Categoria: ECONOMIA

  • Deixar dinheiro parado na conta pode reduzir até 20% do poder de compra em cinco anos, diz estudo

    Deixar dinheiro parado na conta pode reduzir até 20% do poder de compra em cinco anos, diz estudo

    Especialistas alertam que deixar grandes quantias paradas na conta-corrente pode gerar perda de até 20% do poder de compra em cinco anos por causa da inflação. Investimentos simples e conservadores, como Tesouro Selic e CDBs de liquidez diária, ajudam a preservar o valor real do dinheiro

    (FOLHAPRESS) – Manter quantias elevadas em conta-corrente por longos períodos pode reduzir em até 20% o poder de compra de famílias devido à inflação, segundo a Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro).

    Diego Endrigo, planejador financeiro CFP pela Planejar, comparou a manutenção de R$ 10 mil em conta-corrente por cinco anos com alternativas conservadoras. Considerando uma inflação média de 4% ao ano –percentual que reflete a meta e o comportamento recente do IPCA–, o especialista estima que o poder de compra cairia para cerca de R$ 8.000 em termos reais, ou seja, uma perda de 20% do valor inicial.

    “O investidor acredita que está preservando o patrimônio, mas, na prática, perde poder de compra todos os dias”, afirma Endrigo. Ele destaca que o efeito acumulado pode comprometer a realização de objetivos financeiros importantes.

    Quando comparada a alternativas conservadoras, a diferença se torna mais evidente. Segundo o especialista, investimentos em Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária garantem crescimento real do patrimônio.

    Ao fim de cinco anos, o valor aplicado ultrapassaria R$ 15 mil brutos, antes da tributação. O especialista diz que mesmo após o desconto do Imposto de Renda, haveria um ganho expressivo em relação à manutenção do dinheiro parado na conta.

    Apesar da comparação, é importante observar que quem investe em Tesouro Selic ou CDBs normalmente tem uma previsão de manter o dinheiro aplicado por mais tempo do que quem deixa o recurso na conta, mesmo que essas opções garantam liquidez diária. O especialista destaca, assim, que a comparação não busca sugerir que todo recurso de curto prazo deva ser investido, mas sim alertar para o custo de oportunidade de deixar o dinheiro completamente improdutivo.

    “Hoje, existem alternativas seguras, líquidas e acessíveis, que rendem diariamente e podem ser resgatadas a qualquer momento, sem abrir mão da disponibilidade. Em outras palavras, até o dinheiro de curto prazo pode e deve ser protegido da inflação”, diz Endrigo.

    Myrian Lund, professora da FGV e especialista em finanças, diz que, para preservar o poder de compra, é recomendável buscar rendimentos que ao menos acompanhem a inflação. A poupança é uma opção, mas, segundo Myrian, o ideal é ter ganho real, ou seja, rentabilidade acima da inflação.

    Um dos principais exemplos, segundo ela, são os CDBs com liquidez diária, que permitem o resgate a qualquer momento. Com a taxa básica de juros em 15%, esses títulos têm rendimento próximo a 14,9% do CDI. “No Brasil, hoje, ser conservador é a forma como você está ganhando mais dinheiro. Então você pode investir no CDB, que é um excelente investimento e vai continuar excelente pelo menos nos próximos dois ou três anos”, diz.

    POR QUE ALGUMAS PESSOAS AINDA DEIXAM O DINHEIRO NA CONTA-CORRENTE?

    Segundo o especialista da Planejar, a inércia, o receio de investir e a falta de conhecimento sobre alternativas ajudam a entender esse comportamento.

    O principal erro, diz ele, está em confundir comodidade com proteção financeira. “Deixar o dinheiro parado não garante estabilidade, mas sim perdas cumulativas que se tornam expressivas com o passar dos anos”, afirma.

    QUE DINHEIRO DEVO MANTER NA CONTA-CORRENTE?

    Myrian Lund afirma que o planejamento é essencial para definir quanto deve ser mantido na conta-corrente. Ela recomenda que o consumidor calcule o valor necessário para pagar suas contas e cobrir os gastos do cotidiano. Essa quantia deve ser separada no início do mês, e o restante pode ser aplicado.

    Segundo a especialista, essa abordagem ajuda a manter o controle dos gastos. Retiradas pequenas e frequentes, diz ela, fazem com que o consumidor perca a noção de quanto já foi sacado e, na maioria das vezes, acabe gastando mais do que o planejado.

    Se sobrar dinheiro no fim do mês da quantia inicialmente separada, Lund recomenda reaplicar o valor excedente e reduzir o que será sacado para as despesas do mês no próximo pagamento.

    COMO POSSO COMEÇAR A INVESTIR?

    Myrian Lund diz que os investimentos devem ser divididos em três grupos, cada um com objetivos diferentes:

    Reserva de emergência: tem como finalidade garantir acesso rápido ao dinheiro em caso de imprevistos. Idealmente, deve equivaler a de três a seis vezes o gasto mensal e ser aplicada em produtos de liquidez diária, como CDB DI, fundo DI ou Tesouro Selic.

    Reserva para aposentadoria: serve como complemento à aposentadoria do INSS. Entre as opções estão o Tesouro Renda+ e a previdência privada.

    Reserva para os sonhos: voltada a metas específicas –como viagens, estudos, cirurgias ou entrada em um imóvel, por exemplo. Nesse caso, não é necessário ter liquidez diária. A especialista recomenda produtos de renda fixa com vencimento ajustado ao prazo do objetivo, como LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) ou fundos de infraestrutura, que têm isenção do Imposto de Renda.

    E OS COFRINHOS DIGITAIS?

    Segundo Myrian, os cofrinhos também funcionam como uma alternativa de investimento para quem está começando. O poupador pode, por meio dos aplicativos das instituições financeiras, dividir o dinheiro para diversos sonhos em diferentes cofrinhos.

    A rentabilidade deles é similar à do CDB DI, garantindo também a liquidez diária, que pode ser importante para alguns investidores conservadores.

    Diego Endrigo, da Planejar, diz, no entanto, que é fundamental compreender que nem sempre eles oferecem transparência adequada sobre os ativos, seus emissores e os respectivos ratings de crédito. “Ou seja, embora melhorem o rendimento em relação ao dinheiro parado, ainda ficam distantes de produtos conservadores mais claros, como Tesouro Selic e CDBs de instituições sólidas”, diz.

