididas por tipo, com casos históricos como o de Jorgina de Freitas e a Máfia da Previdência, casos fiscais, nos quais quadrilhas se apropriam de valores indevidos, e fraudes eletrônicas, bancárias, previdenciárias, de acumulação indevida, relacionadas ao estado de saúde do aposentado, de falsificação ou adulteração de documentos, e suborno, entre outras.

    O ponto de partida para o levantamento foram as operações da Polícia Federal envolvendo a Força Tarefa Previdenciária, além da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Previdência, de 1993, e as próprias ações judiciais de aposentados que procuram o seu escritório após ser vítimas.

    O levantamento contou ainda com pesquisa de casos na Justiça Federal do Brasil e em notícias de sites e jornais internacionais, mostrando que a engenharia social das fraudes e a corrupção não são problemas exclusivos do Brasil, mas estão em países como Estados Unidos, Suécia, Itália e Japão, entre outros.

    Para Saraiva, a tecnologia trouxe desafios aos aposentados e pensionistas, que podem ter seus dados expostos de forma mais fácil. Ele lembra, no entanto, que ainda há muitos casos de segurados que são enganados por criminosos.

    Não é possível mensurar o quanto a Previdência e aposentados perderam. Os valores nas investigações são estimativas.

    “É difícil essa precificação, embora na década de 90, na Máfia da Previdência Social, quando Jorgina de Freitas ‘assaltou’ 15 agências no Rio de Janeiro, criou-se a CPI do Rio de Janeiro e depois a CPI nacional. Naquela altura, foi feita uma estimativa de 50% da arrecadação do INSS, dos quais 7% foram recuperados”, afirma.

    CASOS INTERNACIONAIS

    O recente caso de dois filhos acusados de manter o corpo do pai morto, de 88 anos, por menos seis meses dentro de uma casa no Rio de Janeiro para receber R$ 5.000 mensais do INSS não é especificidade do Brasil.

    Embora não tenha entrado no livro, Saraiva destaca histórias semelhantes em outros países e casos mais antigos em solo brasileiro.

    Nos Estados Unidos, em Nova Iorque, um filho se vestiu como a mãe morta para receber seu benefício no banco. A fraude ocorreu por cerca de seis anos.

    Ele adulterou documentos e forneceu dados falsos à Previdência. Sacou um total de US$ 15 mil em renda previdenciária. Ia ao banco de peruca loura, óculos escuros, vestido e maquiagem.

    Em outro caso selecionado, em Chicago o autor diz que a filha colocou o corpo da mãe em um freezer, por dois anos, e escondeu o equipamento em uma parte do condomínio onde morava que não era acessado por moradores.

    Na Itália, um homem foi preso por esconder o corpo da mãe por cinco anos para receber seu benefício previdenciário. A mãe de 80 anos foi descoberta mumificada na residência após vizinhos estranharem sua ausência.

    No Brasil, o caso da sobrinha que levou o tio morto -Tio Paulo- ao banco no Rio de Janeiro para fazer empréstimo em seu nome em 2024 é um dos mais conhecidos.

    No livro, Saraiva expõe ainda o caso de um homem que matou um casal, de 80 e 57 anos e arrancou a mão do idoso, levando os dedos ao caixa eletrônico para utilizar a biometria do aposentado. Conseguiu sacar um mês de benefício.

    FRAUDES NO INSS

    – Quando Lançamento nesta quinta (7/8); às 19h
    – Onde Auditório 239, PUC-SP (r. Monte Alegre, 984, Perdizes)
    – Preço R$ 249,9 (versão impressa) e R$ 175,70 (ebook)
    – Autoria Rômulo Saraiva
    – Editora Juruá
    VEJA AS PRINCIPAIS FRAUDES CONTRA O INSS

    INCAPACITADO DE ALUGUEL OU DUBLÊ DE PERÍCIA
    – Pessoas incapacitadas para o trabalho são aliciadas por quadrilhas para fazer a perícia médica no INSS no lugar de segurados e receber benefício previdenciário
    – Nesta fraude, o grupo confeccionava documentos falsos com a fotografia do dublês, mas os demais dados eram de um requerente segurado da Previdência, que ficava com o dinheiro

