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  • Câmara e Motta rejeitam explicar eventual votação de Eduardo Bolsonaro dos EUA

    Câmara e Motta rejeitam explicar eventual votação de Eduardo Bolsonaro dos EUA

    Deputado diz não conseguir registrar presença remota, e Casa não esclarece se há impedimento; excesso de faltas deve levar à perda de mandato; processo de cassação arquivado em conselho

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – A Câmara dos Deputados e o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), se recusam a informar se Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está impedido ou não de participar das sessões remotas do Legislativo.

    Sob risco de perder o mandato por faltas, o parlamentar, que está nos Estados Unidos desde março, afirma que não consegue registrar sua presença ou voto por meio de aplicativo, mesmo nas sessões não presenciais, e acusa a Câmara de impedir seu acesso remoto.

    Questionadas pela reportagem, as assessorias de imprensa da Câmara e de Motta não responderam se o acesso de Eduardo está bloqueado e por qual motivo.

    Como mostrou a Folha de S.Paulo, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem faltado às sessões virtuais mesmo após ter enviado, em agosto, um ofício a Motta no qual pede para exercer seu mandato à distância. O deputado, denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob a acusação de coação, alega que sua permanência no exterior é forçada e se deve a perseguições políticas.

    Nos EUA, o deputado comanda uma campanha para que o presidente americano, Donald Trump, determine punições a autoridades brasileiras, além de ter articulado o tarifaço contra produtos brasileiros, com o objetivo de livrar da prisão seu pai, condenado a 27 anos na ação da trama golpista.

    Desde que sua licença se encerrou, em 20 de julho, Eduardo acumula 37 ausências em 51 sessões, o que equivale a mais de dois terços de faltas. O limite autorizado para que um parlamentar mantenha seu mandato é de um terço, segundo a Constituição. Considerando a quantidade de sessões que devem ocorrer até o recesso, em dezembro, já não seria possível para o deputado cumprir esse requisito.

    “Desde o início de agosto, tenho levado falta na Câmara. Inclusive, nas votações virtuais, que eu poderia participar […]. Estou tentando resolver com ele [Motta], mas ao que parece as minhas presenças não estão contando, eu não sei por quê”, disse Eduardo em setembro, em entrevista ao site Poder 360.
    “Mesmo deputados que estão no Brasil não tiveram que ir à Câmara, em determinadas sessões, para registrar presença. Se eles não precisaram ir fisicamente ao Congresso, por que eu precisaria? […] Estou aguardando a resposta ao meu ofício, enviado ao presidente Hugo Motta. Mas é muito estranho que eu não possa votar através do celular”, completou.

    No mês passado, Motta barrou uma manobra do PL para driblar as faltas de Eduardo. O deputado foi indicado líder da minoria, já que os líderes não precisam justificar suas ausências do plenário, mas a designação não foi aceita pelo presidente da Casa.

    Um parecer da Secretária-Geral da Mesa, de 22 de setembro, usado para embasar a decisão de Motta, afirma que o registro remoto de parlamentar no exterior é autorizado em caso de missões oficiais.

    O relatório ressalta que o regimento da Câmara obriga deputados que saírem do país a informarem à Casa sobre a viagem, seja oficial ou particular -ainda que isso não seja totalmente seguido na prática.

    “A ausência de comunicação prévia sobre o afastamento do território nacional, como ocorre no caso em análise, constitui, por si só, uma violação ao dever funcional do parlamentar. Mais do que isso, essa omissão impede que a ausência à Casa seja enquadrada em qualquer hipótese de excepcionalidade que autorize o registro de presença à distância”, diz o parecer sobre a situação de Eduardo.

    Geralmente às quintas-feiras e excepcionalmente em outros dias da semana, a Câmara autoriza que os deputados registrem sua presença e votem por meio de um aplicativo de celular, com verificação em duas etapas. A prática foi adotada durante a pandemia de Covid-19 e se manteve desde então.

    Desde 20 de julho, a Casa teve 34 sessões presenciais e outras 16 remotas. Eduardo consta como ausente em todas elas.

    A Câmara também permite que um deputado declare seu voto por escrito após as votações, seja para deixar registrada sua posição ou por não ter conseguido votar durante a sessão, ainda que isso não altere o resultado da deliberação e não exima o parlamentar da falta.

    Eduardo utilizou esse recurso apenas uma vez, para declarar voto sim ao requerimento de urgência ao projeto de anistia aos condenados por ações golpistas, que foi aprovado em setembro, por 311 a 163 votos.

    Nos demais temas deliberados pelo plenário, Eduardo não fez questão de registrar sua posição. No período, a Câmara aprovou o aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a ampliação no número de famílias atendidas pela tarifa social de energia e projetos nas áreas de segurança pública e educação, por exemplo.

    Depois que o Conselho de Ética da Câmara arquivou, na última quarta (22), o processo que poderia levar à cassação de Eduardo, a exigência de presença nas sessões se tornou a principal via para que o deputado perca seu mandato.

    Na quinta-feira (23), o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), apresentou um recurso, assinado por mais de 80 deputados, para que o arquivamento pelo conselho seja levado à votação no plenário, onde eventualmente poderia ser revertido, mas não há prazo ou exigência de que isso seja votado.

    A perda de mandato por faltas não torna Eduardo inelegível, diferentemente da cassação por outros motivos, como por processo no Conselho de Ética.

