Categoria: ECONOMIA

  • Previsão no Focus para Selic no fim de 2025 continua em 15,0%; no fim de 2026 segue em 12,25%

    Previsão no Focus para Selic no fim de 2025 continua em 15,0%; no fim de 2026 segue em 12,25%

    A projeção do mercado para a taxa básica de juros segue estável, com expectativa de manutenção da Selic em 15% até o fim de 2025, segundo o boletim Focus. O Banco Central reforçou que pretende manter os juros elevados por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta.

    A mediana das previsões do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,00% pela 21ª semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, em 5 de novembro.

    No ata, o colegiado afirmou que sua avaliação atual é de que “a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”. Voltou a repetir, porém, que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados. “O Copom não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse.

    Considerando apenas as 77 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a mediana para a Selic no fim deste ano também seguiu em 15,00%.

    A mediana para a Selic no fim de 2026 permaneceu em 12,25%, pela 8ª semana consecutiva. Considerando só as 76 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana caiu de 12,25% para 12,13%.

    A projeção para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela 40ª semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,00% pela 47ª semana consecutiva.

    Previsão no Focus para Selic no fim de 2025 continua em 15,0%; no fim de 2026 segue em 12,25%

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  • Petrobras faz nova descoberta de petróleo na Bacia de Campos

    Petrobras faz nova descoberta de petróleo na Bacia de Campos

    A Petrobras anunciou a descoberta de petróleo de alta qualidade no pós-sal da Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. O achado ocorreu no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde, a 108 quilômetros da costa, e será analisado em laboratório para avaliar o potencial da área

    A Petrobras informou nesta segunda-feira, 17, que identificou a presença de petróleo de excelente qualidade no pós-sal da Bacia de Campos, em poço exploratório no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa detalha que o poço 4-BRSA-1403D-RJS está localizado a 108 quilômetros da costa na cidade de Campos dos Goitacazes (RJ), em profundidade d’água de 734 metros.

    “A perfuração desse poço já foi concluída, tendo intervalo portador de petróleo sido constatado através de perfis elétricos, indícios de gás e amostragem de fluido”, afirma. Segundo a estatal, essas amostras posteriormente seguirão para análises laboratoriais, que permitirão caracterizar as condições dos reservatórios e fluidos encontrados, possibilitando a continuidade da avaliação do potencial da área.

    O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde foi adquirido em setembro de 2018, na 5ª Rodada de Partilha de Produção, tendo a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) como gestora. A Petrobras é a operadora do bloco com 100% de participação.

    Petrobras faz nova descoberta de petróleo na Bacia de Campos

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  • Correios estudam repassar imóveis a outra estatal federal para acelerar venda e reforçar caixa

    Correios estudam repassar imóveis a outra estatal federal para acelerar venda e reforçar caixa

    A medida foi confirmada à Folha por três pessoas a par das discussões e pode integrar o plano de reestruturação, etapa fundamental para a contratação de R$ 20 bilhões em empréstimos com objetivo de dar fôlego financeiro à empresa neste ano e em 2026.

    IDIANA TOMAZELLI
    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os Correios estudam repassar parte de seus imóveis para outra estatal federal, a Emgea (Empresa Gestora de Ativos), numa tentativa de acelerar a venda desses bens e obter uma injeção imediata de recursos no caixa.

    A medida foi confirmada à Folha por três pessoas a par das discussões e pode integrar o plano de reestruturação, etapa fundamental para a contratação de R$ 20 bilhões em empréstimos com objetivo de dar fôlego financeiro à empresa neste ano e em 2026.

    O tema tem sido discutido em reuniões entre executivos das duas companhias desde 30 de outubro, mas os detalhes da operação ainda não estão fechados.

    A Emgea foi criada em 2001 para administrar parte da carteira de crédito habitacional da Caixa com inadimplência elevada. Seu principal ativo são os créditos bilionários do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), criado na década de 1960 para garantir o pagamento integral dos contratos do antigo SFH (Sistema Financeiro de Habitação). A dívida é paga anualmente pelo Tesouro Nacional.

    No ano passado, a Emgea recebeu R$ 5,1 bilhões em créditos do FCVS. Já no primeiro semestre deste ano, os ingressos somaram R$ 1,6 bilhão.

    Embora uma parte da verba tenha sido usada para honrar os contratos antigos, a receita contribuiu para uma melhora considerável do caixa da empresa, que encerrou o mês de junho com um colchão de R$ 2,6 bilhões, segundo relatórios da própria companhia. É esse dinheiro que, agora, poderá ser usado para ajudar no socorro aos Correios.

    De forma geral, os Correios repassarão um conjunto de imóveis à Emgea, que pagará antecipadamente uma parte do valor de avaliação desses bens –como se fosse um adiantamento, que pode ser de 20% ou 30% do total da carteira ofertada.

    A Emgea teria um prazo para estruturar a operação e vender as propriedades, de forma direta ou por meio de fundo imobiliário (quando investidores adquirem cotas de um ou mais empreendimentos), por um valor previamente definido.

