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  • Emendas para a PF disparam após norma para captação de verba e chegam a R$ 37 mi no ano

    Emendas para a PF disparam após norma para captação de verba e chegam a R$ 37 mi no ano

    O aumento coincide com uma resolução, criada na gestão do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que estreitou a relação institucional da PF com o Congresso. A norma regulamentou a função de assessoria parlamentar pelos delegados que chefiam as superintendências da PF nos estados

    (CBS NEWS) – A destinação de emendas parlamentares para a Polícia Federal disparou e chegou a R$ 37 milhões apenas neste ano. É o maior volume captado pelo órgão ao menos desde 2020 e inclui recursos enviados por congressistas investigados pela corporação.

    O aumento coincide com uma resolução, criada na gestão do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que estreitou a relação institucional da PF com o Congresso. A norma regulamentou a função de assessoria parlamentar pelos delegados que chefiam as superintendências da PF nos estados.

    Na prática, isto permite que eles possam captar emendas junto a parlamentares para o orçamento da corporação, fazer lobby por projetos de lei de interesse da Polícia Federal e ajudar na elaboração de pareceres.

    A PF afirma que esse contato não compromete a imparcialidade da instituição, pois, uma vez incorporados ao orçamento, “os recursos passam a ser geridos de forma técnica e transparente”.

    O órgão também diz que a captação de emendas parlamentares pode ocorrer como forma de reforçar investimentos em segurança pública, e que a atuação não envolve pedido de votos, “mas sim a defesa técnica dos interesses institucionais da PF”.

    A resolução que disciplinou a atividade de assessoria parlamentar foi editada em 2023. Naquele ano, a PF obteve R$ 4,5 milhões em emendas. No ano seguinte, o valor saltou para R$ 17 milhões e, neste ano, a quantia já dobrou.

    Nem todos esses valores já foram repassados e executados pela polícia. O balanço foi fornecido pela PF à reportagem contempla emendas do tipo individual, de bancada estadual e de comissão.

    Foram excluídas da comparação as emendas de relator, que foram declaradas inconstitucionais pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro de 2022 e não são mais usadas pelo Congresso. De acordo com o portal Siga Brasil, do Senado, a PF recebeu R$ 9 milhões de emendas deste tipo até 2023.

    De acordo com integrantes do órgão ouvidos pela reportagem, a resolução da PF foi importante para esse trabalho porque os superintendentes têm mais acesso aos deputados de suas localidades, o que facilita a interlocução.

    Antes, a tarefa ficava concentrada na Divisão de Assuntos Parlamentares, em Brasília, que hoje coordena o trabalho desempenhado pelos superintendentes.

    Um parlamentar que destinou R$ 500 mil à PF neste ano foi o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), flagrado em uma operação da PF em 2020 com dinheiro vivo dentro da cueca. O recurso foi destinado para a “repressão ao tráfico ilícito de drogas e crimes contra bens e serviços da União”.

    Rodrigues foi indiciado pela Polícia Federal em 2021 sob suspeita de envolvimento em desvio de recursos públicos destinados ao combate à Covid-19. O caso está sob relatoria do ministro Flávio Dino, do STF, e ainda não teve desfecho.

    Procurada, a assessoria do senador disse que a emenda “deve ter sido um pedido da superintendência da PF em Roraima”, estado do parlamentar. Também afirmou que “todos os órgãos pedem” e que “em todos os anos é assim”. O senador tem afirmado que não tem envolvimento com qualquer ato ilícito.

    Durante uma audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, em julho, o diretor-geral da PF afirmou que aproveitaria a ocasião para fazer um “lobby” aos deputados para a destinação de emendas parlamentares do grupo à PF.

    Ele disse que a instituição também precisa desse suporte e apoio, “com muita transparência e muita clareza” e que “o dinheiro de todos os parlamentares é muito bem-vindo”.

    Em agosto, o ministro Flávio Dino determinou a abertura de novos inquéritos pela PF para investigar 964 emendas parlamentares que somam R$ 694 milhões. Ele também já tomou diversas decisões para suspender o uso desses recursos.

    Questionada pela reportagem, a PF respondeu que reafirma seu compromisso com a isonomia e a impessoalidade em todas as investigações e que, uma vez incorporados ao orçamento, “os recursos passam a ser geridos de forma técnica e transparente”.

    Também afirmou que conta com mecanismos internos de controle e supervisão, além da fiscalização externa, “que asseguram a condução das investigações sem qualquer interferência política”.

    Acrescentou que, do ponto de vista institucional, não há problema no fato de parlamentares investigados destinarem emendas à PF, uma vez que estas são destinadas ao órgão e não a indivíduos, sendo aplicadas de acordo com critérios técnicos e prioridades estabelecidas pela própria Polícia Federal.

    A corporação também declarou que as emendas parlamentares representam uma fonte complementar essencial de recursos, permitindo aprimorar a capacidade operacional e tecnológica da instituição.

    Com estes recursos, o órgão afirmou que pode investir em áreas estratégicas como aquisição de viaturas, armamentos e equipamentos de proteção individual, construção, reforma e manutenção de delegacias e postos de fronteira, desenvolvimento de sistemas de inteligência e análise de dados e perícia forense.

    “Esses investimentos reforçam a atuação da PF em investigações complexas, no combate à criminalidade e na proteção das fronteiras, garantindo maior eficiência no cumprimento de sua missão constitucional”, disse.

    Emendas para a PF disparam após norma para captação de verba e chegam a R$ 37 mi no ano

  • Núcleo de desinformação deve ser o próximo da trama golpista a ser julgado pelo STF

    Núcleo de desinformação deve ser o próximo da trama golpista a ser julgado pelo STF

    O prazo para as defesas dos sete réus do grupo apresentarem suas alegações finais se encerra nos próximos dias. Caso siga mesmo ritmo do núcleo central, Alexandre de Moraes pode pedir data para julgamento logo em seguida

    (CBS NEWS) – O núcleo da trama golpista de 2022 acusado de espalhar desinformação contra as urnas eletrônicas e atacar autoridades contrárias a um golpe de Estado deve ser o próximo a ter julgamento marcado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    O prazo para as defesas dos sete réus do grupo apresentarem suas alegações finais se encerra nos próximos dias. Caso siga mesmo ritmo do núcleo central, Alexandre de Moraes pode pedir data para julgamento logo em seguida.

    O relator do caso pretende julgar todos os réus da trama golpista ainda neste ano. Essa era a expectativa anunciada por Moraes em discurso de mais de 30 minutos feito na reabertura do Judiciário, no início do semestre.

    O ritmo em que correm as ações penais depende do andamento de cada etapa do processo. Apesar de ser o quarto núcleo, o de desinformação se aproxima antes da conclusão por ter tido a instrução encerrada mais cedo que os demais.
    Na fase de instrução, são colhidas as provas por meio de oitivas de testemunhas, interrogatórios e demais diligências, como a produção de perícias, por exemplo, o que impacta no andamento de cada caso.

    A corte ainda avalia se fará os demais julgamentos do caso de forma presencial, assim como o que condenou Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pela articulação golpista, ou se migrará para o formato virtual.

    No caso do núcleo central, as defesas apresentaram suas alegações finais em 13 de agosto. No dia seguinte, Moraes pediu ao presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, o agendamento do julgamento do caso.

    Zanin continua na presidência da Primeira Turma até o fim de setembro. Flávio Dino, um forte aliado de Moraes, assumirá o posto em seguida e deverá comandar parte dos julgamentos.

    A previsão de encerrar os processos da trama golpista em 2025 foi aventada no Supremo ainda no ano passado, sob a justificativa de evitar a contaminação do calendário eleitoral em 2026.

    Os processos da trama golpista de 2022 têm ainda outros três núcleos: o de gerenciamento de ações (que inclui o general Mário Fernandes, acusado de tramar um plano de assassinato de autoridades), o de ações coercitivas (que tem dez militares) e o de desinformação. O ex-apresentador Paulo Figueiredo também está entre os denunciados, mas terá um julgamento a parte.

    O núcleo de operações estratégicas de desinformação, que deve ser o próximo a ser julgado, é formado por ex-integrantes do governo Bolsonaro de escalões inferiores, militares do Exército e acusados de disseminar desinformação sobre as eleições.

