Categoria: ECONOMIA

  • INSS repassou quase R$ 400 milhões em três anos a investigada em CPI

    INSS repassou quase R$ 400 milhões em três anos a investigada em CPI

    Relatório mostra transferências milionárias entre contas da própria titularidade; entidade foi procurada por telefone e e-mail, mas não respondeu

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos) recebeu R$ 394,5 milhões de repasses do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) entre 2023 e abril deste ano, de acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

    O documento, obtido pela reportagem, levanta suspeitas sobre o volume das transações e aponta movimentações com indícios de atipicidade.

    O levantamento do Coaf mostra que a entidade, uma das principais investigadas no caso dos descontos irregulares em aposentadorias do INSS, fez transações milionárias para contas da própria titularidade. Também indica transferências para empresas ligadas a Maurício Camisotti, apontado como possível beneficiário do esquema de desvios.

    A reportagem procurou a Ambec por telefone e por e-mail ao longo de terça-feira (7), mas não foi respondida. A defesa de Camisotti negou irregularidades.

    A Ambec passou a ser nacionalmente conhecida neste ano, depois da operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União), em abril, contra entidades e empresas que teriam se beneficiado de descontos irregulares em benefícios previdenciários.

    As entidades tinham acordos com a Previdência para fazer descontos diretamente em benefícios, desde que autorizados pelos beneficiários, normalmente em troca de algum serviço. Os descontos, porém, estariam sendo realizados sem a anuência dos aposentados e pensionistas.

    O relatório elaborado pela PF na época da operação aponta a Ambec como a entidade que mais cresceu, proporcionalmente, no volume de descontos de 2021 para 2022. “Estrondosos 11.092.533% [de aumento], passando de R$ 135 arrecadados em 2021, para R$ 14.975.055 em 2022”, afirma o texto.

    O período analisado é anterior ao coberto pelo relatório do Coaf obtido pela reportagem, mas o documento da PF afirma que houve novo aumento nos anos seguintes.

    O relatório do Coaf obtido pela reportagem mostra que a Ambec recebeu R$ 242,4 milhões do Fundo do Regime Geral de Previdência Social entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, R$ 23,4 milhões entre setembro e novembro de 2024 e R$ 128,7 milhões entre novembro de 2024 e abril de 2025. O crédito de R$ 23,4 milhões foi em um único depósito.

    O principal destino do dinheiro vindo do INSS, recebido pela Ambec em uma conta no Bradesco, foi outra conta da própria entidade no Itaú. Entre agosto de 2023 a abril de 2024, por exemplo, essa segunda conta recebeu R$ 112,9 milhões da primeira. Entre janeiro e junho de 2025, foram R$ 82,6 milhões em transações com essa origem e esse destino.

    Em um trecho do relatório, o Coaf afirma que “o faturamento não ampara a movimentação” de recursos.

    “Chama atenção a movimentação financeira apresentar-se incompatível com a capacidade financeira da cliente, considerando faturamento e o volume transacionado a crédito no período analisado, o que pode indicar que cliente tenha parte de sua renda na informalidade e/ou recursos transacionados sejam provenientes de atividade não declarada, além da possibilidade de favorecimento tributário/ocultação fiscal”, escreveu o órgão.

    Em outra parte do documento, o Coaf aponta “existência de contas que apresentem créditos e débitos com a utilização de instrumentos de transferência de recursos não característicos para a ocupação ou o ramo de atividade desenvolvida pelo cliente”.

    Parte das empresas que mais receberam da Ambec tem alguma ligação com Maurício Camisotti, segundo o relatório da PF. No documento, ele é mencionado como possível beneficiário final do esquema de descontos irregulares e como alguém que tinha influência sobre a entidade.

    Os relatórios do Coaf analisados pela reportagem apontam para R$ 59,9 milhões pagos à Rede Mais Saúde, administrada pelo filho de Camisotti, Paulo Otávio Montalvão Camisotti. Também há R$ 16,1 milhões repassados à Prospect Consultoria Empresarial, de Antonio Carlos Camilo Antunes.

    Antunes é apontado pelos investigadores como operador do esquema de descontos irregulares. Ele ficou conhecido como “Careca do INSS” e se tornou um dos nomes mais famosos do escândalo.

    O investigado prestou depoimento à CPI no fim de setembro e negou irregularidades. “A Prospect sempre pautou sua atuação dentro dos limites da legalidade”, disse ele.