    SAQUE APÓS O FALECIMENTO
    – Esse é um dos golpes mais comuns contra a Previdência. Familiares usam senha e cartão do aposentado já falecido para continuar sacando o benefício, mas a medida é crime
    – Quando um segurado da Previdência morre, seu benefício deve ser cessado
    – Só depois pode ser pago a herdeiros caso tenham direito à pensão

    LAUDOS MÉDICOS COMPRADOS
    – Segurados ou quadrilhas obtêm laudos fraudulentos para simular incapacidade para o trabalho, prática que compromete tanto o paciente quanto o profissional de saúde, que pode ter sido enganado ou fazer parte do esquema
    – Neste caso, o segurado prova estar incapacitado e pode ter acesso a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e BPC (Benefício de Prestação Continuada) da pessoa com deficiência
    – O golpe funciona envolvendo uma quadrilha de profissionais que podem fraudar os documentos ou o uso de tecnologia e/ou inteligência artificial para criar laudos falsos, falsificar números de CRMs, carimbos e até assinaturas

    GOLPE DA CESTA BÁSICA
    – O criminoso entrega uma cesta “gratuita” ao idoso, tira uma foto do beneficiário para comprovar a entrega a uma suposta entidade que enviou a cesta e, com essa biometria facial, abre uma conta digital
    – Com a conta aberta, faz empréstimos consignados em nome do segurado e pode cometer outras fraudes, como ter acesso ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), por meio do saque-aniversário, por exemplo

    GOLPE DA FALSA PORTABILIDADE
    – Estelionatários prometem reduzir parcelas de um empréstimo consignado ou oferecem dinheiro extra ao fazer a portabilidade do consignado de um banco para outro
    – Na prática, fazem novos empréstimos em nome do aposentado e desviam os valores
    – Há casos ainda nos quais o golpista convence o aposentado a fazer o refinanciamento do seu consignado e, com o dinheiro a mais que o idoso consegue ao refinanciar o crédito, ele paga o “especialista” que o orientou, ou seja, deposita o valor para o criminoso

    GOLPE DA FALSA PROVA DE VIDA
    – É um dos mais conhecidos e pode ocorrer de várias formas
    – Antes, cidadãos tinham de ir ao banco provar que estavam vivos. Agora, o INSS usa informações de banco de dados nacionais para comprovar que o idoso está vivo
    – Com isso, golpistas usam uma técnica chamada de smishing (envio de SMS mais phishing, pescaria de dados), enviando mensagem de texto afirmando que o benefício será cortado se o idoso não atualizar os dados
    – Ao atualizar, clicando em links ou por WhatsApp, o segurado passa os dados ao golpista e pode ser vítima de diversas fraudes financeiras
    – Há ainda outra modalidade, na qual os fraudadores enviam mensagens para os segurados, por carta, email, telefone, SMS ou WhatsApp solicitando documentos para atualização das informações sobre o beneficiário
    – Quem envia a papelada pode se tornar vítima e ficar sem o benefício

    DESCONTOS INDEVIDOS DE MENSALIDADES ASSOCIATIVAS
    – Associações e sindicatos faziam a adesão de aposentados e pensionistas de forma indevida e passavam a realizar descontos em seu benefício
    – Esse é o caso que está sendo investigado na Operação Sem Desconto do INSS, envolvendo R$ 6 bilhões descontados, dos quais o valor fraudulento ainda esta sendo levantado
    – O INSS fechou acordo no STF (Supremo Tribunal Federal) para devolver o dinheiro a quem não reconhece o desconto
    – O golpe funciona de várias formas; há casos de associações de fachada, criadas apenas com esse fim, que roubam os dados do beneficiários e o vinculam à entidade
    – Há os casos nos quais o aposentado assinou papéis da associação, mas foi enganado quanto ao que dizia o documento, sem saber que teria desconto no benefício
    – Há até mesmo a chamada ‘fraude da fraude’, quando a entidade frauda gravações de voz dizendo ser do próprio segurado autorizando, por telefone, o desconto em seu benefício, segundo informou o INSS