    E A BOLSA?

    A Bolsa de Valores é considerada renda variável, e Myrian diz que, ao investir nela, não há “pacto”, ou seja, o resultado depende exclusivamente de sua valorização. Com isso, a especialista destaca que é necessário um estudo mais avançado e o reconhecimento de que o risco tomado também é maior.

    No contexto atual, com a alta de juros, a especialista diz que a permanência na renda fixa é uma boa opção. Segundo ela, o objetivo de buscar a renda variável é, geralmente, ganhar a inflação mais 6% ao ano. Como a renda fixa já está oferecendo um ganho igual ou maior do que esse patamar, não há necessidade de ir para a Bolsa sem um estudo prévio, afirma.

    Deixar dinheiro parado na conta pode reduzir até 20% do poder de compra em cinco anos, diz estudo

  • Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

    Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

    Durante conversa com jornalistas no Air Force One, Donald Trump disse que a China deve retomar a compra de soja e interromper o envio de fentanil aos EUA para que haja redução de tarifas. O presidente também comentou o cessar-fogo em Gaza e a crise econômica na Argentina

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (19) que a China precisa “retomar a compra de soja, pelo menos nos volumes de antes” e interromper o envio de fentanil para os EUA. As declarações ocorreram durante entrevista a bordo do Air Force One, enquanto o republicano descrevia suas exigências a Pequim no contexto das negociações bilaterais.

    Trump disse manter “ótima relação com Xi Jinping” e acenou com a possibilidade de reduzir tarifas sobre produtos chineses, caso as condições sejam atendidas. O presidente também pediu que a China “não jogue o jogo das terras raras conosco”, referindo-se aos minerais essenciais para a indústria tecnológica.

    Segundo ele, trata-se de “pedidos muito normais” para que Washington considere aliviar as sobretaxas comerciais.

    Ao comentar a situação no Oriente Médio, Trump afirmou que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas segue em vigor, mas alertou que “alguns rebeldes” dentro do grupo podem estar por trás de recentes disparos. “Talvez a liderança do Hamas não esteja envolvida nisso, mas, de qualquer forma, lidaremos com isso de forma dura, porém correta”, declarou.

    O republicano também mencionou a crise econômica da Argentina, afirmando que o país “está morrendo” e que gostaria de ajudar. “A Argentina é nossa aliada, mas não está bem financeiramente”, disse. Trump afirmou que os Estados Unidos consideram comprar carne argentina, embora em pequena quantidade.

    Por fim, destacou que várias nações da América do Sul “estão saindo do socialismo e nos procurando”.

    Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

  • Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

    Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

    O terreno onde está localizada a antiga rodoferroviária de Brasília tem 4,244 milhões de metros quadrados, área equivalente a quase três vezes o tamanho do parque Ibirapuera, em São Paulo.

    ANDRÉ BORGES E ADRIANA FERNANDES
    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu sinal verde ao Ministério dos Transportes para que o governo retome uma área avaliada em cerca de R$ 40 bilhões e que hoje está sob posse do Exército.

    O terreno onde está localizada a antiga rodoferroviária de Brasília tem 4,244 milhões de metros quadrados, área equivalente a quase três vezes o tamanho do parque Ibirapuera, em São Paulo.

    A área localizada a cerca de nove quilômetros do Congresso Nacional é considerada uma das mais valiosas do Distrito Federal e, por isso, tem sido palco de uma disputa administrativa e jurídica que, há mais de um ano, envolve o Ministério dos Transportes, o Exército e o GDF (Governo do Distrito Federal).

    Conforme informações obtidas pela Folha, o destino do terreno foi tema de uma reunião recente entre Lula e os ministros Renan Filho (Transportes) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). No encontro, o presidente deu aval para que o Executivo siga com seu projeto e anule os atos que repassaram a área aos militares.

    O plano do governo é usar o terreno para explorar seu potencial imobiliário bilionário e, a partir disso, viabilizar não só a construção do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) que ligará Brasília a Luziânia (GO), em uma rota de 62 km, mas também outros cinco trajetos de passageiros já desenhados em outras regiões do país.

    A ideia é usar essa área de Brasília, cidade que teve sua criação baseada na abertura de rodovias, para expandir projetos de transporte ferroviário de passageiros que há décadas não saem do papel.

    Nos últimos anos, Exército e GDF se moveram para viabilizar o empreendimento imobiliário, um acordo que envolvia a implantação de um hospital militar no terreno e uma nova Escola de Sargentos do Exército, no Recife (PE).

    O governo federal não é contra a construção dessas instalações, mas entende que não cabe ao Exército definir o destino do terreno. Na prática, em vez de repassar a área ao GDF, o Ministério dos Transportes pretende conceder o espaço, por meio de um leilão, atrelando a exploração imobiliária à construção das ferrovias.

    O plano é adotar um modelo conhecido internacionalmente como “real estate”, pelo qual a concessão ferroviária é associada ao desenvolvimento urbano e imobiliário no entorno das estações.

    Além do projeto do DF, a concessão daria apoio financeiro a outros cinco trajetos: Londrina-Maringá (PR), com 133 km; Rio Grande-Pelotas (RS), com 64 km; Fortaleza-Sobral (CE), São Luís-Itapecuru Mirim (MA) e Salvador-Camaçari-Feira de Santana (BA). Todos deverão ter editais de concessão publicados em 2026.

    Para que isso ocorra, porém, o governo federal precisa dar fim ao imbróglio que envolve uma área cercada de interesses de empreiteiras de Brasília, dado seu potencial já estimado em cerca de R$ 200 bilhões.

    A disputa pelo local teve início quando o Ministério dos Transportes foi informado que o terreno, originalmente vinculado ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), tinha sido cedido ao Exército pela Secretaria do Patrimônio da União, em 2021.

    Na avaliação da pasta, a cessão da área foi realizada sem respeitar a destinação ferroviária do imóvel. O terreno chegou a ser cercado e ocupado parcialmente. A movimentação levou o ministério a acionar a AGU (Advocacia-Geral da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União), que abriram processo conjunto para revisar o termo de cessão e fazer a reintegração da posse.

    Segundo informações a que a Folha teve acesso, o processo está em fase de conclusão. Enquanto isso, o governo proibiu qualquer tipo de intervenção física no local.