    Nesse grupo está, por exemplo, Carlos Cesar Rocha, presidente do Instituto Voto Legal. O instituto foi contratado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para conduzir uma auditoria sobre as urnas eletrônicas em meio à ofensiva do ex-presidente Jair Bolsonaro para desacreditar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e as máquinas de votação.

    Além dele, estão no núcleo Ailton Barros (capitão expulso do Exército), Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército), Giancarlo Gomes Rodrigues (sargento do Exército), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército), Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército) e Marcelo Bormevet (policial federal).

    No último dia 5, Moraes abriu o prazo para as alegações finais do núcleo de gerenciamento de ações. É a última etapa antes do julgamento, com o encerramento da instrução do processo.

    A primeira parte a se manifestar nesse processo é a Procuradoria-Geral da República, com 15 dias para apresentação da manifestação. Depois disso, o mesmo prazo é contado para as defesas. As datas para os argumentos finais correm até o início de outubro.

    A PGR tinha dois prazos a cumprir em curto espaço de tempo. O primeiro deles, que se encerrava nesta segunda-feira (15), foi o das alegações finais do núcleo de ações coercitivas, que inclui os réus por pressão a militares e outros agentes públicos a aderir ao plano golpista, e os chamados “kids pretos”.

    Na próxima segunda (22), a acusação final sobre o núcleo de gerenciamento de ações deve ser entregue ao relator. O grupo é o segundo da denúncia e é formado por integrantes do governo Bolsonaro que tinham cargos estratégicos e teriam articulado medidas para viabilizar um golpe.

    Fazem parte dele, por exemplo, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, o general Mário Fernandes, o ex-assessor da Presidência Filipe Martins, além de outras três pessoas.

    Diferentemente dos réus do primeiro núcleo, os demais têm um prazo cerca de duas semanas menor.

    Isso ocorre porque Mauro Cid foi réu apenas no grupo central. Aqueles que colaboram com a investigação e com a Justiça são considerados auxiliares da acusação. Pelas regras do processo penal, eles se manifestam antes das defesas dos demais réus, que são as últimas a se pronunciarem para terem a chance de rebater todos os argumentos contra os seus clientes.

    Assim, nos casos com colaboração premiada, a fase das alegações finais tem o momento intermediário de manifestação do delator, entre acusação e demais defesas.

    No encerramento dos interrogatórios do núcleo do gerenciamento de ações, um dos advogados chegou a questionar o juiz auxiliar que conduziu a sessão sobre os prazos, no mesmo formato das ações do núcleo central. “Não, aqui não temos réu colaborador”, respondeu o magistrado.

    O advogado afirmou que a delação foi usada também nos outros casos, mas o juiz respondeu que Cid “não tem do que se defender” nas outras ações penais.
    O processo contra o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo ainda está no início, sem ter tido a denúncia recebida ou rejeitada.

    Em 30 de junho, após a Justiça tentar localizá-lo desde fevereiro, sem sucesso, o Moraes usou vídeos publicados pelo bolsonarista para considerá-lo notificado da acusação.

    A Polícia Federal indiciou 37 suspeitos de participação na trama golpista em novembro passado. Em fevereiro, a PGR apresentou a denúncia, com 34 nomes divididos nos cinco núcleos.

    Ao analisar a denúncia do grupo composto majoritariamente por militares, a Primeira Turma rejeitou, pela primeira vez, as acusações contra dois dos envolvidos. Assim, chegou à lista de 31 réus –considerando o caso de Figueiredo ainda pendente.

    Veja a lista dos acusados tornados réus pela trama golpista:

    NÚCLEO 1 – CENTRAL*

    Jair Bolsonaro, ex-presidente da República Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-chefe da Abin Almir Garnier, ex-comandante da Marinha Anderson Torres, ex-ministro da Justiça Augusto Heleno, ex-ministro do GSI Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa

    NÚCLEO 2 – GERENCIAMENTO DE AÇÕES

    Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça Filipe Martins, ex-assessor Internacional da Presidência da República Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência da República Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Mário Fernandes, general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora da Inteligência do Ministério da Justiça

    NÚCLEO 3 – AÇÕES COERCITIVAS

    Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército Sérgio Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército Ronald Ferreira de Araújo Júnior, tenente-coronel do Exército

    NÚCLEO 4 – OPERAÇÕES ESTRATÉGICAS DE DESINFORMAÇÃO

    Ailton Barros, capitão expulso do Exército Ângelo Denicoli, major da reserva do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, sargento do Exército Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército Marcelo Bormevet, policial federal Carlos Cesar Rocha, presidente do Instituto Voto Legal *Julgamento concluído. Ainda cabem recursos.

    Núcleo de desinformação deve ser o próximo da trama golpista a ser julgado pelo STF

  • Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

    Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

    Propostas em debate no Congresso trazem alterações no ingresso e progressão de carreira, mudanças salariais, revisão de benefícios e novas regras de gestão, afetando servidores, gestores e futuros concursados

    (FOLHAPRESS) – As propostas da reforma administrativa ainda não foram protocoladas no Congresso, mas o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que liderou o grupo de trabalho sobre o tema, já deu algumas sinalizações sobre o que deverá constar nos textos legislativos.

    Segundo as entrevistas do deputado, deverão ser apresentados uma PEC (proposta de emenda à Constituição), um projeto de lei complementar e pelo menos um projeto de lei ordinária.

    O tema foi discutido na quarta-feira (3) em uma comissão geral, uma sessão especial realizada no plenário para ouvir especialistas e parlamentares.

    O deputado tem dito que serão cerca de 70 medidas diferentes para dar mais produtividade ao Estado.
    *
    AS MUDANÇAS PROPOSTAS

    – 9 de agosto: Data provável do assassinato e esquartejamento de Brasília Costa, de acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
    – 13 de agosto: Braços humanos são localizados dentro de um saco de lixo no bairro Santo Antônio, na zona leste de Porto Alegre.
    – 20 de agosto: A mala com os restos mortais de Brasília Costa foi deixada no guarda-volumes da estação rodoviária de Porto Alegre por um homem grisalho e de óculos, usando luvas, boné e máscara. O suspeito teria informado um contato falso para a retirada.
    – 1º de setembro: Após relatos de mau cheiro vindo da bagagem, a equipe do guarda-volumes da rodoviária acionou a Brigada Militar. A mala foi removida para um local de descarte de lixo nas dependências da rodoviária para abertura, onde foi encontrado o tronco enrolado em plástico.
    – 2 de setembro: Caso é divulgado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A possibilidade de feminicídio foi levantada, ainda sem a confirmação da identidade da vítima.
    – 3 de setembro: Análise do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul confirmou que o tronco encontrado na mala na rodoviária tem o mesmo DNA dos membros encontrados no dia 13 de agosto.
    – 4 de setembro: O suspeito do crime, o publicitário Ricardo Jardim, foi preso em uma pousada na zona norte de Porto Alegre após a polícia identificá-lo com o uso de registros de câmeras de segurança e confirmar a presença de seu DNA no corpo da vítima.
    – 6 de setembro: Uma perna humana é localizada na praia de Ipanema, na zona sul da cidade.
    – 7 de setembro: Outra perna humana, cortada na altura do joelho e com fragmentos de uma calça jeans, é encontrada na orla do lago Guaíba no bairro Cristal, próximo ao centro de treinamentos do Grêmio e a cerca de 8 km de Ipanema.
    – 8 de setembro: O Instituto-Geral de Perícias confirmou a identidade da vítima como Brasília Costa, uma mulher natural de Arroio Grande, na região sul do estado, que trabalhava como manicure na zona norte de Porto Alegre.
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    MUDANÇAS NA FORMA DE INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO

    Parte das medidas são feitas para alterar o ingresso no serviço público. Uma das ideias é permitir a entrada já em níveis mais altos de carreira, outra é rever e tornar claras quais são os critérios para avaliar o desempenho durante o estágio probatório e uma terceira é diminuir o salário de entrada para que ele seja, no máximo, metade do topo da carreira.

    ESTÁGIO PROBATÓRIO

    Os primeiros três anos dos servidores públicos concursados são de estágio probatório, período em que, teoricamente, eles deveriam ser avaliados em relação à sua aptidão e capacidade para desempenhar o trabalho.