    Camisotti disse, por meio de sua defesa, sua empresa prestou serviços administrativos e tecnológicos para a Ambec, sem participar das captação ou gerenciamento dos associados. “O empresário reforça que nunca obteve qualquer vantagem indevida, o que será provado por sua defesa”, afirmou a defesa em nota.

    A Rede Mais Saúde afirmou, por meio de nota, que os recursos recebidos foram em troca de prestações de serviços, “tais como descontos em consultas e exames, telemedicina e outros serviços de saúde”. Também disse que cancelou os contratos com a Ambec depois da operação da Polícia Federal.

    Tanto Antunes quanto Camisotti estão presos desde 12 de setembro. A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) validou a prisão, decretada sob o argumento de que os dois tentavam frustrar as investigações sobre os descontos em benefícios previdenciários.

    INSS repassou quase R$ 400 milhões em três anos a investigada em CPI

  • Custo da cesta básica cai em 22 capitais em setembro

    Custo da cesta básica cai em 22 capitais em setembro

    Tomate, arroz, batata e café em pó puxaram quedas, de acordo com pesquisa da Conab e Dieese. Fortaleza, Palmas, Rio Branco e São Luís registram maiores reduções

    O valor do custo dos alimentos básicos, a chamada cesta básica, teve redução em 22 das 27 capitais brasileiras entre agosto e setembro. As reduções mais expressivas ocorreram em Fortaleza (-6,31%), Palmas (-5,91%), Rio Branco (-3,16%), São Luís (-3,15%) e Teresina (-2,63%). A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos foi divulgada nesta quarta-feira, 8 de outubro, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)

    “A redução do custo da cesta básica em boa parte das capitais é sinal importante de que as políticas do Governo do Brasil de abastecimento e apoio à produção de alimentos estão funcionando”, disse Edegar Pretto, presidente da Conab.

    Em setembro, os menores valores médios da cesta básica foram registrados em Aracaju (R$ 552,65), Maceió (R$ 593,17), Salvador (R$ 601,74), Natal (R$ 610,27) e João Pessoa (R$ 610,93), cidades das regiões Norte e Nordeste que têm composição diferente da cesta. O maior custo ficou em São Paulo (R$ 842,26). 

    “A redução do custo da cesta básica em boa parte das capitais é sinal importante de que as políticas do Governo do Brasil de abastecimento e apoio à produção de alimentos estão funcionando. A Conab e o Dieese trabalham para garantir transparência nos preços e contribuir com ações que assegurem comida de qualidade e a preços justos na mesa das famílias brasileiras”, afirma o presidente da Conab, Edegar Pretto.

    TOMATE – O tomate teve queda em 26 capitais entre agosto e setembro, com variações de -47,61% em Palmas a -3,32% em Campo Grande. O aumento da oferta, resultado da colheita da safra nacional, ajudou a reduzir os valores no varejo. Apenas Macapá registrou alta (4,41%).

    ARROZ – O arroz agulhinha ficou mais barato em 25 das 27 cidades, com destaque para Natal (-6,45%), Brasília (-5,33%) e João Pessoa (-5,05%). Mesmo com as exportações aquecidas, o recorde de produção da safra 2024/25 manteve o excedente interno elevado, o que reduziu as cotações. A única alta ocorreu em Vitória (1,29%), e o preço se manteve estável em Palmas.

    AÇÚCAR – O preço do açúcar caiu em 22 capitais, com variações de -17,01% em Belém a -0,26% em São Luís. O aumento da produção nas usinas paulistas e a previsão de maior oferta na Ásia provocaram queda nos preços externos e, consequentemente, no mercado interno. Apenas em Goiânia (0,51%) e João Pessoa (0,49%) o preço médio subiu.

    CAFÉ – O café em pó caiu em 14 capitais. As maiores reduções ocorreram no Rio de Janeiro (-2,92%) e em Natal (-2,48%). Apesar da valorização internacional do grão, os preços elevados nos supermercados inibiram a demanda, reduzindo as cotações médias. As maiores altas foram em São Luís (5,10%) e em Campo Grande (4,32%).

    BATATA – No caso da batata, coletadas nas cidades do Centro-Sul, em dez capitais o produto ficou mais barato, com reduções do valor médio entre -21,06% em Brasília e -3,54% em Porto Alegre. A queda se deve à maior oferta, com o avanço da colheita da safra de inverno. Só Belo Horizonte apresentou elevação (3,07%).