    Procurado, o Ministério dos Transportes não comentou o assunto. Em nota enviada à Folha, o Exército declarou que não recebeu a área em 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas em 2006. “A área da antiga rodoferroviária de Brasília foi entregue à Força em 2006, por meio de Termo de Entrega e Recebimento firmado com a Secretaria do Patrimônio da União.”

    O que ocorreu em 2021, segundo o Exército, foi o início de “tratativas com o Governo do Distrito Federal”, sobre a divisão da área que seria destinada à construção do hospital militar, “sem impedimentos até a manifestação mais recente do Ministério dos Transportes”.

    Ainda de acordo com os militares, a área “faz parte do planejamento estratégico do Exército, por meio de uma manobra patrimonial, para fins da implantação da nova Escola de Sargentos do Exército, em Recife-PE, e do já mencionado hospital militar, em Brasília-DF.”

    A Força insiste que o termo firmado com a Secretaria do Patrimônio da União reconhece a existência da ferrovia e prevê a delimitação entre o Exército e o Ministério dos Transportes, “assegurando à Força a gestão patrimonial do imóvel, inclusive com a possibilidade de alienação, revertendo recursos a projetos de defesa nacional.”

    O GDF declarou que ainda não há definição sobre o destino do terreno e que qualquer uso futuro dependerá do “gestor da área apresentar um Plano de Ocupação”.

    O governo do DF afirmou também que não criou oficialmente o chamado “Setor Oeste”, nome já mencionado para batizar a região, e que nenhum projeto urbanístico foi chancelado.

    Procurado, o Ministério da Gestão informou que os órgãos mencionados estão em diálogo técnico sobre os usos da área, “ainda sem definição sobre o tema”. “Destaca-se que parte da área está sob gestão do Exército, que está envolvido nas tratativas”, diz a pasta em nota.

    A assessoria de Dweck não quis fazer comentários sobre a reunião com o presidente Lula. O ministro da Defesa, José Múcio, não respondeu aos pedidos da Folha para falar sobre a repercussão da medida.

    Pessoas do governo a par das negociações afirmam que Múcio não quer se expor publicamente em relação ao terreno porque o Exército ainda tenta reverter a decisão.

    O ministro, no entanto, está ciente do caso. Ele recebeu um ofício de Renan Filho informando que o Ministério dos Transportes precisava da área. Auxiliares do ministro da Defesa admitem que o tema é sensível para o Exército, o que tem provocado tensão entre os generais da Força.

    A auxiliares, o ministro da Defesa tem dito que a sua posição é buscar um meio-termo, se for chamado a atuar, o que não aconteceu ainda.

    Um auxiliar de Lula reforçou que a decisão já está tomada, embora não tenha sido oficializada. Já foi feita a medição da área pelos técnicos do governo.

    Dweck sinalizou que, após a devolução do terreno, quer participar da definição do modelo de destinação da área. Ela tem planos de montar um fundo imobiliário com imóveis da União, mas a pasta dos Transportes quer aplicar os recursos diretamente nas ferrovias.
    As discussões sobre o terreno avançam no momento que o governo Lula articula para aprovar no Congresso uma proposta que prevê R$ 5 bilhões para investimentos nas Forças Armadas por ano, fora do cômputo da meta fiscal. O aumento de investimentos foi idealizado pelo Ministério da Defesa e discutido com Lula e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil), como revelou a Folha.

    Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

  • Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

    Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

    O impacto inflacionário do encarecimento do café, que registrou em agosto a maior alta no varejo americano desde 1997 nove vezes superior à média.

    Com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros, o Brasil corre o risco de perder espaço no maior mercado consumidor de café do mundo a partir das próximas safras e ser substituído por outros fornecedores. O alerta é do diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos. \”O grande receio é perder o maior mercado global, onde estão as principais empresas. É um prejuízo enorme perder o acesso ao maior mercado global para seus concorrentes\”, afirmou Matos, em entrevista exclusiva ao Broadcast nas Redes.

    Diante da sobretaxa que atinge o café brasileiro, outros países, como México, Honduras e Colômbia, passaram a exportar maior volume aos Estados Unidos. \”Levamos muito tempo para conquistar o primeiro lugar no mercado americano. Com novas safras vindo e perspectiva de maior colheita em importantes players, o grande risco é o Brasil ser o maior fornecedor e depois ir para o fim da fila e perder espaço nos blends deste grande mercado, quando a produção mundial de café aumentar. O caminho é resolver isso o mais rápido possível\”, observou Matos. O Brasil, por sua vez, redirecionou parte do que deixou de vender aos EUA para países europeus, árabes e asiáticos, minimizando efeitos sobre a balança comercial do setor em movimento de realocação no mercado mundial. No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil exportou 29,105 milhões de sacas, queda de 20,5% em relação aos nove meses de 2024, enquanto a receita gerada saltou 30%, para US$ 11,049 bilhões.

    Com a aplicação da alíquota , os Estados Unidos saíram de principal destino do café brasileiro em julho, antes da vigência da sobretaxa, para o terceiro destino em setembro, perdendo o posto de maior importador de cafés do Brasil para a Alemanha. Segundo o Cecafé, os impactos para os exportadores de café são \”incalculáveis\”. \”Há um prejuízo enorme com custo de postergação de contratos e suspensão e cancelamento de contratos, por isso, não temos outra estratégia se não a isenção total aos cafés brasileiros. Se não resolvermos isso o mais rápido possível, além dos exportadores, os impactos chegarão aos produtores\”, apontou o CEO do Cecafé.

    Dados do conselho apontam para queda de 52,8% nos embarques do grão ao mercado norte-americano em setembro, adquirindo 332.831 sacas. No ano passado, a exportação brasileira de café para os EUA somaram 8,1 milhões de sacas e US$ 2 bilhões, 16% de tudo o País exportou. \”O aumento de 40% no preço internacional do café somado à tarifa de 50% sobre o grão brasileiro inviabiliza os embarques\”, apontou. O Brasil responde por 34% de tudo que os Estados Unidos consome de café. \”76% dos americanos consomem café diariamente. São dois países insubstituíveis no comércio de café\”, pontuou o diretor-executivo do Cecafé.

