Categoria: MUNDO

  • Governo brasileiro confirma conversa de Lula e Trump

    Governo brasileiro confirma conversa de Lula e Trump

    O presidente Donald Trump disse que ficou impressionado com Lula, que o abraçou nos bastidores do plenário da ONU e que convidou o presidente brasileiro para um encontro na próxima semana

    O Palácio do Planalto confirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que os dois conversem na próxima semana. A proposta foi feita nesta terça-feira (23), durante um breve encontro entre os dois mandatários, que não estava programado.

    Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Lula e Trump conversaram rápida e amistosamente ao se encontrarem no edifício-sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), onde participam da 80ª Assembleia Geral da entidade, junto com chefes de Estado e autoridades de outras 191 nações que integram a organização.

    Ainda de acordo com o Planalto, a conversa foi proposta por Trump e imediatamente aceita por Lula. Agora, assessores dos dois presidentes devem tomar as providências necessárias, mas ainda não está certo se a futura conversa será presencial ou por telefone. Ao discursar durante a Assembleia Geral da ONU, Trump revelou publicamente que pretende “se encontrar” com Lula na próxima semana. “Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Nós concordamos que devemos nos encontrar na próxima semana. Foram cerca de 20 segundos. Conversamos e concordamos em conversar na próxima semana”, disse o presidente estadunidense, acrescentando que Lula “parece ser um homem muito agradável”.

    “Eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto. Mas tivemos, ali, esses [20 ou] 30 segundos. Foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal”, acrescentou Trump, sinalizando que o Brasil pode “se dar bem” caso trabalhe de forma conjunta com os EUA. “Sem a gente, eles vão falhar como outros falharam.”

    As declarações de Trump causaram surpresa por terem sido feitas em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Desde julho deste ano, o governo dos Estados Unidos vem em uma ofensiva comercial contra o Brasil, taxando a importação de produtos brasileiros, aplicando sanções contra autoridades brasileiras e tentando interferir em decisões do Poder Judiciário brasileiro.

    Ao fazer o tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, pouco antes de Trump discursar, Lula não mencionou o encontro ou a possibilidade de uma nova conversa com o presidente estadunidense. Sem citar Trump, criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos, afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.

    “O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias. E intervenções unilaterais estão se tornando regra”, disse Lula.

    Governo brasileiro confirma conversa de Lula e Trump

  • Presidente de Portugal defende reforma da ONU e pede papel maior para o Brasil

    Presidente de Portugal defende reforma da ONU e pede papel maior para o Brasil

    Marcelo Rebelo de Sousa destacou que o Conselho de Segurança deve refletir a realidade política do século 21; o presidente também reforçou a posição de Portugal em favor do reconhecimento do Estado da Palestina

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu nesta terça-feira (23) a importância do multilateralismo e a necessidade de reformar as Nações Unidas em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

    Ele destacou que o Conselho de Segurança deve refletir a realidade política do século 21, ampliando a representação de países africanos e reconhecendo o papel de potências emergentes como Brasil e Índia, além de exigir maior transparência no processo decisório.

    “É inaceitável que o uso do veto continue a paralisar a tomada de decisões”, afirmou, ao mesmo tempo em que reiterou o apoio de Lisboa à candidatura portuguesa para integrar o Conselho de Segurança no biênio 2027-2028.

    Marcelo também reforçou a posição de Portugal em favor do reconhecimento do Estado da Palestina, de um cessar-fogo imediato em Gaza, da libertação de reféns e da garantia de ajuda humanitária, ressaltando a urgência de condições políticas e econômicas para a coexistência de dois Estados soberanos.

    Presidente de Portugal defende reforma da ONU e pede papel maior para o Brasil

  • Acusado de tentar matar Trump na Flórida é declarado culpado

    Acusado de tentar matar Trump na Flórida é declarado culpado

    Ryan Routh foi considerado culpado por conspiração contra a vida do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em setembro do ano passado

    SÃO PAULO, SP (UOL/CBS NEWS) – A Justiça dos Estados Unidos declarou nesta terça-feira (23) Ryan Routh, 59, culpado por tentativa de assassinato contra Donald Trump, em setembro do ano passado.