    Como mostrou a Folha de S.Paulo, Eduardo não perderá o mandato em 2025 por excesso de faltas. A punição só é possível a partir de março de 2026, quando a Câmara contabiliza as faltas do ano anterior.

    Eduardo também foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob a acusação de recorrer ao governo Trump para coagir autoridades brasileiras a enterrar o processo contra Bolsonaro pela trama golpista de 2022.

    Câmara e Motta rejeitam explicar eventual votação de Eduardo Bolsonaro dos EUA

  • Lula envia ministros para reunião com Castro na tarde desta quarta

    Lula envia ministros para reunião com Castro na tarde desta quarta

    Operação policial no RJ, realizada na terça, deixou mais de 130 mortos

    Os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública; Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania; e Anielle Franco, da Igualdade Racial, seguem para o Rio de Janeiro às 15h desta quarta-feira (29) para uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também fará parte da comitiva. A informação foi confirmada pelo próprio Lewandowski após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado pela manhã.

    A reunião com o presidente, no Palácio da Alvorada, para tratar da Operação Contenção, ocorrida nessa terça-feira (28), no Rio de Janeiro, durou cerca de três horas e contou também com a participação de outros integrantes do primeiro escalão. Lewandowski afirmou que oferecerá peritos criminais e médicos legistas da Polícia Federal e da Força Nacional para ajudar na identificação dos corpos.

    A Operação Contenção, ocorrida nos complexos do Alemão e da Penha, na capital do estado, deixou mais de 130 mortos, mas a contagem de corpos – muitos ainda sendo retirados de área de mata pelos próprios moradores dessas comunidades – ainda não está fechada. Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o governador do Rio de Janeiro considerou a operação “um sucesso” e lamentou apenas as mortes de quatro policiais na ação.

    De acordo com o ministro da Justiça, Castro não solicitou a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no âmbito dessa operação. Caso essa solicitação chegue, a decisão caberá ao presidente da República.

    Operação mais letal da história

    As forças de segurança do estado realizaram a operação mais letal da história, para combater o Comando Vermelho. Em retaliação, os criminosos interditaram 35 ruas em diversos pontos da cidade, com veículos atravessados, latões de lixo, barricadas e pilhas de materiais em chamas. Para especialistas, a operação gerou um grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado, pelo contrário, ações como esta apenas fortalecem a violência.

    O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, atendeu, ainda na terça, o pedido do governador do Rio de Janeiro para transferência para presídios federais de 10 detentos que teriam liderado de dentro da cadeia ações que contribuíram com o caos na cidade.

    Lula envia ministros para reunião com Castro na tarde desta quarta

  • Trump diz que prepara acordos com China e Índia, mas negociação com Coreia do Sul segue travada

    Trump diz que prepara acordos com China e Índia, mas negociação com Coreia do Sul segue travada

    Durante fórum da Apec na Coreia do Sul, Trump anunciou avanços em pactos com China e Índia, mas enfrenta impasse com Seul devido à exigência de investimentos bilionários nos EUA. O bloqueio pode ofuscar a cúpula, apesar de declarações otimistas sobre a relação entre os dois países

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 29, que está prestes a firmar um pacto comercial com o presidente da China, Xi Jinping, e que também planeja um “grande acordo” com a Índia. As declarações foram dadas durante um fórum empresarial da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Gyeongju, na Coreia do Sul, onde Trump se reuniu com o presidente sul-coreano, Lee Jae Myung.

    As negociações com a Coreia do Sul, no entanto, continuam emperradas. O principal obstáculo é a exigência americana de US$ 350 bilhões em investimentos de Seul nos Estados Unidos. Segundo autoridades sul-coreanas, um aporte direto dessa magnitude poderia desestabilizar a economia do país, e a alternativa seria oferecer empréstimos, garantias de crédito e uma linha de swap cambial.

    O impasse ameaça ofuscar a participação de Trump e Lee na cúpula da Apec. Ainda assim, o líder americano buscou destacar a parceria entre os dois países. “Estamos entrando em uma nova era do comércio”, declarou. “Estamos encerrando as barreiras comerciais injustas e as cadeias de suprimentos fracas e patéticas. Se você construir sua fábrica nos Estados Unidos, não haverá tarifas.”

    Em tom conciliador, Trump elogiou a “relação muito especial” com Lee e disse que os países estão “muito próximos de um acordo”. O presidente sul-coreano, por sua vez, advertiu contra o avanço do protecionismo global e defendeu “cooperação e crescimento inclusivo” em meio à instabilidade econômica.

    O presidente americano também exaltou novos compromissos de investimento nos Estados Unidos, citando aportes anunciados por Hyundai (US$ 26 bilhões), Micron (US$ 200 bilhões), TSMC (US$ 100 bilhões) e por empresas como SoftBank, OpenAI e Oracle, que devem investir mais de US$ 50 bilhões.
     
     

     

     

    Trump diz que prepara acordos com China e Índia, mas negociação com Coreia do Sul segue travada

  • Leilões têm produtos devolvidos com até 90% de desconto

    Leilões têm produtos devolvidos com até 90% de desconto

    Com o aumento das vendas online e das devoluções, especialmente no pós-Black Friday, leilões de logística reversa ganham espaço como solução para escoar produtos com avarias leves ou devolvidos. Plataformas como Sold e Kwara oferecem descontos de até 90%, mas exigem atenção às regras específicas

    (FOLHAPRESS) – Para a legislação, usuários que compram produtos ou serviços pela internet têm até sete dias para devolvê-los e pedir reembolso. No varejo, esse fluxo de retorno já faz parte da rotina -e nem sempre é possível colocar os itens de volta na prateleira, especialmente os que estão sem embalagens ou com pequenas avarias, como uma geladeira que foi riscada durante o transporte.