    O setor exportador defende que o café seja incluído na lista de exceções ao tarifaço. As sinalizações dos importadores é de que o produto é o item número 1 na lista, segundo Matos, para potenciais novas exceções. A abertura de diálogo entre os países, que começou com a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos EUA, Donald Trump, e a missão diplomática brasileira ao governo americano, pode contribuir nesse movimento, segundo Matos. \”Talvez seja factível a suspensão geral da tarifa ou a ampliação da lista. O importante é virar a página das tarifas\”, defendeu o CEO do Cecafé.

    O impacto inflacionário do encarecimento do café, que registrou em agosto a maior alta no varejo americano desde 1997 nove vezes superior à média, bem como os efeitos já sentidos pelos consumidores e o fim do estoque da indústria local influenciam ainda no convencimento das autoridades e na pressão da opinião pública para isenção do café, avalia o Cecafé.

    Em paralelo, o setor busca também a diversificação de mercados. Para Matos, os movimentos de preservação de mercados consolidados, como Estados Unidos e Europa, e a abertura de novos destinos são pautas distintas que não devem se sobrepor. China e Austrália despontam entre os países em crescimento do consumo do grão brasileiro. Nesse cenário de escalada tarifária, estoques mundiais baixos e incertezas quanto à nova safra, os preços do grão tendem a seguir elevados no mercado internacional pelo menos até o fim do ano.

    Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

  • Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

    Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

    Após um período no azul entre 2017 e 2021, que teve seu auge na pandemia de Covid-19 devido à expansão acelerada do comércio eletrônico, os Correios passaram a acumular prejuízos crescentes a partir de 2022.

    IDIANA TOMAZELLI
    IBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O plano de socorro aos Correios, ancorado em um empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia soberana, tornou-se a saída de emergência para uma crise gestada por anos e que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) hesitou em reconhecer.

    Para além da chamada “taxa das blusinhas” (a cobrança de impostos sobre encomendas internacionais de até US$ 50 que, de fato, desfalcou suas receitas), a empresa já vinha penando com a deterioração de suas operações e com o descontrole sobre ações judiciais que impactam o caixa da companhia. Enquanto isso, continuou aumentando despesas.

    Após um período no azul entre 2017 e 2021, que teve seu auge na pandemia de Covid-19 devido à expansão acelerada do comércio eletrônico, os Correios passaram a acumular prejuízos crescentes a partir de 2022.

    “A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade, e isso fez com que a gente sofresse em termos de resultado, de geração de caixa, da operação em si. A perda de competitividade vem fazendo com que a gente tenha perda de receita, e ao impactar o caixa, aí eu falo principalmente nos últimos meses, a gente vem afetando a operação”, disse o novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, em sua primeira entrevista, concedida 21 dias após ele assumir o cargo.

    No fim de julho de 2023, a Receita Federal lançou o Remessa Conforme, programa que criou uma esteira rápida para encomendas internacionais devidamente declaradas ao fisco. A mudança teria impacto direto nos Correios, que até então concentravam essa atividade.

    Hoje, técnicos da empresa avaliam que a companhia demorou a reagir, possivelmente confiando em algum recuo da equipe econômica. Quando o sistema já estava consolidado e a “taxa das blusinhas” entrou em vigor, em agosto de 2024, os Correios ainda não tinham se reposicionado nesse segmento.

    A companhia passou a atuar em novos mercados, como transporte de medicamentos para estados, mas as receitas ainda eram insuficientes para cobrir o buraco no caixa. Enquanto isso, o próprio Executivo minimizava os problemas da companhia e reagia com cobranças quando houve o primeiro aviso de que o socorro seria inevitável.

    A queda no faturamento deflagrou o que Rondon classificou de “ciclo negativo”: os Correios começaram a atrasar pagamentos de fornecedores, alguns dos quais interromperam a prestação de serviço. O impacto negativo na operação gerou insatisfação nos clientes e perda de contratos, agravando o declínio das receitas.

    Ironicamente, parte do ambiente de forte concorrência que se vê hoje perante gigantes como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza foi induzido pela crise dos Correios, já que as empresas privadas investiram em serviços próprios de logística para dar vazão às cargas retiradas da empresa estatal devido à perda de qualidade na operação.

    Hoje, algumas sinalizam que há espaço para retomar parte das parcerias, mas dificilmente na mesma magnitude de antes, o que impõe aos Correios a necessidade de diversificar seu negócio.
    O socorro via empréstimo de R$ 20 bilhões, revelado pela Folha, seria uma ponte até que a empresa consiga fazer essa virada, que leva tempo. Os detalhes do plano devem ser apresentados aos bancos na próxima semana, mas boa parte do dinheiro deve servir para regularizar passivos e manter a operação em 2025 e 2026.

    Até o fim de junho, havia uma diferença de R$ 5,6 bilhões entre os ativos da companhia e os compromissos a serem honrados nos 12 meses seguintes. Os Correios também precisam quitar o empréstimo de R$ 1,8 bilhão contratado neste ano e que vence em 2026.

    Além disso, a companhia opera hoje com um prejuízo mensal na casa dos R$ 700 milhões, valor que cresce mês a mês. Isso significa que ela precisa de até R$ 4,5 bilhões para cobrir o buraco do segundo semestre. Para 2026, os prejuízos mensais podem chegar a R$ 1 bilhão caso a empresa não tenha condições de investir para se reposicionar.

    “O plano projeta economia relevante de despesas operacionais, com redução gradual de passivos e aumento de produtividade. Os números serão apresentados no balanço de implementação, mas o objetivo é estabilidade estrutural e resultado operacional”, diz a empresa, em nota.

    O desequilíbrio crônico vem não só da perda de receitas, mas também de decisões tomadas nos últimos anos que, a despeito do cenário evidente de dificuldades, resultaram no aumento de despesas.

    Em 2024, realizou um concurso para preencher mais de 3.000 vagas de forma imediata, ao mesmo tempo em que lançava um PDV (programa de demissão voluntária). Ainda negociou um reajuste linear de 4,11% e a retomada de uma cláusula que concede um bônus de 70% calculado sobre o terço de férias.

    A empresa também queimou caixa próprio, já em declínio, para investir na aquisição de veículos elétricos e itens de tecnologia. O modelo de plano de saúde, patrocinado em grande parte pela companhia, é considerado oneroso, mas o problema não foi enfrentado.

