Categoria: ECONOMIA

  • Crise no câmbio faz inflação na Argentina voltar a acelerar em setembro

    Crise no câmbio faz inflação na Argentina voltar a acelerar em setembro

    Índice fechou o mês com alta de 2,1%, vindo de dois meses seguidos em 1,9%; governo conta com indicador para ganhar votos para as eleições de 26 de outubro

    BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Faltando 12 dias para as eleições legislativas na Argentina, o Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) divulgou que a inflação de setembro teve uma leve aceleração no país. O indicador teve alta de 2,1% ante o mês anterior, o mais elevado desde abril, e de 31,8% no acumulado de 12 meses.

    A inflação é o principal foco econômico do governo na campanha, e analistas concordam que houve um aumento. Em agosto, a inflação havia sido de 1,9% mensal, mesmo desempenho de julho.

    Durante setembro, o dólar teve um aumento significativo, chegando a 1.474,50 pesos argentinos, o que levou o banco central do país a vender reservas. No entanto, após isso, o dólar caiu para cerca de 1.420 pesos argentinos.

    O segmento com o maior aumento no mês foi o de habitação, água, eletricidade e outros combustíveis (3,1%), devido aos aumentos em aluguéis residenciais, seguido por educação (3,1%).

    O grupo com maior impacto na variação mensal regional foi o de alimentação e bebidas não alcoólicas, exceto na Patagônia, onde o maior impacto foi registrado em transportes.

    As duas divisões que registraram as menores variações em setembro de 2025 foram lazer e cultura (1,3%) e restaurantes e hotéis (1,1%).

    O governo de Javier Milei defendia que o impacto da crise cambial que o país viveu após os resultados negativos para o partido do presidente nas eleições legislativas da província de Buenos Aires seria pequeno.

    A previsão de inflação é influenciada pelo aumento nos preços de hortaliças e frutas, que também impactaram os preços de alimentos e bebidas na região.

    Os analistas sugerem que a perda de valor do peso é repassada somente após algum tempo, com expectativa de inflação acima de 2% nos próximos meses.

    Após cair com a intervenção do Tesouro norte-americano no mercado cambial argentino, com a compra de pesos, ocorrida na semana passada, o dólar voltou à tendência de alta nesta terça-feira.

    O dólar oficial fechou a 1.392 pesos argentinos (acima do teto da banda, de 1.385 pesos), enquanto o mercado esperava os desdobramentos do encontro entre Milei e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca.

    No fim da tarde, as ações argentinas reagiam mal ao condicionamento feito por Trump, de que o apoio à Argentina dependia do desempenho de Milei nas eleições de 26 de outubro. O Merval S&P caía 2,7%.

    Questionado pelos jornalistas sobre um eventual projeto de dolarização da economia argentina -algo que Milei prometeu durante a sua campanha, em 2023, mas que sumiu do radar-, Trump disse que não se opunha, embora “gostasse” dos pesos. Ele defendeu que os países confiem no dólar e criticou os países do Brics, em uma busca por negociar sem usar a moeda americana.

    “Estão todos saindo dos Brics. Era um ataque ao dólar. Eu disse: ‘querem jogar esse jogo? Vamos colocar tarifas sobre todos os produtos que entrarem nos Estados Unidos’. Eles disseram: ‘estamos fora dos Brics’. E agora ninguém mais fala disso”, disse o republicano.

    Crise no câmbio faz inflação na Argentina voltar a acelerar em setembro

  • Petrobras aguarda solução para licenciamento na Foz do Amazonas

    Petrobras aguarda solução para licenciamento na Foz do Amazonas

    Segundo Magda Chambriard, presidente da Petrobras, a sonda para perfuração está contratada até dia 21

    A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, informou nesta terça-feira (14) que esperava que a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração na Bacia da Foz do Amazonas já tivesse sido concedida. Segundo a executiva, haverá nova reunião entre as equipes da estatal e do órgão ambiental na próxima quinta-feira (16).

    “A preocupação agora é o dia 21 de outubro, que é o dia limite do contrato da sonda [para perfuração]. Se a gente não começar a perfurar até o dia 21, essa sonda pode ser retirada da locação e se ela for retirada e substituída por outra sonda no futuro, o que vai acontecer é que o processo de licenciamento começa tudo de novo”, disse Magda, após a reunião do Conselho Empresarial de Petróleo e Gás da Firjan, no Rio de Janeiro.

