Categoria: ECONOMIA

  • Veja o valor do salário mínimo previsto para os próximos quatro anos

    Veja o valor do salário mínimo previsto para os próximos quatro anos

    Projeções do governo apontam que o salário mínimo pode chegar a R$ 1.631 em 2026, com impacto direto em aposentadorias, pensões do INSS e benefícios sociais. Especialistas explicam descontos no valor líquido e diferenças em relação ao piso regional

    (FOLHAPRESS) – O salário mínimo nacional, que passa por reajustes anuais, está atualmente em R$ 1.518. O governo estima que em 2026 ele pode subir para R$ 1.631, segundo dados usados no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026, encaminhado ao Congresso Nacional no dia 29 de agosto. O valor representa um aumento de 7,45%. Para essa projeção, foi considerada a estimativa de inflação de 4,78%, segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento.

    Para os anos seguintes, o governo prevê, nas projeções enviadas no PLOA, um salário mínimo de R$ 1.725 em 2027, R$ 1.823 em 2028 e R$ 1.908 em 2029.

    Os valores exatos, no entanto, vão depender da inflação que for efetivamente registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do crescimento do país. O reajuste do piso leva em conta a inflação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no período de 12 meses até novembro do ano anterior, somada à variação do PIB de dois anos antes, limitada a 2,5%, devido à regra de ajuste fiscal do governo.

    O valor estimado para o piso de 2026 é R$ 1 maior do que a estimativa anterior, de R$ 1.630, enviada pelo Executivo com o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias), em 15 de abril deste ano.

    Segundo o governo federal, a análise orçamentária mostra que cada um real de aumento no salário mínimo gera um incremento de R$ 429,3 milhões ao ano nas despesas do governo e um aumento de R$ 7,4 milhões na arrecadação previdenciária, resultando em redução líquida de R$ 422 milhões no resultado do governo central de 2026.

    O salário mínimo pressiona os gastos do governo por ser a referência para benefícios previdenciários e sociais, funcionando como baliza para uma série de despesas obrigatórias do Poder Executivo.

    Aposentadorias e pensões do INSS, por exemplo, não podem ficar abaixo do salário mínimo. Sempre que há reajuste, quem recebe um benefício pelo piso também passa a ganhar o novo valor. Outro benefício atrelado ao piso nacional é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

    A previsão para o ano que vem ainda pode mudar ao longo deste ano, conforme variações na estimativa para a inflação e eventuais revisões do IBGE no desempenho do PIB de 2024.

    O ganho real (acima da inflação) será de até 2,5% do crescimento do PIB devido à limitação aprovada no fim do ano passado pelo Legislativo, no âmbito do pacote de medidas de contenção de gastos do ministro Fernando Haddad (Fazenda).
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    QUAL É O SALÁRIO MÍNIMO LÍQUIDO?

    Camila Pellegrino, sócia especialista em direito previdenciário do escritório Pellegrino & Galleti Advocacia, diz que se alguém recebe um salário mínimo (em 2025, R$ 1.518), há o desconto do INSS, com a alíquota mínima para o piso, de 7,5%. O Imposto de Renda não será descontado, pois o salário mínimo está abaixo da faixa mensal de isenção. Com o desconto do INSS, o salário líquido seria de R$ 1.404,15.

    Pode haver outros descontos legais conforme convenções ou normas específicas, como vale-transporte, vale-refeição ou alimentação, planos de saúde, entre outros.

    QUAL É A ALÍQUOTA DE DESCONTO DO INSS?

    Camila explica que a alíquota do INSS para empregados CLT é progressiva, variando conforme faixas de salário de contribuição. Para 2025, as faixas e alíquotas são:

    Faixa de salário de contribuição – Alíquota aplicável
    Até R$ 1.518,00 – 7,5%
    De R$ 1.518,01 até R$ 2.793,88 – 9%
    De R$ 2.793,89 até R$ 4.190,83 – 12%
    De R$ 4.190,84 até R$ 8.157,41 – 14%

    “Há também um teto de contribuição: para quem ganha acima de R$ 8.157,41, a base de contribuição fica limitada a esse teto. Ou seja, não se contribui sobre salário superior a esse valor para fins de INSS”, diz a advogada.

    QUE OUTROS DESCONTOS PODEM INCIDIR NO SALÁRIO?

    A especialista diz que alguns dos descontos que podem incidir, dependendo do contrato, da empresa ou da convenção coletiva são os seguintes:
    – Vale-transporte: pode descontar até 6% do salário base, se fizer uso do transporte fornecido pela empresa, nos termos da lei
    – Vale-refeição/alimentação: se houver convênio ou acordo, nem sempre obrigatório, pode haver desconto proporcional ou fixo
    – Plano de saúde ou plano odontológico: muitas empresas oferecem dependentes ou planos coletivos com desconto em folha
    Também pode haver descontos de seguro de vida e de pensão alimentícia se houver determinação judicial ou acordo.

    E O SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL?

    Além do salário mínimo nacional, que é o piso definido pelo governo federal e que vale para todo o Brasil, há também o salário mínimo regional, que pode ser aplicado em algumas regiões, estados ou categorias, desde que autorizado por lei estadual ou acordo.

    “A Constituição permite que estados ou regiões fixem salários mínimos locais superiores ao salário mínimo nacional, mas não inferiores”, destaca Camila.

    Desde 1º de julho, o salário mínimo no estado de São Paulo passou a contar com o valor de R$ 1.804. O reajuste, de 10% em relação ao piso anterior, foi sancionado em maio pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e assegurou um aumento real de cerca de 5% acima da inflação, segundo o governo estadual.

    SALÁRIO IDEAL PARA VIVER

    Todos os meses, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) calcula o salário mínimo ideal para uma família composta por dois adultos e duas crianças que consomem como adultos. Em agosto, esse valor foi de R$ 7.147,91.

    O cálculo parte do custo mensal da alimentação obtido na pesquisa da cesta básica. Patrícia Costa, economista do Dieese, explica que a metodologia considera a cesta básica de maior valor do país. Assume-se ainda que os gastos com alimentação correspondem a 35,78% do orçamento familiar, e a partir disso é estimado o salário que seria necessário para suprir as demais despesas.

    Veja o valor do salário mínimo previsto para os próximos quatro anos

  • Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

    Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

    Propostas em debate no Congresso trazem alterações no ingresso e progressão de carreira, mudanças salariais, revisão de benefícios e novas regras de gestão, afetando servidores, gestores e futuros concursados

    (FOLHAPRESS) – As propostas da reforma administrativa ainda não foram protocoladas no Congresso, mas o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que liderou o grupo de trabalho sobre o tema, já deu algumas sinalizações sobre o que deverá constar nos textos legislativos.

    Segundo as entrevistas do deputado, deverão ser apresentados uma PEC (proposta de emenda à Constituição), um projeto de lei complementar e pelo menos um projeto de lei ordinária.

