Categoria: ECONOMIA

  • Joesley Batista teve encontro com Trump semanas antes de aceno a Lula

    Joesley Batista teve encontro com Trump semanas antes de aceno a Lula

    A carne bovina brasileira é alvo de uma tarifa de 50% aplicada por Trump; interlocutores se dizem otimistas com a possível inclusão das carnes brasileiras na lista de produtos isentos do tarifaço

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O empresário Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS, foi recebido em audiência pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, semanas antes do aceno do republicano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia-Geral da ONU.

    De acordo com quatro pessoas ouvidas pela Folha, há cerca de três semanas, Joesley discutiu com Trump na Casa Branca o tarifaço de 50% aplicado pelos EUA contra produtos vendidos pelo Brasil, que afeta o setor de carne. Outro tema de interesse de Joesley tratado na reunião foi a importação de celulose pelos EUA.

    Ainda durante o encontro, Joesley argumentou que as diferenças comerciais entre Brasil e EUA poderiam ser resolvidas por meio do diálogo entre os dois governos -numa mensagem de incentivo a uma aproximação.

    Procurada, a JBS não comentou questionamentos feitos pela Folha. A Casa Branca não respondeu a pedido de comentário.

    Como a Folha mostrou, grandes empresários brasileiros facilitaram contatos entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Em recente discurso na Assembleia-Geral da ONU, Trump disse que houve “química” entre ele e Lula e que os dois devem se encontrar em breve para tratar do tarifaço.

    A atuação de gigantes como a Embraer (empresa da qual o governo é acionista) e a JBS, de Wesley e seu irmão, Joesley, contribuiu para fortalecer, dentro da gestão Trump, a ala que defendia uma negociação focada no comércio, e não em questões políticas, entre EUA e Brasil.

    A aproximação de empresas ligadas a Joesley com Trump data do início da segunda administração do republicano.

    Marca da JBS, a Pilgrim’s Pride fez a maior doação individual de uma empresa para a cerimônia de posse de Trump: US$ 5 milhões, de acordo com relatório apresentado à Comissão Federal Eleitoral (FEC, na sigla em inglês). A empresa é uma das maiores produtoras de aves do mundo -quase 1 em cada 6 frangos nos EUA vem da Pilgrim’s, segundo site da empresa.

    A carne bovina brasileira é alvo de uma tarifa de 50% aplicada por Trump. Mas interlocutores ouvidos pela Folha se dizem otimistas com a possível inclusão do produto na lista de produtos isentos do tarifaço.

    Já a celulose, outro item que foi pauta da conversa de Joesley com o republicano, foi recentemente contemplada com um alívio por parte dos EUA.

    Em ordem executiva publicada em 5 de setembro, Trump retirou a tarifa de 10% sobre a celulose importada por seu país.

    A decisão beneficia a indústria brasileira, que exportou 2,8 milhões de toneladas do produto para o país no ano passado. Isso representa cerca de 15% das vendas de celulose (de todos os tipos) para o exterior no mesmo período.

    Com o encontro com Trump, Joesley se posicionou como o empresário brasileiro com melhor acesso ao republicano, de acordo com diferentes interlocutores ouvidos pela reportagem.

    Mas outros pesos pesados do empresariado realizaram peregrinações em Washington para tentar aproximar os dois governos e reduzir os impactos do tarifaço.

    Na semana de 11 de setembro, grandes empresários estiveram em Washington para negociar sobre as tarifas.

    Fizeram parte da comitiva Joesley, João Camargo (presidente do conselho da Esfera Brasil) e Carlos Sanchez, da EMS, entre outros.

    Eles se reuniram no Congresso com parlamentares republicanos, como Maria Elvira Salazar -deputada próxima do secretário de Estado, Marco Rubio-, além de outros integrantes da equipe de Trump.

    Parte do grupo também teve encontro com Susie Wiles, chefe de gabinete do presidente americano e uma das principais assessoras do republicano.

    Na semana anterior, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) havia ido a Washington para uma reunião com o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, além de encontros com o USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) e com o Departamento de Comércio. Os empresários também acionaram grupos de lobby nos EUA, compostos por profissionais com acesso direto ao governo.