    A executiva disse esperar que a perfuração comece até o próximo dia 21. “Até onde me foi informado o que existia era uma demanda por uma reunião para esclarecimentos e espero que nessa reunião, no próprio dia 16, esteja tudo resolvido para iniciar a perfuração”, acrescentou. 

    Magda afirmou que a estatal está enfrentando uma dificuldade de fazer uma nova locação dessa mesma sonda. 

    “Essa sonda é rara no mundo. É uma das poucas sondas de última geração que existem no mundo. A gente tem duas, três sondas dessas no mundo todo. É uma sonda altamente demandada”.

    De acordo com a executiva, essa sonda custa por dia R$ 4,2 milhões à Petrobras. “Estou otimista que vai dar certo, senão essa sonda já teria saído de lá há muito tempo”, completou Magda.

     

    Petrobras aguarda solução para licenciamento na Foz do Amazonas

  • Ambev escapa da crise do metanol, mas frio, geração Z e até Ozempic viram vilões para ações

    Ambev escapa da crise do metanol, mas frio, geração Z e até Ozempic viram vilões para ações

    A gigante de bebidas perdeu cerca de R$ 11,6 bilhões em valor de mercado desde o dia 29 de setembro, primeiro pregão após o início dos casos de contaminação

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A indústria da cerveja deveria, em tese, ter sido beneficiada pela crise do metanol, que atingiu os destilados. No caso da Ambev, esse fator não parece ter impedido a queda das ações na última quinzena.

    A gigante de bebidas perdeu cerca de R$ 11,6 bilhões em valor de mercado desde o dia 29 de setembro, primeiro pregão após o início dos casos de contaminação, até a última quinta-feira (9).

    Mas essa fotografia não conta a história toda. Dona de um portfólio concentrado em cervejas e drinks prontos, a Ambev passa ao largo da crise justamente pelo foco das contaminações estar em bebidas destiladas como vodka, gin e cachaça, não comercializados por ela.

    Pela lógica, faria sentido até que a empresa se beneficiasse de uma “corrida pela cerveja”, dizem especialistas ouvidos pela reportagem. Pelos números, não parece ser esse o caso também.

    O desempenho das ações deriva de uma série de fatores que vão além da crise do metanol -inclusive temporalmente. Os papéis da dona da Skol e da Brahma caíram 12% nos últimos seis meses; no acumulado do ano, ficaram praticamente de lado, em alta de 2%.

    Um relatório nomeado “Sem Happy Hour”, publicado no fim de setembro pela XP Investimentos, ilustra o tamanho do problema. A corretora rebaixou a empresa de “neutra” para “venda” -isso é, passou a recomendar que investidores deixassem de ter papéis da Ambev em carteira. O panorama traçado parece ressoar com outras casas de análise: segundo a Bloomberg, apenas 3 das 20 corretoras consultadas recomendam compra das ações.

    São três os principais motivos para o relativo pessimismo em relação à Ambev.

    O primeiro vincula as temperaturas abaixo da média dos últimos meses ao apetite por cerveja: no frio, a “gelada” não tem o mesmo apelo.

    Diferentemente de 2023 e 2024, o inverno de 2025 teve temperaturas baixas de fato. Em São Paulo, por exemplo, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) confirmou que a estação foi a mais fria em 30 anos.

    O relatório da XP estabelece correlações entre clima e estimativas sobre o volume de cerveja vendido no Brasil.

    O primeiro trimestre do ano, marcado por um verão mais quente que a média, registrou alta de 0,7% nas vendas em relação ao mesmo período de 2024. O segundo trimestre, porém, teve queda de 9% na comparação anual, e o terceiro deve mostrar uma diminuição de 6,1%.

    A tendência segue até o próximo ano, e é somente no segundo trimestre de 2026, por causa da Copa do Mundo de Futebol, que os analistas vêem as vendas de cerveja de volta no positivo.

    Uma executiva da Ambev, sob condição de anonimato, de fato atribui a queda das ações e das vendas ao clima. O ano passado foi o mais quente já registrado, disse ela, e o contraste com 2025 torna evidente a influência do clima no consumo de cerveja e o desafio de equilibrar as contas. A estratégia de longo prazo da companhia já leva a sazonalidade em consideração, afirma.

    Por outro lado, há uma mudança no comportamento de consumo em curso, segundo os analistas: os brasileiros estão tomando menos cerveja.

    Em média, cada brasileiro consome 74 litros de cerveja anualmente, de acordo com o relatório da XP. 2024 foi o primeiro em sete anos a registrar um consumo abaixo da régua (cerca de 73 litros), e 2025 deve terminar em 69 litros per capita.