    CARNE BOVINA – Já na carne bovina de primeira, as quedas mais acentuadas ocorreram em Macapá (-2,41%), Natal (-1,13%) e São Luís (-1,03%). A estiagem limitou a oferta, enquanto a baixa demanda impediu altas mais generalizadas. O produto subiu em 16 capitais e caiu em 11. A maior alta foi registrada em Vitória (4,57%).

    TRIMESTRE – O estudo trouxe ainda o recorte entre julho e setembro de 2025, que indicou queda no preço dos alimentos em 25 das 27 cidades em que é feito o levantamento no período. A capital que apresentou maior queda foi Fortaleza, com -8,96%, com a cesta passando de R$ 738,09 em julho para R$ 677,42 em setembro, R$ 60,67 a menos. São Luís/MA (-6,51%), Recife/PE (-6,41%) e João Pessoa/PB (-6,07%) aparecem na sequência. Nos últimos três meses analisados, as duas únicas capitais que apresentaram alta foram Macapá/AP (+0,94%) e Campo Grande (+0,63%).

    PARCERIA – A coleta de preços de alimentos básicos foi ampliada de 17 para 27 capitais brasileiras em 2025, resultado da parceria entre a Conab e o Dieese. A iniciativa reforça a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e a Política Nacional de Abastecimento Alimentar. Os primeiros resultados com todas as capitais começaram a ser divulgados em agosto de 2025, com base nos dados de julho.

    Custo da cesta básica cai em 22 capitais em setembro

  • BMW reduz previsão de lucros para o ano em meio a dificuldades na China

    BMW reduz previsão de lucros para o ano em meio a dificuldades na China

    A BMW revisou para baixo sua projeção de lucros em 2025 devido à queda na demanda na China, seu principal mercado. Apesar do crescimento nas vendas na Europa e nos EUA, a montadora alemã prevê menor rentabilidade e fluxo de caixa reduzido neste ano

    A BMW reduziu sua previsão de lucratividade para o ano, já que a fabricante alemã de carros continua enfrentando uma demanda fraca na China. O grupo, que abriga sua marca homônima, bem como as marcas Mini e Rolls-Royce e um negócio de motocicletas, disse na terça-feira que os volumes de vendas cresceram na Europa e nas Américas nos primeiros nove meses do ano, mas não na China.

    A empresa afirmou que as entregas de veículos aumentaram 8,8% globalmente, totalizando 588.300 unidades no terceiro trimestre, com um crescimento de 25% nos EUA e 9,3% na Europa, mas uma queda de 0,4% na China. A BMW disse que estava reduzindo suas previsões de volume para o mercado chinês no quarto trimestre.

    A empresa também mencionou que uma redução nas comissões dos bancos chineses para concessionárias pela intermediação de produtos financeiros e de seguros para clientes pesaria sobre a lucratividade.

    A BMW espera que os lucros antes dos impostos diminuam ligeiramente este ano em relação aos 10,97 bilhões de euros (US$ 12,85 bilhões) em 2024. Enquanto isso, o fluxo de caixa livre em seu segmento automotivo deve ficar acima de 2,5 bilhões de euros este ano, em comparação com uma estimativa anterior acima de 5 bilhões de euros.

    O grupo Mercedes-Benz relatou ontem uma queda de 12% nas vendas trimestrais, culpando os desafios no mercado chinês, bem como o impacto das tarifas dos EUA.

    A BMW publicará os resultados do terceiro trimestre em 5 de novembro.

    BMW reduz previsão de lucros para o ano em meio a dificuldades na China

  • Gripe aviária: Agricultura prorroga estado de emergência zoossanitária por 180 dias

    Gripe aviária: Agricultura prorroga estado de emergência zoossanitária por 180 dias

    O governo federal prorrogou por mais 180 dias o estado de emergência zoossanitária no Brasil devido à gripe aviária. Embora o País siga livre da doença em plantéis comerciais, já foram registrados 185 casos em aves silvestres e criações domésticas desde 2023

    O Ministério da Agricultura prorrogou por 180 dias o estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional em virtude da detecção de gripe aviária em aves silvestres no País. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. O estado de emergência em decorrência da H5N1 em aves no País foi decretado inicialmente em 22 de maio de 2023, também por 180 dias, mas vem sendo estendido sucessivamente. A última prorrogação foi feita em 4 de abril deste ano.