    O descontrole sobre as ações judiciais agravou a situação. Os Correios são alvo de inúmeras ações, principalmente trabalhistas, mas a empresa não tinha um mapeamento adequado dos riscos.

    O tema foi motivo de ressalva da auditoria independente nas demonstrações de 2024. A Consult Auditores apontou “fragilidades” e “inconsistências” nas provisões, que impediam mensurar com precisão quanto o pagamento de precatórios afetaria o fluxo de caixa da empresa.

    Na prática, a estatal não fez as provisões adequadas para perdas judiciais, o que propiciava o aparecimento de esqueletos fora do planejamento da empresa. A companhia inclusive precisou republicar demonstrações de anos anteriores para incorporar esses passivos, que vêm de ações judiciais iniciadas muitas vezes há mais de cinco anos.

    A situação era tão grave que, em setembro deste ano, os Correios precisaram renegociar um empréstimo bilionário justamente porque a explosão inesperada de precatórios acionou uma cláusula do contrato que permitia aos bancos antecipar a cobrança das prestações, inicialmente previstas só para 2026. A companhia chegou a ter dinheiro bloqueado e ficou algumas horas sem caixa suficiente para pagar salários, até concluir a repactuação.

    A melhoria no monitoramento das ações judiciais foi alvo de reiteradas cobranças do conselho de administração ao longo de 2025. O colegiado autorizou a aquisição de software específico e cobrou “medidas voltadas à melhoria da atuação do jurídico próprio, especialmente no que tange à defesa técnica em ações do contencioso trabalhista”. Em 24 de setembro, pediu celeridade na contratação de uma consultoria jurídica especializada.

    Segundo representantes da estatal, a situação do passivo judicial já está, ao menos, melhor mapeada. Para este ano, a projeção é de um pagamento adicional de R$ 960 milhões em precatórios. Em 2026, a fatura deve ficar em R$ 1,27 bilhão. O valor do empréstimo também ajudará a cobrir esses pagamentos.

    A ressalva dos auditores e as cobranças do conselho de administração em relação às ações judiciais ocorreram ainda na gestão de Fabiano Silva dos Santos. Procurado, ele disse que “a área jurídica fez um trabalho de depuração de todos os processos ativos, revisando o risco processual e atualização dos andamentos, com a implementação de rotina interna para dar previsibilidade e controle das informações, mitigando o risco de inconsistência em razão da precariedade do atual sistema”.

    “Importante destacar que essas ações não foram geradas pela nossa gestão. São ações antigas e que transitaram em julgado recentemente”, afirmou.

    Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

  • Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

    Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

    As nove primeiras fileiras terão 48 assentos reclináveis, com duas divisões. A categoria Premium terá três fileiras com quatro assentos cada. De acordo com a WestJet, haverá almofada ergonômica, sendo que o encosto da cabeça poderá ser ajustado em quatro direções.

    FERNANDO NARAZAKI
    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O passageiro que optar por voos da companhia aérea canadense WestJet terá de pagar uma tarifa maior para ter direito a uma poltrona reclinável. No fim de setembro, a empresa anunciou uma mudança na configuração de suas aeronaves para atender à nova política de preços.

    As nove primeiras fileiras terão 48 assentos reclináveis, com duas divisões. A categoria Premium terá três fileiras com quatro assentos cada. De acordo com a WestJet, haverá almofada ergonômica, sendo que o encosto da cabeça poderá ser ajustado em quatro direções.
    Já a categoria Extended Comfort (conforto estendido) terá seis fileiras com seis assentos cada, também com assento reclinável, porém com um tamanho e um espaçamento menores que a Premium. Elas serão separadas por uma divisória.

    As 22 fileiras restantes das aeronaves, com seis assentos em cada fileira, não permitirão que o passageiro incline o assento. Além disso, elas terão diferentes distâncias entre as fileiras. Quanto mais próximo da cabine, maior será o espaçamento para as pernas.

    Segundo o comunicado divulgado pela empresa, a mudança permitirá uma “tarifa mais acessível” aos passageiros. “O layout da nossa cabine renovada atende às diversas preferências dos nossos hóspedes. Sejam eles optando por assentos Premium com comodidades extras e espaço para as pernas ou por preços de passagens mais acessíveis com menos espaço”, afirmou Samantha Taylor, vice-presidente executiva da WestJet.

    A empresa canadense promete reformular os modelos Boeing 737-8 Max e 737-800 das suas 43 aeronaves até o final do ano. O primeiro modelo deve ser entregue ainda neste mês.

    A aérea tem voos para 30 países, atendendo América do Norte e Central, Ásia e Europa. O Brasil e toda a América do Sul não estão entre os destinos da empresa.

    Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

  • Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

    Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

    Em reação, o presidente americano Donald Trump ameaçou aumentar tarifas em 100% sobre produtos chineses e aplicar novos controles de exportação em softwares estratégicos.

    O Ministério do Comércio da China abalou o frágil equilíbrio nas relações com os Estados Unidos ao publicar, na última semana, o “Anúncio nº 62 de 2025”, impondo amplas restrições à exportação de terras raras — grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção de tecnologias avançadas, como carros elétricos, smartphones, painéis solares e equipamentos militares.

    Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão de autorização do governo chinês para exportar produtos que contenham até pequenas quantidades desses minerais e deverão declarar o uso pretendido. A medida reforça o controle de Pequim sobre um setor estratégico: o país domina quase todo o processo global de extração e refino das terras raras.

    A decisão foi vista como um golpe direto na base industrial dos EUA, já que produtos como o caça F-35 dependem fortemente desses materiais — um único avião utiliza cerca de 400 quilos de terras raras em motores, radares e revestimentos furtivos.

    Em reação, o presidente americano Donald Trump ameaçou aumentar tarifas em 100% sobre produtos chineses e aplicar novos controles de exportação em softwares estratégicos. “Isso é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e não vamos permitir isso”, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

    Pequim rebateu as acusações, afirmando que os EUA “provocam pânico desnecessário” e que pedidos de exportação destinados a uso civil continuarão sendo aprovados.

    O impasse reacende a guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta, que vivia um período de trégua desde maio. Nesta semana, novas tarifas portuárias foram impostas por ambos os lados, e os presidentes Xi Jinping e Donald Trump devem se reunir ainda este mês para discutir o tema.