    “O ponto crucial aqui é de queda no volume de vendas: a população está bebendo menos cerveja, e isso é uma mudança estrutural. A Ambev controla o mercado cervejeiro do país, com uma fatia de quase 60%. Aumentar o volume de vendas pelo aumento da fatia de mercado é difícil: quando uma empresa já é muito grande, ela não consegue fazer muitas aquisições, porque o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] tende a barrar”, diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos.

    “Ganhar de forma orgânica também é difícil: é preciso que a indústria cresça como um todo, e estamos vendo o movimento oposto.”

    Ainda, o estilo de vida “wellness”, capitaneado pela geração Z (a dos nascidos entre 1997 e 2013), e até o uso de inibidores de apetite, como Ozempic e Mounjaro, jogam água no chope no médio prazo.

    O “wellness” -um modo de vida que defende escolhas mais saudáveis de nutrição e incentiva atividades físicas- deixou de ser uma tendência de nicho para se tornar “um dos principais motores do consumo de cerveja”, pontuam os analistas da XP.

    Em outras palavras, a força online do movimento de bem-estar está se traduzindo em vendas na vida offline, mostrando que as “gerações mais jovens incorporaram saúde, nutrição e fitness em seu cotidiano” e que elas estão “dispostas a gastar mais em produtos funcionais, experiências presenciais e alternativas sem álcool”.

    A tendência se mostra em outras pesquisas. O relatório “O dossiê das bebidas”, feito em 2024 pela MindMiner, mostra que 45% dos consumidores maiores de idade da geração Z consomem bebidas alcóolicas -menor porcentagem entre os grupos geracionais. Os millenials (nascidos entre 1981 e 1996) vêm logo em seguida, com 57%; baby boomers (1946 e 1964) marcam 65%, e geração X (1965 e 1980) lideram o quadro, com 67%.

    Somam-se a isso as canetinhas emagrecedoras. “Ninguém sabe ainda quanto elas podem impactar, se muito ou pouco, mas é mais um fator de risco para a Ambev”, afirma Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

    Isso porque, segundo alguns estudos preliminares, não é só o consumo de alimentos que diminui entre os usuários -o de álcool também. A semaglutina, componente dos inibidores de apetite, tem o potencial de reduzir o desejo por bebidas alcoólicas, como reportou a revista de relatórios científicos Jama Psychiatry, dos Estados Unidos.

    Conforme os medicamentos ganham popularidade globalmente, a leitura é que eles estão pavimentando o caminho para mudanças estruturais de consumo. No Brasil, o impacto das canetinhas deve demorar mais para se materializar do que em mercados desenvolvidos, devido à menor renda per capita e ao alto custo dos produtos. Mas a quebra de patentes -a da Ozempic, por exemplo, está prevista para julho de 2026- deve tornar os preços mais acessíveis e acelerar essas mudanças.

    À reportagem a executiva da Ambev afirmou que o consumo da geração Z não gera preocupações dentro da empresa. Ainda que as pesquisas tenham sido conduzidas apenas com pessoas maiores de 18 anos, o grupo geracional como um todo ainda não chegou completamente à maioridade, diz ela, e, até agora, reproduz o mesmo padrão de compra de quando as demais gerações tinham essa faixa etária. Dados internos não foram compartilhados com a reportagem.

    Em relação às canetinhas emagrecedoras, a executiva diz que ainda não existem estudos que comprovem de forma satisfatória a correlação entre inibidores de apetite e queda nas vendas de cerveja. É uma tendência emergente e que a Ambev seguirá acompanhando, afirma.

    Atenta ao estilo de vida “wellness”, a empresa tem aumentado a produção de cervejas sem álcool, cujo consumo disparou 600% no último ano. Para analistas de mercado, a Ambev está bem posicionada no segmento para seguir na liderança. O aumento, porém, não parece compensar a desaceleração geral da indústria, “que provavelmente seguirá impactando negativamente as vendas de cerveja”, diz a XP.

    A competição com a Heineken, o terceiro motivo, também deixa o copo meio vazio para a Ambev. A principal concorrente da companhia inaugurou, no último mês de agosto, a expansão de sua cervejaria em Igarassu, Pernambuco, triplicando a capacidade produtiva da unidade. Isso mostra uma abordagem voltada à quantidade, “o que provavelmente vai criar ventos contrários tanto para volume quanto para a capacidade de precificação da Ambev”.