    Na prática, são poucos os servidores que não passam nesse estágio -segundo dados do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação), entre 2014 e 2024, os reprovados foram 0,19%.

    Com a reforma, deverá ser exigida avaliação de desempenho durante o estágio probatório. As regras e critérios para essa análise deverão ser mais claras.

    “Muitas vezes o instituto jurídico do estágio probatório não é usado plenamente”, diz o professor Fernando Coelho, da USP. O papel desse período inicial, diz ele, deveria ser complementar ao concurso, como se o servidor ainda estivesse participando do processo de recrutamento e seleção na carreira.

    A gestão de desempenho será mais clara e, caso o novo servidor não seja suficientemente produtivo, seja desligado.

    Se isso ocorrer, o estágio probatório deixará de ser uma peça de ficção, afirma Coelho. O fato de menos de 0,5% das pessoas serem reprovadas é um indicador de que, hoje, o estágio probatório não é aplicado efetivamente.

    INGRESSO EM NÍVEIS MAIS ALTOS

    Em alguns concursos, haverá vagas para ingresso em um nível intermediário de carreira, o que não existe hoje

    Cargos de burocracia de médio escalão seriam preenchidos dessa forma. “Há casos de executivos que estão há anos em cargos de comissão. Para eles, é preciso ter uma fase de avaliação de experiência executiva”, afirma Coelho.

    Já houve tentativas de fazer concursos desse formato, ele diz -em 2013 houve um para especialista em políticas públicas e gestão governamental nesses moldes, mas acabou sendo impugnado.

    REDUÇÃO DO SALÁRIO INICIAL

    O salário inicial da carreira terá que ser de, no máximo, 50% do salário final da carreira.

    Para Gustavo Tavares, professor do Insper, a redução pode ser uma medida válida, mas a efetividade depende de um sistema de gestão do desempenho que oriente promoções baseadas no mérito.

    “Só assim haverá a percepção de que o avanço na carreira e a conquista de melhores remunerações estão vinculados ao bom desempenho. Se a progressão continuar atrelada apenas ao tempo de serviço, corre-se o risco de gerar uma forte sensação de injustiça e desmotivação.”

    Segundo ele, o que está em jogo é menos a existência de bônus ou a redução do salário inicial e mais a construção de um sistema de gestão do desempenho que seja justo, transparente e capaz de diferenciar atuações.

    CONTRATOS TEMPORÁRIOS

    Hoje, em teoria, a contratação temporária só é permitida em situações excepcionais, como uma pandemia. Na prática, no entanto, é algo que se faz de forma recorrente.

    A reforma administrativa deverá trazer algumas regras para os temporários, como estabelecer um prazo máximo para os contratos e uma quarentena (a ideia é evitar que professores sejam demitidos no fim do ano e recontratados no início do ano letivo seguinte).

    O órgão que for contratar temporários deverá ter um processo seletivo com algumas regras para evitar nepotismo e apadrinhamento.

    Jessika Moreira, do Movimento Pessoas à Frente, afirma que isso dará alguns direitos mínimos aos temporários. “O governo tem que ser um exemplo de um bom empregador, e temporário não dever ser sinônimo de ‘precarizado’”, diz ela.

    Há muitos temporários nas redes municipais de educação, e, segundo ela, regulamentar esse tipo de contrato pode ter um impacto importante na qualidade do ensino.

    “Para os gestores, regulamentar dá mais segurança jurídica, pois haverá regras claras de bom uso dessa modalidade de contratação, que muitas vezes é necessária”, diz Moreira.

    CADASTRO DE TEMPORÁRIOS

    Outra proposta é criar um cadastro de contratos temporários para que os municípios que não conseguem fazer o processo seletivo possam recorrer aos nomes nessa lista.

    Moreira, do Movimento Pessoas à Frente, afirma que a gestão dos profissionais com um banco de dados a respeito deles é uma forma de permitir mais correspondência entre os perfis dos temporários e as necessidades do serviço público.

    O cadastro também dá mais transparência ao processo, ela afirma.

    MUDANÇAS PARA OS GESTORES

    A reforma administrativa que está sendo debatida no Congresso deverá trazer algumas mudanças para os gestores eleitos.

    A principal delas, que tem sido destacada pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), é que os governantes precisarão estabelecer metas com indicadores ao tomarem posse.

    Ele tem chamado isso de planejamento estratégico. “Vamos colocar na Constituição que todo chefe de governo tem que entregar um planejamento estratégico em 180 dias. Isso não é novidade, os candidatos têm obrigação [parecida] quando fazem registro de candidatura, eles têm que entregar documentos e plano de governo”, disse ele na Câmara dos Deputados em 3 de outubro.

    METAS

    Os chefes dos governos (municipal, estadual e da União) terão um prazo de 180 dias para estabelecer metas com indicadores que serão perseguidos durante os quatro anos de gestão.

    Segundo o Republica.org, esse tipo de planejamento estratégico é parte de uma gestão efetiva do desempenho do órgão. “É a partir dele que se desdobram as entregas necessárias de cada equipe. O ideal é que todos os órgãos fizessem seu planejamento anual, conectado, sempre que possível, de forma explícita aos instrumentos já existentes, como o PPA (Plano Plurianual), que é obrigatório e deve ser olhado de forma estratégica.”

    LIMITE DE NÚMERO DE SECRETÁRIOS EM CIDADES SEM RECEITA PRÓPRIA

    Segundo a professora da FGV Alketa Peci, grande parte dos municípios brasileiros tem forte dependência de transferências constitucionais e não sobrevivem com as receitas próprias, como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) ou ISS (Imposto sobre Serviços).

    Ela afirma que cerca de 30% dos municípios não conseguem se sustentar com recursos próprios e dependem dessas verbas para funcionar, e outros tantos dependem delas para suprir a maior parte de suas receitas.

    A proposta de limitar o número de secretários das prefeituras dessas cidades é melhorar a qualidade do gasto, diz ela.

    “A medida, buscaria, em outras palavras, reduzir o custo da máquina pública em municípios pequenos e altamente dependentes, coibir a proliferação de secretarias usadas como moeda política para cargos de confiança, já que há limites institucionais mais rígidos e criar um teto salarial proporcional que evite distorções em municípios onde secretários podem ganhar próximo a valores de grandes capitais, mesmo sem base fiscal correspondente.”

    LIMITE NO SALÁRIO DE DIRETORES EM ESTATAIS NÃO DEPENDENTES DO TESOURO

    Segundo Alketa Peci, professora titular da da FGV Ebape, hoje, as empresas estatais possuem regimes próprios de governança e, em muitos casos, os salários de seus diretores ultrapassam o teto constitucional.

    “A proposta de reforma busca impor uma restrição específica a esse grupo de empresas: aquelas que são autossustentáveis financeiramente, mas não possuem ações negociadas em Bolsa -e, portanto, não estão sujeitas a regras de governança mais rigorosas.”

    Os salários dos diretores serão limitados pelo teto constitucional.

    “A proposta representa um esforço de controle de custos em empresas que, embora não dependam diretamente do Tesouro, desempenham funções de interesse público”, diz a professora.

    No entanto, ela chama a atenção um risco: estatais, por sua natureza empresarial, devem manter certa proximidade com as práticas de mercado. “A limitação salarial pode reduzir a atratividade dos cargos, especialmente em áreas técnicas e estratégicas, nas quais o setor privado oferece remunerações significativamente mais altas. Nesse cenário, corre-se o risco de perder profissionais qualificados e comprometer a eficiência dessas organizações.”

    MUDANÇAS NA REMUNERAÇÃO

    O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) tem repetido que a reforma administrativa em discussão no Congresso não tem como objetivo fazer um ajuste fiscal.
    No entanto, de acordo com os pronunciamentos dele, há, sim, algumas alterações que devem implicar economia de recursos públicos.

    SUPERSALÁRIOS

    Supersalários são remunerações acima do teto constitucional, frequentemente burladas com a criação de “verbas indenizatórias” ou “auxílios” que, no papel, não são considerados salário.

    Além de serem pagamentos que excedem o máximo que a Constituição determina, são ainda valores sobre os quais não há cobrança de Imposto de Renda.