    Ryan foi considerado culpado por conspiração contra a vida de Trump. Ele também foi julgado por agressão a um agente federal e posse de arma de fogo para praticar crime violento. A Justiça ainda não definiu a pena dele.

    Procuradores afirmaram que Ryan arquitetou o assassinato de Trump. O suposto atentado contra a vida do então candidato à presidência dos EUA ocorreu quando o republicano estava em um campo de golfe, em Palm Beach, na Flórida.

    Justiça não acatou a declaração de inocência feita por Routh. O réu rejeitou advogados e decidiu representar a si mesmo nos tribunais.

    Ao se defender, Routh afirmou que não houve crime “porque nenhum gatilho foi puxado”. Ele admitiu ter visto Trump se locomover pelo campo de golfe no dia da suposta tentativa de assassinato, mas disse que não disparou.

    Procuradora-geral dos EUA comemorou a decisão da Justiça em declarar Routh culpado. “Esta tentativa de assassinato não foi apenas um ataque ao nosso presidente, mas uma afronta à nossa própria nação”, declarou Pam Bondi.

    RELEMBRE O CASO

    Suposta tentativa de assassinato ocorreu no dia 15 de setembro de 2024. Na ocasião, o então candidato à presidência dos EUA estava em um clube de golfe na Flórida.

    Agente do Serviço Secreto alega ter visto o réu com um rifle escondido em uma área de mata do clube. O agente então disparou contra o suspeito, que teria fugido de carro, mas foi preso em seguida.

    Rifle supostamente usado por Routh foi encontrado no local onde ele teria se escondido para matar Trump. A arma tinha mira telescópica e estava com o número de série raspado.

    Réu teria escrito uma carta em que confessa seu plano de execução do republicano. Na carta, intitulada “Querido mundo”, ela teria escrito: “Esta foi uma tentativa de assassinato contra Donald Trump, mas eu falhei com vocês”, segundo informações da imprensa norte-americana.

    Ryan Routh possui antecedentes por crimes cometidos em 2002 e 2010, na Carolina do Norte. Ainda segundo a imprensa dos EUA, ele era apoiador de Trump em 2016, na primeira vitória do republicano à Casa Branca, mas teria deixado de apoiá-lo em 2020.

    Acusado de tentar matar Trump na Flórida é declarado culpado

  • Trump encontra Milei e declara apoio à reeleição do argentino

    Trump encontra Milei e declara apoio à reeleição do argentino

    Trump disse que a Argentina “não precisa de um plano de resgate”, como se especula que a Casa Branca oferecerá à Casa Rosada

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – Em encontro às margens da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Argentina, Javier Milei, fizeram uma reunião na qual o americano declarou seu apoio à reeleição do ultraliberal -o próximo pleito para o cargo máximo do Executivo no país é em 2027, mas no final de outubro os argentinos vão às urnas em importantes eleições legislativas.

    “Eu queria me encontrar com o presidente da Argentina, nós dois queríamos nos encontrar, somos amigos”, disse Trump na reunião. “Ele vem fazendo um trabalho fantástico, e eu vou fazer algo que não costumo fazer: eu vou apoiá-lo para presidente.”

    “Como vocês sabem, tem uma eleição chegando, e tenho certeza que ele vai se sair bem, mas agora, espero, isso será uma garantia disso”, afirmou o presidente americano -não está claro se ele se referia ao pleito de 2027 ou ao do próximo mês, quando o governo Milei espera aumentar sua maioria no Congresso. “Acho que para concluir o trabalho, o excelente trabalho que ele vem fazendo, ele precisa de mais um mandato”, disse Trump, que segurava uma versão impressa de uma publicação que fez em sua rede social, a Truth Social, em apoio a Milei.

    Na publicação, divulgada também pelo presidente argentino no X, Trump escreveu que Milei é “um grande amigo, um lutador e um vencedor, e nunca vai decepcionar vocês”. “O altamente respeitado presidente [Milei] se mostrou ser um líder fantástico para o grande povo da Argentina”, disse o republicano.

    “Ele herdou uma bagunça total, com inflação terrível causada pelo presidente de esquerda radical anterior, muito parecido com o corrupto Joe Biden, o PIOR presidente da história da nossa nação. [Milei] elevou a Argentina a um novo nível de importância e respeito!”