    A executiva da empresa afirmou que, em termos de concorrência, o terceiro trimestre deve mostrar uma virada no jogo. A Ambev repassou o aumento de custos de produção para os consumidores no trimestre encerrado em junho, enquanto as demais empresas seguraram o repasse para os três meses seguintes. Agora, diz ela, quem manterá os preços será a Ambev, invertendo o cenário e favorecendo a empresa em termos de preferência de consumo.

    Ambev escapa da crise do metanol, mas frio, geração Z e até Ozempic viram vilões para ações

  • Brasil não pode deixar big techs destruírem seu sistema político, diz Nobel de economia

    Brasil não pode deixar big techs destruírem seu sistema político, diz Nobel de economia

    Empresas deveriam ser taxadas para desestimular atuação, declarou Paul Romer em evento em SP; ele afirmou ainda que momento pede governos fortes, que limitem atuação nociva de grandes corporações

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil não pode deixar gigantes de tecnologia destruírem seu sistema político e deve taxar essas empresas de forma a desestimular sua atuação, afirmou Paul Romer, ganhador do Prêmio Nobel de economia em 2018, durante evento em São Paulo.

    “O Brasil não tem que ser servo desses senhores feudais. Eu proibiria seu modelo de propaganda e colocaria impostos altos. Eles possuem um modelo baseado em vigilância e manipulação da informação”, avaliou ele durante o evento Global Voices 2025, da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

    Romer defendeu que as economias se desenvolvem muito melhor sem monopólios, e que neste momento é necessário que governos fortes limitem o poder alcançado pelas empresas de tecnologia.

    “Imagine se Elon Musk pudesse cobrar a todos pelo uso do teorema de Pitágoras? Qual seria o poder dado a ele?”, questionou. “O monopólio é algo inacreditavelmente grande”, completou.

    Romer comparou a atuação das big techs ao uso do chumbo no combustível, que só foi proibido após a morte de centenas de milhares de pessoas por envenenamento.

    Brasil não pode deixar big techs destruírem seu sistema político, diz Nobel de economia

  • Taxação BBB, de bancos, bets e bilionários, só é injusta para desinformados, diz Haddad

    Taxação BBB, de bancos, bets e bilionários, só é injusta para desinformados, diz Haddad

    O governo busca alternativas à MP de aumento de impostos, que perdeu validade após a Câmara dos Deputados retirá-la da pauta da sessão da última quarta-feira (8)

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendeu nesta terça-feira (14) a chamada tributação BBB, de bancos, bets e bilionários, após a rejeição da MP de aumento de impostos sobre esses setores na Câmara dos Deputados, e disse que recebeu aceno de parlamentares na busca de alternativas.

    Segundo o chefe da equipe econômica, o cardápio de medidas será discutido nos próximos dias com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Nós estamos aguardando a volta do presidente da República hoje [terça], amanhã [quarta] devemos começar a trabalhar o tema”, disse.

    “Mas já recebi de vários parlamentares acenos no sentido de corrigir o que aconteceu, vamos buscar alternativas ao que aconteceu, porque, de fato, a chamada taxação dos BBBs [bancos, bets e bilionários] só é injusta na cabeça de pessoas desinformadas sobre o que está acontecendo no Brasil”, acrescentou.

    A declaração foi dada em audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Também participaram o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

    “Vejo aqui nessa casa, no Senado, mas também de algumas lideranças importantes da Câmara, agora que a poeira deu uma baixada, a compreensão de que isso vai ter efeitos sobre outros processos, dificuldade de fechar a peça orçamentária, necessidade de cortes em áreas prioritárias, em emendas, isso tem efeitos. Não é uma coisa que você faz para demarcar posição, sem efeitos concretos”, afirmou.

    “Então, quero crer que vamos, agora com a volta do presidente, voltar a nos reunir, sentar com os líderes e buscar uma solução para o Orçamento do ano que vem”, continuou.

    O governo Lula busca alternativas à MP de aumento de impostos, que perdeu validade após a Câmara dos Deputados retirá-la da pauta da sessão da última quarta-feira (8).

    Na semana passada, em entrevista à rádio Piatã da Bahia, o presidente Lula disse que iria se reunir com integrantes do governo na volta da viagem a Roma para discutir possíveis caminhos.

    Segundo técnicos da área econômica, a derrubada da medida deve causar um bloqueio nas despesas de 2025 e obrigar um ajuste de R$ 35 bilhões no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026.

    Cálculos da equipe técnica também indicam que as emendas parlamentares terão um corte de R$ 7,1 bilhões no Orçamento de 2026 se o Congresso Nacional não compensar o espaço fiscal perdido com a derrubada da MP.