    Se a operação for fechada por uma cifra maior, a Emgea fica com uma parcela do ganho. Seria uma espécie de comissão por performance, que pode ser fixa ou variar conforme a atratividade do bem. Imóveis mais difíceis de vender renderiam comissão maior para a gestora de ativos, justamente para incentivar a conclusão do negócio.

    Os Correios também podem receber recursos extras ao longo do processo, a depender dos valores de venda das propriedades.

    A intenção é usar esse modelo para dar vazão aos imóveis em uso, cujo valor de avaliação pode ficar entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. O percentual de antecipação incidiria sobre esse valor.

    Ainda não há, porém, uma estimativa precisa de quanto os Correios podem arrecadar no curto prazo, já que a estatal ainda precisa fechar com a Emgea a seleção dos imóveis e classificá-los em termos de atratividade.

    Procurados, os Correios disseram, em nota, que o plano de reestruturação “contempla um programa de desinvestimento de ativos da empresa que hoje não têm uso ótimo”.

    Sem mencionar a Emgea, a estatal afirmou que a carteira de imóveis está sob avaliação para definir valores de mercado e verificar se estão aptos a compor eventual fundo imobiliário ou “outras soluções que permitam a alienação de imóveis ociosos”.
    A Emgea não se manifestou até a publicação deste texto.

    A avaliação dos participantes da discussão é que esse desenho ajudará a agilizar a venda de imóveis dos Correios, que hoje dependem de processos de licitação para conseguirem se desfazer desses ativos. A expectativa é conseguir estruturar a operação com a Emgea até o início de 2026.

    A estatal também considera a possibilidade de estruturar, com a ajuda da Caixa Econômica Federal, um fundo imobiliário para alavancar novas receitas. No entanto, segundo interlocutores, essa proposta não avançou muito nas últimas semanas.

    Nesse formato, uma das possibilidades seria vender os imóveis ociosos para os investidores do fundo, que ficariam com a rentabilidade futura da operação (obtida com aluguéis, por exemplo).

    Outra possibilidade seria colocar no fundo os imóveis em uso pelos Correios, que continuariam ocupando as instalações mediante o pagamento de aluguel (transação chamada de “leasing back”).

    Essa segunda opção gera receitas imediatas, mas cria também uma despesa administrativa hoje inexistente. Por outro lado, desonera os Correios de custos com manutenção e benfeitorias, que passariam a ser responsabilidade dos investidores.

    Os Correios querem fechar os detalhes do plano de reestruturação da empresa nas próximas duas semanas, mesmo prazo dado aos bancos na nova rodada de negociação do empréstimo de R$ 20 bilhões, lançada para tentar atrair mais instituições financeiras e reduzir o custo da operação.

    Em uma primeira rodada de negociações, um sindicato de quatro bancos (Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil) aceitou conceder o crédito no valor pleiteado pela companhia, mas estipulou uma taxa de juros considerada elevada para um contrato com garantia soberana –que reduz consideravelmente o risco de perdas para as instituições financeiras, pois a União paga as prestações em caso de inadimplência.

    Segundo interlocutores, outros bancos já demonstraram interesse em conceder empréstimo à empresa. Por isso, o comando da companhia decidiu fazer uma nova rodada de negociação, ainda que isso atrase um pouco a assinatura do contrato e o ingresso dos recursos.

    Correios estudam repassar imóveis a outra estatal federal para acelerar venda e reforçar caixa

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  • Pix faz 5 anos: veja mudanças causadas pela ferramenta e o que vem por aí

    Pix faz 5 anos: veja mudanças causadas pela ferramenta e o que vem por aí

    Só em outubro foram realizadas 7,3 bilhões de transações, que movimentaram R$ 3,3 trilhões, volume que equivale a cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

    JÚLIA GALVÃO E JÚLIA MOURA
    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Pix completa cinco anos neste domingo (16) em meio a um uso cada vez maior no país. Dados mais recentes do BC (Banco Central) mostram que o sistema já reúne 162 milhões de brasileiros, superando a população economicamente ativa (cerca de 110 milhões).

    Só em outubro foram realizadas 7,3 bilhões de transações, que movimentaram R$ 3,3 trilhões, volume que equivale a cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

    A tradicional TED (Transferência Eletrônica Disponível), porém, segue líder em termos de valor movimentado, com R$ 3,9 trilhões em outubro. Para muitas empresas, a taxa bancária da TED é mais barata que a do Pix –gratuito apenas para pessoas físicas.

    O crescimento diário se reflete nas projeções para os próximos meses. Uma análise do Ebanx, feita a partir de dados públicos do BC, estima que o Pix deve chegar a 7,9 bilhões de transações em dezembro, impulsionado pelas compras de fim de ano. Mantido esse ritmo, o volume movimentado pela plataforma poderá alcançar R$ 35,3 trilhões em 2025, um salto de 34% em relação ao ano anterior.

    O estudo ressalta que nenhum outro sistema de pagamentos instantâneos no mundo avançou tão rapidamente. Segundo o Ebanx, o UPI, da Índia –que serviu de referência para o modelo brasileiro– levou quase sete anos para alcançar patamar próximo aos 8 bilhões de transações.