    Joesley Batista teve encontro com Trump semanas antes de aceno a Lula

  • IPCA-15 acelera em setembro e fica em 0,48%, revela IBGE

    IPCA-15 acelera em setembro e fica em 0,48%, revela IBGE

    O número veio abaixo do esperado pelo mercado; a mediana do Projeções Broadcast, o IPCA-15 ficaria em 0,51% em setembro

    O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,48% em setembro, após ter recuado 0,14% em agosto, informou nesta quinta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O número veio abaixo do esperado pelo mercado. Segundo a mediana do Projeções Broadcast, o IPCA-15 ficaria em 0,51% em setembro. As projeções iam de alta de 0,40% a 0,60%.

    Com o resultado, o IPCA-15 registrou um aumento de 3,76% no acumulado do ano. Em 12 meses, a alta foi de 5,32%, ante taxa de 4,95% até agosto.

    Os preços de Transportes caíram 0,25% em setembro, após queda de 0,47% em agosto. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,05 ponto porcentual para o IPCA-15, que subiu 0,48% no mês.

    Os preços de combustíveis tiveram queda de 0,10% em setembro, após recuo de 1,18% no mês anterior. A gasolina caiu 0,13%, após ter registrado queda de 1,14% em agosto, enquanto o etanol avançou 0,15% nesta leitura, após queda de 1,98% na última.

    O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, calcula o impacto de cada grupo no IPCA-15 com base na variação mensal e no peso mensal disponíveis no Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra). O resultado pode ter divergências pontuais com o impacto divulgado pelo IBGE, que considera mais casas decimais do que as disponibilizadas publicamente na taxa de cada item.

    Os preços de Alimentação e bebidas caíram 0,35% em setembro, após queda de 0,53% em agosto. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,08 ponto porcentual para o IPCA-15, que subiu 0,48% no mês.

    Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve queda de 0,63% em setembro, após ter recuado 1,02% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio subiu 0,36%, ante alta de 0,71% em agosto.

    IPCA-15 acelera em setembro e fica em 0,48%, revela IBGE

  • Bolsonaro foi alertado de 'desvios, fraudes e irregularidades' no INSS durante transição, dizem peritos

    Bolsonaro foi alertado de 'desvios, fraudes e irregularidades' no INSS durante transição, dizem peritos

    Peritos relataram suspeitas de fraudes no INSS a Bolsonaro ainda na transição, em 2018. A associação afirma que apresentou indícios de irregularidades e defendeu mudanças estruturais na Previdência ao então presidente eleito

    (FOLHAPRESS) – A ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social) afirmou ter levado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informações sobre “desvios, fraudes e irregularidades com o dinheiro público dentro do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)” durante a montagem do governo.

    A reunião com o ex-presidente ocorreu em 11 de dezembro de 2018 no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília, onde estava instalado o gabinete de transição entre os governos Michel Temer (MDB) e Bolsonaro.

    Representantes da ANMP foram apresentados à equipe de Bolsonaro pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), à época recém-eleito. Em entrevista à Folha de S.Paulo em maio, o senador afirmou que peritos do INSS o procuraram após a eleição com denúncias de irregularidades no órgão e pleitos relativos à carreira.
    Em maio e em agosto, a reportagem pediu ao senador o nome dos peritos, mas ele disse não se lembrar. Izalci também afirmou não ter certeza sobre a data da reunião ou o nome de todas as pessoas da transição com quem eles haviam conversado.

    “Quando eu ganhei para o Senado e o Bolsonaro foi eleito, eles fizeram uma apresentação para mim dos indícios de irregularidade com relação ao seguro-defeso, às aposentadorias rurais, fizeram toda uma exposição. Diante dessa apresentação, eu agendei [uma visita] na transição para eles falarem sobre esses indícios”, afirmou.

    A reportagem identificou que os peritos foram recebidos ao menos três vezes no gabinete de transição de Bolsonaro. O primeiro encontro ocorreu em 12 de novembro de 2018 com o ex-ministro Onyx Lorenzoni, à época ministro-chefe do gabinete de transição de Bolsonaro.

    Segundo o registro feito pela ANMP, a entidade “expôs ao ministro Onyx Lorenzoni os problemas da gestão do INSS e da Previdência Social e seu impacto no déficit do sistema”. A associação diz que também tratou da Reforma da Previdência e dos resultados do programa de revisão de benefícios previdenciários feito por Temer.

    Um mês depois, a ANMP foi recebida pessoalmente por Bolsonaro. Outros assuntos também foram discutidos, segundo a associação, como a criação de uma carreira federal de perícia médica, além do “mal que o aparelhamento político e ideológico causou à autarquia e à Previdência Social”.