    O Brasil está livre de gripe aviária em plantel comercial desde o fim de junho. No total, o País já registrou 185 casos da doença em animais silvestres no País (sendo 172 em aves silvestres), 12 focos em produção de subsistência, de criação doméstica, e um em produção comercial.

    Até o momento, apenas um caso de gripe aviária (influenza aviária de alta patogenicidade, H5N1) foi confirmado em maior em granja comercial no País, em Montenegro, em um matrizeiro de aves na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – foco já encerrado. Os dados constam na plataforma de acompanhamento de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura.

    Gripe aviária: Agricultura prorroga estado de emergência zoossanitária por 180 dias

  • Dólar fecha em alta com MP de aumento de impostos em foco; Bolsa tem forte queda

    Dólar fecha em alta com MP de aumento de impostos em foco; Bolsa tem forte queda

    Investidores também repercutiram fala de Haddad de que proposta de tarifa zero no transporte está sendo estudada; valorização da moeda americana acompanha exterior e reflete preocupação fiscal

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em alta de 0,75%, cotado a R$ 5,350, nesta terça-feira (7), com investidores atentos à votação da MP 1.303 no Congresso, que define medidas de compensação para o recuo na cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

    A movimentação acompanhou o cenário internacional, com o índice DXY -que mede o desempenho da divisa americana ante outras moedas- registrando alta de 0,52%.

    A Bolsa, por outro lado, teve forte queda de 1,56%, a 141.356 pontos, com as ações da MRV liderando as perdas do pregão após a geração de caixa do 3º trimestre frustrar analistas.

    Durante o dia, o mercado também repercutiu a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre tarifa zero no transporte público.

    O mercado doméstico acompanhou às negociações envolvendo a MP 1.303. A votação na comissão, que estava prevista para a manhã desta terça-feira (7), foi adiada para a tarde.

    A MP perde validade nesta quarta-feira (8) e precisa ser aprovada na comissão especial mista, no plenário da Câmara e no plenário do Senado.

    Segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), não há acordo para a votação da MP e o governo teme que a proposta perca validade e, com isso, se perca a previsão de arrecadação de R$ 35 bilhões até 2027.

    Mais cedo, o relator da MP (Medida Provisória), o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) tirou da proposta o aumento de imposto sobre bets (casas de apostas).

    Em entrevista no programa Bom Dia, Ministro, no Canal Gov, pela manhã, Fernando Haddad disse não acreditar que a medida provisória perderá validade. “Eu acredito que a negociação está indo bem”, afirmou.

    Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o mercado financeiro apresentou volatilidade com a incerteza envolvendo a MP. “[Os principais motivos] são a questão fiscal e a votação da MP 1.303. O governo prevê perda de arrecadação e teria que compensar com a medida provisória, porém o aumento de cobranças está gerando desconforto”, diz.

    Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o governo terá que aceitar concessões para aprovar a medida, e deve arrecadar menos do que esperava. “A arrecadação menor trará mais dificuldades para o governo se manter dentro do arcabouço, e isso piora a perspectiva fiscal brasileira”.

    Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, diz que o cenário é de cautela diante das discussões fiscais ainda incertas. “Isto elevou a percepção de risco e penalizou os ativos locais -com queda na Bolsa, alta nos juros e valorização do dólar frente ao real”.

    A MP foi publicada pelo governo Lula (PT) para compensar um recuo do Executivo na tentativa de aumentar o IOF. A previsão é de que a medida gere uma arrecadação para 2026 de R$ 17 bilhões, caso aprovada.

    Os investidores também estiveram receosos com o debate envolvendo a tarifa zero de ônibus. Em entrevista nesta manhã, Haddad afirmou que a proposta deve integrar a campanha de reeleição do presidente Lula em 2026.

    Segundo Haddad, um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento. “Nós estamos fazendo, neste momento, uma radiografia do setor a pedido do presidente Lula. Ele sabe que esse tema é importante para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a mobilidade urbana”, disse Haddad.

    Para Mattos, da StoneX, o fato de o Ministério da Fazenda estudar a proposta aumentou a percepção de risco no mercado. “Há um temor de que o governo federal tente expandir gastos públicos antes das eleições de 2026, o que também poderia prejudicar a sustentabilidade da dívida nacional”, afirma.