    A ideia da reforma administrativa é estabelecer critérios para definir o que é verba indenizatória e o que é remuneração.

    Cibele Franzese, professora de administração pública da FGV EAESP, diz que a questão é bem complexa porque, para ser implementada é preciso haver pacto entre Poderes. Caso contrário, ela diz, aparecerão novas formas de burlar o teto.

    Se a reforma conseguir disciplinar os supersalários, ela diz haverá uma economia “que não é a mais relevante, mas é importante para reduzir a desigualdade dentro do funcionalismo público, para regularizar os pagamentos de Imposto de Renda e termos mais transparência”.

    FÉRIAS DE 60 DIAS

    Uma das propostas é acabar com as férias de 60 dias para o Judiciário. Essas férias estão nas leis orgânicas do Judiciário e do Ministério Público, que regem as carreiras desses servidores, diz Cibele Franzese, professora de administração pública da FGV EAESP.

    De acordo com o deputado Pedro Paulo, cerca de 30 mil servidores têm férias de 60 dias, e isso “não é a realidade” do trabalhador brasileiro.

    Franzese diz que é muito comum que os juízes “vendam” metade das férias de 60 dias para receber salários maiores. Isso também será vetado.

    “Quando olhamos os pagamentos do Judiciário, notamos muito pagamentos acima do teto por causa de verbas indenizatórias e por alguns benefícios. Esse é um deles.”

    Segundo ela, foram verbas que foram sendo instituídas por pressão da classe. “É complicado politicamente comprar briga com esse grupo de profissionais”, diz ela.

    14ª SALÁRIO

    Alguns órgãos do serviço público já têm previsão de pagamentos no fim de ano que servem como bônus.

    A reforma vai incluir essa alternativa como uma política de incentivos, pois o pagamento será vinculado a indicadores de resultados e metas.

    Chefes do Executivo (presidente, governador e prefeito), Judiciário e políticos (deputados, senadores e vereadores) não terão direito ao bônus.

    “A literatura diz que isso pode ser usado em carreiras em que é possível estabelecer objetivos e metas com clareza, mas em algumas áreas isso é difícil”, afirma Coelho.

    Ele aponta com riscos a criação de objetivos e metas inadequados, apenas para justificar os ganhos, e a possibilidade de que os servidores passem a encarar o bônus como algo certo e não como uma gratificação por bom desempenho.

    BÔNUS

    O deputado Pedro Paulo já falou sobre a criação de um bônus para servidores de um órgão que atinge uma meta.

    Seria algo pago uma vez por ano apenas para os servidores na ativa. O professor Gustavo Tavares, do Insper, diz que a ideia pode funcionar em contextos onde há metas claras e o desempenho pode ser medido de forma muito objetiva. “Nesses casos, há um elo claro entre esforço individual e resultado, porém, no setor público isso raramente existe”.

    Segundo ele, as atividades são complexas, interdependentes e de difícil mensuração.

    “Outro problema é que, quando o bônus é coletivo e vinculado a metas institucionais, o servidor individual muitas vezes não percebe que seu esforço extra fará diferença para o resultado do órgão como um todo”.

    Ele cita uma questão típica de economia conhecida como “problema do carona” (é comum que seja usada a expressão em inglês “free riding”), em que uns se beneficiam do esforço dos outros sem contribuir na mesma medida.

    MUDANÇAS NA ESTRUTURA DE CARREIRAS

    Grande parte das mudanças para os servidores serão as alterações na estrutura da carreira. Uma das principais medidas será unificar as tabelas de remuneração, como acontece em países como Portugal e no governo federal dos Estados Unidos..

    O texto deverá dar um prazo de dez anos para unificar as tabelas.

    AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PLANO DE EVOLUÇÃO

    Em suas entrevistas, Pedro Paulo disse que não há planos para acabar com a estabilidade dos servidores.

    Ele afirmou, no entanto, que haverá critérios para avaliar o desempenho, o que deverá acontecer todos os anos. Essas avaliações vão servir como critérios para a progressão na carreira.

    O modelo de avaliação concebido pelo Ministério da Gestão e Inovação, o Sidec (Sistema de Desenvolvimento na Carreira) será estabelecido na lei federal para ser seguido por todos os Poderes e esferas de governo. A avaliação será individual e será um critério definidor da progressão da carreira do servidor.

    Segundo o República.org, o Sidec é um sistema de pontuação de critérios para progressão e promoção, incluindo a avaliação de desempenho. Hoje, na prática, há quase que um único critério para progressão e promoção: tempo de serviço.

    “É uma proposta que vai na direção de uma gestão de desempenho mais efetiva. É indispensável que, como previsto na proposta, as regras e diretrizes de avaliação de desempenho sejam harmonizadas, dando maior transparência e previsibilidade para os servidores.”

    Gustavo Tavares, do Insper, diz que a gestão de desempenho “não se resume a uma avaliação anual: trata-se de um processo contínuo, que envolve a definição clara de objetivos, feedback frequente, acompanhamento constante e alinhamento entre desempenho individual e metas organizacionais”.

    Ele diz que em países que avançaram nesse campo, como o Reino Unido, o processo inclui acordos formais de desempenho firmados no início do ano, reuniões trimestrais de acompanhamento e mecanismos de moderação para assegurar que as avaliações realmente reflitam diferenças de desempenho.

    CARREIRAS COM MAIS NÍVEIS DE PROGRESSÃO

    Em algumas carreiras, servidores chegam ao nível mais alto em poucos anos. Colocar mais níveis em uma mesma carreira evitaria que os servidores chegassem ao topo com pouco tempo de serviço.

    “Precisamos alargar o horizonte temporário para promoção e progressão, não dá para ser uma ‘fast track’ (via rápida), diz Fernando Coelho.

    Ele faz um paralelo com empresas privadas e carreiras militares, setores em que a progressão profissional é estruturada em múltiplos níveis, como trainee, analista júnior, analista pleno, analista sênior e, depois, cargos de gerência e diretoria.

    “O desafio da reforma é estruturar essas carreiras de forma que a progressão seja gradual e baseada no desenvolvimento profissional.”

    PADRONIZAÇÃO DAS TABELAS

    No serviço público, as carreiras (grosso modo, o equivalente a cargo na iniciativa privada) têm diferentes tabelas de remuneração.
    Por exemplo, a carreira de analista previdenciário tem quatro classes, e cada uma delas têm diversas subdivisões. No total, há 20 patamares diferentes de pagamento para esses analistas.

    Um servidor não troca de carreira (a não ser que preste um outro concurso público); a progressão é a passagem de uma dessas classes para outra.
    O problema é cada carreira tem suas próprias divisões. Em diferentes órgãos, há carreiras muito parecidas, mas que têm tabelas diferentes.

    O projeto pretende dar um padrão à remuneração no serviço público. Com base em uma referência do governo federal, os estados e municípios vão editar suas tabelas, e haverá um prazo de 10 anos para a transição.

    Segundo o República.org, antes de definir a tabela, cada ente precisa avaliar, a partir de critérios técnicos, se não há sobreposição de funções em carreiras distintas e qual a complexidade de cada carreira, para posicioná-las corretamente na tabela.

    Para a organização, a proposta de cada ente instituir uma tabela salarial única, com base em diretrizes gerais, é uma medida que pode ser bastante positiva se bem implementada.

    Potencialmente, isso pode dar mais racionalidade e menor desigualdade na remuneração das carreiras. “Além de ser de implementação desafiadora, sobretudo para todos os entes do país, é importante olhar com cuidado para os detalhes dessas diretrizes, pois é possível que, mesmo com tabela salarial única, a desigualdade se mantenha”, diz a entidade, em nota.

    TELETRABALHO

    O deputado Pedro Paulo afirma que há “bagunça” em relação ao trabalho remoto. A proposta deverá permitir o teletrabalho durante um dia da semana, mas os órgãos vão poder ampliar isso se apresentarem uma justificativa e estabelecerem parâmetros de desempenho.

    Para Fernando Coelho, da USP, o teletrabalho tem sido percebido como um privilégio de carreiras de elite no serviço público, já que a maioria dos trabalhadores precisa estar presencialmente no local de trabalho.