    “O presidente reforçou a importância de nosso trabalho e ficou surpreso com os números apresentados pela ANMP sobre desvios, fraudes e irregularidades com o dinheiro público dentro do INSS”, diz o texto publicado no site da associação na data do encontro.

    Após a agenda com Bolsonaro, a entidade foi recebida pelo deputado federal Osmar Terra (PL-RS) -que havia sido anunciado por Bolsonaro como ministro da Cidadania- e pelo grupo de trabalho temático da Previdência Social.

    Durante as três agendas, a ANMP foi representada por seu então presidente, Francisco Cardoso (hoje vice-presidente), pelo ex-vice-presidente, Luiz Argolo (hoje presidente), e pelo diretor sindical Samuel Abranques. A ANMP foi procurada pela reportagem, mas não quis se manifestar.

    Cardoso é conselheiro titular do CFM (Conselho Federal de Medicina). Durante a CPI da Pandemia, em 2021, ele foi convidado por parlamentares bolsonaristas para defender a ivermectina, vermífugo sem comprovação científica de atuação contra a Covid.

    No governo Lula (PT), o escândalo das fraudes nos descontos do INSS explodiu após investigações da CGU (Controladoria-Geral da União) e da PF (Polícia Federal).

    A revelação do esquema culminou na demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). Desgastado, o governo intensificou uma estratégia para responsabilização dos antecessores pelo esquema que levou às irregularidades.

    Embora governistas insistissem em dizer que a arquitetura fraudulenta tinha sido montada em governos passados, a oposição explorou o escândalo e pressionou pela criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso.

    Em dois debates com o deputado federal Alencar Santana (PT-SP), na rede CNN Brasil, em maio e em agosto, Izalci admitiu ter sido procurado por peritos, sem identificá-los. No ar, foi acusado de prevaricação pelo petista.

    A reunião de Bolsonaro com peritos do INSS motivou outro embate durante a sessão da CPMI do INSS do último dia 8, quando Izalci foi novamente questionado sobre o assunto.

    “Se algum presidente fez alguma coisa concreta, chama-se Jair Messias Bolsonaro. Agora, eles pegam uma reportagem como essa, criam narrativa e ficam repetindo isso constantemente”, respondeu o senador do PL, um dos membros da CPMI.

    Em maio, quando foi questionado pela Folha de S.Paulo, o senador citou a medida provisória 871, editada em 17 de janeiro de 2019, como a resposta do governo Bolsonaro às suspeitas de fraude no INSS. Izalci foi presidente da comissão temporária dedicada ao tema. O senador afirmou que Bolsonaro não tinha maioria de votos, na ocasião, para avançar com a mudança.

    A MP incluiu uma regra para que a autorização do desconto de associações em aposentadorias e pensões fosse autorizado anualmente. Durante a tramitação no Congresso, a exigência passou para três anos a partir de 31 de dezembro de 2021. Em 2021, o Congresso jogou o início da contagem para 31 de dezembro de 2022.

    Depois, em 2022, a lei que criou o Programa de Simplificação do Microcrédito Digital para Empreendedores revogou a necessidade de reavaliação periódica. A MP foi sancionada por Bolsonaro sem vetos.

    A reportagem tentou contato com Bolsonaro por meio de um assessor e de dois advogados, mas foi informada pela defesa que o ex-presidente está incomunicável por decisão judicial.

    Onyx afirmou que os peritos do INSS levaram diferentes problemas ao gabinete de transição, mas disse não se recordar de nenhuma menção aos descontos associativos indevidos, pivô da crise atual. A categoria, segundo ele, reivindicava, por exemplo, o pagamento de um bônus de produtividade para tentar diminuir a fila do INSS.

    “Sempre que falam em perito eu me lembro disso e da luta que faziam por conta da perícia por vídeo. Havia essa preocupação com benefícios indevidos. Na época, eu me lembro que na transição nós recebemos isso e depois, ao longo do governo, nós fomos dando resposta a essas coisas todas”, disse.

    “Mas eu não tenho memória de se falar em desconto associativo [com] o pessoal da perícia. Eu me lembro sim, claramente, que tinha a questão que envolvia o bônus, as escalas dos peritos e tinha essa questão referente à perícia remota, por vídeo.”

    Onyx também afirmou que a MP 871 foi a resposta do governo Bolsonaro a diferentes problemas no INSS, como a necessidade de certidão para a obtenção da aposentadoria rural.