    Também nesta manhã, Haddad afirmou que espera se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta semana. O ministro vai a Washington participar de reuniões do G20, do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

    “Pode ser que nós encontremos espaço para uma nova conversa com Scott Bessent”, afirmou durante entrevista ao Canal Gov. “Devo fazer até o final da semana um movimento para saber da disponibilidade, do interesse.”

    Na segunda-feira (6), os presidentes Lula e Donald Trump conversaram por telefone sobre economia e comércio.

    Trump classificou o diálogo como “muito bom”, em postagem na rede Truth Social. “Teremos mais conversas e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Gostei muito da ligação. Nossos países irão prosperar juntos!”, escreveu.

    Ambos líderes concordaram em realizar uma reunião presencial em breve, e Lula sugeriu a cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), no fim de outubro na Malásia, como uma opção. Lula também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos.

    No cenário internacional, o shutdown do governo americano continuou no radar dos investidores. Congressistas não resolveram um impasse sobre o orçamento federal americano e, desde a última quarta-feira (1º), agências federais dos EUA estão paralisadas.

    “O dólar tem ganhado força pela percepção de risco. A paralisação tem gerado instabilidade e levado investidores a buscarem ativos mais seguros, como dólar e treasury”, diz Cristiane, economista-chefe do Ouribank.

    O mercado estima que o shutdown pode impactar o ciclo de cortes de juros nos EUA. Com a paralisação, a divulgação de novos dados oficiais está suspensa. O relatório de emprego “payroll”, por exemplo, estava previsto para sexta-feira passada e foi adiado indefinidamente.

    À medida que a reunião de política monetária no final do mês se aproxima, marcada para os próximos dias 28 e 29, as autoridades do Fed continuam sem acesso às estatísticas essenciais para tomar uma decisão.

    Na última reunião do banco central, em setembro, que reduziu a taxa dos EUA pela primeira vez no ano, a maioria das autoridades do banco central americano previu cortes de 0,25 ponto percentual nas reuniões deste mês e de dezembro.

    Dólar fecha em alta com MP de aumento de impostos em foco; Bolsa tem forte queda

  • Renan Calheiros vira relator do Imposto de Renda, critica Câmara e prevê aprovação em 30 dias

    Renan Calheiros vira relator do Imposto de Renda, critica Câmara e prevê aprovação em 30 dias

    Senador reclamou de uso da proposta como chantagem para avançar com anistia; Davi Alcolumbre justificou escolha por colega já ter tratado do tema anteriormente

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), decidiu dar a relatoria do projeto de lei que garante isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 por mês a Renan Calheiros (MDB-AL), que prevê votar e aprovar o texto em até 30 dias.

    Calheiros criticou a Câmara dos Deputados por permitir que a proposta fosse usada para pressionar o governo Lula (PT) e como chantagem para tentar avançar com a pauta da anistia golpistas de 8 de janeiro.

    Por isso, o relator afirmou que tentará fazer mudanças apenas de redação e de supressão na proposta, para que então ela não precise voltar aos deputados e vá direto à sanção da Presidência da República.

    Alcolumbre também aproveitou o momento para voltar a criticar o debate de pautas que, segundo ele, só respondem a interesses políticos, não da população. Ele acrescentou que a votação será feita apenas na Comissão de Assuntos Econômicos e no Plenário.

    Calheiros, que ainda neste ano foi relator de outro projeto de isenção do IR que foi aprovado no Senado, prevê a realização de quatro audiências públicas antes da deliberação da proposta, que deve acontecer em cerca de 30 dias.

    O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 1º, por unanimidade, após uma tramitação mais longa, que levou seis meses e meio. O Senado terá que ser mais ágil, já que o projeto precisa ser aprovado e enviado à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda em 2025.

    Além de promessa da última campanha, a isenção do IR também é a principal aposta do PT para alavancar a popularidade de Lula em ano eleitoral. A medida ainda inclui um desconto no imposto de quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350 mensais.

    Hoje, na prática, a isenção já é de até R$ 3.036 por mês. A faixa de isenção da tabela é de R$ 2.428,80 mensais, mas a Receita aplica automaticamente um desconto simplificado de R$ 607,20 que zera o IR de quem ganha até dois salários mínimos (R$ 3.036 em 2025).