    Na audiência, Haddad ressaltou a importância da MP para o Orçamento de 2026 e afirmou que a proposta era “muito justa, inclusive no que diz respeito aos títulos isentos.” “Ela buscava diminuir a distância entre o que paga de imposto alguém que adquire um título público do que um título incentivado”, acrescentou.

    O ministro defendeu a taxação de setores que produzem externalidades negativas, como é o caso das apostas esportivas, que podem gerar dependência, e aumentou a pressão sobre as bets.

    “Às vezes, tem coisas que são difíceis de proibir, embora no caso das bets nós tenhamos tecnologia hoje para, se essa queda de braço continuar e ir para um embate mais firme com o setor, que teve uma participação desastrosa nos debates na Câmara, há tecnologia para enfrentar esse tema”, disse.

    “Mas eles têm que dar uma contribuição para os efeitos colaterais de um entretenimento que pode gerar dependência”, complementou.

    Diante do risco fiscal, líderes e deputados governistas no Congresso afirmam que o governo estuda um arsenal de medidas para recuperar a arrecadação prevista com a medida.

    Entre as possibilidades estão um novo decreto para ampliar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) -após o recuo parcial na tentativa de aumentar o imposto em determinadas operações- e a retomada de partes do texto rejeitado por meio de projetos de lei.

    O governo poderia tentar emplacar novamente a regra que limita o uso de créditos tributários para abater impostos a pagar ou ainda a tributação maior das bets, além das fintechs citadas por Lula. No entanto, esses temas podem enfrentar novas resistências no Congresso.

    Mas, até o momento, não há definição sobre o cardápio que será apresentado a Lula.

    Taxação BBB, de bancos, bets e bilionários, só é injusta para desinformados, diz Haddad

  • BTG propõe troca de ações para fechar capital do Banco Pan

    BTG propõe troca de ações para fechar capital do Banco Pan

    O BTG Pactual apresentou proposta para incorporar totalmente o Banco Pan e tirá-lo da Bolsa, oferecendo ações próprias em troca das do banco digital. A operação, que ainda depende de aprovações do Banco Central e dos acionistas, visa simplificar estruturas e reduzir custos operacionais.

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O BTG anunciou, em fato relevante divulgado nesta segunda-feira (13), uma proposta de incorporação completa do Banco Pan. O conglomerado financeiro oferecerá as próprias ações para tornar o banco digital uma subsidiária e tirá-lo da Bolsa.

    A proposta é de 0,2128 “unit” do BTG, composta por uma ação ordinária e duas preferenciais de classe A, para cada ação preferencial do Banco Pan. Isso representa um prêmio de mais de 30% sobre o preço atual do Pan, segundo o documento.

    Hoje, o BTG é o controlador do Pan e a operação visa incorporar a totalidade das ações circulantes. Os acionistas minoritários do Pan poderão exercer direito de retirada e vender de volta os papéis, se não concordarem com a operação.

    O processo requer aprovação dos acionistas das duas companhias em assembleias que devem ocorrer no prazo de quatro semanas. Ainda é necessária aprovação do Banco Central. O BTG pretende concluir a operação ainda em 2025.

    Segundo o conglomerado financeiro, a incorporação tem o objetivo de simplificar a estrutura, reduzir custos redundantes e unir produtos dos dois bancos.

    “A operação visa a consolidação, em uma única instituição financeira listada, de uma ampla e diversa gama de produtos para diferentes perfis de clientes, com consequente diversificação de portfólio, ganho de escala e eficiência, conferindo benefícios significantes para as companhias e seus acionistas”, afirma o BTG.

    O Pan é o antigo Banco PanAmericano, que era controlado pelo Grupo Sílvio Santos. Em 2009, 35% do capital total da instituição financeira foi vendido à Caixa Econômica Federal por R$ 739,3 milhões. O movimento foi autorizado pelo BC em meados de 2010.

    Poucos meses depois da aprovação, a autoridade monetária descobriu uma fraude de R$ 2,5 bilhões (nos valores da época) ao cruzar informações das carteiras de crédito do banco -cifra que mais tarde se revelaria muito maior, de R$ 4,3 bilhões.

    A descoberta levou a uma investigação interna e o Grupo Sílvio Santos -então controlador do Pan- conseguiu um empréstimo com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) como assistência financeira para cobrir a fraude.

    Em janeiro de 2011, Silvio Santos assinou a venda de sua parte no banco para o BTG Pactual, que tornou-se sócio da Caixa no negócio. Em 2021, a o banco estatal vendeu sua participação no Pan para o banco privado.