    No vídeo publicado pela Casa Rosada, o republicano fala pela maior parte do tempo, com Milei se limitando a dizer, em inglês, “muito obrigado”. Em determinado momento da reunião, Trump promete ajudar a Argentina com sua dívida externa -na segunda (22), o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que fará o possível para que Buenos Aires supere a forte escalada do dólar pela qual passa o país latino-americano.

    Questionado a respeito no encontro, Trump disse que a Argentina “não precisa de um plano de resgate”, como se especula que a Casa Branca oferecerá à Casa Rosada. Bessent se limitou a elogiar o plano econômico de Milei -também estavam presentes a irmã do presidente, Karina, pivô de um escândalo de corrupção que abala o governo, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

    Milei busca ajuda dos EUA para dar fôlego às reservas do país e conseguir cumprir com o vencimento de uma parcela da dívida de US$ 4 bilhões em janeiro de 2026 e de US$ 4,5 bilhões em julho. Na segunda, escreveu no X: “Um enorme obrigado ao secretário Scott Bessent e ao presidente Donald Trump pelo apoio incondicional ao povo argentino, que há dois anos optou por reverter um século de decadência com muito esforço. Aqueles que defendem as ideias de liberdade devem trabalhar juntos para o bem-estar de nossos povos”.

    A última semana foi de forte turbulência no mercado, com o dólar oficial estourando o teto das bandas de flutuação pela primeira vez desde a adoção do sistema, em abril. O BCRA (Banco Central da República Argentina) teve de intervir, com a venda de US$ 1,1 bilhão em três dias.

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  • Confira a íntegra do discurso de Lula na abertura da Assembleia da ONU

    Confira a íntegra do discurso de Lula na abertura da Assembleia da ONU

    Lula discursou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), onde, por tradição, o Brasil é o primeiro país a ocupar a tribuna do evento, que acontece anualmente e em 2025 completa 80 edições

    Nesta terça-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Por tradição, o Brasil é o primeiro país a ocupar a tribuna do evento, que acontece anualmente e em 2025 completa 80 edições. Em sua fala, o presidente do Brasil falou de questões internas e externas, como as sanções dos Estados Unidos à economia e ao judiciário brasileiros, o genocídio em Gaza, as mudanças climáticas, regulação das big techs, democracia e América Latina. 

     
    Confira abaixo a íntegra do discurso 

    “Senhora Presidenta da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, Senhor Secretário-Geral, António Guterres, Caros chefes de Estado e de Governo e representantes dos Estados-Membros aqui reunidos. Este deveria ser um momento de celebração das Nações Unidas.

    Criada no fim da Guerra, a ONU simboliza a expressão mais elevada da aspiração pela paz e pela prosperidade.

    Hoje, contudo, os ideais que inspiraram seus fundadores em São Francisco estão ameaçados, como nunca estiveram em toda a sua história.

    O multilateralismo está diante de nova encruzilhada.

    A autoridade desta Organização está em xeque.

    Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder.

    Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra.

    Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia.

    O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades.

    Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas.

    Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades.

    Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais, e cerceiam a imprensa.

    Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais.

    Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. 

    A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável.

    Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias.

    Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil.

    Não há pacificação com impunidade.

    Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito.

    Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso.

    Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas.

    Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.

    Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela.

    Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral.

    Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades e a garantia dos direitos mais elementares: a alimentação, a segurança, o trabalho, a moradia, a educação e a saúde.

    A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros e familiares.

    Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo.

    A pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo.

    Por isso, foi com orgulho que recebemos da FAO a confirmação de que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome neste ano de 2025. 

    Mas no mundo, ainda há 670 milhões de pessoas famintas. Cerca de 2,3 bilhões enfrentam insegurança alimentar.

    A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza.

    Esse é o objetivo da Aliança Global que lançamos no G20, que já conta com o apoio de 103 países.

    A comunidade internacional precisar rever as suas prioridades: 

    – Reduzir os gastos com guerras e aumentar a ajuda ao desenvolvimento;

    – Aliviar o serviço da dívida externa dos países mais pobres, sobretudo os africanos; e

    – Definir padrões mínimos de tributação global, para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores.