    Uma das formas de lidar com o estoque parado é revender itens por meio de leilões de logística reversa. Entre os agentes desse mercado estão a Sold Leilões, do grupo Superbid Exchange, e a plataforma Kwara. Os leilões, no entanto, têm regras próprias, nem sempre seguem o CDC (Código de Defesa do Consumidor) e exigem atenção de quem pretende aproveitar descontos que, segundo a Sold, podem chegar a até 90% do valor original.

    À medida que a Black Friday se aproxima -e com ela a previsão de alta de 14,74% nas vendas online neste ano, segundo a Abiacom (Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-Commerce)-, cresce também a expectativa das devoluções de produtos. A Sold espera dobrar o volume de itens disponíveis no período pós-Black Friday. A Kwara diz que costuma realizar cerca de 200 leilões de logística reversa todo ano, e que o volume da oferta aumenta de dezembro até fevereiro.

    A transportadora Loggi estima que a porcentagem de devolução sobre os itens vendidos que carrega varia de 5% a 15%, a depender da categoria, sendo liderado pelo segmento de moda. A empresa afirma que o número absoluto de mercadorias devolvidas aumenta em datas comemorativas, como a Black Friday, uma vez que a devolução está diretamente ligada ao número de pacotes vendidos.

    Além disso, no caso da Loggi, as cidades com maior origem de devolução são, respectivamente, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF), dentre as mais de 3.000 cidades em que a empresa atua.

    COMO FUNCIONA O LEILÃO DE LOGÍSTICA REVERSA?

    Quando uma mercadoria é devolvida -por algum defeito, tentativa de entrega frustrada ou arrependimento do comprador- ele passa por uma avaliação interna. “Primeiro é feita uma triagem, em que é classificada a eventual avaria de cada produto”, diz Jacqueline Luz, diretora comercial da Superbid Exchange.

    Em ambas as plataformas, cada item é enquadrado em três categorias:

    – Saldo A: produtos com avarias apenas estéticas, normalmente na embalagem. São funcionais e costumam atrair consumidores finais;
    – Saldo B: produtos com pequenos defeitos, como riscos ou amassados, mas operacionais. Frequentemente comprados por revendedores;
    – Saldo C: itens com defeitos mais sérios ou que não funcionam, vendidos como sucata, muitas vezes adquiridos por empresas de manutenção.

    COMO PARTICIPAR?

    Interessados podem acessar o site www.sold.com.br ou www.kwara.com.br e criar uma nova conta de pessoa física ou jurídica. Os eventos de diferentes empresas costumam acontecer semanalmente, com datas e horários fixos.

    É importante prestar atenção nos prazos, cidades contempladas, condições para participação e formas de se habilitar de cada edital de leilão.

    A Sold diz que o comprador precisa retirar o produto pessoalmente, arcar com eventuais reparos e aceitar as condições descritas no edital. “Ele sabe que não tem garantia, que se tiver algum eventual problema vai ter que reparar por sua conta”, diz Jacqueline.

    Há a possibilidade de visita física para verificação dos lotes, mas no caso da Sold Leilões, o acesso depende das políticas de cada empresa. “É possível visitar, a gente libera um dia, um horário para ele poder visitar, mas normalmente eles confiam muito nas descrições que estão na plataforma”, afirma a executiva.

    Na Kwara, os agendamentos são mediados pela própria plataforma. “As únicas exceções que temos são alguns dos grandes marketplaces, que eventualmente podem ter restrições de visitação por questões de segurança interna. Todos os outros leilões necessariamente têm visitação”, afirma Thiago da Mata, CEO da Kwara e especialista em consórcios e leilões.

    Segundo ele, grandes empresas de marketplace e transportadoras costumam ter itens de maior qualidade, com menos avarias do que os de uma seguradora, por exemplo.

    LEILÕES SEGUEM O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR?

    Segundo o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo), é preciso ter cautela com os chamados “leilões virtuais”, uma vez que “nem todo o processo está coberto pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor)”, como no caso de trocas ou devoluções.
    Para o órgão, porém, algumas situações que podem enquadrar um site no CDC incluem:
    – Cobrar pela intermediação da venda (exposição, controle e recebimento de lance)
    – Não informar de forma clara, precisa e ostensiva quanto às condições e riscos pertinentes a esta comercialização, bem como sobre a própria qualidade do serviço oferecido
    – Deixar de cumprir a oferta contida na publicidade

    O Procon-SP explica que existem dois tipos de leilões: os realizados por meio judicial, que vendem bens sob administração da Justiça, e o leilão particular, feito a pedido da pessoa que deseja vender algo de sua propriedade.

    Este último deve ser “efetuado por um leiloeiro oficial devidamente matriculado na Junta Comercial, e só pode ser realizado ao vivo, em data previamente anunciada e diante do público e seus interessados”, segundo a entidade.

    Os chamados “leilões virtuais”, para a definição do Procon-SP, não são caracterizados propriamente como um “leilão”, mas sim uma página de classificados eletrônicos para particulares anunciarem seus produtos. O vendedor não poderá ser caracterizado como fornecedor, mas poderá ser responsabilizado por problemas com a transação por meio do Poder Judiciário.