    A incorporação do Pan foi o segundo anúncio nesta segunda-feira de retirada de uma empresa da Bolsa. Mais cedo, a Gol convocou assembleia para ser incorporada por uma nova empresa fechada.

    BTG propõe troca de ações para fechar capital do Banco Pan

  • Corte de emendas pode ser maior que R$ 7 bi, mas depende de Lula, diz Haddad

    Corte de emendas pode ser maior que R$ 7 bi, mas depende de Lula, diz Haddad

    Haddad diz que discutirá com Lula medidas fiscais após retorno ao Brasil. Ministro da Fazenda afirmou que cortes em emendas parlamentares podem ultrapassar R$ 7 bilhões e que a decisão dependerá do cenário e da reunião com o presidente

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (14) que irá despachar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre medidas fiscais quando ele voltar ao Brasil.

    O presidente havia sinalizado uma reunião para esta quarta-feira (15) com ministros para discutir alternativas a medida provisória que aumentava impostos sobre bets, papéis isentos do agro e o outros. A medida perdeu a validade ao não ser votada pelo Congresso.

    O ministro disse que o montante a ser cortado de emendas parlamentares depende do cenário e da decisão de Lula, mas afirmou que pode ser até maior que R$ 7 bilhões.

    Corte de emendas pode ser maior que R$ 7 bi, mas depende de Lula, diz Haddad

  • Wells Fargo supera em lucro e receita no terceiro trimestre

    Wells Fargo supera em lucro e receita no terceiro trimestre

    Lucro do Wells Fargo cresce 10% no 3º trimestre e supera previsões de analistas. Banco americano registrou resultado de US$ 5,6 bilhões, impulsionado pela alta nas receitas e pela queda nas provisões para perdas de crédito, após o fim das restrições impostas pelo Fed

    O Wells Fargo teve lucro líquido de US$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre de 2025, acima dos US$ 5,1 bilhões do igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta terça-feira, 14. O lucro diluído por ação do banco americano ficou em US$ 1,66, superando a previsão de analistas compilados pela FactSet, de US$ 1,55.

    A receita subiu 5,25% na mesma comparação, a US$ 21,44 bilhões, vindo levemente acima do consenso da FactSet, de US$ 21,14 bilhões.

    As provisões para perdas com crédito somaram US$ 681 milhões no terceiro trimestre, queda de 36% em relação a um ano antes.

    Este foi o primeiro trimestre completo em que o Wells esteve livre do limite de ativos que o Federal Reserve (Fed) impôs em 2018 como punição pelo escândalo das contas falsas. O Fed levantou o limite de ativos no início de junho, pouco antes do final do segundo trimestre.

    Por volta das 7h58 (de Brasília), a ação do Wells Fargo subia 1,77% no pré-mercado de Nova York.

     

    Wells Fargo supera em lucro e receita no terceiro trimestre

  • Com ajuda a Milei, Trump aposta em reduzir influência chinesa na Argentina

    Com ajuda a Milei, Trump aposta em reduzir influência chinesa na Argentina

    O encontro entre Javier Milei e Donald Trump na Casa Branca marca uma nova etapa da aproximação entre Argentina e Estados Unidos. A reunião deve reforçar o apoio americano ao governo argentino e faz parte da estratégia de Washington para conter a influência econômica da China na América Latina

    (FOLHAPRESS) – A foto que Javier Milei busca ao chegar aos Estados Unidos nesta terça-feira (14) para um encontro com Donald Trump na Casa Branca deve selar mais do que um apoio do presidente dos EUA ao governo da Argentina para as eleições legislativas daqui a duas semanas. A reunião pode representar um novo passo nas investidas americanas para frear a influência chinesa no país.

    Nas últimas semanas, os EUA sinalizaram um apoio de US$ 20 bilhões (R$ 110 bilhões) à Argentina, na forma de um swap (troca de moedas entre bancos centrais). O movimento, que surpreendeu analistas, serviu para respaldar o programa econômico do governo e dar um freio na crise cambial que o país latino vive às vésperas das eleições de 26 de outubro.

    Para o governo argentino, foi um gesto de socorro, que evitou que o país continuasse queimando dólares para controlar a escalada do câmbio. Já a Casa Branca tem expectativas em relação ao atual alinhamento de Milei ao governo de Trump, que encontra eco em outros países da região, como Paraguai, Equador e, em breve, a Bolívia, que terá um segundo turno entre candidatos de direita no próximo domingo (19).