    GOLPE DO CONSIGNADO
    – Criminosos entram em contato com aposentados como se fossem instituições financeiras oferecendo empréstimo consignado com condições vantajosas, como taxas de juros bem reduzidas
    – Quando a pessoa se interessa pela oferta e decide contratar o empréstimo, os golpistas pedem que ela faça um depósito antecipado para que o valor seja liberado
    – Em outros casos, supostos funcionários do INSS ligam ou enviam emails para os beneficiários pedindo seus dados pessoais e bancários
    – Ao enviar esses dados, é feito um empréstimo fraudulento

    GOLPE DO CASAMENTO PARA FRAUDAR PENSÃO POR MORTE
    – Idosos aposentados se casam com suas cuidadoras ou com conhecidas para deixar a pensão por morte do INSS
    – Em muitos casos, o golpe envolve outros familiares, que, depois da morte do segurado, dividem a pensão com a suposta viúva
    – O golpe também pode ocorrer com mulheres aposentadas que estejam doentes sendo assediadas por homens mais novos, que se casariam para receber a pensão
    – Para diminuir esse tipo de golpe no Brasil, em 2015, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei com regras para o pagamento da pensão, como tempo mínimo de casamento para ter direito ao benefício
    – Também foi elaborada uma tabela com a duração máxima da pensão conforme a idade do segurado que ficou viúvo ou viúva, acabando com a chamada ‘pensão brotinho’

    VENDA DE LISTAS COM DADOS DE SEGURADOS DO INSS
    – A venda de dados de aposentados da Previdência Social, como nome completo, número de benefício, CPF e data de nascimento não é nova, mas ganhou fôlego com a inteligência artificial
    – A prática consiste na venda de listas com esses dados. Antes, eram impressos em papel, depois passaram a ser comercializados em CDs e/ou pendrives e, agora, a venda é feita online, com os dados separados por inteligência artificial, por CEP, cidades, bairros, regiões ou o que o comprador quiser escolher e puder pagar
    – Com esses dados, é possível abrir contas e realizar diversas operações financeiras

    OSTENTAÇÃO COM BPC
    – Cidadãos fraudam documentos que atestam baixa renda e conseguem receber o BPC, pago a quem faz parte de família cuja renda per capita (por pessoa) seja de até um quarto do salário mínimo
    – A fraude é descoberta porque, em muitos casos, os golpistas ostentam situação financeira de alto luxo, como ter viagens, carros e vida incompatível com a renda

    BENEFÍCIO RURAL INDEVIDO
    – A fraude parecida com a do BPC; o cidadão consegue falsificar comprovantes atestando ter direito à aposentadoria rural, paga para segurados com idade menor do que as dos demais trabalhadores
    – Na aposentadoria rural, segurados especiais não precisam ter contribuído com o INSS, basta apenas comprovar trabalho no campo
    – A fraude também é descoberta por haver ostentação de padrão de vida incompatível com a renda um trabalhador rural
    – Em um dos casos, a Justiça descobriu, em postagens em rede social feitas pelos pais do aposentado entre 2015 e 2021, carros de luxo, como por exemplo um Camaro, e outros que tinham até teto solar
    – Nas postagens, ele apareceria utilizando acessórios de alto valor, como anéis, pulseiras, colares, óculos de sol e relógios

    BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE SEM ESTAR INCAPACITADO
    – Segurados levam laudos falsos à perícia médica e conseguem receber o benefício por incapacidade
    – Os principais casos envolvem o auxílio-doença, pago a quem está temporariamente incapacitado para o trabalho, mas há também aposentadorias por invalidez
    – No entanto, esses beneficiários levam vida incompatível e realizam viagens, vão à academia, shopping, praia; há casos de pessoas que trabalham

    Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos

  • Governo Lula atribui queda de lucro do BB a pauta-bomba do Congresso e mantém boa avaliação de Tarciana

    Governo Lula atribui queda de lucro do BB a pauta-bomba do Congresso e mantém boa avaliação de Tarciana

    Divulgado nesta quinta-feira (14), o resultado do BB (R$ 3,8 bilhões) foi 60% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. A alta da inadimplência é apontada como uma das causas dessa queda

    (FOLHAPRESS) – Integrantes do governo Lula responsabilizam o Congresso Nacional pela queda do lucro líquido do Banco do Brasil no segundo trimestre deste ano. Apesar dos números, a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, segue bem avaliada no Palácio do Planalto, afirmam aliados do presidente.