    Para se proteger, o Procon-SP recomenda:
    – Ler atentamente o contrato
    – Verificar se a página oferece sistema de segurança
    – Certificar-se quanto à idoneidade do vendedor
    – Comparar preços
    – Pedir todo tipo de informação necessária pertinente ao produto desejado
    – Confirmar prazos para retorno
    – Entender as condições em relação aos demais participantes
    – Observar quais as circunstâncias para desistência pelas partes envolvidas
    – Investigar os custos de frete e impostos, principalmente em páginas estrangeiras
    – Ao receber o produto, verificar se ele está de acordo com o que foi previamente identificado na tela da rede
    – Exigir recibo discriminando valor e estado da mercadoria adquirida

    Leilões têm produtos devolvidos com até 90% de desconto

  • Lucro do Santander Brasil cresce para R$ 4 bilhões no 3º tri

    Lucro do Santander Brasil cresce para R$ 4 bilhões no 3º tri

    Santander Brasil registra lucro de R$ 4 bi no 3º trimestre de 2025, superando as expectativas do mercado. Com alta de 9,4% em relação ao ano anterior, o banco apresentou ROAE de 17,5%, crescimento da carteira de crédito e leve aumento na inadimplência acima de 90 dias

    (FOLHAPRESS) – O Santander Brasil lucrou R$ 4 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma alta anual de 9,4% e trimestral de 9,6% ante o registrado no trimestre anterior, informou o banco nesta quarta-feira (29).

    O resultado veio acima da expectativa de analistas consultados pela Bloomberg, de R$ 3,75 bilhões.

    A rentabilidade do banco medida pelo ROAE (Retorno Sobre Patrimônio Médio, na sigla em inglês) também cresceu, terminando setembro em 17,5%, alta de 1,2 ponto percentual em três meses e de 0,5 ponto percentual em um ano.

    Já a margem financeira do período teve leve queda de 1,2% no trimestre e de 0,1% no ano, a R$ 15,2 bilhões.

    A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil somou R$ 688,8 bilhões, ganho trimestral de 2% e anual de 3,8%.

    “No crédito, seguimos com a mesma disciplina na alocação de capital, priorizando ativos de maior rentabilidade e qualidade, enquanto, no passivo, continuamos a otimizar o mix de captações, com maior representatividade da pessoa física”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, no balanço.

    O custo de crédito ficou estável ante o segundo trimestre, a 3,86%, mas com uma leve alta de 0,2 ponto percentual no ano.

    Ao todo, foram alocados R$ 7,5 bilhões em PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), sendo que R$ 986 milhões foram recuperados.

    No entanto, as contas em atraso em atraso por mais de 90 dias aumentaram no trimestre, indo de 3,1% em junho para 3,4% em setembro. No ano anterior, o índice estava em 3,2%.

    Segundo o banco, os atrasos foram impulsionado pelos juros altos, que tendem a “elevar o nível de endividamento das famílias, bem como aumentar os pedidos de recuperação judicial.”

    Além disso, a mudança na regra contábil para bancos neste ano, que os obriga a provisionar os empréstimos que o banco pode não reaver, também contribuiu para uma PDD maior, diz o Santander. Antes, a obrigação era reservar apenas os valores de perdas que já haviam ocorrido.

    RAIO-X SANTANDER BRASIL | 3º TRI DE 2025
    Lucro líquido: R$ 4 bilhões
    ROAE: 17,5%
    Funcionários: 51.747
    Clientes: 72,8 milhões (33,7 milhões ativos)
    Agências e pontos de atendimento: 1.789
    Fundação: em atividade no mercado local desde 1982
    Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Nubank

    Lucro do Santander Brasil cresce para R$ 4 bilhões no 3º tri

  • Tarcísio busca STF por reaproximação após crítica a Moraes em discurso no 7 de Setembro

    Tarcísio busca STF por reaproximação após crítica a Moraes em discurso no 7 de Setembro

    Após críticas ao STF em ato bolsonarista, Tarcísio de Freitas busca reaproximação institucional com ministros da corte em Brasília, tratando de temas tributários e reforçando a imagem de gestor estadual em meio à pressão para disputar a Presidência em 2026

    (CBS NEWS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi a Brasília nesta terça-feira (28) para ter reuniões com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), num gesto de aproximação, após a crise envolvendo seu discurso no ato bolsonarista de 7 de Setembro.

    Os encontros têm como mote temas tributários envolvendo interesses do estado. Mas interlocutores destacam que é uma importante oportunidade de refazer as pontes com o Judiciário.

    Tarcísio de Freitas recebe medalha de honra ao mérito do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de SP Danilo Verpa – 6.out.2025 Folhapress Homem de terno azul com A primeira agenda acontece com o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Marco Aurélio Bellizze Oliveira, seguida de dois encontros no STF: o primeiro com o ministro do Supremo e vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Kassio Nunes Marques, e o segundo com o presidente da corte, Edson Fachin.

    O governador de São Paulo sempre foi um dos principais interlocutores do bolsonarismo com ministros do STF, inclusive Alexandre de Moraes. No último 7 de Setembro, contudo, chamou o magistrado de “tirano”, numa escalada de tom que coincidiu com o aumento da pressão para se tornar sucessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República.