    “Estamos todos muito contentes. O Pix cresceu, se desenvolveu bem e é um motivo de grande orgulho por parte do Banco Central e da sociedade brasileira como um todo”, diz Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.

    COMO SURGIU O PIX?
    Embora o Pix tenha sido lançado em 2020, sua concepção começou antes, em 2018, quando o Banco Central criou um grupo de trabalho com representantes do mercado financeiro e da academia para discutir pagamentos instantâneos.

    “O Pix foi criado para ser uma experiência fluida de pagamentos e tem sido bem-sucedido nessa missão. Pessoas e empresas fazem pagamentos com muito mais facilidade, com menos custo, e tudo isso se reflete em uma economia que gira com menos atrito”, diz Denis Silva, CEO do Efí Bank.

    Para Fernanda Garibaldi, diretora-executiva da Zetta, o Pix marca um momento de inovação pública, ao mostrar que o Estado pode criar soluções eficientes e de grande escala.

    A atuação do BC na arquitetura do Pix também é destacada por Gustavo Lino, diretor-executivo da INIT (Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento), que diz que entre as melhorias regulatórias necessárias para o avanço do Pix está o fortalecimento institucional do Banco Central e a ampliação do quadro de servidores de órgão.

    Para Garibaldi, um dos desafios do sistema é justamente continuar fortalecendo o regulador, garantindo pessoal e capacidade técnica para fiscalizar os agentes econômicos. Como o Pix é uma infraestrutura pública sobre a qual as empresas desenvolvem inovações, ela afirma ser crucial manter vigilância constante sobre condutas e práticas.

    SEGURANÇA
    Nos últimos meses, o sistema de pagamentos também tem voltado ao centro do debate após invasões que desviaram bilhões de reais.
    Um ataque hacker de junho deste ano, por exemplo, desviou cerca de R$ 813 milhões de contas usadas por bancos e instituições de pagamentos para gerenciar transferências Pix. Episódios como esse reforçaram preocupações sobre a segurança operacional do sistema.

    O BC diz ter aprendido com os incidentes e aperfeiçoado os procedimentos de segurança. Para evitar novas ocorrências, o órgão está criando duas novas regulamentações para PSTIs (Provedor de Serviços de Tecnologia da Informação), que foram a porta de entrada dos hackers

    “As estruturas do Banco Central e do Pix funcionam perfeitamente, são resilientes. Estamos trabalhando fortemente os times supervisão e de monitoramento. Nós não estamos parados. Tomamos –e vamos continuar tomando– muitas ações acerca dos incidentes “, afirma Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização do Banco Central.

    EFEITO PIX
    Para Mauro Rochlin, doutor em economia e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), o novo meio de pagamento reduziu custos para quase todos os agentes econômicos –especialmente ao eliminar tarifas que antes eram cobradas pelas instituições financeiras em operações básicas, como transferência via TED ou DOC, para pessoas físicas.

    A digitalização acelerada pelo Pix também afetou a gestão do dinheiro em espécie. Em 2020, por exemplo, o BC lançou a cédula de R$ 200. A demanda pela nota, porém, ficou abaixo do previsto –apenas 12,7% das unidades programadas para aquele ano chegaram a circular. Rochlin aponta o Pix como um dos fatores que explicam essa redução na procura por dinheiro físico.

    O Pix reduziu ainda o custo de manutenção de dinheiro em espécie, tanto para o regulador quanto para as instituições financeiras.

    O QUE O PIX PODE FAZER HOJE?

    – PIX TRADICIONAL
    O Pix tradicional é a modalidade mais utilizada do sistema. Permite transferências instantâneas entre contas, a qualquer hora e em qualquer dia da semana, inclusive feriados. A operação é gratuita para pessoas físicas e pode ser feita por meio de chaves cadastradas (como CPF, email ou número de celular) ou pela leitura de QR Code.

    As transações podem ser realizadas a partir de conta corrente, poupança ou conta de pagamento pré-paga. Diferentemente das transferências tradicionais, como TED ou DOC, não é necessário saber em qual banco o destinatário tem conta. A liquidação ocorre em tempo real, e tanto quem envia quanto quem recebe são notificados na hora da conclusão da transação.

    – PIX COBRANÇA
    O Pix cobrança é um instrumento de cobrança em que os clientes podem pagar a cobrança da empresa com o Pix utilizando o QR Code ou o Pix Copia e Cola, tanto para pagamentos imediatos em pontos de venda físicos e comércio eletrônico, como para pagamentos com vencimento em data futura.

    – PIX SAQUE E PIX TROCO
    Com o Pix saque, o consumido pode realizar saques em dinheiro em lojas, lotéricas ou caixas eletrônicos. Já com o Pix troco, é possível fazer a compra de um produto ou serviço e realizar um saque em dinheiro.

    Para fazer um Pix saque ou Pix troco, basta ler um QR Code e fazer a transferência. A adesão à ferramenta é opcional, ou seja, o comerciante pode escolher se quer ou não oferecer o serviço.
    O cliente também pode retirar dinheiro em caixas eletrônicos de qualquer banco que ofereça saque no Pix, não só na instituição em que tem conta.