    A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância.

    As plataformas digitais trazem possibilidades de nos aproximar como jamais havíamos imaginado.  

    Mas têm sido usadas para semear intolerância, misoginia, xenofobia e desinformação.

    A internet não pode ser uma “terra sem lei”. Cabe ao poder público proteger os mais vulneráveis.

    Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual.

    Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarida a crimes, como fraudes, tráfico de pessoas, pedofilia e investidas contra a democracia.

    O Parlamento brasileiro corretamente apressou-se em abordar esse problema.

    Com orgulho, promulguei na última semana uma das leis mais avançadas do mundo para a proteção de crianças e adolescentes na esfera digital.

    Também enviamos ao Congresso Nacional projetos de lei para fomentar a concorrência nos mercados digitais e para incentivar a instalação de datacenters sustentáveis.

    Para mitigar os riscos da inteligência artificial, apostamos na construção de uma governança multilateral em linha com o Pacto Digital Global aprovado neste plenário no ano passado. 

    Senhoras e senhores,

    Na América Latina e Caribe, vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade.

    Manter a região como zona de paz é nossa prioridade.

    Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos.

    É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo.

    A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas.

    Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento.

    Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias. 

    A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela.

    O Haiti tem direito a um futuro livre de violência.

    E é inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.

    No conflito na Ucrânia, todos já sabemos que não haverá solução militar. 

    O recente encontro no Alaska despertou a esperança de uma saída negociada.

    É preciso pavimentar caminhos para uma solução realista.

    Isso implica levar em conta as legítimas preocupações de segurança de todas as partes.

    A Iniciativa Africana e o Grupo de Amigos da Paz, criado por China e Brasil, podem contribuir para promover o diálogo.

    Nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina.

    Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo.

    Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza.

    Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes.

    Ali também estão sepultados o Direito Internacional Humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.

    Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo.

    Em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente.

    Expresso minha admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva.

    O povo palestino corre o risco de desaparecer.

    Só sobreviverá com um Estado independente e integrado à comunidade internacional.

    Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto.

    É lamentável que o presidente Mahmoud Abbas tenha sido impedido pelo país anfitrião de ocupar a bancada da Palestina nesse momento histórico. 

    O alastramento desse conflito para o Líbano, a Síria, o Irã e o Catar fomenta escalada armamentista sem precedentes.

    Senhora presidenta,

    Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática.

    O ano de 2024 foi o mais quente já registrado.

    A COP30, em Belém, será a COP da verdade.

    Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta.

    Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs), caminharemos de olhos vendados para o abismo.

    O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia.

    Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios.

    Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões.

    Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é uma questão de caridade, mas de justiça.

    A corrida por minerais críticos, essenciais para a transição energética, não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos.

    Em Belém, o mundo vai conhecer a realidade da Amazônia.

    O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na região nos dois últimos anos.

    Erradicá-lo requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes.

    Fomentar o desenvolvimento sustentável é o objetivo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que o Brasil pretende lançar para remunerar os países que mantêm suas florestas em pé.  

    É chegado o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação.

    O mundo deve muito ao regime criado pela Convenção do Clima.

    Mas é necessário trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU, para que ela tenha a atenção que merece.

    Um Conselho vinculado à Assembleia Geral com força e legitimidade para monitorar compromissos dará coerência à ação climática.

    Trata-se de um passo fundamental na direção de uma reforma mais abrangente da Organização, que contemple também um Conselho de Segurança ampliado nas duas categorias de membros.

    Poucas áreas retrocederam tanto como o sistema multilateral de comércio.

    Medidas unilaterais transformam em letra morta princípios basilares como a cláusula de Nação Mais Favorecida.

    Desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral perniciosa de preços altos e estagnação.

    É urgente refundar a OMC em bases modernas e flexíveis.

    Senhoras e senhores,

    Este ano, o mundo perdeu duas personalidades excepcionais: o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco.

    Ambos encarnaram como ninguém os melhores valores humanistas.

    Suas vidas se entrelaçaram com as oito décadas de existência da ONU.