    “Milei está empenhado em tirar a China da Argentina”, disse, sem meias-palavras, Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, em uma entrevista dada à TV americana na semana passada, em meio ao anúncio de que os americanos haviam comprado pesos argentinos no mercado.

    “A Argentina é uma referência na América Latina. O presidente Milei fez a coisa certa. Ele está tentando quebrar cem anos de um ciclo negativo. Não queremos um Estado falido na região”, explicou Bessent, em referência à Venezuela.

    Bessent alertou sobre o avanço das empresas chinesas e reiterou a necessidade de reforçar alianças com países que tenham modelos econômicos capitalistas fortes. Ele mencionou que a presença da China se dá principalmente por investimentos em recursos naturais encontrados na Argentina, como terras raras e urânio, e acredita que as empresas privadas dos EUA podem ser aliadas no desenvolvimento desses setores.

    Economistas críticos ao alinhamento de Milei destacam que ele pode não ser vantajoso, já que os Estados Unidos competem com produtos exportados pelos argentinos, como grãos e carnes, enquanto a China é um cliente do qual o país não pode abrir mão. Representantes de agricultores dos Estados Unidos também criticam o apoio de Trump aos competidores.

    No ano passado, os principais produtos argentinos vendidos aos chineses foram carnes, grãos, produtos químicos orgânicos e compostos de terras raras; no sentido oposto, compraram máquinas e equipamentos, produtos químicos e automóveis.

    A resposta chinesa a Bessent foi dura. No sábado (11), a embaixada do país asiático na Argentina publicou uma nota em que criticou as declarações feitas por Bessent, chamando-as de “provocativas” e alegando que refletem uma mentalidade da Guerra Fria.

    Eles acusam os Estados Unidos de realizar ações de “hegemonia e intimidação” e de intervenções nos assuntos de outras nações. “São palavras que só parecem fortalecer um espírito de confronto e intervencionismo nos assuntos de outras nações soberanas.”

    A diplomacia chinesa destacou que o país mantém um swap anterior, de cerca de US$ 18 bilhões (R$ 98,3 bilhões), com o BCRA (Banco Central da República Argentina) e investimentos em diferentes províncias. A embaixada enfatizou que a cooperação da China beneficia o desenvolvimento econômico e social da América Latina, ao contrário das tentativas dos EUA de impor controle na região.

    “Os países da América Latina e do Caribe têm o direito de escolher, de forma independente e livre, qual é o seu caminho de desenvolvimento e quem são seus parceiros de cooperação. Diante dessa situação, seria melhor que os Estados Unidos parassem de semear discórdia e criar problemas onde não existem, para dar contribuições mais reais ao desenvolvimento da região que afirmam defender”, escreveu a embaixada.

    O investimento direto chinês na Argentina flutuou nos últimos anos, seja por incertezas econômicas globais ou por crises internas no país vizinho. Em 2023, ano em que Milei foi eleito, o estoque total de investimentos foi de US$ 1,82 bilhão, enquanto o patamar máximo foi em 2021, de US$ 2,14 bilhões, segundo dados do governo chinês.

    Os aportes tiveram destinos variados, como a modernização de ferrovias -como a Belgrano e a San Martín- e outras obras de infraestrutura na Argentina. No setor de energia e mineração, os chineses têm investido na exploração de lítio e em projetos de energia renovável, como o parque solar Cauchari (em Jujuy), além de modernização agrícola.

    A Argentina ingressou na Iniciativa do Cinturão e Rota em 2022 e assinou um plano de cooperação em 2023, com foco em infraestrutura, energia e modernização industrial. A chegada de Milei ao poder esfriou os planos de entrada da Argentina nos Brics, apesar do convite patrocinado pelo presidente Lula.

    Um entrave para os planos do governo americano é que a Constituição argentina define que os recursos naturais são de domínio das províncias. O novo embaixador de Trump no país, Peter Lamelas, sabia disso ao defender a sua indicação no Senado americano, em julho. Ele disse que seu objetivo na Argentina seria “dialogar com os governadores e garantir que eles não façam acordos com os chineses”.

    Na época, líderes de diferentes províncias repudiaram o discurso, dizendo que as palavras de Lamelas atacavam a liberdade e a soberania da Argentina. “É inaceitável que um embaixador estrangeiro pretenda imiscuir-se nos assuntos internos de um país ao qual não é mais do que um visitante temporário”, disse Ricardo Quintela, governador de La Rioja.