    – PIX AGENDADO RECORRENTE
    O Pix agendado recorrente é utilizado para transferências que se repetem com valor fixo. Pode ser usado, por exemplo, em envios mensais de dinheiro para familiares, no pagamento de mesadas ou em serviços recorrentes, como os de jardinagem e limpeza prestados diretamente ao consumidor.

    – PIX POR APROXIMAÇÃO
    O Pix por aproximação é a modalidade que permite fazer pagamentos sem a necessidade de abrir o aplicativo do banco. A ferramenta foi lança pelo BC em fevereiro deste ano. Com o recurso, os clientes não precisam ler o QR Code da máquina ou solicitar a chave do destinatário.
    Para que o pagamento seja concluído, só é preciso aproximar o celular ou o relógio digital da maquininha de pagamento.

    – PIX AUTOMÁTICO
    O Pix automático é uma funcionalidade voltada para pagamentos recorrentes (como contas, assinaturas e mensalidades). O valor é debitado automaticamente da conta do pagador na data combinada, sem a necessidade de uma ação a cada cobrança.
    A funcionalidade foi lançada em junho deste ano e, segundo o BC, deve ampliar o acesso a pagamentos recorrentes para cerca de 60 milhões de brasileiros que hoje não têm cartão de crédito.
    Nele, o cliente pode definir regras, como um valor máximo por débito, e cancelar o agendamento até as 23h59 do dia anterior, caso não concorde com o valor cobrado.

    – PIX POR COMANDO DE VOZ, MENSAGEM E IMAGEM
    Algumas instituições financeiras já permitem que consumidores realizem transferências por comando de voz, mensagem de texto ou envio de imagens com informações da transação por escrito. A funcionalidade é disponibilizada geralmente pelo WhatsApp ou no chat do app do banco.

    – PAGAMENTO DE BOLETOS COM O PIX
    Desde fevereiro, uma resolução do BC autorizou o pagamento de boletos por meio do Pix. A operação pode ser feita com a leitura de um QR Code inserido no próprio documento e torna o processo mais rápido e prático para o consumidor.

    QUAIS SÃO AS FUNCIONALIDADES FUTURAS DO PIX?

    – PIX PARCELADO
    Muitos bancos já oferecem essa funcionalidade do Pix, mas o BC ainda não a regulou, de modo a padronizar o produto de crédito pelo qual o usuário pagador pode parcelar uma transação Pix a uma certa taxa de juros.

    Segundo o Banco Central, a modalidade tem potencial para estimular o uso do Pix no varejo para a compra de bens e serviços de valor mais elevado, favorecendo quem não tem acesso a esse tipo de operação. Ele poderá ser usado para qualquer tipo de transação Pix, inclusive para transferências.

    “Ele pode ser um acesso alternativo a linhas de crédito mais caras, mas também queremos garantir que esteja funcionando da maneira adequada”, diz Galípolo.

    – PIX EM GARANTIA
    Permite que os recebíveis futuros de Pix sejam usados como garantia em operações de crédito. O objetivo é baratear o crédito ofertado para as empresas, principalmente para aquelas cujo uso do Pix é mais relevante.
    A solução é voltada somente para estabelecimentos comerciais e empresas e não trará nenhuma mudança na forma como as pessoas físicas utilizam o Pix. A ferramenta ainda está em desenvolvimento pelo BC e é esperado que esteja disponível somente em 2026.

    – PIX INTERNACIONAL
    O Pix internacional ainda não está previsto no calendário oficial de lançamentos. Mesmo assim, alguns países já aceitam pagamentos por meio do sistema.
    Para receber valores via Pix no exterior, o comerciante ou prestador de serviço precisa ter uma conta ativa no Brasil e cadastrar uma chave. A prática já se popularizou em países como Portugal e Argentina, especialmente entre brasileiros que vivem ou viajam para o exterior.

    Pix faz 5 anos: veja mudanças causadas pela ferramenta e o que vem por aí

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  • Funcionáría da Caixa é suspeita de fraudes em contas de clientes

    Funcionáría da Caixa é suspeita de fraudes em contas de clientes

    Na ação, policiais federais cumpriram dois mandados de busca e apreensão em Parque Tamandaré e Centro, bairros localizados no município de Campos dos Goytacazes. Além das determinações judiciais expedidas pela 2ª Vara Federal de Niterói, região metropolitana do Rio, foram impostas à suspeita medidas cautelares diversas da prisão.

    A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira (14) uma operação com o objetivo de apurar a prática de fraudes bancárias contra a Caixa Econômica Federal (CEF), em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, envolvendo uma servidora da instituição que alterava cadastro de clientes, com prejuízo de R$ 500 mil a correntistas da agência.

    Na ação, policiais federais cumpriram dois mandados de busca e apreensão em Parque Tamandaré e Centro, bairros localizados no município de Campos dos Goytacazes. Além das determinações judiciais expedidas pela 2ª Vara Federal de Niterói, região metropolitana do Rio, foram impostas à suspeita medidas cautelares diversas da prisão.
    De acordo com as investigações, as fraudes eram praticadas por uma servidora da Caixa que atuava de forma individual em um esquema que envolvia a alteração irregular de dados cadastrais de clientes da instituição financeira, a reemissão indevida de cartões bancários e a realização de saques presenciais em terminais de autoatendimento, além de contratações suspeitas de cartões de crédito.