    “Exigimos a revalidação anual [do desconto em aposentadorias], que depois o Parlamento troca, e também criamos a suspensão por qualquer suspeita. Foram as três medidas que eu considero mais relevantes, tomadas logo no alvorecer do governo”, disse.

    Osmar Terra não respondeu à reportagem.

    Bolsonaro foi alertado de 'desvios, fraudes e irregularidades' no INSS durante transição, dizem peritos

  • Dólar fecha em alta e Bolsa renova recorde com tom cauteloso de Powell sobre juros nos EUA

    Dólar fecha em alta e Bolsa renova recorde com tom cauteloso de Powell sobre juros nos EUA

    A Bolsa, que oscilou entre sinais durante a sessão, teve leve ganho de 0,04%, a 146.491 pontos, renovando o recorde histórico de fechamento pelo segundo dia consecutivo

    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O dólar teve forte alta de 0,93% nesta quarta-feira (24) e encerrou a sessão cotado a R$ 5,326, à medida que o mercado voltou a ter os juros dos Estados Unidos como foco norteador das negociações.
    Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), fez declarações consideradas cautelosas na véspera sobre o ciclo de afrouxamento monetário, sinalizando que novos cortes não estão garantidos.

    A recalibragem nas expectativas levou à valorização do dólar globalmente, e o Brasil seguiu o movimento, apagando grande parte das perdas de terça-feira que levaram a moeda a R$ 5,277, menor valor desde junho de 2024.

    Já a Bolsa, que oscilou entre sinais durante a sessão, teve leve ganho de 0,04%, a 146.491 pontos, renovando o recorde histórico de fechamento pelo segundo dia consecutivo.

    Contrariando as expectativas do mercado, Jerome Powell usou de seu discurso na terça-feira para impor cautela entre os agentes financeiros. Novos cortes de juros, disse ele, não estão garantidos.

    Segundo o presidente do Fed, os diretores da autoridade monetária estão em uma sinuca de bico: ou priorizam o combate à inflação, ou protegem empregos.

    Se a taxa de juros for afrouxada “de forma muito agressiva”, corre-se o risco de “deixar o trabalho da inflação inacabado e precisar reverter o curso” novamente, a fim de levá-la à meta de 2%. Por outro lado, manter as taxas restritivas por muito tempo significaria que “o mercado de trabalho poderia enfraquecer desnecessariamente”.

    “Os riscos de curto prazo para a inflação estão inclinados para cima e os riscos para o emprego para baixo -uma situação desafiadora”, disse Powell em Rhode Island. “Quando nossos objetivos estão em tensão como esta, nossa estrutura nos chama para equilibrar ambos os lados de nosso mandato duplo.”

    O Fed cortou na quarta-feira passada (17) os juros americanos em 0,25 ponto, para a faixa de 4% a 4,25%, em meio a sinais de fraqueza no mercado de trabalho, inflação resiliente e dados modestos envolvendo o impacto das tarifas. Foi o primeiro corte no ano, em meio à briga do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por uma política monetária menos restritiva.

    O mercado, segundo a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, estava firme na ideia de que o Fed cortaria os juros mais três vezes no curto prazo -duas esse ano e outra em 2026-, diante de indicações de que a autoridade monetária dos EUA estava mais focada em conter a desaceleração do mercado de trabalho do que em levar a inflação à meta.

    “Essa leitura impulsionou muitos ativos, já que uma taxa mais baixa nos EUA desestimula que investidores tenham caixa em dólar e os leva a buscar proteção e risco em outros mercados”, afirma. A mudança no tom, explica ela, levou a um recálculo de rota, favorecendo o dólar globalmente e os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro americano, os treasuries.

    O rendimento do treasury de dez anos -referência global para decisões de investimento- subiu 0,75%, a 4,151%. O índice DXY, que compara o desempenho do dólar a uma cesta de moedas fortes, avançava 0,67%, a 97,88 pontos.

    “O real foi um dos mais beneficiados pela tese de cortes de juros nos EUA, porque o Brasil está bem posicionado tanto pelo diferencial de juros quanto pelos patamares da Bolsa.” Por isso a moeda enfrentou perdas fortes nesta sessão: o mercado está desmontando apostas em torno dela, considerando a postura de cautela do Fed.

    Ainda que tenha acontecido na véspera, o discurso de Powell seguiu ditando os mercados globais pela “falta de fatos ou indicadores novos que possam orientar as negociações”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX. “Com isso, tivemos uma extensão dos movimentos de ontem.”