    O tema foi discutido na quarta-feira (3) em uma comissão geral, uma sessão especial realizada no plenário para ouvir especialistas e parlamentares.

    O deputado tem dito que serão cerca de 70 medidas diferentes para dar mais produtividade ao Estado.
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    AS MUDANÇAS PROPOSTAS

    – 9 de agosto: Data provável do assassinato e esquartejamento de Brasília Costa, de acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
    – 13 de agosto: Braços humanos são localizados dentro de um saco de lixo no bairro Santo Antônio, na zona leste de Porto Alegre.
    – 20 de agosto: A mala com os restos mortais de Brasília Costa foi deixada no guarda-volumes da estação rodoviária de Porto Alegre por um homem grisalho e de óculos, usando luvas, boné e máscara. O suspeito teria informado um contato falso para a retirada.
    – 1º de setembro: Após relatos de mau cheiro vindo da bagagem, a equipe do guarda-volumes da rodoviária acionou a Brigada Militar. A mala foi removida para um local de descarte de lixo nas dependências da rodoviária para abertura, onde foi encontrado o tronco enrolado em plástico.
    – 2 de setembro: Caso é divulgado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A possibilidade de feminicídio foi levantada, ainda sem a confirmação da identidade da vítima.
    – 3 de setembro: Análise do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul confirmou que o tronco encontrado na mala na rodoviária tem o mesmo DNA dos membros encontrados no dia 13 de agosto.
    – 4 de setembro: O suspeito do crime, o publicitário Ricardo Jardim, foi preso em uma pousada na zona norte de Porto Alegre após a polícia identificá-lo com o uso de registros de câmeras de segurança e confirmar a presença de seu DNA no corpo da vítima.
    – 6 de setembro: Uma perna humana é localizada na praia de Ipanema, na zona sul da cidade.
    – 7 de setembro: Outra perna humana, cortada na altura do joelho e com fragmentos de uma calça jeans, é encontrada na orla do lago Guaíba no bairro Cristal, próximo ao centro de treinamentos do Grêmio e a cerca de 8 km de Ipanema.
    – 8 de setembro: O Instituto-Geral de Perícias confirmou a identidade da vítima como Brasília Costa, uma mulher natural de Arroio Grande, na região sul do estado, que trabalhava como manicure na zona norte de Porto Alegre.
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    MUDANÇAS NA FORMA DE INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO

    Parte das medidas são feitas para alterar o ingresso no serviço público. Uma das ideias é permitir a entrada já em níveis mais altos de carreira, outra é rever e tornar claras quais são os critérios para avaliar o desempenho durante o estágio probatório e uma terceira é diminuir o salário de entrada para que ele seja, no máximo, metade do topo da carreira.

    ESTÁGIO PROBATÓRIO

    Os primeiros três anos dos servidores públicos concursados são de estágio probatório, período em que, teoricamente, eles deveriam ser avaliados em relação à sua aptidão e capacidade para desempenhar o trabalho.

    Na prática, são poucos os servidores que não passam nesse estágio -segundo dados do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação), entre 2014 e 2024, os reprovados foram 0,19%.

    Com a reforma, deverá ser exigida avaliação de desempenho durante o estágio probatório. As regras e critérios para essa análise deverão ser mais claras.

    “Muitas vezes o instituto jurídico do estágio probatório não é usado plenamente”, diz o professor Fernando Coelho, da USP. O papel desse período inicial, diz ele, deveria ser complementar ao concurso, como se o servidor ainda estivesse participando do processo de recrutamento e seleção na carreira.

    A gestão de desempenho será mais clara e, caso o novo servidor não seja suficientemente produtivo, seja desligado.

    Se isso ocorrer, o estágio probatório deixará de ser uma peça de ficção, afirma Coelho. O fato de menos de 0,5% das pessoas serem reprovadas é um indicador de que, hoje, o estágio probatório não é aplicado efetivamente.

    INGRESSO EM NÍVEIS MAIS ALTOS

    Em alguns concursos, haverá vagas para ingresso em um nível intermediário de carreira, o que não existe hoje

    Cargos de burocracia de médio escalão seriam preenchidos dessa forma. “Há casos de executivos que estão há anos em cargos de comissão. Para eles, é preciso ter uma fase de avaliação de experiência executiva”, afirma Coelho.

    Já houve tentativas de fazer concursos desse formato, ele diz -em 2013 houve um para especialista em políticas públicas e gestão governamental nesses moldes, mas acabou sendo impugnado.

    REDUÇÃO DO SALÁRIO INICIAL

    O salário inicial da carreira terá que ser de, no máximo, 50% do salário final da carreira.

    Para Gustavo Tavares, professor do Insper, a redução pode ser uma medida válida, mas a efetividade depende de um sistema de gestão do desempenho que oriente promoções baseadas no mérito.

    “Só assim haverá a percepção de que o avanço na carreira e a conquista de melhores remunerações estão vinculados ao bom desempenho. Se a progressão continuar atrelada apenas ao tempo de serviço, corre-se o risco de gerar uma forte sensação de injustiça e desmotivação.”

    Segundo ele, o que está em jogo é menos a existência de bônus ou a redução do salário inicial e mais a construção de um sistema de gestão do desempenho que seja justo, transparente e capaz de diferenciar atuações.

    CONTRATOS TEMPORÁRIOS

    Hoje, em teoria, a contratação temporária só é permitida em situações excepcionais, como uma pandemia. Na prática, no entanto, é algo que se faz de forma recorrente.

    A reforma administrativa deverá trazer algumas regras para os temporários, como estabelecer um prazo máximo para os contratos e uma quarentena (a ideia é evitar que professores sejam demitidos no fim do ano e recontratados no início do ano letivo seguinte).

    O órgão que for contratar temporários deverá ter um processo seletivo com algumas regras para evitar nepotismo e apadrinhamento.

    Jessika Moreira, do Movimento Pessoas à Frente, afirma que isso dará alguns direitos mínimos aos temporários. “O governo tem que ser um exemplo de um bom empregador, e temporário não dever ser sinônimo de ‘precarizado’”, diz ela.

    Há muitos temporários nas redes municipais de educação, e, segundo ela, regulamentar esse tipo de contrato pode ter um impacto importante na qualidade do ensino.

    “Para os gestores, regulamentar dá mais segurança jurídica, pois haverá regras claras de bom uso dessa modalidade de contratação, que muitas vezes é necessária”, diz Moreira.

    CADASTRO DE TEMPORÁRIOS

    Outra proposta é criar um cadastro de contratos temporários para que os municípios que não conseguem fazer o processo seletivo possam recorrer aos nomes nessa lista.

    Moreira, do Movimento Pessoas à Frente, afirma que a gestão dos profissionais com um banco de dados a respeito deles é uma forma de permitir mais correspondência entre os perfis dos temporários e as necessidades do serviço público.

    O cadastro também dá mais transparência ao processo, ela afirma.