    Portanto, afirma ele, trata-se de uma questão de “justiça organizacional”.

    “Esse é um ponto da reforma administrativa que pode ser polêmico, pois abre um precedente para que se discuta a autonomia dos órgãos”, diz ele.

    DEMISSÃO DE JUÍZES COM PROCESSO ADMINISTRATIVO

    Em uma entrevista, o deputado Pedro Paulo afirmou que a reforma também trará a proibição de punir juízes e promotores com aposentadoria compulsória.
    Assim como as férias de 60 dias, isso consta nas leis orgânicas do Poder Judiciário.

    Cibele Franzese, da FGV, diz que juízes só podem ser demitidos por uma decisão judicial transitada em julgado (ou seja, sem mais possibilidade de recorrer).
    Por isso, acaba-se usando a aposentadoria compulsória como punição.

    A perda de benefícios da aposentadoria é um pouco mais complexa, porque no Brasil a aposentadoria é contributiva, ou seja, seria uma espécie de confisco, diz a professora.

    O correto seria demitir, mas isso raramente ocorre.

    O deputado Pedro Paulo está dizendo que a mudança da reforma administrativa será a possibilidade de demitir apenas com processo administrativo, e sem a decisão judicial transitada em julgado.

    Reforma administrativa: entenda como as propostas mudam o trabalho de servidores e gestores

  • Bolsonaro pode perder patente no Exército após condenação por golpe

    Bolsonaro pode perder patente no Exército após condenação por golpe

    Condenado a 27 anos pelo STF por participação no golpe de 8 de janeiro, Jair Bolsonaro pode ter a patente de capitão da reserva cassada pelo Superior Tribunal Militar. Ele também é investigado por articular retaliações dos EUA ao Brasil e responde a outros processos

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode perder a patente de capitão da reserva do Exército após a condenação a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, por participação na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Além disso, ele é investigado por supostamente ter articulado, junto com aliados, medidas de retaliação dos Estados Unidos contra o Brasil.

    Na decisão da Primeira Turma do STF, Bolsonaro foi considerado culpado pelos crimes de tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público. O ex-presidente também foi apontado como líder da organização criminosa.

    A defesa já anunciou que recorrerá da condenação. Após o trânsito em julgado, o caso será encaminhado ao Superior Tribunal Militar (STM), responsável por decidir se Bolsonaro perderá sua patente no Exército. A mesma situação pode atingir outros militares de alta patente condenados no processo, como o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, o general da reserva Augusto Heleno, o tenente-coronel Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general da reserva Walter Braga Netto.

    Bolsonaro também enfrenta outros processos no Supremo. Em agosto, ele e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram indiciados pela Polícia Federal por suposta coação no curso do processo sobre o golpe, acusados de buscar apoio nos Estados Unidos para pressionar o governo brasileiro e ministros do STF. Esse inquérito resultou na prisão domiciliar do ex-presidente.

    Além disso, Bolsonaro foi indiciado em julho de 2024 por suspeita de apropriação indevida de joias recebidas como presentes oficiais da Arábia Saudita durante seu mandato. O caso ainda está em análise pela Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta denúncia formal ou arquiva a investigação.

    Bolsonaro pode perder patente no Exército após condenação por golpe

  • Moraes manda polícia explicar demora no retorno de Bolsonaro à prisão domiciliar após exames

    Moraes manda polícia explicar demora no retorno de Bolsonaro à prisão domiciliar após exames

    Condenado e em prisão domiciliar, Bolsonaro foi até um hospital e ficou do lado de fora com fãs que cantavam e gritavam para ele

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu nesta segunda-feira (15) explicação à Polícia Penal sobre o atraso na saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do Hospital DF Star, em Brasília, no domingo (14).

    Logo após deixar o hospital, Bolsonaro ficou parado por cerca de seis minutos ao lado do carro. Ele ficou imóvel enquanto seu médico Claudio Birolini explicava os procedimentos médicos pelos quais o ex-presidente foi submetido.

    Durante esse tempo, apoiadores gritavam palavras de apoio ao redor de Bolsonaro, fazendo filmagens pelo celular. Logo após a fala de Birolini, o médico e o ex-presidente entraram no carro e deixaram o local.

    No despacho desta segunda, Moraes pede detalhes do procedimento adotado pela Polícia Penal no caso.

    “Oficie-se à Polícia Penal do Distrito Federal para que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, envie aos autos relatório circunstanciado sobre a escolta realizada, com informações do carro que transportou o custodiado, agentes que o acompanharam no quarto e o motivo de não ter sido realizado o transporte imediato logo após a liberação médica”, diz.

    O ex-presidente foi ao Hospital DF Star no domingo para fazer um procedimento médico. Ele retirou algumas pintas para verificar um possível câncer de pele. Outros exames realizados por Bolsonaro também detectaram um quadro de anemia por falta de ferro e um quadro já em fase final de pneumonia.

    Cláudio Birolini, médico que acompanha a saúde de Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente passou por exames de rotina. “Ele é um senhor de 70 anos que passou por diversas intervenções cirúrgicas. Ele está bastante fragilizado por essa situação toda”, disse.

    Aliados do ex-presidente citam a saúde como argumento para que ele cumpra pena em casa após condenação por tentativa de golpe de Estado, e, como revelou a Folha, seus advogados pretendem argumentar riscos caso ele seja obrigado a cumprir a pena em um presídio ou na PF (Polícia Federal).

    O ex-presidente está em pânico com a possibilidade de ser enviado para uma cela do Complexo Penitenciário da Papuda, segundo aliados. Ele tem medo de passar mal no local e não ter atendimento médico apropriado, ou de ser mal tratado por outros presos com quem eventualmente tenha que conviver.

    O estado de saúde do ex-presidente é o fator principal analisado por seus advogados para pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a pena em regime fechado seja cumprida em prisão domiciliar, e aliados e familiares têm dado declarações públicas sobre seu abatimento e estado de fragilidade.

    Bolsonaro foi ao hospital sob forte escolta policial e recepcionado por cerca de 20 militantes. Na saída, os apoiadores cantaram o hino nacional e gritaram elogios ao ex-presidente enquanto Birolini informava sobre o estado de saúde. As manifestações interromperam a declaração à imprensa mais de uma vez.

    A novidade dos exames, segundo o médico, foi a identificação de um pouco de anemia, “provavelmente por ele ter se alimentado mal nesse último mês” –quando esteve em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares impostas pelo STF. O ex-presidente recebeu reposição de ferro no hospital.

    Birolini disse também que os refluxos do ex-presidente melhoraram bastante, mas ainda persistem, e que a hipertensão está sendo controlada. “Foram apenas alguns exames que são feitos mensalmente para avaliar a evolução”, explicou.

    Foram retiradas oito lesões na pele, para que os exames laboratoriais identifiquem se são fruto de alguma doença. O pedido dos advogados diz que foi identificado um “nevo melanocítico”, uma pinta na pele normalmente benigna, e uma “neoplasia de comportamento incerto”, lesão sem natureza definida e que precisaria de remoção para análise.

    O boletim médico não indica quando sairá o resultado, mas informa que Bolsonaro deve seguir com o tratamento da hipertensão arterial, do refluxo e medidas preventivas contra broncoaspiração.

    Moraes manda polícia explicar demora no retorno de Bolsonaro à prisão domiciliar após exames

  • Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

    Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

    Setor começa a recrutar inscritos no CadÚnico na tentativa de reverter falta de mão de obra; regras ainda serão definidas; Nos centros de comércio popular em São Paulo há cerca de 11 mil vagas em aberto

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Victor Novaes Raimundo, 19 anos, foi questionado na manhã desta segunda-feira (15) pelo ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome no Brasil, Wellington Dias, sobre “o seu sonho”. O jovem, atendente de uma loja do McDonald’s em São Paulo, respondeu: “Ter minha casa própria, um cantinho meu, um carro, minha moto, minha família”. Dias perguntou: “Trabalhar é o caminho?” Victor concordou. “É o caminho, nunca desistir. Mesmo que seja difícil.”

    Por um salário de R$ 1.467, Victor trabalha na lanchonete há um ano, das 15h30 às 23h30, em escala 6×1 -uma folga por semana, com um domingo de descanso por mês. Ele afirma que o McDonald’s proporciona chances de ascensão dentro da empresa.