    A apuração teve início após relatórios internos da Caixa identificarem movimentações atípicas, como manipulação sistemática de informações em contas de clientes, diversos cartões reemitidos para um mesmo endereço e saques efetuados em diferentes agências da cidade. Até o momento, foram identificados 52 clientes com cadastros alterados de forma irregular e um prejuízo estimado em cerca de R$ 500 mil.

    Durante a ação, foram apreendidos dois aparelhos celulares, dois notebooks e sete cartões bancários em nome de terceiros, além de diversos documentos.

    A investigada poderá responder pela prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informação, peculato e furto qualificado.

    A Agência Brasil entrou em contato com a Caixa e aguarda posicionamento.

     

    Funcionáría da Caixa é suspeita de fraudes em contas de clientes

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  • Haddad pede que Câmara aprove projeto sobre devedor contumaz

    Haddad pede que Câmara aprove projeto sobre devedor contumaz

    Para ministro, medida é decisiva para asfixiar crime organizado; o projeto foi aprovado por unanimidade no Senado em setembro e aguarda a análise final dos deputados

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um apelo público nesta sexta-feira (14) para que a Câmara dos Deputados vote o projeto de lei que cria um regime específico para punir o devedor contumaz, contribuinte que sonega impostos de forma deliberada e recorrente. 

    Segundo o ministro, a proposta, que tramita há oito anos no Congresso, é uma ferramenta decisiva para asfixiar financeiramente o crime organizado, ao atingir mecanismos de lavagem de dinheiro operados por meio de empresas de fachada.

    O projeto foi aprovado por unanimidade no Senado em setembro e aguarda a análise final dos deputados. Haddad afirmou que tem conversado com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para tentar acelerar a votação. “Já está na hora, já passou da hora”, declarou. 

    As afirmações foram feitas durante evento do Ministério da Educação realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. Na ocasião, o ministro recebeu a Ordem Nacional do Mérito Educativo em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Segurança pública

    Haddad enfatizou que a proposta do devedor contumaz não se limita a questões fiscais. Para ele, a medida tem impacto direto na segurança pública, porque enfraquece a estrutura financeira que sustenta atividades criminosas.

    “Todo criminoso precisa lavar o dinheiro do crime e usa expedientes formais, abre empresa, fecha empresa. A lei do devedor contumaz inibe essa prática e evita que o criminoso lave o dinheiro e irrigue o crime organizado novamente”, disse. 

    Segundo o ministro, a proposta “asfixia o crime e dificulta a vida do criminoso para que ele não faça o dinheiro rodar na atividade criminosa”.

    Operação Carbono Oculto

    No início de setembro, o Senado aprovou a proposta sobre o devedor contumaz. A aprovação na Casa foi impulsionada pela Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal no fim de agosto e que desarticulou esquemas de lavagem de dinheiro do crime organizado que utilizavam fintechs e distribuidoras de combustíveis.

    Haddad disse esperar que a Câmara não dependa de um novo episódio dessa gravidade para votar o texto. “O Senado, depois da Operação Carbono Oculto, votou por unanimidade. Espero que não seja preciso outro evento desse tamanho para a Câmara se sensibilizar”, afirmou.

    Outras propostasHaddad também citou outras pautas do Executivo na área de segurança que estão no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o Projeto de Lei (PL) Antifacção, cuja relatoria está com o deputado Guilherme Derrite (PL-SP). Segundo o ministro, versões preliminares do relatório têm gerado preocupação no governo.

    A aprovação do projeto do devedor contumaz também é tratada como prioridade pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do governo.

    Ao ser questionado por jornalistas sobre assuntos como a situação dos Correios e a sanção do projeto de isenção do Imposto de Renda, o ministro evitou responder. O foco de sua fala, afirmou, era a necessidade de votar o projeto que endurece as regras contra o devedor contumaz.

    Haddad pede que Câmara aprove projeto sobre devedor contumaz

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  • Governo Trump suspende tarifas de café, carne, banana e açaí

    Governo Trump suspende tarifas de café, carne, banana e açaí

    A Casa Branca publicou uma Ordem Executiva para derrubar as tarifas de importação de alguns alimentos, como café, carne, banana açaí e castanha-do-pará

    Nesta sexta-feira (14), o governo dos Estados Unidos publicou uma Ordem Executiva com a redução de tarifas para alguns produtos que impactavam o comércio com o Brasil. A decisão surge um dia depois do encontro do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.

    Os representantes do Brasil e Estados Unidos se reuniram para falar sobre o tarifaço americano. “Reuni-me com o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, no Departamento. Discutimos assuntos de importância mútua e um marco recíproco para a relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil”, disse Marco Rubio após o encontro.

    Nesta sexta, a Casa Branca publicou uma Ordem Executiva para derrubar as tarifas de importação de alguns alimentos, como café, carne, banana açaí e castanha-do-pará, que vinham pressionando a inflação norte-americana.

    50% do imposto cobrado, 40% é específico ao Brasil e 10% é uma tarifa global. O governo norte-americano já informou que os 10% da tarifa comum serão retirados, e ao Brasil terão mais reduções.