    Especialistas afirmam que a China identificou um ponto fraco dos EUA ao atingir um elo vulnerável de suas cadeias de suprimentos. Segundo Naoise McDonagh, da Universidade Edith Cowan, as restrições “abalam o sistema” e frustram o cronograma de negociações planejado por Washington.

    A China responde por cerca de 70% do fornecimento mundial de metais usados em ímãs de motores elétricos. Já países como Austrália e Brasil tentam ampliar sua participação, mas enfrentam desafios técnicos e ambientais. O Brasil, que possui até 23% das reservas conhecidas de terras raras, ainda representa menos de 1% da produção global, segundo o professor Sidney Ribeiro, da Unesp.

    Embora as terras raras representem menos de 0,1% do PIB chinês, seu valor estratégico é enorme, destacou Sophia Kalantzakos, da Universidade de Nova York. “O setor dá à China poder de pressão nas negociações com os EUA.”

    A professora afirma que Pequim usa as novas restrições como instrumento de barganha antes das próximas rodadas diplomáticas. Já para o economista Jiao Yang, de Singapura, os EUA ainda têm alternativas, como oferecer redução de tarifas ou ampliar restrições tecnológicas à China.

    Mesmo assim, analistas acreditam que a nova ofensiva chinesa redefine o tabuleiro da disputa comercial, mostrando que Pequim está disposta a enfrentar custos econômicos para manter sua posição dominante no mercado global.

    Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

  • Aéreas terão que explicar mudanças na cobrança de bagagens de mão

    Aéreas terão que explicar mudanças na cobrança de bagagens de mão

    Segundo empresas, tarifa será menor para quem leva só bolsa ou mochila; a Senacon reconhece que as empresas até podem estar legalmente amparadas, mas entende que a conduta não traz benefícios ao consumidor

    As empresas aéreas deverão explicar a implementação de uma nova categoria de tarifa, chamada de “básica”, para o transporte de bagagens. Recentemente, a Gol Linhas Aéreas e a Latam Airlines comunicaram a adoção de novas tarifas com restrições a uma segunda bagagem de mão, a partir deste mês. 

    A Fundação Procon de São Paulo enviou notificações para as empresas Azul, Gol e Latam, com prazo até a próxima segunda-feira (20) para recebimento das explicações. 

    “Por exemplo, se esse tipo de alteração vai implicar em uma diminuição da tarifa; qual seria o tipo de volume e peso vinculado ao preço; que tipo de modalidade de passagem ou composição de oferta vai ser atrelado a esse tipo de nova tarifa; como a empresa vai controlar na aeronave as disposições de mochilas, pequenas malas, no mesmo voo?”, disse a assessora técnica da Diretoria de Atendimento do Procon-SP, Renata Reis, à Agência Brasil.  

    Segundo ela, é importante que o consumidor seja devidamente orientado e tenha garantido seu direito de ter informações claras e prévias.

    “Nós vamos analisar essas informações para verificar as implicações e se haverá necessidade de adoção de outras medidas ou de outras providências”, adiantou Renata Reis.

    Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Gol e Latam já foram notificadas para apresentar informações sobre a comercialização das tarifas sem franquia de bagagem de mão e sobre a visibilidade dada ao consumidor sobre essa medida.

    Em nota, a Senacon reconhece que as empresas até podem estar legalmente amparadas, mas entende que a conduta não traz benefícios ao consumidor, e por isso merece revisão. 

    A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) enviou ofício às companhias aéreas Azul, Gol e Latam solicitando esclarecimentos sobre eventuais cobranças em voos internacionais. Na Latam, a medida já está em vigor, e a Gol anunciou que adotará a cobrança. A Azul informou que não cobrará pela bagagem de mão em voos internacionais.

    O presidente da Anac, Tiago Faierstein, esclareceu que não há cobrança de bagagem de mão em voos domésticos, mas uma distinção entre mochilas e bagagens de mão de até 10 quilos, que são acomodadas no compartimento superior das aeronaves.

    A Anac pretende entregar estudos técnicos para a construção de um projeto de lei no Congresso Nacional com o objetivo de levar a uma “regulação equilibrada, preservando tanto o direito dos passageiros quanto a competitividade das companhias aéreas”. 

    Já o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, declarou que a pasta reafirma o “compromisso com uma aviação mais justa, acessível e democrática para todos os brasileiros”.

    Companhias aéreas

    A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) garantiu que não existe nenhuma cobrança extra. Segundo a entidade, as novas tarifas básicas são, na realidade, um desconto, porque as tarifas são menores que as demais, se os passageiros transportam itens como bolsas e mochilas, sem outra bagagem de mão, e que não ocuparão espaço nos bagageiros.

    A Gol explica que na última terça-feira (14), colocou à disposição uma nova opção de tarifa com o nome Basic, com a proposta de oferecer uma tarifa mais acessível em viagens para destinos internacionais. A tarifa só estará disponível para viagens com origem em outros países onde a Gol opera e, no Brasil, na rota que parte do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para Montevidéu, no Uruguai. 

    “Os clientes que escolherem essa tarifa poderão levar na cabine apenas uma bolsa ou uma mochila (item pessoal) de até 10 kg, nas medidas máximas de 32 cm (largura) x 22 cm (altura) x 43 cm (profundidade) para que seja acomodada debaixo do assento à frente”, explicou a Gol. 

    Já o comunicado da Latam reforça que todas as tarifas comercializadas pela companhia no Brasil, independentemente do destino ou da distância, autorizam o passageiro a transportar gratuitamente na cabine 10 kg de bagagem.

    A Latam relata também que, desde outubro de 2024, passou a contar com uma classe tarifária denominada Basic para rotas internacionais para alguns destinos na América do Sul e que essa tarifa representa “uma opção de compra mais econômica, ideal para passageiros que viajam com pouca bagagem”.

    A tarifa permite que os passageiros levem um item pessoal de até 10 kg, que deve ser alocado sob o assento dianteiro à frente, com dimensões máximas de 45 cm de altura, 35 cm de comprimento e 20 cm de largura. Para aqueles passageiros com necessidade de levar mais bagagem nessas rotas internacionais e nos voos domésticos operados no Brasil, existem outras tarifas disponíveis, todas elas incluindo “ao menos um item pessoal de até 10kg e uma mala pequena pesando entre 12 kg e 16 kg a depender da tarifa”.