    O movimento foi visto como uma forma de implodir pontes. Na ocasião, ministros, reservadamente, defenderam que ele procurasse integrantes da corte para se explicar. A retratação não ocorreu, mas interlocutores do governador disseram que a fala na avenida Paulista foi “desabafo”, fora do seu perfil.

    Depois, no fim de setembro, Tarcísio deixou de ir à posse do ministro Fachin na presidência do STF, num dia em que estava em Brasília, visitando Bolsonaro em prisão domiciliar. A decisão foi criticada mesmo por aliados, que acharam que ele perdeu a oportunidade de atuar como governador, sobretudo após a fala mal colocada do ato bolsonarista.

    Este é o primeiro encontro oficial do governador com o novo presidente do STF. 

    Em Brasília, Tarcísio também irá participar, na quarta-feira (29), da filiação do deputado Pedro Lupion (PP-PR) no Republicanos, seu partido. Não há previsão de visita a Bolsonaro até o momento -para isso, ele precisaria pedir autorização a Moraes.

    A ida à capital federal ocorre em um momento no qual Tarcísio freou a ofensiva presidencial. Apesar das pressões de setores empresariais e do mundo político para se lançar candidato, o governador vinha sendo alvo do bolsonarismo radical, inclusive dos filhos do ex-presidente, e decidiu submergir e insistir que será candidato à reeleição.

    Por isso, a ida a Brasília para tratar de interesses do governo de São Paulo também tem esse objetivo de retomar a imagem de chefe do Executivo paulista, preocupado com interesses do estado.

    No Supremo, as duas agendas previstas seriam fechadas e sem falas previstas à imprensa ou comunicados posteriores. Kassio não divulgou a razão do encontro e não deu previsão para dar informações a respeito da conversa.

    Com Fachin, a agenda oficial será sobre um caso em tramitação na corte e sob os cuidados do presidente. Tarcísio entrou com um pedido para suspender uma liminar sobre recolhimento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

    Na ação, está a discussão na qual a Rodopetro Distribuidora de Petróleo conseguiu na Justiça suspender o recolhimento do imposto. Agora o governo paulista pede a retomada da cobrança e diz que o Grupo Refit -que revende o combustível da Rodopetro- já deve R$ 9,7 bilhões para o estado.

    No STJ (Superior Tribunal de Justiça), Tarcísio se encontrou com o ministro Marco Aurélio Bellizze, que havia pedido vista (mais tempo para análise) de duas ações que interessam o estado.

    Uma trata de tema tributário, a base de cálculo do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos).

    Outra tem relação com a eventual prescrição de ações de indenizações por danos materiais e morais causados por agentes do estado nos chamados “crimes de maio” de 2006, sobre mortes em ações policiais após ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital).

    Tarcísio busca STF por reaproximação após crítica a Moraes em discurso no 7 de Setembro

  • Governador do RJ reconhece excesso das competências do estado em operação

    Governador do RJ reconhece excesso das competências do estado em operação

    Governador Cláudio Castro admitiu que a Operação Contenção ultrapassou os limites legais do estado, mas justificou o avanço alegando falta de apoio federal no combate às facções. Ele defendeu maior integração e até presença das Forças Armadas diante do poder bélico do crime organizado no Rio

    O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, reconheceu, nesta terça-feira (28), que a chamada Operação Contenção, que as forças de segurança do estado estão realizando nos complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense, excedeu os “limites e as competências” do governo estadual.

    “Eu até entendo que estamos excedendo as nossas competências, mas continuaremos as excedendo. E, se precisarmos exceder ainda mais, o faremos, na nossa missão de servir e proteger nosso povo”, declarou Castro ao apresentar a jornalistas um balanço preliminar da ação. Até o momento, há ao menos 64 pessoas mortas – incluindo quatro policiais –, mais de 80 presos e 75 fuzis apreendidos, além de pistolas e granadas.

    Ao justificar a operação, o governador cobrou mais apoio federal no enfrentamento às organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e em outras partes do território brasileiro. Segundo Castro, o estado está atuando “sozinho nesta guerra”.

    “Esta operação tem muito pouco a ver com segurança pública. Ela é uma operação de defesa. [Porque] esta é uma guerra que está passando os limites que o estado [do Rio de Janeiro] deveria estar defendendo sozinho. Para uma guerra desta, que nada tem a ver com a segurança urbana, deveríamos ter um apoio muito maior. Neste momento, talvez até de Forças Armadas”, propôs Castro, se referindo ao poder bélico e financeiro das organizações criminosas.

    Segundo o governador, a ação desta terça-feira foi planejada ao longo de seis meses, como resultado de mais de um ano de investigações. Contou com o aval do Poder Judiciário e foi acompanhada pelo Ministério Público do estado. Contudo, o governo fluminense não solicitou apoio federal. De acordo com Castro, porque os pedidos de ajuda anteriores foram negados.

    “Pedimos os blindados [militares] algumas vezes. E, todas as vezes, os pedidos foram negados. Desta vez, não pedimos por terem negado nas outras três vezes. Falaram que, para isso, tem que [ser decretada uma operação de] Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que tem que ter isso ou aquilo. E como o presidente [da República, Luiz Inácio Lula da Silva] já falou que é contra GLOs, entendemos a realidade. E não vamos ficar chorando pelos cantos”, afirmou o governador. “Espero que isso sirva de exemplo de que precisamos de mais integração.”