    O jovem é um dos atendidos pelo programa Acredita no Primeiro Passo, do Ministério do Desenvolvimento Social, que oferece cursos profissionalizantes e apoio para quem busca emprego ou quer abrir o próprio negócio.

    Na manhã desta segunda, a pasta assinou com o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), na capital paulista, um termo de adesão ao programa. Grandes redes varejistas associadas poderão acessar os dados de inscritos no CadÚnico (Cadastro Único, que reúne as famílias que participam de programas de assistência social e distribuição de renda, como o Bolsa Família) e oferecer vagas e programas de qualificação. Os termos para o acesso a estes dados ainda serão definidos pelo ministério.

    A parceria chega em um momento crítico para o setor varejista, que tem enfrentado apagão de mão de obra, especialmente nas funções mais básicas, de “chão de loja”. Uma pesquisa global feita pela multinacional de consultoria e auditoria PwC, no final do ano passado, apontou que a maior preocupação dos CEOs da indústria de varejo e bens de consumo no Brasil é a falta de mão de obra qualificada.

    Em dois dos maiores centros de comércio popular do país, o Brás e o Bom Retiro, em São Paulo, há cerca de 11 mil vagas em aberto, segundo a Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) e a CDL-SP (Câmara de Dirigentes Lojistas de São Paulo). “A maioria não quer trabalhar no fim de semana, principalmente os mais jovens, mas este é um período essencial para o varejo”, diz Maurício Stainoff, presidente da CDL-SP.

    Foi o IDV quem tomou a iniciativa, há três meses, de procurar o ministério para entender melhor como funciona o programa. “Uma das barreiras para atrair o público do Bolsa Família para essas vagas era o receio dessas pessoas de perder o benefício a partir do momento em que conseguissem um emprego”, afirma Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV.

    Mas a nova regra de proteção do programa, que passou a valer em junho deste ano, favorece as contratações, diz ele.

    De acordo com Wellington Dias, hoje, mesmo quem trabalha, mas ganha abaixo de US$ 40 (R$ 213) por pessoa da família ao mês e está abaixo da linha da pobreza, continua recebendo o Bolsa Família. Quem recebe entre US$ 40 e US$ 120 (R$ 638) por pessoa da família ganha metade do valor do benefício.

    “É uma maneira de garantir o período de transição para o mercado formal, consolidando uma porta de saída do Bolsa Família, em especial para quem está desalentado, achando que não consegue mais uma oportunidade de trabalho”, afirma Gonçalves Filho.

    A participação no programa Acredita era feita de maneira pontual por alguns associados do IDV, como o Carrefour Brasil. O grupo, maior varejista do país, aderiu ao programa em 2023. Desde então, contratou cerca de 100 mil beneficiários do CadÚnico.

    De acordo com o Carrefour, a meta inicial era contratar 10 mil pessoas em três anos, mas foi superada em mais de dez vezes em apenas dois anos. Os colaboradores passaram a trabalhar nas diferentes bandeiras do grupo -Atacadão, Sam’s Club e Carrefour- em todo o país, em posições como operador de caixa, fiscal de prevenção e repositor.

    Além de Carrefour e McDonald’s, já aderiram ao Acredita o Magazine Luiza e a RD Saúde (Raia e Drogasil).

    Na opinião de Gonçalves Filho, vários fatores contribuem para a dificuldade de atrair os mais jovens para o varejo. “O MEI cresceu muito, muitos viraram pequenos ou nano empreendedores. Tem o pessoal que está no subemprego, vivendo de bicos, ou trabalhando com aplicativos, sem contrato formal de trabalho”, diz o executivo, lembrando que parte da nova geração também anseia ter “vida de influencer”. “Isso pode durar algum tempo, mas eles tendem a se frustrar, não é para todo mundo.”

    Questionado se a baixa remuneração pode ser um dos motivos para os mais jovens estarem rejeitando empregos com carteira assinada, em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Gonçalves Filho diz que as próprias empresas costumam falhar em comunicar os benefícios do trabalho formal.

    “Muita gente pensa: ‘Prefiro ganhar R$ 4.000 no aplicativo, em vez de R$ 3.000 como CLT’. Mas se o seu carro ou a sua moto quebram, você não tem garantia nenhuma. Como CLT, caso você tenha algum problema de saúde, seu período de afastamento remunerado é garantido. Se sai do emprego, tem fundo de garantia. Também tem plano de saúde, férias remuneradas, 13º salário, aposentadoria e acesso ao Sistema S”, afirma o executivo, ressaltando que grandes empresas costumam dar apoio à educação.

    Todos esses benefícios, destaca, têm um custo. “Para cada R$ 1 que eu pago para o meu colaborador, custa mais R$ 1 para a empresa. Uma vaga CLT custa pelo menos o dobro do salário para o empregador”, afirma.

    Este é um dos argumentos para o IDV defender a flexibilidade dos contratos CLT, especialmente em questões como a discussão da escala 6×1. “O varejista não pode diminuir horas trabalhadas e pagar o mesmo salário”, diz. Mas pode definir uma quantidade de horas semanais trabalhadas por determinada remuneração, e aí fazer um remanejamento da carga horária diária, afirma.

    Varejo faz parceria com governo para ser 'porta de saída' do Bolsa Família

  • Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

    Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

    O dólar à vista fechou em queda de 0,60%, a R$ 5,321, o menor valor desde junho do ano passado; a Bolsa encerrou o dia em alta de 0,84%%, a 143.478 pontos

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda e o Ibovespa em alta nesta segunda-feira (15), com os investidores à espera de corte na taxa de juros dos Estados Unidos nesta quarta (17) pelo Federal Reserve (o banco central americano).

    O dólar à vista fechou em queda de 0,60%, a R$ 5,321, o menor valor desde junho do ano passado -a moeda americana chegou a tocar nos R$ 5,30 durante o pregão. A Bolsa encerrou o dia em alta de 0,84%%, a 143.478 pontos, segundo dados preliminares.

    Os investidores aguardam o primeiro corte de juros deste ano pelo Fed, de 25 pontos na taxa básica americana. Por aqui, o BC deve manter a Selic em 15% ao ano. Os comunicados das decisões serão acompanhados com atenção, na expectativa de sinalização dos próximos passos da política monetária de ambos os países.

    “A semana passada foi marcada por uma apreciação do real, principalmente por conta da crescente expectativa de que o Fed irá baixar juros, ainda mais em um cenário em que o Banco Central deve manter a Selic em 15%. Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, avalia Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos.

    Para analistas do BB Investimentos, investidores devem ficar em modo espera até as decisões dos bancos centrais nos EUA e no Brasil, com divulgações previstas para a quarta-feira, o primeiro às 15h e o segundo após o fechamento.

    “O dólar mostra tendência de queda nesta segunda, em linha com o movimento externo de enfraquecimento da moeda americana”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “A moeda americana apresenta fraqueza desde sexta-feira, por conta da consolidação das apostas de um ciclo de cortes de juros pelo Fed.”

    Nesta segunda, o mercado repercute o Boletim Focus, com economistas consultados pelo Banco Central reduzindo suas estimativas para a inflação neste ano (de 4,85% para 4,83%) e ajustando para baixo suas projeções para a taxa básica de juros em 2026.

    Além disso, o IBC-Br (índice de Atividade Econômica do Banco Central) de julho mostrou uma desaceleração maior que a esperada por analistas, com uma queda de 0,5% ante junho.

    Foi o terceiro mês consecutivo de recuo do índice, que é visto como um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto). Economistas consultados em pesquisa da Reuters esperavam contração de 0,2%. As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram em baixa nesta segunda-feira, após a divulgação do indicador.

    Entre as principais altas nesta segunda, estão as ações da Yduqs, Magalu, Cogna, Sendas e a B3. Na outra ponta, as maiores quedas são Raia Drogasil, Minerva, Embraer e Banco do Brasil.

    Os índices de ações S&P 500 e Nasdaq atingiram máximas históricas intradiárias nesta segunda-feira.

    No radar do mercado, estão ainda possíveis retaliações dos EUA após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses.