    Ao todo, a desoneração da base da pirâmide de renda deve beneficiar até 16 milhões de contribuintes a um custo de R$ 31,2 bilhões no ano que vem, segundo o relator do projeto na Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

    Para compensar a perda desses recursos, o governo propôs a criação de um imposto mínimo de até 10% sobre a alta renda. O alvo da medida são 141 mil contribuintes que recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5% -abaixo do que pagam profissionais como policiais (9,8%) e professores (9,6%).

    A alíquota efetiva reflete a proporção de impostos recolhidos em relação à renda total. Embora a tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) preveja cobranças de até 27,5%, a legislação tem uma série de deduções (como despesas médicas) e rendimentos isentos (como dividendos de empresas), que servem para reduzir o peso do tributo.

    Pela proposta, o chamado imposto mínimo será cobrado progressivamente de quem ganha a partir de R$ 50 mil mensais (cerca de R$ 600 mil anuais), sempre que a cobrança regular tiver ficado abaixo do piso estipulado. O mínimo de 10% vale para rendas a partir de R$ 1,2 milhão ao ano, e a cobrança será feita pela diferença: se o contribuinte já recolheu 2,5%, o imposto devido será equivalente aos outros 7,5%.

    Renan Calheiros vira relator do Imposto de Renda, critica Câmara e prevê aprovação em 30 dias

  • Brasil aumenta exportação de soja para a China, ocupando lugar dos EUA

    Brasil aumenta exportação de soja para a China, ocupando lugar dos EUA

    País asiático suspendeu compra de grãos norte-americanos; em contrapartida, o Brasil virou o principal fornecedor do grão ao gigante asiático

    A guerra comercial entre Estados Unidos e China impulsionou a soja brasileira no país asiático. De junho a agosto, o país asiático suspendeu a compra do grão norte-americano, dando preferência a outros fornecedores, como o Brasil e a Argentina.

    A conclusão está em um levantamento da American Farm Bureau Federation (Federação Americana de Escritórios Agrícolas, em inglês). Maior entidade representativa do setor agrícola no país, a federação engloba 6 milhões de produtores rurais estadunidenses.

    Segundo o levantamento, divulgado na página da entidade, as importações chinesas de soja norte-americana despencaram para o menor nível histórico em 2025. Em contrapartida, o Brasil virou o principal fornecedor do grão ao gigante asiático.

    Entre janeiro e agosto de 2025, a China importou apenas 5,8 milhões de toneladas de soja americana, contra 26,5 milhões no mesmo período do ano passado, queda de quase 80%. De junho a agosto, apontou o relatório, os Estados Unidos não embarcaram “virtualmente nada” de soja para a China, e o país asiático não comprou nenhuma nova colheita para a safra do próximo ano.

    Em contrapartida, o Brasil exportou mais de 77 milhões de toneladas do produto para o mercado chinês no mesmo intervalo. No mesmo período, a Argentina ampliou as vendas de soja após suspender o imposto de exportação, restituindo o tributo após o valor exportado ultrapassar US$ 7 bilhões.

    Segundo a Federação Americana de Escritórios Agrícolas, a retração não é pontual e resulta da política de diversificação de fornecedores implementada há anos pela China. Desde 2018, quando o primeiro governo de Donald Trump iniciou a guerra comercial, o país asiático deixou de dar prioridade aos agricultores estadunidenses, mesmo com a demanda interna chinesa em níveis recordes.

    Outros produtos

    Os impactos dessa reconfiguração comercial, aponta a entidade estadunidense, são profundos. Além da soja, as exportações norte-americanas de milho, trigo e sorgo para a China caíram a zero em 2025, e as vendas de carne suína e algodão seguem em ritmo reduzido.

    Segundo o levantamento, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos projeta que o valor total das exportações agrícolas para a China cairá para US$ 17 bilhões neste ano — 30% inferior a 2024 e mais de 50% abaixo de 2022. Para 2026, a estimativa é ainda menor: apenas US$ 9 bilhões, o menor patamar desde 2018.

    Ajuda governamental

    O governo Donald Trump prepara um novo pacote de ajuda financeira aos produtores rurais, semelhante ao concedido em 2019, quando mais de US$ 22 bilhões foram destinados ao setor durante a primeira guerra comercial com a China. “Usaremos os recursos das tarifas para apoiar nossos agricultores”, afirmou Trump em sua rede Truth Social. Paralelamente, o Tesouro norte-americano estuda medidas emergenciais para conter o déficit comercial agrícola.