    Divulgado nesta quinta-feira (14), o resultado do BB (R$ 3,8 bilhões) foi 60% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. A alta da inadimplência é apontada como uma das causas dessa queda.

    Auxiliares de Lula, por sua vez, atribuem o aumento da inadimplência à expectativa que o agronegócio tem de renegociação de suas dívidas após aprovação de uma “pauta-bomba” na Câmara dos Deputados que autorizou o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para esse refinanciamento. Essa expectativa de repactuar as obrigações em condições mais favoráveis teria impactado o cronograma de quitação dos débitos.

    Em julho, a Câmara aprovou esse crédito subsidiado para o agronegócio em uma retaliação orquestrada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A votação ocorreu após o veto do presidente ao aumento do número de deputados e a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de validar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), contrariando decisão anterior do Congresso.

    A proposta inicial era voltada apenas ao pequeno produtor rural, mas, com o apoio do centrão, foi reformada para autorizar o uso desses recursos -originalmente reservados a áreas como educação, saúde e habitação-, para refinanciar dívidas gerais do agronegócio com juros subsidiados.

    O texto tramita no Senado, onde um requerimento de urgência está pronto para ir a plenário.

    A queda no lucro do BB se deve a um aumento na provisão de perdas esperadas (PDD), que foi a R$ 15,9 bilhões, 104% maior que há 12 meses. Isso aconteceu por causa da alta na inadimplência e por uma nova resolução do Banco Central, que obriga os bancos a reservarem os valores que eles esperam não receber de volta, e não apenas o que já não receberam.

    No cálculo, o BB considerou um fluxo de perda esperada de R$ 7,9 bilhões do agronegócio, de R$ 4,8 bilhões de pessoas físicas e de R$ 4,3 bilhões de pessoas jurídicas.

    O agro passa por uma onda de recuperações judiciais após revés na safra de grãos passada. Neste segmento, os atrasos acima de 90 dias representam 3,49% do total, um avanço de 0,45 ponto percentual no trimestre e de 2,17 pontos percentuais no ano.

    Aliados de Lula minimizam a possibilidade desses números levarem à queda de Tarciana Medeiros do comando do banco. Apesar de reconhecerem uma pressão de senadores por sua substituição, afirmam que o mau resultado não foi debitado na conta dela.

    Segundo congressistas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), reivindica o cargo. Embora Alcolumbre tenha se aproximado de Lula, integrantes do governo afirmam que o desempenho financeiro do BB não deve acelerar essa fritura.

    RAIO-X | BANCO DO BRASIL NO 2º TRI DE 2025
    Fundação: 1808
    Lucro: R$ 3,8 bilhões
    Agências: 3.997
    Funcionários: 85.959
    Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Nubank e Caixa Econômica Federal

    Governo Lula atribui queda de lucro do BB a pauta-bomba do Congresso e mantém boa avaliação de Tarciana

  • 'É lamentável que brasileiros continuem trabalhando contra o Brasil', diz Alckmin

    'É lamentável que brasileiros continuem trabalhando contra o Brasil', diz Alckmin

    Alckmin criticou Eduardo Bolsonaro após o deputado se reunir com autoridades nos EUA no mesmo dia em que foi cancelada a reunião entre Fernando Haddad e o Tesouro americano, marcada para discutir a taxação de 50% sobre produtos brasileiros

    O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classificou como “lamentável que brasileiros continuem trabalhando contra o Brasil” ao ser questionado sobre a nova reunião do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com autoridades dos Estados Unidos, em Washington.

    O deputado federal alegou ter tido encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na última quarta-feira, 13. A reunião, que também teria contado com a presença do blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo, se deu exatamente na data em que o funcionário de alto escalão dos EUA tinha agendado uma negociação do tarifaço com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro com o auxiliar de Lula foi desmarcado dois dias antes.

    Haddad e Bessent deveriam discutir a taxação em 50% dos produtos nacionais pelos Estados Unidos em uma chamada de vídeo. O titular da Fazenda disse ter recebido e-mail cancelando a reunião um ou dois dias depois de informar a imprensa sobre o compromisso.