    Nesta segunda, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que deve haver anúncios de respostas do país à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora não tenha citado seu nome, o secretário fez referência ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

    “Então, haverá uma resposta dos EUA a isso, e teremos alguns anúncios na próxima semana ou algo assim sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar. Mas isso, o julgamento, é apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial que tentou atingir empresas americanas e até pessoas operando a partir dos Estados Unidos”, afirmou.

    Para analistas, a perspectiva de cortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve (o banco central americano) ajuda a atrair recursos para o Brasil, valorizando o real.

    “O dólar está caindo principalmente por conta de três cortes de juros que o mercado já está precificando nos Estados Unidos, que devem acontecer neste ano”, diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

    É a mesma avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. “Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, afirma.

    “Os consumidores americanos se mostraram mais pessimistas nesse mês de setembro, e isso ajudou a consolidar a perspectiva de que vai ter corte de juros nos Estados Unidos”, aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

    O mercado ainda avaliou os dados de serviços no Brasil em julho, divulgados pelo IBGE. O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior, em linha com o esperado por economistas. Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que segue mostrando resiliência em meio ao aperto monetário.

    Para a equipe da Ágora Investimentos, o tom mais contido no exterior e um receio entre os investidores sobre uma possível reação dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF poderiam prejudicar o desempenho dos ativos locais nesta sexta-feira, conforme relatório a clientes.

    Dólar cai a R$ 5,31 e Bolsa sobe 0,84% à espera da 'Superquarta'

  • Motta tenta postergar anistia para construir alternativa com Senado, STF e governo Lula

    Motta tenta postergar anistia para construir alternativa com Senado, STF e governo Lula

    Aliados de Motta afirmam que uma solução definitiva depende de uma costura que tenha aval do STF, do Senado e do Palácio do Planalto

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Apesar da cobrança por anistia a Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenta postergar a discussão enquanto busca uma saída que não afronte o STF (Supremo Tribunal Federal) nem endosse a proposta bolsonarista de um perdão amplo, geral e irrestrito.

    Aliados de Motta afirmam que a intenção é votar a matéria para encerrar o assunto e que uma solução definitiva depende de uma costura que tenha aval do STF, do Senado e do Palácio do Planalto. Por isso, a tramitação levaria mais tempo do que desejam os apoiadores do ex-presidente, que pleiteiam a votação nesta semana.

    Parlamentares reconhecem, no entanto, que a condenação de Bolsonaro pelo Supremo na quinta-feira (11) vai elevar a pressão sob Motta para analisar o tema na Casa.

    Segundo relatos, Motta levou ao governo Lula (PT) esse cenário, e o Planalto acompanha os desdobramentos para definir a estratégia contra o projeto. Um dos argumentos usados contra a votação é que o julgamento de Bolsonaro ainda não está concluído, porque ainda cabem recursos contra a condenação.

    A pauta da Câmara nesta semana será objeto do embate direto entre PT e PL. De um lado, os bolsonaristas querem votar a anistia e, de outro, o governo Lula quer o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais.

    Entre aliados de Lula, a avaliação é que não estaria descartada a hipótese de que o requerimento de urgência para a anistia seja votado antes mesmo do Imposto de Renda. Há integrantes do governo que defendem que a urgência seja levada logo ao plenário para ser derrotada no voto, com a esperança de que Motta ajude a enterrar o assunto logo após o julgamento.

    Um auxiliar de Lula diz que o Planalto, no entanto, quer garantir que haverá segurança de que a urgência será rejeitada antes de definir se apoia ou não esse movimento. Deputados do centrão afirmam que têm votos suficientes a favor da urgência, embora não haja certeza sobre a aprovação do mérito em si.

    Um líder do centrão defende aguardar os próximos dias antes de definir o que será votado e fala em um estado de “compasso de espera” para eventual reação do governo Donald Trump à condenação de Bolsonaro -já que uma retaliação dos Estados Unidos afetaria o clima na Câmara.

    Deputados governistas dizem que Motta indicou que o IR poderá ser votado nesta semana. A oposição, contudo, trabalha para a criação de um imposto para os mais ricos –que é a forma que o governo Lula pretende compensar a queda de arrecadação ao ampliar a isenção. Para evitar mudanças no texto, o governo negocia alterações em outra matéria, a MP (medida provisória) que aumenta impostos.

    Em relação à anistia, uma das opções avaliadas por Motta é, assim como sugeriu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-PB), pautar um texto que apenas reduza penas dos condenados por tentativa de golpe, o que alcançaria os presos do 8 de Janeiro e poderia até incluir Bolsonaro e os demais integrantes do núcleo principal.

    Um deputado próximo ao presidente da Câmara diz que ele está disposto a discutir alternativas à prisão de Bolsonaro -não nos termos da anistia absoluta que propõe o PL, mas medidas que possam, por exemplo, assegurar a prisão domiciliar ao ex-presidente.

    A redução de penas é defendida pelo presidente da Câmara e tem adesão de partidos do centrão e até de deputados da esquerda, como forma de contenção de danos. O principal entrave é o PL, que só aceita um texto moldado para beneficiar Bolsonaro.

    Ainda segundo aliados, Motta não pretende divulgar a escolha de um relator antes que haja uma definição sobre os termos gerais do texto. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o relator deve ser integrante de partidos do centrão, que defendem perdoar Bolsonaro criminalmente, mas manter sua inelegibilidade, enquanto o PL quer reabilitá-lo até nas urnas.

    O texto sugerido pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), que inclui o perdão eleitoral e anistia crimes desde 2019, quando foi instaurado o inquérito contra fake news no STF, foi rechaçado por Motta, segundo deputados.

    Em conversas recentes com aliados, o presidente da Câmara teria afirmado que, se fosse favorável ao projeto, já teria levado a matéria ao plenário. Dois deputados que participaram de algumas dessas conversas dizem que interpretaram essa fala como uma sinalização de que o tema pode demorar a ser votado.

    Esses políticos dizem ainda que Motta, quando questionado sobre anistia, tem afirmado que está buscando uma saída. Ele tem dito, no entanto, que essa não é uma equação fácil e repetido que teve apoio tanto do PT quanto do PL para consolidar sua candidatura à frente da Câmara.

    Apesar de não ser pessoalmente a favor da anistia, a avaliação de Motta é a de que a pressão a favor do assunto mudou de patamar com o julgamento de Bolsonaro e a articulação de PL, União Brasil, PP, PSD e Republicanos, protagonizada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    Para as legendas do centrão e para o governador, a anistia seria um aceno a Bolsonaro em troca de o ex-presidente apoiar Tarcísio na corrida ao Planalto em 2026. Por preferir a candidatura de Tarcísio a de Bolsonaro, o centrão resiste a um texto que trate de inelegibilidade.

    Antes desse movimento, Motta vinha dizendo, ao longo do mês de agosto, que não havia clima para anistia na Casa. O presidente resistia a pautar o tema sobretudo para não avalizar um acordo feito pelo PL com partidos do centrão e Arthur Lira (PP-AL), sem a participação de Motta, de que a anistia seria votada em troca do fim do motim de bolsonaristas ocupou o plenário em agosto.

    Do outro lado, o governo Lula entrou em campo para barrar a anistia e dar condições para que Motta segure o texto. A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) cobrou ministros do centrão para que freiem o avanço da medida em seus partidos, e o governo ameaça tirar cargos de parlamentares favoráveis.

    Deputados do PT lembram ainda que Lula deve vetar a anistia e que os ministros do Supremo também já deram o recado de que o perdão a crimes contra o Estado democrático de Direito seria inconstitucional.

    Por isso, dizem aliados de Motta, o presidente busca um caminho que não acabe barrado em outros Poderes, ou o fantasma da anistia voltaria para a Câmara. O deputado tem sido aconselhado a votar a proposta como forma de liberar a pauta para projetos propositivos e, assim, implementar uma agenda própria.

    Outra ideia ventilada na Câmara, menos provável, seria a de aprovar a chamada PEC (proposta de emenda à Constituição) da blindagem ou das prerrogativas, como forma de satisfazer demandas do centrão e, assim, postergar a anistia.