    MUDANÇAS PARA OS GESTORES

    A reforma administrativa que está sendo debatida no Congresso deverá trazer algumas mudanças para os gestores eleitos.

    A principal delas, que tem sido destacada pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), é que os governantes precisarão estabelecer metas com indicadores ao tomarem posse.

    Ele tem chamado isso de planejamento estratégico. “Vamos colocar na Constituição que todo chefe de governo tem que entregar um planejamento estratégico em 180 dias. Isso não é novidade, os candidatos têm obrigação [parecida] quando fazem registro de candidatura, eles têm que entregar documentos e plano de governo”, disse ele na Câmara dos Deputados em 3 de outubro.

    METAS

    Os chefes dos governos (municipal, estadual e da União) terão um prazo de 180 dias para estabelecer metas com indicadores que serão perseguidos durante os quatro anos de gestão.

    Segundo o Republica.org, esse tipo de planejamento estratégico é parte de uma gestão efetiva do desempenho do órgão. “É a partir dele que se desdobram as entregas necessárias de cada equipe. O ideal é que todos os órgãos fizessem seu planejamento anual, conectado, sempre que possível, de forma explícita aos instrumentos já existentes, como o PPA (Plano Plurianual), que é obrigatório e deve ser olhado de forma estratégica.”

    LIMITE DE NÚMERO DE SECRETÁRIOS EM CIDADES SEM RECEITA PRÓPRIA

    Segundo a professora da FGV Alketa Peci, grande parte dos municípios brasileiros tem forte dependência de transferências constitucionais e não sobrevivem com as receitas próprias, como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) ou ISS (Imposto sobre Serviços).

    Ela afirma que cerca de 30% dos municípios não conseguem se sustentar com recursos próprios e dependem dessas verbas para funcionar, e outros tantos dependem delas para suprir a maior parte de suas receitas.

    A proposta de limitar o número de secretários das prefeituras dessas cidades é melhorar a qualidade do gasto, diz ela.

    “A medida, buscaria, em outras palavras, reduzir o custo da máquina pública em municípios pequenos e altamente dependentes, coibir a proliferação de secretarias usadas como moeda política para cargos de confiança, já que há limites institucionais mais rígidos e criar um teto salarial proporcional que evite distorções em municípios onde secretários podem ganhar próximo a valores de grandes capitais, mesmo sem base fiscal correspondente.”

    LIMITE NO SALÁRIO DE DIRETORES EM ESTATAIS NÃO DEPENDENTES DO TESOURO

    Segundo Alketa Peci, professora titular da da FGV Ebape, hoje, as empresas estatais possuem regimes próprios de governança e, em muitos casos, os salários de seus diretores ultrapassam o teto constitucional.

    “A proposta de reforma busca impor uma restrição específica a esse grupo de empresas: aquelas que são autossustentáveis financeiramente, mas não possuem ações negociadas em Bolsa -e, portanto, não estão sujeitas a regras de governança mais rigorosas.”

    Os salários dos diretores serão limitados pelo teto constitucional.

    “A proposta representa um esforço de controle de custos em empresas que, embora não dependam diretamente do Tesouro, desempenham funções de interesse público”, diz a professora.

    No entanto, ela chama a atenção um risco: estatais, por sua natureza empresarial, devem manter certa proximidade com as práticas de mercado. “A limitação salarial pode reduzir a atratividade dos cargos, especialmente em áreas técnicas e estratégicas, nas quais o setor privado oferece remunerações significativamente mais altas. Nesse cenário, corre-se o risco de perder profissionais qualificados e comprometer a eficiência dessas organizações.”

    MUDANÇAS NA REMUNERAÇÃO

    O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) tem repetido que a reforma administrativa em discussão no Congresso não tem como objetivo fazer um ajuste fiscal.
    No entanto, de acordo com os pronunciamentos dele, há, sim, algumas alterações que devem implicar economia de recursos públicos.

    SUPERSALÁRIOS

    Supersalários são remunerações acima do teto constitucional, frequentemente burladas com a criação de “verbas indenizatórias” ou “auxílios” que, no papel, não são considerados salário.

    Além de serem pagamentos que excedem o máximo que a Constituição determina, são ainda valores sobre os quais não há cobrança de Imposto de Renda.

    A ideia da reforma administrativa é estabelecer critérios para definir o que é verba indenizatória e o que é remuneração.

    Cibele Franzese, professora de administração pública da FGV EAESP, diz que a questão é bem complexa porque, para ser implementada é preciso haver pacto entre Poderes. Caso contrário, ela diz, aparecerão novas formas de burlar o teto.

    Se a reforma conseguir disciplinar os supersalários, ela diz haverá uma economia “que não é a mais relevante, mas é importante para reduzir a desigualdade dentro do funcionalismo público, para regularizar os pagamentos de Imposto de Renda e termos mais transparência”.

    FÉRIAS DE 60 DIAS

    Uma das propostas é acabar com as férias de 60 dias para o Judiciário. Essas férias estão nas leis orgânicas do Judiciário e do Ministério Público, que regem as carreiras desses servidores, diz Cibele Franzese, professora de administração pública da FGV EAESP.

    De acordo com o deputado Pedro Paulo, cerca de 30 mil servidores têm férias de 60 dias, e isso “não é a realidade” do trabalhador brasileiro.

    Franzese diz que é muito comum que os juízes “vendam” metade das férias de 60 dias para receber salários maiores. Isso também será vetado.

    “Quando olhamos os pagamentos do Judiciário, notamos muito pagamentos acima do teto por causa de verbas indenizatórias e por alguns benefícios. Esse é um deles.”

    Segundo ela, foram verbas que foram sendo instituídas por pressão da classe. “É complicado politicamente comprar briga com esse grupo de profissionais”, diz ela.

    14ª SALÁRIO

    Alguns órgãos do serviço público já têm previsão de pagamentos no fim de ano que servem como bônus.

    A reforma vai incluir essa alternativa como uma política de incentivos, pois o pagamento será vinculado a indicadores de resultados e metas.

    Chefes do Executivo (presidente, governador e prefeito), Judiciário e políticos (deputados, senadores e vereadores) não terão direito ao bônus.

    “A literatura diz que isso pode ser usado em carreiras em que é possível estabelecer objetivos e metas com clareza, mas em algumas áreas isso é difícil”, afirma Coelho.

    Ele aponta com riscos a criação de objetivos e metas inadequados, apenas para justificar os ganhos, e a possibilidade de que os servidores passem a encarar o bônus como algo certo e não como uma gratificação por bom desempenho.

    BÔNUS

    O deputado Pedro Paulo já falou sobre a criação de um bônus para servidores de um órgão que atinge uma meta.

    Seria algo pago uma vez por ano apenas para os servidores na ativa. O professor Gustavo Tavares, do Insper, diz que a ideia pode funcionar em contextos onde há metas claras e o desempenho pode ser medido de forma muito objetiva. “Nesses casos, há um elo claro entre esforço individual e resultado, porém, no setor público isso raramente existe”.