    Projeto de Lei

    Nesta quinta-feira (16), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que pautará em regime de urgência do Projeto de Lei  5.041/2025, do deputado federal Da Vitoria (Progressistas-ES), chamado de PL das bagagens. A proposta garante o direito do passageiro de levar na cabine do avião uma mala de mão e um item pessoal em voos domésticos e internacionais operados em todo o território nacional, sem qualquer custo extra.

    Motta avisou que a Câmara não aceitará a cobrança de bagagem de mão por parte das empresas aéreas. 

    “Um recado às companhias aéreas que querem cobrar até pela mala de mão nas viagens. A Câmara não vai aceitar esse abuso. […] O consumidor vem em primeiro lugar”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, nas redes sociais. 

    Motta se posicionou depois que a Gol Linhas Aéreas e a Latam Airlines comunicaram a adoção de novas tarifas com restrições a uma segunda bagagem de mão, a partir deste mês.

    “A cobrança adicional pela mala de mão constitui uma prática que fere os princípios da transparência e da boa-fé nas relações de consumo, pois retira um direito que sempre foi reconhecido ao passageiro e transforma um serviço essencial em produto opcional. Essa política tarifária, se consolidada, poderá gerar insegurança jurídica, confusão entre consumidores e aumento das reclamações junto aos órgãos de defesa do consumidor e à própria Anac”, diz o projeto.

    Além disso, o PL destaca que a medida adotada pelas companhias aéreas afeta desproporcionalmente os passageiros de menor renda, que dependem de tarifas básicas e não têm condições de arcar com custos extras para levar seus pertences pessoais.

    Norma vigente

    Em regra, a bagagem de mão pode ser acomodada na cabine do avião, em todas as faixas de tarifas cobradas.

    Desde 2016, a resolução Nº 400 da Anac estabelece que cada passageiro tem direito de transportar gratuitamente uma bagagem de mão de até 10 kg, de acordo com os limites de dimensão e segurança do voo.

    Além disso, é reconhecido o direito de portar um item pessoal, como bolsa, mochila ou pasta, a ser acomodado sob o assento à frente do passageiro.

    E a empresa pode estabelecer alguns limites como altura, largura e comprimento da bagagem.

    O texto diz que a companhia “poderá restringir esse peso e o conteúdo da bagagem de mão por motivo de segurança ou de capacidade da aeronave”, no momento do embarque.

    Para as bagagens que não se enquadrarem nas regras estabelecidas (mais de 10 kg ou ultrapassar essas dimensões), a empresa aérea pode cobrar pelo excesso, recusar o transporte ou, ainda, solicitar também que essa bagagem seja despachada no compartimento de carga da aeronave.

    Aéreas terão que explicar mudanças na cobrança de bagagens de mão

  • Dólar fecha em queda e Bolsa sobe, com tarifas de Trump e risco de bolha de crédito no radar

    Dólar fecha em queda e Bolsa sobe, com tarifas de Trump e risco de bolha de crédito no radar

    O mercado esteve atento às tratativas sobre as tarifas de importação dos Estados Unidos ao Brasil e à China; o dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,406

    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caiu 0,65% nesta sexta-feira (17) e encerrou a semana cotado a R$ 5,406. Já a Bolsa avançou 0,84%, a 143.398 pontos.

    O mercado esteve atento às tratativas sobre as tarifas de importação dos Estados Unidos ao Brasil e à China. Além disso, os investidores também se posicionaram diante de um novo fator de pressão: a saúde financeira de bancos regionais nos Estados Unidos.

    A começar pela cruzada tarifária do governo Donald Trump, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se reuniram presencialmente na Casa Branca na última quinta-feira.

    Em comunicado divulgado após o encontro, o governo americano disse que as conversas foram muito positivas e combinaram um cronograma de trabalho.
    A divulgação de uma manifestação conjunta, assinada pelos dois governos, não é um padrão do Departamento de Estado, indicando uma sintonia entre as partes sobre o teor do encontro.

    No comunicado, o representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer, Rubio e Vieira afirmam que houve “conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em andamento”.

    “O embaixador Greer, o secretário Rubio e o ministro Mauro Vieira concordaram em colaborar e conduzir discussões em múltiplas frentes num futuro próximo, estabelecendo um caminho de trabalho conjunto”, diz a declaração. As autoridades também acenaram para um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump “na primeira oportunidade possível”.

    “É a primeira de uma série de conversas. Tem muito chão pela frente e vai demorar até termos algum resultado concreto, mas o fato de que autoridades brasileiras e americanas estão oficialmente sentando à mesa para conversar traz maior otimismo para os investidores”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

    Por outro lado, a tensão entre Estados Unidos e China reduz o apetite por risco. Há uma semana, Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses e novos controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico” até 1º de novembro, nove dias antes da atual trégua tarifária entre os dois países expirar.

    As novas medidas comerciais foram em reação à expansão dos controles de exportação de elementos de terras raras pela China, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa.

    A proposta de tarifa de 100% não é sustentável, afirmou Trump em entrevista nesta sexta. “Mas o número é esse. Eles me forçaram a fazer isso”, disse. Ele também confirmou que se reunirá com o líder chinês, Xi Jinping, em duas semanas na Coreia do Sul.

    “Acho que vamos nos dar bem com a China, mas temos que ter um acordo justo. Tem que ser justo,”

    A escalada de tensões entre Estados Unidos e China tem voltado a despertar temores de uma guerra comercial de grandes proporções, semelhante à do início do ano.

    À época, Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi Jinping respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas temporariamente para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA. Essa trégua é válida apenas até o dia 12 de novembro.

    Ao mesmo tempo, um novo fator de pressão começa a se avizinhar nos mercados globais: o risco de uma bolha de crédito nos Estados Unidos estourar e, com isso, desestabilizar o sistema bancário da maior economia do mundo.

    As preocupações começaram depois do colapso abrupto da First Brands Group, fabricante de anticongelantes, limpadores de para-brisa e pastilhas de freio. A companhia estava entre os maiores emissores de CLOs (obrigações de empréstimos garantidos, na sigla em inglês), um instrumento financeiro que reúne empréstimos de empresas, em especial as com grau de investimento baixo, e os vende como títulos de dívida para investidores.