    No Brasil, especificamente, a política monetária dos Estados Unidos foi um tema lateral na sessão de terça-feira. O foco esteve voltado aos discursos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e, principalmente, ao aceno ao diálogo por parte do republicano ao brasileiro.

    Foi a primeira vez que ambos os líderes ficaram no mesmo ambiente desde que Trump aplicou sanções ao Brasil, em maio, e, antes de deixar o púlpito, o americano afirmou que irá se encontrar com Lula na próxima semana.

    Trump afirmou que houve “excelente química” entre os dois durante o breve encontro na sede das Nações Unidas. “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, disse, após o discurso de Lula.

    A possibilidade de um encontro -e, principalmente, de uma desescalada de tensões comerciais, políticas e diplomáticas- deu fôlego para as cotações, levando o dólar à mínima em mais de um ano e a Bolsa a um novo recorde de fechamento e outro durante o período de negociações, de 147.178 pontos.

    “Abre-se caminho para o que não tinha acontecido até agora: Trump sentando à mesa para conversar com o Brasil. Pode ter uma flexibilidade nas tarifas de 50%, aumento da lista de isenção… Ele disse pouco, mas é uma sinalização muito valiosa”, diz Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos.

    O encontro aconteceu um dia após o governo Trump ampliar as sanções a autoridades brasileiras e ao entorno do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em reação à condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão.

    Já na cena corporativa, a Cosan foi destaque. As ações dispararam 5,67%, cotadas a R$ 6,70, depois que a agência Bloomberg noticiou que Rubens Ometto, controlador da companhia, está negociando um empréstimo de R$ 750 milhões com o Bradesco para aumentar seu capital social e, assim, evitar uma diluição maior da participação nos negócios à luz das novas ofertas de ações ordinárias.

    A possibilidade agradou os investidores por dar fôlego ao fluxo de caixa da empresa, especialmente no curto prazo, afirma Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. “Era uma das preocupações do mercado, e esse empréstimo pode aliviar a situação, apesar da alavancagem operacional muito alta, considerando que a Cosan estava vendendo muitos ativos para conseguir levantar o fluxo de caixa.”

    Também na ponta positiva, os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras avançaram 2,54% e 2,25%, respectivamente, endossados pela alta dos preços do petróleo no exterior.

    Dólar fecha em alta e Bolsa renova recorde com tom cauteloso de Powell sobre juros nos EUA

  • Mais de 60 países querem replicar programa Gás do Povo, diz ministro

    Mais de 60 países querem replicar programa Gás do Povo, diz ministro

    Iniciativa do governo Lula prevê fornecimento gratuito de gás de cozinha para 17 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade até 2026

    O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quarta-feira (24) que mais de 60 países em desenvolvimento pediram ajuda da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para montar um programa semelhante ao Gás do Povo. A iniciativa do governo, lançada neste mês, prevê fornecimento gratuito de gás de cozinha para 17 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade até 2026.

    A declaração foi dada durante a abertura da Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro. Segundo o ministro, o programa é um “exemplo para o mundo”, e vai promover globalmente inclusão social e energética.

    Oferecemos a expertise que temos da nossa Empresa de Pesquisa Energética para levar esse modelo os países em desenvolvimento, em especial os países africanos. Que a gente possa ajudar a cumprir o compromisso do ODS 7 da ONU, o que vai ao encontro do que o presidente Lula disse ao mundo, que é só dialogando que vamos poder resolver problemas que são transversais a todos”, disse Silveira. 

    O programa Gás do Povo prevê reduzir em até 50% o uso de lenha e carvão nas residências. A medida, segundo o ministério, terá impacto direto na saúde de mulheres e crianças, e contribuirá para a redução de emissões de dióxido de carbono e de particulados.

    “O Gás do Povo é uma prioridade nacional, e eu tenho absoluta convicção de que vamos caminhar para estabilidade regulatória, para a execução segura do programa. Poderemos comemorar, preservar a saúde pública de mulheres e crianças, em especial no Nordeste, no Jequitinhonha, no Mucuri, no Norte de Minas Gerais, no Norte do Brasil, mas também no sul do Brasil e no Centro-Oeste e parte no Sudeste. São regiões que vivem muita miséria em termos de energia segura nas residências.”

    O gás liquefeito de petróleo (GLP) está em 100% dos municípios e em 91% dos lares brasileiros movimenta mensalmente cerca de 35 milhões de botijões, segundo a pasta. São mais de 59 mil revendas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Estima-se que o setor gere aproximadamente 330 mil empregos diretos e indiretos. O Brasil ocupa a 7ª posição em consumo residencial de GLP no ranking mundial.