    Segundo ele, as atividades são complexas, interdependentes e de difícil mensuração.

    “Outro problema é que, quando o bônus é coletivo e vinculado a metas institucionais, o servidor individual muitas vezes não percebe que seu esforço extra fará diferença para o resultado do órgão como um todo”.

    Ele cita uma questão típica de economia conhecida como “problema do carona” (é comum que seja usada a expressão em inglês “free riding”), em que uns se beneficiam do esforço dos outros sem contribuir na mesma medida.

    MUDANÇAS NA ESTRUTURA DE CARREIRAS

    Grande parte das mudanças para os servidores serão as alterações na estrutura da carreira. Uma das principais medidas será unificar as tabelas de remuneração, como acontece em países como Portugal e no governo federal dos Estados Unidos..

    O texto deverá dar um prazo de dez anos para unificar as tabelas.

    AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PLANO DE EVOLUÇÃO

    Em suas entrevistas, Pedro Paulo disse que não há planos para acabar com a estabilidade dos servidores.

    Ele afirmou, no entanto, que haverá critérios para avaliar o desempenho, o que deverá acontecer todos os anos. Essas avaliações vão servir como critérios para a progressão na carreira.

    O modelo de avaliação concebido pelo Ministério da Gestão e Inovação, o Sidec (Sistema de Desenvolvimento na Carreira) será estabelecido na lei federal para ser seguido por todos os Poderes e esferas de governo. A avaliação será individual e será um critério definidor da progressão da carreira do servidor.

    Segundo o República.org, o Sidec é um sistema de pontuação de critérios para progressão e promoção, incluindo a avaliação de desempenho. Hoje, na prática, há quase que um único critério para progressão e promoção: tempo de serviço.

    “É uma proposta que vai na direção de uma gestão de desempenho mais efetiva. É indispensável que, como previsto na proposta, as regras e diretrizes de avaliação de desempenho sejam harmonizadas, dando maior transparência e previsibilidade para os servidores.”

    Gustavo Tavares, do Insper, diz que a gestão de desempenho “não se resume a uma avaliação anual: trata-se de um processo contínuo, que envolve a definição clara de objetivos, feedback frequente, acompanhamento constante e alinhamento entre desempenho individual e metas organizacionais”.

    Ele diz que em países que avançaram nesse campo, como o Reino Unido, o processo inclui acordos formais de desempenho firmados no início do ano, reuniões trimestrais de acompanhamento e mecanismos de moderação para assegurar que as avaliações realmente reflitam diferenças de desempenho.

    CARREIRAS COM MAIS NÍVEIS DE PROGRESSÃO

    Em algumas carreiras, servidores chegam ao nível mais alto em poucos anos. Colocar mais níveis em uma mesma carreira evitaria que os servidores chegassem ao topo com pouco tempo de serviço.

    “Precisamos alargar o horizonte temporário para promoção e progressão, não dá para ser uma ‘fast track’ (via rápida), diz Fernando Coelho.

    Ele faz um paralelo com empresas privadas e carreiras militares, setores em que a progressão profissional é estruturada em múltiplos níveis, como trainee, analista júnior, analista pleno, analista sênior e, depois, cargos de gerência e diretoria.

    “O desafio da reforma é estruturar essas carreiras de forma que a progressão seja gradual e baseada no desenvolvimento profissional.”

    PADRONIZAÇÃO DAS TABELAS

    No serviço público, as carreiras (grosso modo, o equivalente a cargo na iniciativa privada) têm diferentes tabelas de remuneração.
    Por exemplo, a carreira de analista previdenciário tem quatro classes, e cada uma delas têm diversas subdivisões. No total, há 20 patamares diferentes de pagamento para esses analistas.

    Um servidor não troca de carreira (a não ser que preste um outro concurso público); a progressão é a passagem de uma dessas classes para outra.
    O problema é cada carreira tem suas próprias divisões. Em diferentes órgãos, há carreiras muito parecidas, mas que têm tabelas diferentes.

    O projeto pretende dar um padrão à remuneração no serviço público. Com base em uma referência do governo federal, os estados e municípios vão editar suas tabelas, e haverá um prazo de 10 anos para a transição.

    Segundo o República.org, antes de definir a tabela, cada ente precisa avaliar, a partir de critérios técnicos, se não há sobreposição de funções em carreiras distintas e qual a complexidade de cada carreira, para posicioná-las corretamente na tabela.

    Para a organização, a proposta de cada ente instituir uma tabela salarial única, com base em diretrizes gerais, é uma medida que pode ser bastante positiva se bem implementada.

    Potencialmente, isso pode dar mais racionalidade e menor desigualdade na remuneração das carreiras. “Além de ser de implementação desafiadora, sobretudo para todos os entes do país, é importante olhar com cuidado para os detalhes dessas diretrizes, pois é possível que, mesmo com tabela salarial única, a desigualdade se mantenha”, diz a entidade, em nota.

    TELETRABALHO

    O deputado Pedro Paulo afirma que há “bagunça” em relação ao trabalho remoto. A proposta deverá permitir o teletrabalho durante um dia da semana, mas os órgãos vão poder ampliar isso se apresentarem uma justificativa e estabelecerem parâmetros de desempenho.

    Para Fernando Coelho, da USP, o teletrabalho tem sido percebido como um privilégio de carreiras de elite no serviço público, já que a maioria dos trabalhadores precisa estar presencialmente no local de trabalho.

    Portanto, afirma ele, trata-se de uma questão de “justiça organizacional”.

    “Esse é um ponto da reforma administrativa que pode ser polêmico, pois abre um precedente para que se discuta a autonomia dos órgãos”, diz ele.

    DEMISSÃO DE JUÍZES COM PROCESSO ADMINISTRATIVO

    Em uma entrevista, o deputado Pedro Paulo afirmou que a reforma também trará a proibição de punir juízes e promotores com aposentadoria compulsória.
    Assim como as férias de 60 dias, isso consta nas leis orgânicas do Poder Judiciário.

    Cibele Franzese, da FGV, diz que juízes só podem ser demitidos por uma decisão judicial transitada em julgado (ou seja, sem mais possibilidade de recorrer).
    Por isso, acaba-se usando a aposentadoria compulsória como punição.

    A perda de benefícios da aposentadoria é um pouco mais complexa, porque no Brasil a aposentadoria é contributiva, ou seja, seria uma espécie de confisco, diz a professora.

    O correto seria demitir, mas isso raramente ocorre.

    O deputado Pedro Paulo está dizendo que a mudança da reforma administrativa será a possibilidade de demitir apenas com processo administrativo, e sem a decisão judicial transitada em julgado.

    Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

  • Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

    Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

    Setor começa a recrutar inscritos no CadÚnico na tentativa de reverter falta de mão de obra; regras ainda serão definidas; Nos centros de comércio popular em São Paulo há cerca de 11 mil vagas em aberto

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Victor Novaes Raimundo, 19 anos, foi questionado na manhã desta segunda-feira (15) pelo ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome no Brasil, Wellington Dias, sobre “o seu sonho”. O jovem, atendente de uma loja do McDonald’s em São Paulo, respondeu: “Ter minha casa própria, um cantinho meu, um carro, minha moto, minha família”. Dias perguntou: “Trabalhar é o caminho?” Victor concordou. “É o caminho, nunca desistir. Mesmo que seja difícil.”

    Por um salário de R$ 1.467, Victor trabalha na lanchonete há um ano, das 15h30 às 23h30, em escala 6×1 -uma folga por semana, com um domingo de descanso por mês. Ele afirma que o McDonald’s proporciona chances de ascensão dentro da empresa.

    O jovem é um dos atendidos pelo programa Acredita no Primeiro Passo, do Ministério do Desenvolvimento Social, que oferece cursos profissionalizantes e apoio para quem busca emprego ou quer abrir o próprio negócio.

    Na manhã desta segunda, a pasta assinou com o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), na capital paulista, um termo de adesão ao programa. Grandes redes varejistas associadas poderão acessar os dados de inscritos no CadÚnico (Cadastro Único, que reúne as famílias que participam de programas de assistência social e distribuição de renda, como o Bolsa Família) e oferecer vagas e programas de qualificação. Os termos para o acesso a estes dados ainda serão definidos pelo ministério.

    A parceria chega em um momento crítico para o setor varejista, que tem enfrentado apagão de mão de obra, especialmente nas funções mais básicas, de “chão de loja”. Uma pesquisa global feita pela multinacional de consultoria e auditoria PwC, no final do ano passado, apontou que a maior preocupação dos CEOs da indústria de varejo e bens de consumo no Brasil é a falta de mão de obra qualificada.

    Em dois dos maiores centros de comércio popular do país, o Brás e o Bom Retiro, em São Paulo, há cerca de 11 mil vagas em aberto, segundo a Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) e a CDL-SP (Câmara de Dirigentes Lojistas de São Paulo). “A maioria não quer trabalhar no fim de semana, principalmente os mais jovens, mas este é um período essencial para o varejo”, diz Maurício Stainoff, presidente da CDL-SP.

    Foi o IDV quem tomou a iniciativa, há três meses, de procurar o ministério para entender melhor como funciona o programa. “Uma das barreiras para atrair o público do Bolsa Família para essas vagas era o receio dessas pessoas de perder o benefício a partir do momento em que conseguissem um emprego”, afirma Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV.

    Mas a nova regra de proteção do programa, que passou a valer em junho deste ano, favorece as contratações, diz ele.

    De acordo com Wellington Dias, hoje, mesmo quem trabalha, mas ganha abaixo de US$ 40 (R$ 213) por pessoa da família ao mês e está abaixo da linha da pobreza, continua recebendo o Bolsa Família. Quem recebe entre US$ 40 e US$ 120 (R$ 638) por pessoa da família ganha metade do valor do benefício.

    “É uma maneira de garantir o período de transição para o mercado formal, consolidando uma porta de saída do Bolsa Família, em especial para quem está desalentado, achando que não consegue mais uma oportunidade de trabalho”, afirma Gonçalves Filho.

    A participação no programa Acredita era feita de maneira pontual por alguns associados do IDV, como o Carrefour Brasil. O grupo, maior varejista do país, aderiu ao programa em 2023. Desde então, contratou cerca de 100 mil beneficiários do CadÚnico.

    De acordo com o Carrefour, a meta inicial era contratar 10 mil pessoas em três anos, mas foi superada em mais de dez vezes em apenas dois anos. Os colaboradores passaram a trabalhar nas diferentes bandeiras do grupo -Atacadão, Sam’s Club e Carrefour- em todo o país, em posições como operador de caixa, fiscal de prevenção e repositor.

    Além de Carrefour e McDonald’s, já aderiram ao Acredita o Magazine Luiza e a RD Saúde (Raia e Drogasil).

    Na opinião de Gonçalves Filho, vários fatores contribuem para a dificuldade de atrair os mais jovens para o varejo. “O MEI cresceu muito, muitos viraram pequenos ou nano empreendedores. Tem o pessoal que está no subemprego, vivendo de bicos, ou trabalhando com aplicativos, sem contrato formal de trabalho”, diz o executivo, lembrando que parte da nova geração também anseia ter “vida de influencer”. “Isso pode durar algum tempo, mas eles tendem a se frustrar, não é para todo mundo.”

    Questionado se a baixa remuneração pode ser um dos motivos para os mais jovens estarem rejeitando empregos com carteira assinada, em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Gonçalves Filho diz que as próprias empresas costumam falhar em comunicar os benefícios do trabalho formal.

    “Muita gente pensa: ‘Prefiro ganhar R$ 4.000 no aplicativo, em vez de R$ 3.000 como CLT’. Mas se o seu carro ou a sua moto quebram, você não tem garantia nenhuma. Como CLT, caso você tenha algum problema de saúde, seu período de afastamento remunerado é garantido. Se sai do emprego, tem fundo de garantia. Também tem plano de saúde, férias remuneradas, 13º salário, aposentadoria e acesso ao Sistema S”, afirma o executivo, ressaltando que grandes empresas costumam dar apoio à educação.

    Todos esses benefícios, destaca, têm um custo. “Para cada R$ 1 que eu pago para o meu colaborador, custa mais R$ 1 para a empresa. Uma vaga CLT custa pelo menos o dobro do salário para o empregador”, afirma.

    Este é um dos argumentos para o IDV defender a flexibilidade dos contratos CLT, especialmente em questões como a discussão da escala 6×1. “O varejista não pode diminuir horas trabalhadas e pagar o mesmo salário”, diz. Mas pode definir uma quantidade de horas semanais trabalhadas por determinada remuneração, e aí fazer um remanejamento da carga horária diária, afirma.

    Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

  • Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

    Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

    O dólar à vista fechou em queda de 0,60%, a R$ 5,321, o menor valor desde junho do ano passado; a Bolsa encerrou o dia em alta de 0,84%%, a 143.478 pontos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda e o Ibovespa em alta nesta segunda-feira (15), com os investidores à espera de corte na taxa de juros dos Estados Unidos nesta quarta (17) pelo Federal Reserve (o banco central americano).

    O dólar à vista fechou em queda de 0,60%, a R$ 5,321, o menor valor desde junho do ano passado -a moeda americana chegou a tocar nos R$ 5,30 durante o pregão. A Bolsa encerrou o dia em alta de 0,84%%, a 143.478 pontos, segundo dados preliminares.

    Os investidores aguardam o primeiro corte de juros deste ano pelo Fed, de 25 pontos na taxa básica americana. Por aqui, o BC deve manter a Selic em 15% ao ano. Os comunicados das decisões serão acompanhados com atenção, na expectativa de sinalização dos próximos passos da política monetária de ambos os países.