    Veja a lista de produtos que deixam de pagar a tarifa recíproca:

    • Carnes bovinas e vísceras: carcaças, meias-carcaças, cortes frescos, resfriados, congelados, e vísceras em diversas formas de conservação;
    • Frutas e vegetais: tomate, jicama (espécie de batata de origem mexicana), fruta-pão, chuchu, broto de bambu, castanha-d’água, mandioca, inhame e taioba;
    • Nozes e castanhas: coco, castanha-do-pará, castanha de caju, castanha portuguesa, macadâmia, noz-de-cola, pinhões;
    • Bebidas e suplementos: suco de laranja, água de coco, suco de açaí, misturas com água de coco e preparações de açaí para bebidas;
    • Especiarias: café (torrado, não torrado e descafeinado), chá, mate, pimentas, baunilha, canela, noz-moscada, gengibre, açafrão.

     

    Encontro de Trump e Lula

    De acordo com Mauro Vieira, Marco Rubio mencionou no encontro comentários do presidente Donald Trump, que disse ter gostado muito da reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Malásia e manifestou vontade de avançar na solução das questões comerciais.

    A expectativa da diplomacia brasileira é a suspenção geral das tarifas de 50% nos produtos brasileiros. Sendo que o governo Lula espera que mais produtos braisleiros entrem na lista de excessões do ‘Tarifaço’.

    Governo Trump suspende tarifas de café, carne, banana e açaí

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  • Bolsa sobe 0,37% e quase volta a bater recorde

    Bolsa sobe 0,37% e quase volta a bater recorde

    O dólar comercial fechou a semana vendido a R$ 5,297, com recuo de apenas 0,02%

    Na contramão das incertezas no exterior, o mercado financeiro brasileiro teve um dia de tranquilidade. Após duas quedas, a bolsa de valores voltou a subir e quase bateu recorde. O dólar fechou estável, mas registrou queda na semana.

    O índice Ibovespa, da B3, encerrou esta sexta-feira (14) aos 157.739 pontos, com alta de 0,37%. Por volta das 14h45, na máxima do dia, o indicador chegou aos 158,3 mil pontos, mas desacelerou nas horas finais de negociação, influenciado pelas incertezas nos Estados Unidos.

    A bolsa brasileira está no segundo maior nível da história, só perdendo para  terça-feira (12) pela diferença de apenas 10 pontos. Com alta de 2,39% na semana, o Ibovespa acumula alta de 5,49% em novembro.O dólar comercial fechou a semana vendido a R$ 5,297, com recuo de apenas 0,02%. Apesar do fechamento estável, a cotação teve um dia de oscilações. Nos primeiros minutos de negociação, chegou a R$ 5,31, caiu para R$ 5,27 por volta das 13h e diminuiu a queda durante a tarde, com a pressão do mercado internacional.

    A moeda estadunidense caiu 0,7% na semana. A divisa acumula queda de 1,54% em novembro e de 14,26% em 2025.

    O mercado financeiro brasileiro começou o dia influenciado pelas incertezas em torno do shutdown (paralisação do governo) nos Estados Unidos. As ações das empresas de tecnologia pararam de cair, mas a possibilidade de que os dados de inflação e de emprego na maior economia do planeta jamais sejam divulgados tumultuou as bolsas estadunidenses.

    O Brasil foi parcialmente beneficiado em meio a informações de que o governo Donald Trump suspenderia parte das tarifas comerciais sobre café, carne, frutas e outros produtos agrícolas. A expectativa de que as exportações de alimentos subam ajudou a segurar as pressões pela alta do dólar e de queda na bolsa.

    Bolsa sobe 0,37% e quase volta a bater recorde

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  • Desemprego nos estados varia de 2,3% a 10%

    Desemprego nos estados varia de 2,3% a 10%

    SC e MT têm menores taxas, enquanto PE segue com maior índice no 3º trimestre; IBGE diz que 11 UFs registram desocupação na mínima da série histórica

    RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de desemprego caiu em dois estados (Rio de Janeiro e Tocantins) no terceiro trimestre de 2025, em relação aos três meses imediatamente anteriores, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (14).

    A desocupação ficou relativamente estável, ou seja, sem variações consideradas significativas, nas outras 25 unidades da Federação.

    Conforme o IBGE, Santa Catarina e Mato Grosso tiveram os menores índices, ambos com 2,3%. Os dois estados costumam ficar entre os locais com desemprego mais baixo.