    Além da guerra comercial, os agricultores estadunidenses sofrem com a queda do preço das commodities (bens primários com cotação internacional) e o aumento de custos logísticos, agravado pelo baixo nível das águas do Rio Mississippi. O próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que a renda agrícola do país caia 2,5% em 2025, atingindo o menor valor desde 2007.

    Brasil aumenta exportação de soja para a China, ocupando lugar dos EUA

  • Ex-diretor da Americanas fecha acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal

    Ex-diretor da Americanas fecha acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal

    Márcio Cruz é o quarto ex-executivo da varejista a fechar colaboração; ele é um dos 13 ex-funcionários denunciados pelo órgão em março sob acusação de fraude

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O escândalo contábil da Americanas teve uma nova delação. O ex-diretor estatutário Márcio Cruz Meirelles firmou acordo com o Ministério Público Federal.

    O conteúdo levado pelo ex-executivo será adicionado à denúncia que o órgão apresentou em março citando outros 12 ex-executivos e ex-funcionários, além do próprio Meirelles. Eles foram apontados pelo MPF como os responsáveis por fraudes calculadas pelos procuradores em pelo menos R$ 22,8 bilhões.

    Segundo o Ministério Público, as falas de Meirelles são complementares às outras delações do caso.

    Até agora, foram feitas três delações pelos ex-executivos Marcelo Nunes, Flávia Carneiro e Fabio Abrate.

    Entre os denucnados estão Miguel Gutierrez (ex-CEO da Americanas), Anna Saicali (ex-CEO da B2W) e os ex-vice-presidentes Thimoteo Barros e Marcio Cruz. Integram a lista também os ex-diretores Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Correa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira e Anna Christina da Silva Sotero.

    Ex-diretor da Americanas fecha acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal

  • Airbus A320 ultrapassa Boeing 737 como avião comercial mais vendido

    Airbus A320 ultrapassa Boeing 737 como avião comercial mais vendido

    Família com quatro modelos chegou a 12.260 entregas nesta terça, consolidando vantagem europeia; gigante americana ainda luta para sair de crise que envolveu versão mais nova de seu best-seller, a MAX

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Líder do mercado mundial de aviação civil, a fabricante europeia Airbus conseguiu mais uma vitória nesta terça-feira (7) contra sua arquirrival americana Boeing: os modelos da família A320 superaram o venerando 737 como o avião comercial mais vendido da história.

    O feito foi contabilizado pela empresa de análise de mercado britânica Cirium, referência no setor. Um A320neo entregue para a linha aérea saudita Flynas foi o 12.260º avião da série que começou a voar em 1988.

    No cômputo geral, modelos pequenos e militares lideram o ranking de aviões mais produzidos. O top 3 é composto pelo monomotor Cessna 172, com 44 mil unidades produzidas desde 1956, seguido pelo soviético Iliúchin-2 (36 mil) e o alemão Messerchmitt Bf-109 (35 mil), ambos da Segunda Guerra Mundial.

    Até aqui, o Boeing 737 reinava, tendo começado a ser operado 20 anos antes do que seu rival. Nem europeus, nem americanos se pronunciaram ainda sobre a troca de guarda. Ambos os aparelhos são modelos de um corredor, o esteio das linhas aéreas mundo afora, com capacidades semelhantes no mercado em torno de 150 passageiros.

    Ao ser anunciado como plano em 1981, o A320 causou ceticismo. O 737 dominava sozinho o mercado, tendo estabelecido uma nova forma para empresas lidarem com rotas de curto e média distância.

    O programa europeu previa, entre outras coisas, que o avião seria controlado pelo sistema fly-by-wire, literalmente voar por cabos -no caso, elétricos, que transmitem os comandos dados por um joystick na cabine de comando às superfícies de controle aerodinâmico do aparelho.

    A Boeing, por sua vez, só introduziu uma forma limitada do sistema na mais recente geração do 737, a Max, mas não de forma integral como os europeus. A iniciativa da Airbus gerou muita polêmica à época, com sindicato de pilotos se queixado de não ter mais os aviões “na mão”.

    A avião foi um sucesso, salvando a empresa criada em 1969 como um consórcio franco-alemão, que depois recebeu aportes britânicos e espanhóis. Sob pressões políticas dos governos e das então empresas aéreas estatais, a Airbus surgiu no mercado de modelos maiores com o A300, em 1974, visando fazer frente aos americanos.