    “A semana passada foi marcada por uma apreciação do real, principalmente por conta da crescente expectativa de que o Fed irá baixar juros, ainda mais em um cenário em que o Banco Central deve manter a Selic em 15%. Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, avalia Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos.

    Para analistas do BB Investimentos, investidores devem ficar em modo espera até as decisões dos bancos centrais nos EUA e no Brasil, com divulgações previstas para a quarta-feira, o primeiro às 15h e o segundo após o fechamento.

    “O dólar mostra tendência de queda nesta segunda, em linha com o movimento externo de enfraquecimento da moeda americana”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “A moeda americana apresenta fraqueza desde sexta-feira, por conta da consolidação das apostas de um ciclo de cortes de juros pelo Fed.”

    Nesta segunda, o mercado repercute o Boletim Focus, com economistas consultados pelo Banco Central reduzindo suas estimativas para a inflação neste ano (de 4,85% para 4,83%) e ajustando para baixo suas projeções para a taxa básica de juros em 2026.

    Além disso, o IBC-Br (índice de Atividade Econômica do Banco Central) de julho mostrou uma desaceleração maior que a esperada por analistas, com uma queda de 0,5% ante junho.

    Foi o terceiro mês consecutivo de recuo do índice, que é visto como um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto). Economistas consultados em pesquisa da Reuters esperavam contração de 0,2%. As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram em baixa nesta segunda-feira, após a divulgação do indicador.

    Entre as principais altas nesta segunda, estão as ações da Yduqs, Magalu, Cogna, Sendas e a B3. Na outra ponta, as maiores quedas são Raia Drogasil, Minerva, Embraer e Banco do Brasil.

    Os índices de ações S&P 500 e Nasdaq atingiram máximas históricas intradiárias nesta segunda-feira.

    No radar do mercado, estão ainda possíveis retaliações dos EUA após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses.

    Nesta segunda, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que deve haver anúncios de respostas do país à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora não tenha citado seu nome, o secretário fez referência ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

    “Então, haverá uma resposta dos EUA a isso, e teremos alguns anúncios na próxima semana ou algo assim sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar. Mas isso, o julgamento, é apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial que tentou atingir empresas americanas e até pessoas operando a partir dos Estados Unidos”, afirmou.

    Para analistas, a perspectiva de cortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve (o banco central americano) ajuda a atrair recursos para o Brasil, valorizando o real.

    “O dólar está caindo principalmente por conta de três cortes de juros que o mercado já está precificando nos Estados Unidos, que devem acontecer neste ano”, diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

    É a mesma avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. “Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, afirma.

    “Os consumidores americanos se mostraram mais pessimistas nesse mês de setembro, e isso ajudou a consolidar a perspectiva de que vai ter corte de juros nos Estados Unidos”, aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

    O mercado ainda avaliou os dados de serviços no Brasil em julho, divulgados pelo IBGE. O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior, em linha com o esperado por economistas. Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que segue mostrando resiliência em meio ao aperto monetário.

    Para a equipe da Ágora Investimentos, o tom mais contido no exterior e um receio entre os investidores sobre uma possível reação dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF poderiam prejudicar o desempenho dos ativos locais nesta sexta-feira, conforme relatório a clientes.

    Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

  • Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O governo de Javier Milei tentou incentivar que os argentinos gastassem seus dólares guardados no colchão e os colocassem para circular no sistema, mesmo sem declarar a origem do dinheiro; os argentinos, no entanto, compraram a maior quantidade de dólares para um mês desde 2019.

    Os dados do BCRA (Banco Central da República Argentina) apontam para compras de US$ 3,41 bilhões em julho, 40% acima do mês anterior e o maior patamar mensal desde que Milei retirou a restrição para pessoas físicas comprarem dólar, em abril.

    Também é o maior patamar em seis anos, quando o governo de Mauricio Macri havia restringido a compra da moeda, reinstalando o chamado “cepo” cambial.

    Em julho, 1,3 milhão de pessoas físicas compraram dólares, apesar de o preço da moeda ter subido 13,8% ante o mês anterior. No mesmo período, cerca de 576 mil pessoas venderam moeda estrangeira, com o total vendido de US$ 367 milhões, uma queda de 7,35% em relação ao mês anterior.

    Quando consideradas as compras líquidas de dólares do setor privado, as saídas totais de divisas atingem US$ 5,43 bilhões. Desde 14 de abril, quando as restrições à compra de dólares para pessoas físicas foram suspensas, até julho, as compras de moeda estrangeira ultrapassaram US$ 13 bilhões.

    Essa alta demanda foi, em parte, suprida por exportações agrícolas, mas essa opção se reduz significativamente no terceiro trimestre.

    Há cinco meses, foi adotado um sistema de flutuação para o dólar entre bandas que têm limites com correção mensal de 1% -o teto, atualmente, é de cerca de 1.471 pesos.

    A discussão sobre as ferramentas que o governo tem lançado mão para segurar o preço do dólar terem um alto custo e não estarem surtindo efeito tem crescido na Argentina desde fevereiro, quando a economia passou a dar sinais de desaceleração.

    Irredutível, o ministro da Economia, Luis Caputo, chegou a ironizar há dois meses as críticas sobre o atraso cambial. “Se está barato, compre [dólares], campeão, não perca a oportunidade”, disse em uma entrevista a um canal de streaming.

    “Há uma coisa muito óbvia: o dólar flutua. Se você tem pesos e a taxa de câmbio flutua, e você sabe que é muito barato, compre”, disse ele a uma plateia de 700 executivos.

    “O dólar flutua”, gritou Milei em uma entrevista, rebatendo críticos que apontavam que o governo estava intervindo no câmbio e criando um meme que foi difundido por apoiadores. No último dia 2 de setembro, o Tesouro confirmou que iria intervir no dólar, mesmo que a moeda não ultrapassasse as bandas. Milei também chegou a prever que a moeda ficaria mais próxima dos 1.000 pesos.

    No último dia 7 de setembro, o governo recebeu um duro golpe ao perder por quase 14 pontos percentuais as eleições legislativas de Buenos Aires. Nos dias seguintes, o câmbio voltou a escalar, atingindo na sexta-feira (12) 1.467 pesos argentinos, pelo câmbio varejista de referência no BCRA -ou seja, apenas 4 pesos abaixo do teto da banda.

    Segundo analistas, o governo deveria ter agido antes, quando a receita das exportações de setores promissores, como energia e mineração, estava mais evidente. Agora, a opção pelo aumento de juros pode esfriar ainda mais a atividade econômica.

    O governo deve tentar evitar grandes sobressaltos no câmbio -e seus efeitos sobre a inflação- até as eleições legislativas nacionais, em 26 de outubro. Para depois dessa data, o mercado já aposta no fim do sistema de bandas de flutuação e em uma desvalorização do peso.