    Se ainda estivessem entre nós, provavelmente usariam esta tribuna para lembrar:

    – Que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis;

    – Que os únicos derrotados são os que cruzam os braços, resignados;

    – Que podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e

    – Que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo.

    No futuro que o Brasil vislumbra não há espaço para a reedição de rivalidades ideológicas ou esferas de influência.

    A confrontação não é inevitável.

    Precisamos de lideranças com clareza de visão, que entendam que a ordem internacional não é um “jogo de soma zero”.

    O século 21 será cada vez mais multipolar. Para se manter pacífico, não pode deixar de ser multilateral.

    O Brasil confere crescente importância à União Europeia, à União Africana, à ASEAN, à CELAC, aos BRICS e ao G20.

    A voz do Sul Global deve ser ouvida.

    A ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação.

    Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância.

    Que Deus nos abençoe a todos.

    Muito obrigado.”

    Assista ao vídeo com a íntegra do discurso

    https://www.youtube.com/watch?v=gB0-M0lpk10

     

    Confira a íntegra do discurso de Lula na abertura da Assembleia da ONU

  • Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU; os dois vão se reunir

    Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU; os dois vão se reunir

    O presidente Donald Trump disse que ficou impressionado com Lula, que o abraçou nos bastidores do plenário da ONU e que convidou o presidente brasileiro para um encontro na próxima semana

    NOVA YORK, EUA (CBS NEWS) – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram um breve encontro nesta terça-feira (23), entre os discursos de ambos na Assembleia-Geral das Nações Unidas, e combinaram de realizar uma reunião na próxima semana. Os detalhes ainda não foram divulgados.

    A aproximação ocorre em pleno tarifaço do republicano contra o Brasil e em meio a um novo pacote de sanções americanas.

    Trump estava na sala reservada da ONU e acompanhou todo o discurso de Lula, recheado de críticas a ações dos Estados Unidos. O petista entrou na sala ao deixar o púlpito. Trump tomou a iniciativa de falar com ele, porque já estava no local quando o presidente chegou, segundo integrantes do governo.

    Trump disse que eles precisavam conversar. Lula afirmou estar aberto a fazer conversas, que sempre esteve. O americano então sugeriu que poderia ser na próxima semana a reunião, ao que Lula confirmou. O chefe do cerimonial, Fernando Igreja, fez a tradução na hora.

    Trump anunciou publicamente o encontro no fim de seu discurso no evento. O republicano disse que houve “excelente química” e que os dois vão se encontrar na próxima semana.

    “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, disse o americano, que discursou após o petista.

    A Presidência confirmou o encontro entre Lula e Trump e o agendamento da reunião entre os dois para a próxima semana, sem dar mais detalhes.

    Lula fez fala recheada de recados a ações dos Estados Unidos, da aplicação de sanções a ações militares no Caribe.

    Esta foi a primeira vez que Lula ficou no mesmo ambiente que Trump desde que o americano aplicou sanções ao Brasil, a partir do final de maio.

    Em abril, os dois foram à missa do funeral do papa Francisco, mas Lula afirmou nem ter visto Trump na ocasião. Depois, em meados de maio, havia expectativa de que eles pudessem se esbarrar na cúpula do G7, em meados de maio, no Canadá. Mas isso não ocorreu porque Trump antecipou sua volta aos EUA.

    No início da manhã, Lula fez o discurso de abertura no segmento de alto nível da Assembleia-Geral da ONU. Trump falou em seguida.

    O encontro entre Lula e Trump, embora tenha sido um rápido encontro, não estava na agenda de nenhum dos dois mandatários. Ela ocorre num momento de distanciamento inédito entre Brasil e EUA por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -um aliado de Trump.

    O republicano classificou o processo contra Bolsonaro de caça às bruxas e, com base nisso, aplicou uma série de medidas punitivas contra o país. Entre elas, a cassação de vistos de autoridades, a imposição de sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.