    Pernambuco, por outro lado, seguiu com a maior taxa no terceiro trimestre: 10%. É a única unidade da Federação com índice de dois dígitos. Amapá (8,7%) e Bahia (8,5%) vêm na sequência.
    Taxa de desemprego nas UFs

    Em %, no 3º tri.25

    Santa Catarina – 2,3
    Mato Grosso – 2,3
    Rondônia – 2,6
    Espírito Santo – 2,6
    Mato Grosso do Sul – 2,9
    Paraná – 3,5
    Tocantins – 3,8
    Minas Gerais – 4,1
    Rio Grande do Sul – 4,1
    Goiás – 4,5
    Roraima – 4,7
    São Paulo – 5,2
    Brasil – 5,6
    Maranhão – 6,1
    Ceará – 6,4
    Pará – 6,5
    Paraíba – 7,0
    Acre – 7,4
    Piauí – 7,5
    Rio Grande do Norte – 7,5
    Rio de Janeiro – 7,5
    Amazonas – 7,6
    Alagoas – 7,7
    Sergipe – 7,7
    Distrito Federal – 8,0
    Bahia – 8,5
    Amapá – 8,7
    Pernambuco – 10,0
    Fonte: IBGE

    No Brasil, o desemprego marcou 5,6% em igual período. É o menor patamar da série histórica iniciada em 2012 -também encontrado nos trimestres móveis até julho e agosto de 2025.

    O resultado do país já havia sido publicado pelo IBGE em 31 de outubro. Nesta sexta, o órgão detalhou os números dos estados e outros recortes da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

    A Pnad investiga as condições do mercado de trabalho formal e informal. Ou seja, leva em consideração a abertura e o fechamento de vagas com ou sem carteira assinada ou CNPJ.

    William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, disse que os resultados das unidades da Federação refletem a estrutura econômica de cada região.

    Ele destacou a forte presença da indústria em Santa Catarina, que tem uma das menores taxas de desemprego do país, além da atuação de setores como agropecuária e turismo.

    “É uma economia diversificada. Favorece uma situação de menor taxa de desocupação e mais empregabilidade.”

    Por outro lado, o pesquisador lembrou que regiões como o Nordeste são afetadas por gargalos históricos, como menor diversificação de atividades econômicas e dificuldades na área de educação.

    DESEMPREGO TEM MÍNIMA EM 11 UFS

    O IBGE disse que, no terceiro trimestre, 11 unidades da Federação registraram as suas menores taxas de desemprego da série histórica.

    Foram os casos de Mato Grosso (2,3%), Espírito Santo (2,6%), Mato Grosso do Sul (2,9%), Tocantins (3,8%), Rio Grande do Sul (4,1%), Ceará (6,4%), Paraíba (7%), Rio Grande do Norte (7,5%), Sergipe (7,7%), Distrito Federal (8%) e Bahia (8,5%).

    INFORMALIDADE VARIA DE 24,9% A 57%

    Outro indicador avaliado -e que mostra diferenças regionais- é a taxa de informalidade. Trata-se do percentual da população ocupada que trabalhava sem carteira assinada ou CNPJ no setor privado.

    As maiores taxas de informalidade, acima de 50%, foram registradas no Maranhão (57%), no Pará (56,5%) e no Piauí (52,7%).

    Santa Catarina (24,9%), Distrito Federal (26,9%) e São Paulo (29,3%) mostraram os menores percentuais de informais. No Brasil, o indicador ficou em 37,8% no terceiro trimestre.

    1 EM CADA 5 PROCURA EMPREGO HÁ DOIS ANOS OU MAIS

    O país tinha 6 milhões de desempregados no trimestre encerrado em setembro. É o menor número da série histórica do IBGE.

    A população desocupada é formada por pessoas de 14 anos ou mais que não estão trabalhando e que seguem em busca de oportunidades.

    Mais da metade desse contingente (3,1 milhões ou 50,8%) procurava emprego no período de um mês a menos de um ano.

    A segunda parcela mais expressiva era aquela de longa duração. Ou seja, que buscava trabalho havia dois anos ou mais. O grupo respondeu por 19,5% do total de desempregados no terceiro trimestre, o equivalente a 1,2 milhão. Em outras palavras, 1 em cada 5 desocupados estava nessa situação.

    Desocupados havia menos de um mês (18,6% ou 1,1 milhão) e de um ano a menos de dois anos (11% ou 666 mil) completam a lista.

    O mercado de trabalho mostrou recuperação no Brasil nos últimos anos, em um cenário de estímulos do governo federal à economia, além de mudanças demográficas e impactos da tecnologia.

    Agora, economistas enxergam sinais de acomodação gradual na geração de emprego e renda. As projeções, contudo, ainda indicam desemprego em patamares baixos para o padrão histórico nos próximos trimestres.

    Desemprego nos estados varia de 2,3% a 10%

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  • Macron pede a Lula que compense perdas das empresas por cortes de energia renovável

    Macron pede a Lula que compense perdas das empresas por cortes de energia renovável

    Ressarcimento pode custar cerca de R$ 7 bi e seria pago por consumidores de energia, com impactos na conta de luz e inflação; procurados, governos não se manifestaram; Planalto disse a parlamentares que trecho será vetado

    BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – O corte de energia no Brasil por causa do excesso de geração renovável, conhecido pelo termo em inglês “curtailment”, ganhou projeção internacional nos bastidores de eventos que ocorrem em paralelo à COP30 em Belém, no Pará.

    Segundo pessoas que acompanham a agenda da energia, durante sua passagem pela Cúpula dos Líderes, na semana passada, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não vete uma emenda da MP (medida provisória) 1.304 que trata do ressarcimento às empresas que sofrem perdas financeiras com esses cortes.