    As CLOs se tornaram populares entre seguradoras e outros grandes investidores que apostam que, ao distribuir seus empréstimos entre muitas empresas diferentes, estão protegidos contra o impacto de calotes em um ou dois negócios.

    Mas a falência repentina da empresa levantou preocupações sobre o crescimento acelerado desse mercado, que criou uma demanda elevada por empréstimos alavancados frequentemente usados por empresas de capital privado para financiar aquisições. Alguns gestores de fundos temem que uma sequência de perdas nesses instrumentos possa fazer com que a máquina de securitização de Wall Street comece a falhar.

    “Nos mercados de crédito há mais de um ano, tem havido um reconhecimento relutante de que há uma série de problemas que podem ser substanciais e perigosos para a economia em geral”, diz Andrew Milgram, diretor de investimentos da Marblegate Asset Management, gestora especializada em dívidas problemáticas.

    O colapso da First Brands segue a esteira do pedido de falência da financeira de automóveis Tricolor, voltada ao público de crédito de maior risco, em meio a alegações de fraude. Há suspeitas de que esses casos não são isolados.

    “As duas inadimplências sucessivas da First Brands e da Tricolor Auto destacaram potenciais falhas e desafios na avaliação de crédito”, disse o estrategista do Bank of America, Pratik Gupta. “O mercado começou a adotar uma visão mais negativa dos fundamentos de crédito.”

    Somam-se a esse cenário suspeitas de fraudes em empréstimos vinculados a fundos imobiliários problemáticos, “o que levou investidores a reduzir a exposição ao setor”, destaca a Ágora Investimentos.

    O índice bancário regional dos EUA caiu 6% na quinta-feira, quando dois bancos pequenos divulgaram problemas separados.

    O Zions Bancorporation divulgou perdas de US$ 50 milhões ligadas a dois empréstimos comerciais e industriais, enquanto a Western Alliance revelou que havia iniciado um processo alegando fraude pelo Cantor Group.

    Analistas agora traçam paralelos entre as falências e as fraudes. O colapso das empresas credoras de CLOs e os calotes chamaram atenção para os riscos no crédito privado, um mercado em expansão, mas menos regulamentado, no qual empresas fizeram grandes empréstimos nos últimos anos.

    “Quando você vê uma barata, provavelmente há mais e, portanto, todos devem estar prevenidos”, disse o presidente-executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon.

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  • Brasil e Índia fazem acordos em tecnologia, defesa e aeronáutica

    Brasil e Índia fazem acordos em tecnologia, defesa e aeronáutica

    Ministros participam da inauguração de escritório da Embraer na Índia; “Percebemos um aumento dos investimentos de empresas indianas no Brasil e de empresas brasileiras na Índia”, disse o ministro vice-presidente

    O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, participou da inauguração do escritório da Embraer em Nova Délhi, na Índia. Na oportunidade, foram assinados acordos nas áreas de tecnologia, de defesa e da indústria aeronáutica.

    Acompanhado de outras autoridades brasileiras, Alckmin fez, nesta sexta-feira (17), um balanço da viagem à Índia.

    “Tivemos uma grande reunião entre empresários indianos e empresários brasileiros. Percebemos um aumento dos investimentos de empresas indianas no Brasil e de empresas brasileiras na Índia”, disse o ministro vice-presidente. 
    Embraer

    Alckmin lembrou que já há muitos aviões da Embraer voando pela Índia. Segundo ele, os modelos da empresa brasileira atendem bem à demanda indiana por voos regionais com menos custo e mais eficiência.

    Há também interesse da Força Aérea Indiana em adquirir o avião cargueiro C-390, o que, segundo Alckmin representaria “um salto estratégico na relação bilateral, promovendo transferência de tecnologia, geração de empregos e ganhos de soberania para ambos os lados”.

    Na avaliação do ministro da Defesa, José Múcio, a abertura do escritório da Embraer na Índia representa “um passo concreto na construção de pontes industriais e tecnológicas” além do compromisso da empresa em investir na Índia.

    Comércio

    Durante a missão, Brasil e Índia também definiram um cronograma para ampliar o Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, hoje considerado restrito. O governo brasileiro quer elevar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões em 2025 e US$ 20 bilhões até 2026.

    O tratado atual cobre apenas 450 categorias de produtos e prevê reduções tarifárias modestas, entre 10% e 20%. A proposta em discussão busca ampliar o número de produtos beneficiados e aprofundar as preferências comerciais.

    “Quero destacar também que ontem [quinta-feira, dia 16] completamos um entendimento para ampliar as linhas tarifárias de preferência entre Mercosul Índia. Teremos, nos próximos meses, um trabalho para fortalecer a complementariedade econômica e crescer os investimentos”, disse Alckmin.

    Negócios e visto eletrônico

    O ministro lembrou que, antes mesmo de ir à Índia, o governo brasileiro publicou dois decretos relevantes para as relações comerciais entre os dois países.

    “Um deles, estabelecendo um acordo de facilitação de investimentos; e o outro evitando bitributação”, detalhou Alckmin.

    Para Alckmin, “Isso vai trazer mais segurança jurídica para esse bom trabalho na economia entre Brasil e Índia”, acrescentou.

    Alckmin lembrou, também, que a partir da próxima semana, os negócios entre os dois países serão facilitados com a entrada em vigor de um visto eletrônico para negócios e consultorias.

    Saúde e petróleo

    Na área da saúde, foi assinada uma parceria entre a Fiocruz e uma empresa indiana, com a possibilidade de transferência de tecnologia de vacinas; e na área do petróleo, foi assinado um contrato da Petrobras para a exportação de mais de 6 milhões de barris à Índia.

    Alckmin convidou a Índia a participar da disputa pelos blocos visando a exploração de petróleo em algumas das bacias brasileiras.

    “A Agência Nacional do Petróleo (ANP) deve lançar seis blocos no ano que vem, para exploração de petróleo nas bacias de Campos e de Santos, podendo ter mais 18 blocos”, disse o ministro.

    A missão brasileira reuniu representantes de 20 setores, incluindo agronegócio, tecnologia, energia e saúde.

    Brasil e Índia fazem acordos em tecnologia, defesa e aeronáutica