    A opção quase foi redobrada na geração seguinte, mas a ideia de atacar o nicho do 737 prevaleceu, para sorte da empresa baseada em Blagnac (França).

    O A320 derivou quatro modelos básicos: os reduzidos A318 e A319, o próprio A320 e o A321. Em 2016, uma nova geração, a neo, passou a voar, mas nela o sucesso é da versão de maior capacidade, o A321, que com de 180 a 244 passageiros tem sido testada em linhas transoceânicas.

    A aposta deu certo: hoje 70% dos pedidos da família são do A321. Dominando a geração anterior, o A320 respondeu por cerca de 7.000 dos mais 12.200 aparelhos entregues até aqui. Ao todo, há hoje 7.128 encomedas dos modelos, ante 4.408 de 737.

    Há 375 operadores da família A320 no mundo, sendo que o maior é a American Airlines, com 486 aviões. No Brasil e América Latina, a Latam opera 286 aviões do tipo e a Azul, 59. O 737 é o modelo básico da Gol, com cerca de 140 aparelhos.

    A demanda maior hoje vem da Ásia, principalmente da China e da Índia, onde tanto os europeus quanto os americanos têm apostado suas fichas. O volume de tráfego aéreo disparou no continente, puxando a recuperação global depois do auge da pandemia de Covid-19, de 2020 a 2021.

    Para a Boeing, esse foi apenas um dos itens de seu inferno astral, que começa a dar sinais de arrefecimento neste ano.

    O principal envolveu justamente a engenharia do 737 Max. Diferentemente da Airbus, que desde o lançamento fez o A320 um aparelho com maior distância do solo para dar opções diferentes de motores para seus clientes, o Boeing refletia seu desenho dos anos 1960.

    Para colocar motores maiores e mais eficientes, teve de alterar o a posição deles nas asas e, com isso, mudou o centro de gravidade da aeronave. Compensou isso com um sistema de correção automático, mas o funcionamento complexo e a falta de treinamento para os primeiros clientes resultou em tragédia.

    Dois 737 Max caíram após a decolagem, matando 346 pessoas em 2018 e 2019. A frota do avião, então o best-seller mais rápido da história, foi colocada no chão por 20 meses, e o holofote sobre os processos produtivos da Boeing não parou de encontrar problemas.

    Após idas e vindas e dois presidentes, a empresa procura manter o rumo de saída de crise. Donald Trump tem ajudado, embutindo vendas da Boeing em negociações tarifárias com diversos países e dando à empresa um contrato multibilionário para a produção do caça de sexta geração do país.

    Enquanto isso, a Airbus segue na liderança global de entregas, tendo colocado no ar 766 aviões em 2024, ante 348 da Boeing. O duopólio em encomendas segue firme, com a brasileira Embraer vindo em terceiro lugar ainda dominando o mercado de aviões regionais, logo abaixo da classe do A320 e do 737, e com a ascensão de novos rivais como a chinesa Comac.

    Airbus A320 ultrapassa Boeing 737 como avião comercial mais vendido

  • Tarifaço prejudicou mais que beneficiou população dos EUA, diz Haddad

    Tarifaço prejudicou mais que beneficiou população dos EUA, diz Haddad

    Para ministro o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Brasil tem melhores argumentos para reverter taxas; “O povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço”, afirmou

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta terça-feira (7), que o Brasil vai oferecer os melhores argumentos econômicos para os Estados Unidos, nas negociações para reverter o tarifaço aos produtos brasileiros exportados para aquele país. O principal deles, segundo Haddad, é que a medida está encarecendo a vida do povo estadunidense.

    “O papel do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento [Indústria, Comércio e Serviços – MDIC] é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço. Eles estão com o café da manhã mais caro, eles estão pagando o café mais caro, eles estão pagando a carne mais cara, eles vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade no campo, também, da indústria”, disse Haddad, ao participar do programa Bom Dia Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação.

    Entre os produtos tarifados pelos Estados Unidos estão café, frutas e carnes. “Eles estão notando, de dois meses para cá, que as medidas mais prejudicaram do que favoreceram os Estados Unidos”, reforçou o ministro, ao relembrar que os Estados Unidos têm superávit comercial em relação ao Brasil e muitas oportunidades de investimento, sobretudo voltado para transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar.

    Tarifaço prejudicou mais que beneficiou população dos EUA, diz Haddad