    O Ministério da Defesa confirmou, por meio de nota, que, em janeiro deste ano, o governo do Rio de Janeiro solicitou que a Marinha fornecesse “apoio logístico” às forças de segurança estaduais, com o empréstimo de veículos blindados. Segundo o ministério, o pedido foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU), que indicou que a solicitação só poderia ser atendida com a decretação de uma GLO, o que exigiria um decreto presidencial.

    Também em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou que, desde 2023, agentes da Força Nacional de Segurança Pública estão atuando no Rio de Janeiro, apoiando as ações estaduais. Além disso, só em 2025, a Polícia Federal (PF) deflagrou 178 operações no estado, resultando na apreensão de 190 armas, incluindo 17 fuzis, além de 10 toneladas de drogas. Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) intensificou, a partir de 2023, as operações de combate ao roubo de cargas e veículos nas rodovias federais que cortam o Rio de Janeiro.

    “Além disso, nos últimos anos, o estado do Rio de Janeiro tem recebido recursos do governo federal para investir no sistema penitenciário e na segurança pública”, acrescentou o Ministério da Justiça, no comunicado. De acordo com a pasta, entre 2016 e 2024, mais de R$ 99 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) foram repassados ao estado, que só utilizou cerca de R$ 39 milhões do total recebido. Do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), foram transferidos quase R$ 288 milhões entre 2019 e 2025, dos quais apenas R$ 157 milhões foram executados.

    “Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada. Esse é mais um exemplo de integração federativa que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública pretende colocar em prática”, assegura o ministério.

    Governador do RJ reconhece excesso das competências do estado em operação

  • Em meio a negociações, EUA se reúnem com empresas americanas atingidas por tarifas contra o Brasil

    Em meio a negociações, EUA se reúnem com empresas americanas atingidas por tarifas contra o Brasil

    Governo dos EUA avança na análise das tarifas impostas ao Brasil por Trump e inicia escuta formal de empresas americanas afetadas. Negociações ganham tom técnico e podem levar à suspensão parcial das sobretaxas, com setores estratégicos como café e carne buscando isenção ou inclusão em futuras exceções

    (FOLHAPRESS) O governo dos Estados Unidos deu um passo adiante na análise das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil e começou um processo para ouvir empresas americanas atingidas pelas sobretaxas.

    As reuniões são focadas nas taxas de 40% aplicadas pelo governo americano e que tiveram como justificativa motivações políticas, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Segundo um interlocutor do governo americano, o USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) determinou que todas as companhias que queiram tratar do assunto sejam escutadas pelo próprio órgão e pelo Departamento de Estado.

    A ordem foi dada após a reunião realizada entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário do Departamento de Estado americano, Marco Rubio, na semana retrasada. O encontro foi interpretado pelos americanos e pelos brasileiros como a largada efetiva das negociações tarifárias.

    Integrantes da comitiva americana relataram a interlocutores terem saído da conversa com Lula na Malásia com boa impressão, indicando boa vontade em chegar a um acordo.

    O USTR já ouviu formalmente uma série de empresas no âmbito da investigação tarifária aberta com base na chamada Seção 301. Vinculado a uma legislação americana de 1974, o regulamento autoriza o governo dos EUA a retaliar, com medidas tarifárias e não tarifárias, qualquer nação estrangeira que tome práticas vistas como injustificadas e que penalizam o comércio americano. China e União Europeia já foram alvo.

    O novo processo de escuta das empresas, porém, não seria vinculado à Seção 301 e teria como objetivo levantar as demandas das empresas americanas para incluir esses pedidos nas negociações com o Brasil. Segundo pessoas ligadas a empresas ouvidas nas discussões, isso indica a intenção dos EUA de progredirem efetivamente nas tarifas.

    Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados, confirmou que o USTR está aceitando reuniões com companhias americanas interessadas em falar sobre o Brasil. “O USTR está se reunindo com as empresas que estão pedindo para falar sobre o Brasil, para ver se elas têm elementos para colocar na mesa de negociações”, afirmou ele.

    Federico Lamego, superintendente de relações internacionais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), avalia que a liderança do USTR mostra que as negociações estão se encaminhando para um perfil técnico, o que contribui para uma eventual suspensão das tarifas avançar.

    “Estamos com uma grande expectativa que haja um bom desfecho, com a possibilidade de algum tipo de suspensão temporária das tarifas de 50%”, afirma. “O fato de o USTR liderar as negociações é importante, já que deve levar a uma agenda técnica entre os dois lados.”

    Ele afirma que o USTR tem como tradição ouvir as empresas sobre como proceder nas negociações com outros países, e o fato de ter determinado reuniões com empresas americanas indica que esse é o primeiro passo para a construção de um acordo.

    A CNI defende que o acordo com os EUA seja mais amplo — ou seja, que não se restrinja à questão tarifária — para elevar a chance de um avanço nas tratativas.

    “Acreditamos que o acordo deve incluir compromisso de investimentos de empresas brasileiras nos Estados Unidos, compras governamentais de produtos americanos em defesa e alianças estratégicas, como em minerais críticos, SAF [combustível sustentável de aviação] ou data centers”, avalia.

    A entidade prepara um documento para entregar ao governo americano com sugestões nesse sentido.

    Enquanto isso, os principais setores afetados pelo tarifaço também se movimentam individualmente para serem contemplados nas negociações.

    O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) informou que está realizando reuniões com o governo e que busca incluir o café na solicitação de suspensão de todas as tarifas para produtos brasileiros por 90 dias.