    'É lamentável que brasileiros continuem trabalhando contra o Brasil', diz Alckmin

  • 'Grande negócio' entre Xi e Trump se aproxima e pode afetar Brasil, diz pesquisador

    'Grande negócio' entre Xi e Trump se aproxima e pode afetar Brasil, diz pesquisador

    Para o pesquisador chinês Zichen Wang, Xi Jinping e Donald Trump podem fechar um acordo até novembro, envolvendo compras agrícolas dos EUA que ameaçam o agronegócio brasileiro. Ele ressalta que a China busca conciliar interesses do Sul Global com potências ocidentais

    (FOLHAPRESS) – Para o pesquisador chinês Zichen Wang, que acaba de voltar de uma pós em Princeton, nos Estados Unidos, o líder Xi Jinping e o presidente Donald Trump podem fechar um acordo até o início de novembro, coincidindo com a viagem do americano à Ásia –e à própria China.

    Incluiria a compra de produtos agropecuários dos EUA, concorrendo com produtos brasileiros. É um temor do agro nacional desde a eleição de Trump. Em seu primeiro mandato, ele fechou um acordo com Xi para ampliar as vendas de soja.

    Para Wang, a recente declaração do líder chinês em defesa da “autossuficiência do Sul Global”, em conversa com o presidente Lula, não indica afastamento dos EUA. “Os países fora do Sul Global são os mais ricos do mundo, mercados consumidores muito grandes”, justificou.

    A seguir, trechos da entrevista, realizada no think tank Centro para China e Globalização, em Pequim.

    Folha – Trump acaba de dizer que a China poderia comprar quatro vezes mais soja dos EUA. O senhor acredita que há chance real de um acordo mais amplo entre China e EUA? E quanto isso afetaria os parceiros chineses entre os emergentes?

    Zichen Wang – Fala-se bastante sobre o chamado grande negócio [grand bargain], mas ninguém ainda especificou. Não vi, nem do lado chinês nem do lado americano, o que pode fazer parte dele. Trump falou repetidamente que acolheria o investimento chinês, mas [o secretário do Tesouro] Scott Bessent disse nesta semana que o governo não tem interesse em empresas chinesas investindo no país.

    De forma mais realista, o grande negócio será uma continuação dos acordos anteriores, que incluíam a compra de mais produtos dos EUA pelos chineses. Aviões da Boeing, produtos agrícolas, incluindo carne e soja, energia, como petróleo e gás natural liquefeito. E provavelmente haverá concorrência entre a carne e a soja dos EUA e do Brasil.

    Folha – Em telefonema nesta semana, Xi disse a Lula que China e Brasil podem dar um exemplo de ‘autossuficiência do Sul Global’. Quanto Pequim realmente aposta nisso?

    O líder chinês costuma usar a expressão “autossuficiência” para enfatizar segurança alimentar. Ele quer que os chineses produzam alimentos internamente, se não 100%, ao menos com uma participação grande no suprimento.

    Zichen Wang – ‘Devemos segurar as tigelas de arroz em nossas próprias mãos’, na frase conhecida usada por ele.

    Sim, exatamente. O que ele estava procurando dizer agora a Lula é que esses países precisam tomar decisões com mais independência e enriquecer a si mesmos. Obter resultados através de sua cooperação em vez de depender do mundo mais desenvolvido.

    A China importa, por exemplo, soja do Brasil. Mas o Brasil também tem capacidade industrial e é um dos principais fabricantes de aviões. O que ele quer dizer é que, à medida que esses países do Sul Global se desenvolvem, eles têm mais a oferecer entre si. E que essa é uma tendência a ser promovida decisivamente.

    Folha – Politicamente, também?

    Zichen Wang – Claro, o telefonema ocorreu no contexto das tarifas unilaterais dos EUA, tentando interferir na política interna, no Supremo Tribunal Federal. Aquilo foi uma grande intimidação. Esses países que atualmente estão sendo intimidados, com o cenário internacional mudando tanto, deveriam trabalhar mais entre si.

    Folha – Mas a China também está negociando com os EUA. Nesse contexto, isso é viável? Os países do grupo Brics, Brasil e Índia, que são os principais alvos de Trump neste momento, podem ser autossuficientes entre si?