    Com ajuda a Milei, Trump aposta em reduzir influência chinesa na Argentina

  • Caixa começa a oferecer crédito habitacional com novas regras

    Caixa começa a oferecer crédito habitacional com novas regras

    Medidas elevam limites e permitem uso do FGTS em imóveis mais caros; o pacote do governo federal inclui o aumento da cota máxima de financiamento para 80% do valor do imóvel

    A partir desta segunda-feira (13), a compra da casa própria está mais acessível. Entraram em vigor as novas regras da Caixa Econômica Federal para ampliar o acesso ao financiamento habitacional. 

    As medidas devem injetar R$ 20 bilhões no crédito imobiliário e, segundo o banco, financiar 80 mil novos imóveis até o fim do próximo ano.

    O pacote apoiado pelo governo federal inclui o aumento da cota máxima de financiamento para 80% do valor do imóvel e a elevação do teto de imóveis financiáveis pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

    As mudanças beneficiam especialmente famílias com renda mensal acima de R$ 12 mil, faixa até então com dificuldade para acessar crédito habitacional fora das taxas de mercado. 

    A redução da entrada destrava o acesso ao crédito para milhares de famílias que estavam próximas de obter o financiamento, mas não conseguiam juntar o valor inicial suficiente.

    Responsável por cerca de 70% dos financiamentos habitacionais do país, a Caixa será a principal instituição a operar o novo modelo, que ficará em fase de teste até o fim de 2026.

    Se o formato se revelar eficaz para ampliar a oferta de crédito imobiliário e reduzir custos, o funcionamento pleno está previsto para 2027.

    O que muda na prática?

    Antes das novas regras, o financiamento máximo era limitado a 70% do valor do imóvel. Com o retorno da cota de 80%, o comprador precisa dispor de uma entrada menor.

    Exemplo para um imóvel de R$ 500 mil:

    Regra antiga (70%): entrada de R$ 150 milRegra nova (80%): entrada de R$ 100 mil

    O que muda para quem usa o saldo do FGTS?

    O Sistema Financeiro da Habitação (SFH), criado para oferecer condições especiais e juros menores, também passou por atualização.

    O novo teto de R$ 2,25 milhões amplia o alcance das regras que permitem usar o saldo do FGTS como parte do financiamento.

    Agora, imóveis de valor mais alto podem ser adquiridos com juros regulados e benefícios antes restritos a faixas de preço menores.

    Como usar o FGTS em financiamentos habitacionais:

    como entrada, reduzindo o valor a ser financiado;para amortizar o saldo devedor, diminuindo parcelas ou prazo;para pagar parte das prestações, aliviando o orçamento mensal.

    Outras dúvidas comuns

    O FGTS pode ser usado para financiar qualquer imóvel?

    Sim, desde que o valor do imóvel não ultrapasse R$ 2,25 milhões e o financiamento seja feito dentro do SFH.

    Quem pode se beneficiar?

    As novas condições foram pensadas para famílias de classe média, com renda acima de R$ 12 mil mensais. Os compradores com renda inferior a esse valor continuam contemplados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, voltado à habitação popular.

    As regras valem para imóveis novos e usados?

    Sim. As condições se aplicam tanto para imóveis novos quanto usados, desde que o valor esteja dentro dos limites do SFH.

    Preciso ser cliente da Caixa para financiar?

    Não. Qualquer pessoa que atenda aos requisitos de renda, comprovação de capacidade de pagamento e documentação pode pedir o financiamento.

    Como saber quanto posso financiar?

    A Caixa oferece um simulador em sua página na internet que estima o valor do crédito e das parcelas de acordo com a renda familiar e o perfil do comprador.

    Que passos devo seguir para pedir o financiamento habitacional?

    Reunir documentos: comprovantes de renda, identidade e declaração de imposto de renda.Fazer simulação online no site da Caixa.Procurar uma agência com os dados em mãos para negociar o financiamento.

    O que muda no uso de recursos da poupança?

    Regras atuais:

    65% dos recursos depositados na poupança são obrigatoriamente destinados ao crédito habitacional;20% são retidos pelo Banco Central, como depósito compulsório;15% permanecem livres para outras operações dos bancos.

    Período de transição, de 2025 até janeiro de 2027:

    Percentual de depósitos compulsórios cairão de 20%, para 15%. A diferença, de 5 pontos percentuais, será aplicada no novo modelo.

    Depois do período de transição, a partir de janeiro de 2027:

    Fim da obrigação de os bancos destinarem 65% dos depósitos da poupança ao crédito habitacional;Depósitos compulsórios no Banco Central serão extintos;Até 100% do dinheiro aplicado na poupança poderá ser usado no crédito habitacional.

    Caixa começa a oferecer crédito habitacional com novas regras