    Na mais recente escalada, Trump incluiu a esposa de Moraes, Viviane Barci, em punições financeiras com base na Lei Magnitsky, e suspendeu os vistos de uma nova leva de autoridades brasileiras, entre elas o do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

    Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU; os dois vão se reunir

  • Macron é 'barrado' pela polícia de Nova York por causa de… Trump

    Macron é 'barrado' pela polícia de Nova York por causa de… Trump

    O francês reagiu a situação com bom humor, ligou para o presidente norte-americano e depois disso seguiu tranquilamente a pé pelas ruas da cidade de Nova York

    O presidente da França, Emmanuel Macron, passou por um momento cômico durante a sua visita a Nova York, nos Estados Unidos, na noite desta segunda-feira (22).

    Macron saía da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) quando foi interpelado por um policial, que o impediu de atravessar uma rua.

    O agente fazia parte da equipe de segurança que seguia a comitiva de Donald Trump. O carro onde estava o presidente dos EUA ia passar momentos depois, estando por isso a vedação a circulação de pessoas na rua.

    Entre eles estava, contudo, uma figura igualmente importante e que acabou por encarar toda a situação com… bastante bom-humor.

    O presidente de França pegou no telefone e ligou diretamente para o responsável pela sua situação.

    Depois do fim de todo o aparato, Macron prosseguiu o seu caminho a pé, sendo parado por vários pedestres.

    Emmanuel Macron se encontra nos EUA, onde participou na Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados.

     
    Nova Iorque acolhe Conferência para a Solução de Dois Estados 

    A Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados, copresidida pela França e Arábia Saudita, decorreu em Nova York, na qual vários países reconhecerão o Estado palestino.

    Na conferência, a França reconheceu formalmente o Estado da Palestina, uma decisão para promover a paz entre israelitas e palestinos, anunciou o Presidente francês, Emmanuel Macron, perante as Nações Unidas.

    “Chegou o momento (…). Declaro que hoje a França reconhece o Estado da Palestina”, afirmou Macron, na abertura da conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados, copresidida por Paris e Riade. 

    Macron sublinhou que estava sendo “fiel ao compromisso histórico da França” no Médio Oriente, onde reconhece que Paris tem “uma responsabilidade histórica”.

    “Devemos fazer tudo para preservar a possibilidade de uma solução de dois Estados, com Israel e a Palestina a viverem lado a lado em paz e segurança”, acrescentou.

    Macron anunciou também que será aberta uma embaixada francesa na Palestina condicionada à libertação de “todos os reféns” detidos pelo movimento islamita Hamas e a um “cessar-fogo” em Gaza.

    França reconhece formalmente o Estado da Palestina: “Chegou o momento” 

    A França reconheceu formalmente o Estado da Palestina, uma decisão para promover a paz entre israelitas e palestinos, anunciou o Presidente francês, Emmanuel Macron, perante as Nações Unidas.

    Macron acrescentou ainda que o reconhecimento é também “uma derrota para o Hamas, bem como para todos aqueles que promovem o antissemitismo e alimentam obsessões anti-sionistas e que querem a destruição do Estado de Israel”.

    A tomada de posição da França é significativa, uma vez que o país é o que tem a maior comunidade judaica da Europa, por ser historicamente um dos mais firmes aliados de Israel e por ter um lugar permanente (e portanto poder de veto) no Conselho de Segurança da ONU, para além de ser uma das principais economias do mundo.

    Macron anunciou também que mais cinco países se juntarão nas próximas horas ao reconhecimento do Estado palestino, como Bélgica, Malta, Luxemburgo, Andorra e São Marino.

    No domingo, Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália formalizaram o reconhecimento do Estado da Palestina.

    Macron é 'barrado' pela polícia de Nova York por causa de… Trump

  • Trump falará em 'retorno da força' dos EUA em discurso na ONU, diz secretária de imprensa

    Trump falará em 'retorno da força' dos EUA em discurso na ONU, diz secretária de imprensa

    Lula abre os discursos da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23), seguido por Donald Trump, mantendo a tradição de Brasil e EUA iniciarem as falas dos chefes de Estado desde 1955. A sessão contará ainda com líderes de mais de 30 países

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – A secretária de imprensa do governo Donald Trump, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente americano vai ressaltar o “retorno da força” do país em seu primeiro discurso do segundo mandato para a Assembleia-Geral da ONU. Trump falará logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Outro ponto central, segundo Leavitt, será uma “fala dura” sobre o que chamou de “fracassos do globalismo” -termo usado pela direita americana para criticar esforços de cooperação internacional e multilateralismo.