    Zichen Wang – A China há muito se considera um país em desenvolvimento, então há um legado histórico. E os [países do] Brics costumam ter populações grandes, suas economias cresceram bastante. Por outro lado, o domínio tradicional do Ocidente está diminuindo. A China está respondendo a isso e tentando liderar e moldar essa tendência.

    Mas você fez uma pergunta mais precisa. A China -ou a Índia, ou o Brasil- não vê a ascensão do Brics como tudo ou nada. Não pensa que deveria reduzir seu comércio com os EUA. Os países fora do Sul Global são os mais ricos do mundo, mercados consumidores muito grandes. A China não está tentando cortar ou reduzir sua cooperação econômica com EUA, Europa, Japão. Desde a Covid, vem tentando estabilizar suas relações com todos eles.

    Folha – Não há contradição nisso?

    Zichen Wang – A China não vê isso como contraditório. Ela tem liderado e moldado a cooperação do Sul Global e está tentando estabilizar suas relações com o Norte Global. Pelo que ouvi nos EUA, há vozes dizendo que a China está tentando liderar um bloco para rivalizar com a aliança liderada pelos EUA. Considero isso um exagero.

    Folha – Xi aceitou a conversa com Lula logo após a suspensão de 90 dias das tarifas americanas contra a China e depois que Índia e Brasil enfrentaram tarifas de 50%, deixando-os vulneráveis. Como o senhor avalia esse quadro?

    Zichen Wang – A recente escalada de tensões entre EUA e Índia foi notável. O motivo mais importante é a curta guerra entre Índia e Paquistão. Ao que tudo indica, o Paquistão abateu caças indianos. E Trump gosta de vencedores, pessoas fortes. O chefe das forças armadas paquistanesas visitou os EUA duas vezes em dois meses. A Índia não está feliz com isso. Esse é um desenvolvimento bastante novo e realmente significativo entre a Índia e os EUA.

    Folha – E entre a China e os EUA?

    Zichen Wang – Esta foi a segunda extensão [da suspensão de tarifas] por 90 dias. Pode acontecer uma reunião entre os dois líderes. Haverá uma cúpula da Asean [Associação de Nações do Sudeste Asiático] em Kuala Lumpur entre 26 e 28 de outubro e uma da Apec [Cooperação Econômica Ásia-Pacífico] em Seul entre 31 de outubro e 1º de novembro. Os dois líderes estão programados para participar de ambas. Entre os dias 28 e 31, Trump estará na Ásia e poderá fazer uma escala em Pequim. Trump parece estar muito interessado em se encontrar com o líder chinês. Pode ser a reunião mais importante do mundo.

    Os EUA parecem ter sido paralisados pela resposta firme da China às tarifas. A lição chinesa até agora é que precisa se manter, defender seus interesses, sua dignidade. Até agora, isso tem se mostrado eficaz, em parte porque a força da China em minerais de terras raras pode causar problemas reais para os EUA. A Índia não possui ferramentas semelhantes, então os EUA estão basicamente livres para impor tarifas de 50%.

    Folha – O mesmo vale para o Brasil?

    Zichen Wang – Sim. Esses países, quando tentam lidar com um presidente como esse, precisam encontrar a alavancagem que têm e que podem usar sem muito custo interno.

    Uma das preocupações no Brasil é que o país acabe se tornando muito dependente da China, pelo que Trump está fazendo. A China também leva isso em consideração, que o Brasil está se tornando dependente?

    O governo chinês não vê dessa forma. É inimaginável que a China ameace o Brasil, invente tarifas ou algo assim. Não vejo nenhuma razão econômica ou geopolítica para isso. A visão de mundo fundamental da China é que ela quer fazer negócios com todos. 

    RAIO-X
    Zichen Wang, 36, é pesquisador e diretor no think tank independente Centro para China e Globalização. É formado em economia pela Universidade de Finanças e Economia de Shandong e acaba de concluir mestrado na Universidade Princeton. Publica a influente newsletter Pekingnology.a Pequim acordar em 2028 e dizer: ‘Precisamos dar uma lição aos brasileiros’.

    'Grande negócio' entre Xi e Trump se aproxima e pode afetar Brasil, diz pesquisador