    Como alternativa, se a suspensão não for implementada, os exportadores de café pretendem que o produto seja incluído na lista de isenções ao tarifaço, assinada por Trump em 5 de setembro.

    Em nota, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) afirmou que a negociação é importante para preservar a competitividade da carne brasileira e garantir previsibilidade aos exportadores.

    “O encontro [entre Lula e Trump] reforça a importância do diálogo para o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e demonstra a disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas atualmente em vigor”, disse a entidade através de sua assessoria de imprensa.

    Em meio a negociações, EUA se reúnem com empresas americanas atingidas por tarifas contra o Brasil

  • Defesa de Bolsonaro foca redução improvável de penas e sinaliza novo recurso no STF

    Defesa de Bolsonaro foca redução improvável de penas e sinaliza novo recurso no STF

    Defesa de Jair Bolsonaro aposta em recursos para tentar reduzir penas impostas pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Especialistas avaliam que as teses têm baixo potencial de sucesso e que o Supremo deve manter a condenação do ex-presidente ainda neste ano

    (CBS NEWS) – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foca uma redução de penas ao recorrer de condenação no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e sinaliza a apresentação de novo recurso.

    O julgamento do recurso deve ocorrer de 7 a 14 de novembro em sessão virtual na Primeira Turma e marca o início de uma nova fase do processo contra o ex-presidente.

    Especialistas dizem que as teses defensivas exploram tópicos que, do ponto de vista técnico, poderiam abrir margem para revisão. Apesar disso, concordam que os argumentos devem ser enterrados pelos ministros.

    Os embargos de declaração -tipo de recurso apresentado pelos advogados de Bolsonaro e por outros condenados do núcleo crucial da trama golpista- permitem apontar obscuridades, imprecisões, contradições ou omissões em uma decisão.

    A defesa do ex-presidente também já sinalizou que pretende opor mais um recurso ao falar em “futuros embargos infringentes”. Essa outra classe permite rediscutir o mérito de ações, mas só é cabível se ao menos dois ministros tenham divergido dos demais.

    No caso de Bolsonaro, apenas Luiz Fux votou para inocentá-lo. Na terça-feira (21), o ministro pediu para deixar a Primeira Turma e não deve participar dos julgamentos relativos à fase recursal.

    Luisa Ferreira, professora da FGV Direito SP, diz que a defesa priorizou o debate sobre redução das penas. Apesar disso, afirma que a condenação deve ser mantida pela corte, mesmo considerando plausíveis algumas das teses.

    Entre elas, ressalta o debate sobre a possibilidade de condenação conjunta pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. Nesse caso, discute-se também a existência de concurso material, que resulta na soma das penas, ou de concurso formal, no qual a pena mais alta é aplicada.

    “Mediante uma ação, o réu praticou dois crimes ou são duas ações com dois resultados? Essa é uma questão de pena importante. Primeiramente, já acho discutível a aplicação dos dois crimes. E, além disso, há a questão de qual o concurso de crimes”, diz.

    Claudia Barrilari, doutora pela USP e diretora do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), concorda que, da maneira como foi apresentado, o recurso tem poucas chances de alterar a decisão.

    “São pontos que, a meu entender, não podem mais ser revistos no recurso de embargos de declaração, cuja natureza integrativa tem por objeto esclarecer, e não rediscutir o mérito da decisão, como parece ser o objetivo dos advogados recorrentes”, afirma.

    O professor Antônio José Martins, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), considera que existe uma margem técnica para revisão, mas vê uma probabilidade baixa de isso ocorrer.

    Ele ressalta, por exemplo, a discussão sobre bis in idem no sentido de usar uma mesma circunstância para agravar mais de uma vez a pena e sobre autoria mediata -quando um agente usa outra pessoa como instrumento para o cometimento de um crime.

    O professor afirma, porém, que é incomum o Supremo reabrir debates de mérito em embargos de declaração. “A probabilidade de grandes transformações a partir de embargos de declaração são pequenas, até porque subverteria a própria natureza dos recursos.”

    O criminalista Renato Vieira, doutor pela USP, avalia que os ministros da Primeira Turma devem julgar que as matérias apresentadas nos embargos extravasam o limite para esse tipo de recurso e, por consequência, negá-los.

    A partir daí, a defesa tem dois caminhos: opor novos embargos de declaração ou embargos infringentes. A expectativa é que uma hora o relator, Alexandre de Moraes, considere o recurso protelatório, ou seja, que a defesa está tentando atrasar o processo, e determine o trânsito em julgado.

    Só então o tribunal deve decidir onde Bolsonaro cumprirá a pena: em um presídio comum, em uma unidade militar ou em regime domiciliar. A expectativa no tribunal é que essa fase se encerre ainda neste ano.

    Defesa de Bolsonaro foca redução improvável de penas e sinaliza novo recurso no STF

  • STF se divide sobre uso de relatórios do Coaf em investigações e tenta meio-termo

    STF se divide sobre uso de relatórios do Coaf em investigações e tenta meio-termo

    Caso afeta apurações importantes como a da trama golpista e operações contra facções criminosas; úmero de relatórios de inteligência financeira saltou de 1.258 em 2008 para mais de 18.762 em 2024

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O STF (Supremo Tribunal Federal) tem um impasse a resolver a respeito da encomenda de relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) pelo Ministério Público sem autorização judicial. A corte deve tentar um meio-termo entre as correntes defendidas pelos ministros.