    Trump falará em 'retorno da força' dos EUA em discurso na ONU, diz secretária de imprensa

  • Irã executou pelo menos 1.000 condenados desde o início do ano

    Irã executou pelo menos 1.000 condenados desde o início do ano

    ONG denuncia que país vive a pior onda de execuções desde 2008, com média de nove enforcamentos por dia; maioria dos casos está ligada ao tráfico de drogas e a condenações por homicídio.

    Pelo menos 1.000 pessoas condenadas à morte foram executadas no Irã desde o início de 2025, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (23) pela ONG Iran Human Rights (IHR), que denuncia uma “campanha de massacres” nas prisões do país.

    O número já supera o recorde de 975 execuções registrado em 2024 e é o mais alto desde que a entidade, com sede na Noruega, começou a monitorar os casos em 2008. Apenas na última semana, foram pelo menos 64 execuções — uma média de nove enforcamentos por dia. A ONG ressalta, porém, que os dados provavelmente estão subestimados devido à falta de transparência das autoridades iranianas.

    Organizações de direitos humanos vêm acusando o regime do aiatolá Ali Khamenei de intensificar execuções em escala inédita nos últimos anos, em meio aos protestos de 2022 e 2023 contra o governo e à guerra de 12 dias contra Israel em junho.

    “Nos últimos meses, a República Islâmica lançou uma campanha de massacres nas prisões iranianas. Sem uma reação internacional séria, a dimensão desse massacre cresce a cada dia. As execuções arbitrárias e em massa, sem garantias de julgamento justo, configuram crimes contra a humanidade”, disse o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam.

    Segundo a ONG, cerca de 50% das execuções estão ligadas ao tráfico de drogas, 43% a condenações por homicídio, 3% a acusações de segurança nacional (como rebelião armada, “corrupção na Terra” e “inimizade contra Deus”), 3% a casos de estupro e 1% a espionagem em favor de Israel.

    O Irã ocupa hoje a segunda posição mundial em número de execuções, atrás apenas da China, de acordo com entidades como a Anistia Internacional.

    O relatório foi divulgado enquanto o presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, participa da Assembleia-Geral da ONU em Nova York, em um momento em que Teerã enfrenta a retomada de sanções econômicas por causa do seu programa nuclear.

    Irã executou pelo menos 1.000 condenados desde o início do ano

  • Assembleia-Geral da ONU tem discursos de Lula e Trump e começa às 10h

    Assembleia-Geral da ONU tem discursos de Lula e Trump e começa às 10h

    Lula abre os discursos da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23), seguido por Donald Trump, mantendo a tradição de Brasil e EUA iniciarem as falas dos chefes de Estado desde 1955. A sessão contará ainda com líderes de mais de 30 países

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será o primeiro líder a discursar na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23), de acordo com a tradição segundo a qual o Brasil abre as falas dos chefes de Estado. Em seguida, seu homólogo americano, Donald Trump, falará na tribuna, seguindo a ordem que se repete desde 1955, com algumas raras exceções.

    Antes do brasileiro, falam o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da Assembleia-Geral, Annalena Baerbock.
    Confira a ordem dos discursos abaixo:

    Manhã
    – Secretário-geral da ONU, António Guterres
    – Presidente da Assembleia-Geral, Annalena Baerbock
    – Brasil
    – EUA
    – Indonésia
    – Turquia
    – Peru
    – Jordânia
    – Coreia do Sul
    – Qatar
    – Suriname
    – Lituânia
    – Portugal
    – Uruguai
    – Eslovênia
    – Egito
    – Cazaquistão
    – África do Sul
    – Uzbequistão

    Tarde
    – Mongólia
    – Turcomenistão
    – Chile
    – Tadjiquistão
    – Líbano
    – França
    – Quirguistão
    – El Salvador
    – Polônia
    – Moçambique
    – México
    – Vietnã
    – Angola
    – Romênia
    – Marrocos
    – Maldivas
    – Iraque
    – Finlândia
    – Bósnia-Herzegovina

    Assembleia-Geral da ONU tem discursos de Lula e Trump e começa às 10h