    Para a consultoria 1816, “a política econômica tão focada no eleitoral não é grátis, já vinha equivocada e nos surpreenderia caso não houvesse uma queda do PIB no terceiro trimestre. Nos surpreenderia se não houvesse uma mudança tanto na política cambiária quanto na monetária”.

    A PxQ, com um informe chamado “Da livre flutuação ao naufrágio”, ressalta 45% dos dólares comprados desde o fim do “cepo” ficaram no colchão, outra parte foi usada para pagar cartão de crédito, investimentos e compra no mercado oficial para revenda no mercado financeiro.

    A CP Consultoria aponta que desde antes das eleições o governo priorizou o controle da inflação e a economia chega a outubro em queda, com redução de salários e crédito escasso. Comparando com as três últimas legislativas de metade de mandato (2013, 2017 e 2021), a atividade econômica estava em crescimento e nesta, a queda acumulada é de 0,8%; o salário real estava em crescimento antes e em queda agora, de 4,2% acumulado; o mesmo acontece com as aposentadorias.

    Na sexta-feira (12), Caputo disse que o governo iria suavizar o aperto monetário, dando uma folga nos juros para que o consumo se recupere, mesmo com algum risco sobre o dólar e a inflação.

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

  • Portos batem recorde de movimento de cargas em um mês

    Portos batem recorde de movimento de cargas em um mês

    Todos os tipos de carga registraram alta em julho em relação ao mesmo mês de 2024

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os portos movimentaram, em julho, o maior volume mensal de cargas da história do Brasil. Foram 124,7 milhões de toneladas, dos quais 73% correspondem à navegação de longa distância (exportação e importação) e 20% à cabotagem (entre portos brasileiros).

    No acumulado de janeiro a julho deste ano, 780,4 milhões de toneladas de cargas passaram pelos portos brasileiros, uma alta de 1,76% ante o mesmo período de 2024.

    Todos os tipos de carga registraram alta em julho em relação ao mesmo mês de 2024. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, os granéis sólidos (minerais e vegetais) puxaram esse aumento, com mais de 76,6 milhões de toneladas -4% no acumulado do ano até julho.

    “A gestão que estamos implementando no governo federal, com a ampliação das concessões e o fortalecimento da infraestrutura, tem como foco garantir segurança jurídica e atrair novos investimentos”, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).

    Para ele, essa política tem sido responsável por ampliar a capacidade dos portos e fortalecer as exportações.

    Portos batem recorde de movimento de cargas em um mês

  • Câmara dos Deputados autoriza novo concurso público com salários de até R$ 34 mil

    Câmara dos Deputados autoriza novo concurso público com salários de até R$ 34 mil

    As vagas serão destinas ao cargo de analista legislativo, que contava com salário inicial de RS 34.812,19 no último edital

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), autorizou, na última quinta-feira (11), a realização de um novo concurso público para a Casa.

    A decisão foi anunciada em uma cerimônia de apresentação de nova gestão e da agenda 2025-2027 e, depois, publicada no Diário da Câmara dos Deputados.

    As vagas serão destinas ao cargo de analista legislativo, que contava com salário inicial de RS 34.812,19 no último edital, nas especialidades de registro e redação, processo legislativo e gestão, comunicação social, documentação e informação legislativa, museólogo, engenheiro e médico.

    A seleção terá vagas também para o cargo de técnico legislativo, nas atribuições de policial legislativo federal e assistente legislativo e administrativo. No último concurso da Câmara, o salário inicial para o cargo era de R$ 26.196,30.

    A quantidade de vagas para provimento imediato e de cadastro de reserva será definida no edital do concurso.

    COMO ESTUDAR ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL?

    Diego Fonte, professor do Gran Concursos, diz que, historicamente, a Câmara dos Deputados costuma tomar por base seus editais anteriores. “Por exemplo, o edital da polícia legislativa de 2014 é bem semelhante ao anterior de 2007, o de consultor legislativo de 2023 é quase uma cópia do último de 2014, entre outros editais que seguem essa lógica”, afirma o especialista.

    Ele não recomenda estudar com base nos editais mais recentes do Senado Federal.

    NO QUE PRECISO PRESTAR ATENÇÃO?

    Fonte diz que quem conseguir estabelecer um bom ritmo no período pré-edital estará alguns passos à frente, já que a maior parte dos candidatos só começa a estudar com a publicação do edital.

    “Quem for concorrer para o cargo de Policial Legislativo já deve começar desde já a se preparar para o TAF (Teste de Aptidão Física), etapa que costuma ser negligenciada por muitos inscritos que, infelizmente, por vezes são aprovados nas provas téoricas e acabam se lesionando durante os treinamentos e nem mesmo conseguem realizar a prova física”, afirma o professor.

    Ele também diz que será essencial uma preparação forte em língua portuguesa, que costuma ter uma grande quantidade de questões e maior peso nos concursos da Câmara. Além disso, também é recomendado uma preparação específica para a prova discursiva.

    Segundo o especialista, no último concurso para analista de técnica legislativa um elevado número de candidatos foi reprovado na prova discursiva, não sendo possível nem mesmo compor o cadastro de reserva esperado pelo órgão.

    QUAIS SÃO AS MELHORES ESTRATÉGIAS DE ESTUDO PARA O MOMENTO?

    Nesta etapa inicial, Diego Fonte diz que é ideal estabelecer ciclos de estudos com variadas disciplinas (não estudar apenas uma matéria por vez), alternar estudo teórico com a resolução de questões de concursos anteriores, utilizar técnicas acessórias (como flashcards) para memorizar conteúdos “decorebas”, além de realizar revisões periódicas.

    Ele afirma ainda que as revisões “ativas” são importantes, por meio da resolução de questões e da confecção de um cadernos dos erros para que o candidato entenda os pontos de maior dificuldade.

    Câmara dos Deputados autoriza novo concurso público com salários de até R$ 34 mil

  • 80 mil empregadores serão notificados para regularizar FGTS de domésticos

    80 mil empregadores serão notificados para regularizar FGTS de domésticos

    Empregadores cadastrados receberão avisos no ‘Domicílio Eletrônico Trabalhista’ sobre possíveis irregularidades no cumprimento da legislação trabalhista

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) iniciará, nesta quarta-feira (17), uma ação voltada à regularização do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de trabalhadoras e trabalhadores domésticos.

    Mais de 80 mil empregadores cadastrados receberão avisos no DET (Domicílio Eletrônico Trabalhista) sobre possíveis irregularidades no cumprimento da legislação trabalhista.

    Segundo o ministério, as notificações foram elaboradas a partir do cruzamento de dados do eSocial com as guias registradas e pagas à Caixa Econômica Federal, que apontam indícios de débitos no recolhimento do FGTS. No primeiro momento, a iniciativa terá caráter de orientação, com regularização voluntária até o dia 31 de outubro.

    Depois desse prazo, os empregadores que não regularizarem sua situação poderão ter os processos encaminhados para notificação formal e levantamento oficial dos débitos.