    Motta tenta postergar anistia para construir alternativa com Senado, STF e governo Lula

  • Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

    BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O governo de Javier Milei tentou incentivar que os argentinos gastassem seus dólares guardados no colchão e os colocassem para circular no sistema, mesmo sem declarar a origem do dinheiro; os argentinos, no entanto, compraram a maior quantidade de dólares para um mês desde 2019.

    Os dados do BCRA (Banco Central da República Argentina) apontam para compras de US$ 3,41 bilhões em julho, 40% acima do mês anterior e o maior patamar mensal desde que Milei retirou a restrição para pessoas físicas comprarem dólar, em abril.

    Também é o maior patamar em seis anos, quando o governo de Mauricio Macri havia restringido a compra da moeda, reinstalando o chamado “cepo” cambial.

    Em julho, 1,3 milhão de pessoas físicas compraram dólares, apesar de o preço da moeda ter subido 13,8% ante o mês anterior. No mesmo período, cerca de 576 mil pessoas venderam moeda estrangeira, com o total vendido de US$ 367 milhões, uma queda de 7,35% em relação ao mês anterior.

    Quando consideradas as compras líquidas de dólares do setor privado, as saídas totais de divisas atingem US$ 5,43 bilhões. Desde 14 de abril, quando as restrições à compra de dólares para pessoas físicas foram suspensas, até julho, as compras de moeda estrangeira ultrapassaram US$ 13 bilhões.

    Essa alta demanda foi, em parte, suprida por exportações agrícolas, mas essa opção se reduz significativamente no terceiro trimestre.

    Há cinco meses, foi adotado um sistema de flutuação para o dólar entre bandas que têm limites com correção mensal de 1% -o teto, atualmente, é de cerca de 1.471 pesos.

    A discussão sobre as ferramentas que o governo tem lançado mão para segurar o preço do dólar terem um alto custo e não estarem surtindo efeito tem crescido na Argentina desde fevereiro, quando a economia passou a dar sinais de desaceleração.

    Irredutível, o ministro da Economia, Luis Caputo, chegou a ironizar há dois meses as críticas sobre o atraso cambial. “Se está barato, compre [dólares], campeão, não perca a oportunidade”, disse em uma entrevista a um canal de streaming.

    “Há uma coisa muito óbvia: o dólar flutua. Se você tem pesos e a taxa de câmbio flutua, e você sabe que é muito barato, compre”, disse ele a uma plateia de 700 executivos.

    “O dólar flutua”, gritou Milei em uma entrevista, rebatendo críticos que apontavam que o governo estava intervindo no câmbio e criando um meme que foi difundido por apoiadores. No último dia 2 de setembro, o Tesouro confirmou que iria intervir no dólar, mesmo que a moeda não ultrapassasse as bandas. Milei também chegou a prever que a moeda ficaria mais próxima dos 1.000 pesos.

    No último dia 7 de setembro, o governo recebeu um duro golpe ao perder por quase 14 pontos percentuais as eleições legislativas de Buenos Aires. Nos dias seguintes, o câmbio voltou a escalar, atingindo na sexta-feira (12) 1.467 pesos argentinos, pelo câmbio varejista de referência no BCRA -ou seja, apenas 4 pesos abaixo do teto da banda.

    Segundo analistas, o governo deveria ter agido antes, quando a receita das exportações de setores promissores, como energia e mineração, estava mais evidente. Agora, a opção pelo aumento de juros pode esfriar ainda mais a atividade econômica.

    O governo deve tentar evitar grandes sobressaltos no câmbio -e seus efeitos sobre a inflação- até as eleições legislativas nacionais, em 26 de outubro. Para depois dessa data, o mercado já aposta no fim do sistema de bandas de flutuação e em uma desvalorização do peso.

    Para a consultoria 1816, “a política econômica tão focada no eleitoral não é grátis, já vinha equivocada e nos surpreenderia caso não houvesse uma queda do PIB no terceiro trimestre. Nos surpreenderia se não houvesse uma mudança tanto na política cambiária quanto na monetária”.

    A PxQ, com um informe chamado “Da livre flutuação ao naufrágio”, ressalta 45% dos dólares comprados desde o fim do “cepo” ficaram no colchão, outra parte foi usada para pagar cartão de crédito, investimentos e compra no mercado oficial para revenda no mercado financeiro.

    A CP Consultoria aponta que desde antes das eleições o governo priorizou o controle da inflação e a economia chega a outubro em queda, com redução de salários e crédito escasso. Comparando com as três últimas legislativas de metade de mandato (2013, 2017 e 2021), a atividade econômica estava em crescimento e nesta, a queda acumulada é de 0,8%; o salário real estava em crescimento antes e em queda agora, de 4,2% acumulado; o mesmo acontece com as aposentadorias.

    Na sexta-feira (12), Caputo disse que o governo iria suavizar o aperto monetário, dando uma folga nos juros para que o consumo se recupere, mesmo com algum risco sobre o dólar e a inflação.

    Ao contrário do que queria Javier Milei, argentinos não gastaram dólares do colchão

  • Justiça nega prisão de Ciro Gomes por violência de gênero, mas proíbe ataques a prefeita

    Justiça nega prisão de Ciro Gomes por violência de gênero, mas proíbe ataques a prefeita

    A Justiça determinou uma medida cautelar que o proíbe de fazer qualquer menção ofensiva ou injuriosa à prefeita Janaína Farias (PT), sob pena de multa de R$ 10 mil por cada manifestação

    SALVADOR, SP (CBS NEWS) – A Justiça Eleitoral do Ceará negou nesta segunda-feira (15) um pedido de prisão preventiva do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) por violência de gênero contra a prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT).

    Na mesma decisão, a Justiça determinou uma medida cautelar que o proíbe de fazer qualquer menção ofensiva ou injuriosa à prefeita, sob pena de multa de R$ 10 mil por cada manifestação. A sentença é assinada pelo juiz Victor Nunes Barroso, da 115ª Vara Eleitoral de Fortaleza.

    A defesa de Ciro Gomes alegou incompetência da Justiça Eleitoral para julgar o caso, mas o argumento não foi acolhido pelo magistrado. A assessoria do ex-ministro foi procurada nesta segunda para comentar a decisão, mas não se manifestou.

    Janaína Farias (PT) é aliada do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), de quem foi assessora especial no governo do Ceará. Ela foi eleita segunda suplente de Camilo no Senado Federal e chegou a assumir o posto temporariamente em 2024. No ano seguinte, tomou posse como prefeita de Crateús, cidade de 75 mil habitantes so semiárido cearense.

    O ataque de Ciro à prefeita aconteceu em agosto, durante o aniversário do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Na ocasião, o pedetista citou Janaína de forma indireta.

    “A pessoa que recrutava moças pobres de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana virou senadora pelo Ceará e agora é prefeita de um município do estado”, disse Ciro.

    Janaína Farias reagiu ao ataque na época: “Mais uma vez, sou atacada covardemente pelo senhor Ciro Gomes, figura conhecida por agredir moralmente as pessoas e, principalmente, as mulheres. Inclusive, ele já foi condenado por ataques desse tipo. Um misógino, que, cada vez mais, diante de seu fracasso político, busca atingir a honra das pessoas, de forma irresponsável e inconsequente”.

    Camilo Santana, por sua vez, disse que Ciro Gomes teria que prestar contas à Justiça por tentar macular a honra das pessoas.

    A prisão preventiva de Ciro Gomes por violência de gênero foi pedida pela Advocacia do Senado Federal no início de setembro. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), elogiou a decisão do Senado e afirmou que as ofensas de Ciro eram “gravíssimas e de machismo repugnante”.

    O ex-ministro já ofendeu Janaína em outra ocasião e foi condenado a pagar R$ 52 mil por violência política de gênero por chamar a prefeita de “assessora de assuntos de cama” do ministro. A declaração aconteceu em 2024 na ocasião em que Janaína tomou posse como senadora.

    De saída do PDT, Ciro Gomes deve se filiar ao PSDB para ser candidato a governador do Ceará em 2026 com apoio de setores da direita, incluindo bolsonaristas.

    Ciro, que disputou a Presidência em 1998, 2002, 2018 e 2022, é opositor do governo Lula, o que dificulta sua permanência no PDT, que faz parte da base aliada do governo.

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