    De um lado, uma ala do Supremo tem a preocupação de que as possibilidades de investigação sejam restringidas demais. Do outro, há ministros que querem padrões rigorosos de análise e controle, a fim de evitar abusos de quebras de sigilo e o que consideram uso desvirtuado da ferramenta.

    Os relatórios de inteligência financeira produzidos pelo órgão, chamados RIFs de intercâmbio, incluem dados fiscais e bancários e são usados em diversas ações de repercussão pelo país, como as da trama golpista, que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), as do 8 de Janeiro e também em operações sobre facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital).

    A discussão está em aberto em diferentes processos na corte. Independentemente da ação a ser julgada primeiro, a avaliação é de que o Supremo tem maioria para dispensar a autorização judicial.

    O tribunal pode, no entanto, fixar balizas para impedir um uso irrestrito desse tipo de solicitação. Por exemplo, pode determinar que elas só possam ser feitas em procedimentos de investigação já instaurados e com uma fundamentação robusta.

    As divergências têm gerado situações desiguais tanto internamente quanto em relação a casos pelo país.

    No fim de agosto, decisões em sentidos opostos dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes explicitaram a divisão que existe no tribunal sobre o tema.

    De um lado, Moraes suspendeu todas as decisões que derrubaram a validade desses relatórios e criaram o que ele chamou de “entraves indevidos” a investigações.

    Já Gilmar decidiu que o Ministério Público e as autoridades policiais não podem requisitar dados diretamente ao Coaf sem autorização judicial. Para o ministro, essa conduta pode configurar quebra de sigilo irregular.

    A posição de Moraes tem prevalência na Primeira Turma do tribunal, que tem alargado a interpretação sobre o tema, enquanto a maior parte dos ministros da Segunda Turma segue Gilmar.

    Há também uma ação sob relatoria do ministro Dias Toffoli que quer a validação apenas do compartilhamento espontâneo de relatórios do Coaf com os órgãos de persecução penal -mas não o caminho inverso.

    Internamente, discutem-se algumas soluções para o plenário julgar a controvérsia. Também há votos intermediários que devem ser apresentados pelos ministros, para contemplar as duas alas da corte.

    A saída mais óbvia é votar o caso de relatoria de Moraes, que tem repercussão geral. Ou seja, a tese definida incidirá em todas as outras sobre o tema.

    A ação também está em estágio mais avançado, segundo observadores da corte. É possível, ainda, que os casos sejam pautados em conjunto para pacificar definitivamente o tema.

    O Coaf se relaciona de duas formas com as polícias e outros órgãos de investigação. Na primeira, identifica transações suspeitas, produz RIFs e envia às entidades competentes para aprofundar a apuração.

    Na segunda, os próprios órgãos de investigação demandam informações sobre determinadas pessoas ou empresas. Nesse caso, o Coaf busca em seu banco de dados apontamentos de transações suspeitas e então os encaminha a quem solicitou.

    Decisões relacionadas ao Coaf têm idas e vindas no STF desde 2019, quando uma determinação de Toffoli paralisou ao menos 700 investigações no país. Ela foi revertida no plenário depois de longa discussão.

    A análise do pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para anular provas no caso da “rachadinha” motivou a discussão que culminou na autorização para o compartilhamento desses dados com o Ministério Público e a polícia sem necessidade de autorização judicial prévia.

    Segundo o próprio Coaf, desde 2008 o número de RIFs elaborados pelo órgão se multiplicou, assim como o número de intercâmbios com outras entidades, como as Polícias Civis, a Polícia Federal e os Ministérios Públicos.

    Em 2008, foram produzidos 1.258 RIFs, ante 18.762 em 2024. O salto se deu especialmente a partir de 2015.

    As Polícias Civis, ligadas aos governos estaduais, têm intensificado o acionamento do órgão. Em 2024, foram 13.667 pedidos, mais que o dobro dos 6.375 de 2021 -aumento de 114%. Há maior concentração de apurações relacionadas a tráfico de drogas, fraudes, corrupção e atuação de facções criminosas, segundo dados do conselho.

    A controvérsia transbordou para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    “Nós aqui no STJ nos encontramos numa situação muito difícil. Já até comentamos isso, porque tem uma turma do Supremo pensando uma coisa e outra, pensando outra”, disse o ministro Ribeiro Dantas em sessão recente. “Quando a gente decide de um jeito, vem uma decisão dando reclamação para a gente. Quando decide do outro, vem da outra turma.”

    Na sequência, o ministro Joel Paciornik relatou um episódio de seu gabinete que evidenciou a falta de clareza na matéria.

    “O mais curioso é que, na mesma semana, saíram duas decisões monocráticas, mas em sentidos exatamente contrários. Aí a assessoria chegou para mim e perguntou ‘a quem eu obedeço?’. Falei: ‘não sei, porque nesse sistema realmente não sabemos a quem devemos obediência’”, contou.

    O criminalista Leandro Raca afirma que a liberalização excessiva do poder de requisição de dados sigilosos facilita práticas abusivas.

    “Dar à delegacia o poder de requisitar esses dados é uma oportunidade imensa para arbitrariedade. Mais ainda, se não se exigir uma investigação formal prévia, aí você tem praticamente uma máquina de dossiê na mão de qualquer autoridade”, diz.

    STF se divide sobre uso de relatórios do Coaf em investigações e tenta meio-termo