    Para evitar a perda de prazos e possíveis prejuízos legais e trabalhista, o ministério recomenda que os empregadores acompanhem regularmente as mensagens enviadas pelo DET.

    No total, 80.506 empregadores estão registrados no DET, responsáveis por 154.063 postos de trabalho doméstico em todo o país. De acordo com o MTE, o montante devido ao FGTS ultrapassa R$ 375 milhões.

    Na análise por estados, São Paulo lidera em números absolutos, com 26.588 empregadores, 53.072 trabalhadores e uma dívida de R$ 135 milhões. O MTE destaca ainda que Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia também apresentam valores expressivos, refletindo sua concentração populacional e econômica.
    Estados como Roraima, Amapá e Acre registram os menores volumes, com débitos inferiores a R$ 1 milhão.

    O QUE É O DET?

    O DET é a plataforma oficial de comunicação entre a inspeção do trabalho e os empregadores, incluindo os domésticos. Por meio dele, são disponibilizados atos administrativos, procedimentos fiscais, intimações, notificações, decisões administrativas e avisos em geral.

    80 mil empregadores serão notificados para regularizar FGTS de domésticos

  • Dólar cai a até R$ 5,32 e Bolsa sobe à espera da 'Superquarta', com decisões do Fed e do BC

    Dólar cai a até R$ 5,32 e Bolsa sobe à espera da 'Superquarta', com decisões do Fed e do BC

    Nesta segunda, o mercado repercute o Boletim Focus, com economistas consultados pelo Banco Central reduzindo suas estimativas para a inflação neste ano (de 4,85% para 4,83%) e ajustando para baixo suas projeções para a taxa básica de juros em 2026

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda e o Ibovespa em alta nesta segunda-feira (15), com os investidores começando a semana à espera da chamada “Superquarta” (17), quando o Banco Central e o Federal Reserve (o banco central americano) decidirão os juros no Brasil e nos Estados Unidos.
    Por volta das 10h11, o dólar à vista cedia 0,55%, a R$ 5,324, e a Bolsa subia 0,53%, a 143.034 pontos.

    Nesta segunda, o mercado repercute o Boletim Focus, com economistas consultados pelo Banco Central reduzindo suas estimativas para a inflação neste ano (de 4,85% para 4,83%) e ajustando para baixo suas projeções para a taxa básica de juros em 2026.

    Além disso, o IBC-Br (índice de Atividade Econômica do Banco Central) de julho mostrou uma desaceleração maior que a esperada por analistas, com uma queda de 0,5% ante junho.

    Foi o terceiro mês consecutivo de recuo do índice, que é visto como um sinalizador do Produto Interno Bruto. Economistas consultados em pesquisa da Reuters esperavam contração de 0,2%. As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram em baixa nesta segunda-feira, após a divulgação do indicador.

    Na semana, nos EUA, a expectativa é do primeiro corte de juros deste ano pelo Fed, de 25 pontos na taxa básica, e por aqui o BC deve manter a Selic em 15% ao ano. Os comunicados das decisões serão acompanhados com atenção, na expectativa de sinalização dos próximos passos da política monetária de ambos os países.

    “A semana passada foi marcada por uma apreciação do real, principalmente por conta da crescente expectativa de que o Fed irá baixar juros, ainda mais em um cenário em que o Banco Central deve manter a Selic em 15%. Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, avalia Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos.

    “O dólar mostra tendência de queda nesta segunda, em linha com o movimento externo de enfraquecimento da moeda americana”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “A moeda americana apresenta fraqueza desde sexta-feira, por conta da consolidação das apostas de um ciclo de cortes de juros pelo Fed.”

    No radar, estão ainda possíveis retaliações dos EUA após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses. Na última quinta (11), o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país responderá “adequadamente” ao que chamou de novo de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

    Na última sexta (12), beneficiado por fluxo estrangeiro, o dólar fechou o pregão em queda de 0,70%, a R$ 5,353, o menor patamar desde junho do ano passado, segundo dados da CMA. O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,61%, a 142.271 pontos.

    Para analistas, a perspectiva de cortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve (o banco central americano) ajuda a atrair recursos para o Brasil, valorizando o real. Durante o pregão, a moeda americana chegou a ser negociada no patamar de R$ 5,34.

    “O dólar está caindo principalmente por conta de três cortes de juros que o mercado já está precificando nos Estados Unidos, que devem acontecer neste ano”, diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

    É a mesma avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. “Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, afirma.

    A confiança do consumidor dos EUA, indicador divulgado pela Universidade de Michigan, caiu pelo segundo mês consecutivo em setembro, conforme os consumidores observaram riscos crescentes para as condições de negócios, o mercado de trabalho e a inflação.

    “Os consumidores americanos se mostraram mais pessimistas nesse mês de setembro, e isso ajudou a consolidar a perspectiva de que vai ter corte de juros nos Estados Unidos”, aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

    Já o Ibovespa operou o dia todo em queda, em movimento de correção após renovar máximas nesta quinta (11).

    “Existe o risco de que os Estados Unidos coloquem mais alguma punição, seja sanção, seja tarifa”, diz Mattos, da StoneX. “O fato é que essa condenação dificulta uma solução negociada entre Brasil e Estados Unidos para tentar reduzir essas tarifas.”

    O mercado ainda avaliou os dados de serviços no Brasil em julho, divulgados pelo IBGE. O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior, em linha com o esperado por economistas. Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que segue mostrando resiliência em meio ao aperto monetário.

    Para a equipe da Ágora Investimentos, o tom mais contido no exterior e um receio entre os investidores sobre uma possível reação dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF poderiam prejudicar o desempenho dos ativos locais nesta sexta-feira, conforme relatório a clientes.

    Dólar cai a até R$ 5,32 e Bolsa sobe à espera da 'Superquarta', com decisões do Fed e do BC

  • Trump reitera que Powell precisa cortar juros 'agora' e de forma mais agressiva

    Trump reitera que Powell precisa cortar juros 'agora' e de forma mais agressiva

    “‘O muito atrasado’ precisa cortar as taxas de juros agora, e com redução maior do que tinha em mente”, reiterou Trump, em postagem na Truth Social, referindo-se a Powell e sugerindo que o Fed deveria cortar os juros de forma mais agressiva

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer nesta segunda-feira, 15, que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, precisa voltar a cortar juros.

    “‘O muito atrasado’ precisa cortar as taxas de juros agora, e com redução maior do que tinha em mente”, reiterou Trump, em postagem na Truth Social, referindo-se a Powell e sugerindo que o Fed deveria cortar os juros de forma mais agressiva.

    É amplamente esperado que o Fed corte os juros básicos dos EUA na quarta-feira, 17, no que seria a primeira redução este ano.

    De modo geral, porém, o BC norte-americano não costuma fazer ajustes maiores do que de 25 pontos-base nas taxas.

    Trump reitera que Powell precisa cortar juros 'agora' e de forma mais agressiva