    A preocupação de Macron é que as empresas francesas com investimento em energia renovável no Brasil possam sofrer perdas se não forem reembolsadas.

    Na tarde desta quinta-feira (13), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi de Belém a Brasília para uma reunião com Lula que tinha entre os temas discutir vetos na MP. O presidente não quer elevar a conta de luz, e o Planalto já avisou a senadores que o trecho será vetado. No entanto, a pressão pelo ressarcimento é grande. Ele tem até 24 de novembro para decidir.

    O governo francês não se manifestou sobre o assunto, a assessoria da Presidência do Brasil disse que quem cuida da questão é o MME (Ministério de Minas e Energia), que, procurado, não comentou até a publicação deste texto

    Segundo a Folha de S.Paulo apurou, há alguns meses, um diplomata da França já havia reclamado do curtailment no MME. A queixa é que o acúmulo de perdas por causa dos cortes prejudica a estabilidade financeira dos negócios e a imagem da geração renovável brasileira no mundo e colocam em xeque investimentos futuros.

    Apesar de diferentes fontes de energia sofrerem com o curtailment, entre as empresas mais impactadas estão parques eólicos e solares, muitos deles com acionistas estrangeiros, que fizeram aportes vultosos para estarem aqui.

    Cinco pessoas com conhecimento das discussões disseram que vários países com investimentos em energia renovável no Brasil estão preocupados com o impacto financeiro dos cortes, mas a França é o país que tem sido mais vocal.

    O governo Macron está especialmente preocupado com os investimentos em energia renovável feitos por empresas francesas no Brasil. Entre elas está a TotalEnergies, que tem 34% da Casa dos Ventos, uma das principais desenvolvedoras de projetos eólicos no Brasil. O negócio faz parte do portfólio de descarbonização da companhia francesa.

    Procurada pela reportagem, a empresa respondeu que, “como companhia privada, não comenta temas políticos ou discussões entre países”. Fundada em 1924, a TotalEnergies é uma gigante do setor de energia que nasceu como empresa pública, mas foi privatizada na década de 1990. Hoje mantém uma relação complexa com o Estado francês, porque vem sofrendo pressão da opinião pública e de setores do governo para acelerar a transição energética. As perdas com o curtailment no Brasil dificultam essa meta.

    NEGOCIAÇÕES

    O relatório original sobre a MP, do senador Eduardo Braga (MDB-AM), limitava o ressarcimento a casos pontuais, que fossem associados a questões técnicas, como falta de linha de transmissão, um problema que afetou vários investidores.

    Uma emenda aglutinativa apresentada pelo deputado Danilo Forte (União-CE) ampliou o benefício para outros tipos de cortes. O Ceará concentra projetos eólicos, e o deputado é conhecido no Congresso por sua ativa atuação em defesa do estado, especialmente da Casa dos Ventos.

    A empresa atua em múltiplas frentes de energia renovável, incluindo o desenvolvimento de um grande data center em Pecém, que foi beneficiado recentemente por iniciativas do governo.

    A forma e o valor do ressarcimento têm gerado controvérsias também.

    A maioria dos participantes do setor diz que esse mecanismo será financiado pelos consumidores de energia via aumento na conta de luz. Ainda durante a tramitação da proposta, estimativas da Abrace, que representa grandes empresas de energia, estimou que as perdas com o curtailment, de 2023 até o final deste ano, possam somar cerca de R$ 7 bilhões, valor suficiente para acrescentar cerca de 3% de aumento na conta de luz, com efeitos sobre a inflação do Brasil.

    A Abeeólica, que representa o setor eólico, afirma que as empresas já abriram mão de parte das perdas e aceitariam receber R$ 3,8 bilhões. A associação afirma que os recursos sairiam de um mecanismo da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) que faz compensações do mercado livre. A entidade diz que o setor de renováveis pode quebrar sem o ressarcimento.

    Técnico da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), no entanto, que foi consultado pela Folha, afirma que mencionado recurso pertence aos consumidores e só pode ser liberado com aprovação do Congresso.

    A MP 1304 fez uma reforma no setor de energia. O texto chegou a ficar parado no Congresso, mas depois foi aprovada em tempo recorde. Os grupos de interesse fizeram tanta pressão, inserindo diferentes dispositivos, que o ministro de Minas e Energia disse que era uma vitória do lobby.

    Enquanto se debate o veto, o setor não resolve a origem do problema:o excesso de oferta de energia para pouca demanda, sustentada pelo avanço da geração nos telhados, conhecida no setor como MMGD (micro e minegeração distribuída). Um incentivo, que tem um longo prazo para acabar, mantém a expansão dos projetos. Esperava-se que a mesma MP 1304 apresentasse alguma nova restrição a esse benefício, o que não ocorreu.

    O banco BTG publica relatórios sobre curtailment eólico e solar e divulgou um consolidado sobre o primeiro tremeste que ilustra o tamanho do problema. Até setembro, os cortes afetaram 20,4% geração eólica. Para os parques solares, o corte subiu para 34,1%, bem acima dos 23,8% do trimestre anterior e dos 16,5% registrados no terceiro trimestre e do ano passado.

    Macron pede a Lula que compense perdas das empresas por cortes de energia renovável

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