    Foz do Amazonas

    Durante a entrevista, o ministro Alexandre Silveira também foi questionado sobre o andamento das licenças ambientais para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, a chamada Margem Equatorial. Ele estimou para o primeiro semestre de 2026 o início das perfurações.

    “Houve avanços no licenciamento, todos sabem disso, as sondas já estão sendo preparadas. Vai acontecer a pesquisa e acredito que, pelos estudos geológicos, teremos grandes notícias com relação à descoberta de petróleo.”

    De acordo com o ministro, o órgão está apenas seguindo a tramitação técnica do processo. “O Ibama é um órgão de estado, que acompanha criteriosamente o licenciamento ambiental. É o tempo natural das questões técnicas serem completamente resolvidas, mas acredito muito que nós teremos no primeiro semestre do ano que vem boas notícias com relação à perfuração na Margem Equatorial”, disse Silveira.

    Mais de 60 países querem replicar programa Gás do Povo, diz ministro

  • Comissão do Senado aprova isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil

    Comissão do Senado aprova isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil

    A proposta foi aprovada na CAE por unanimidade, com 21 votos favoráveis; texto pode seguir direto para a Câmara, sem passar pelo plenário

    Com a demora da Câmara para pautar o projeto do governo federal que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (24), um projeto de lei (PL) alternativo que também isenta do IR os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil.

    A proposta foi aprovada na CAE por unanimidade, com 21 votos favoráveis. Como tramitou em caráter terminativo, o texto pode seguir direto para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo plenário do Senado, a não ser que seja apresentado algum recurso.

    O PL 1.952 de 2019 foi relatado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político em Alagoas do relator do projeto do IR na Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL). 

    O projeto relatado por Renan prevê ainda uma cobrança de IR menor para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350, faixa idêntica à proposta por Lira na Câmara. A medida também prevê compensação fiscal com aumento do tributo para quem recebe acima de R$ 600 mil por ano.

    Calheiros afirmou que a votação do projeto na CAE buscou destravar a tramitação da isenção do IR na Câmara, que estaria sendo usada, segundo o senador alagoano, como moeda de troca para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e da anistia aos condenados por golpe de Estado que culminou no 8 de janeiro.

    O senador destacou que a matéria “é de grande relevância para a correção de injustiças tributárias com as pessoas de menor renda”.Em reunião de líderes nessa terça-feira (23), ficou definido que o projeto do governo de isenção do IR será votado no plenário da Câmara no próximo dia 1º de outubro.

    Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), foi a decisão da CAE de votar a matéria que forçou a Câmara a pautar o tema para a próxima semana.

    “Se não fosse a iniciativa da Comissão de Assuntos Econômicos, nós talvez não estivéssemos vendo finalmente a realização de um direito do povo brasileiro e do trabalhador brasileiro ser conquistado”, disse Braga.

    O governo vem pedindo a votação da isenção do IR no plenário da Câmara desde o retorno do recesso parlamentar, no início de agosto.

    Renan x Lira
    O senador Renan Calheiros criticou o relator da isenção do IR na Câmara, Arthur Lira. Para Renan, Lira tenta impedir a elevação das alíquotas cobradas das bets – empresas de apostas on-line – de 8% para 12%, além de tentar limitar a tributação de remessas de lucros e dividendos para o exterior.

    “Retira da tributação as pessoas que percebem maiores salários e maiores dividendos, o que arranca a justiça tributária do projeto do presidente; e outras inovações mais, que o relator [Lira] diz que vai resolver com o plenário da Câmara dos Deputados, porque ele tem uma posição contrária, evidentemente contrária.”

    No projeto da Câmara, o governo federal propôs que a cobrança de alíquota extra sobre os mais ricos compense o alívio de imposto sobre os mais pobres.

    As alíquotas adicionais progressivas afetarão quem ganha mais de R$ 600 mil por ano, atingindo o patamar máximo de 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão anuais, sugestões que, até o momento, foram mantidas pelo relator Arthur Lira.

    Segundo Lira, seu relatório é fruto de acordo entre os líderes. “O texto não é de um relator, mas fruto de convergência baseada no diálogo e trabalho, para garantir mais justiça tributária. Um passo essencial para o Brasil”, disse o deputado em uma rede social.

    Renan Calheiros ainda alertou que líderes da Câmara estariam tentando adiar a isenção para janeiro de 2027, “com o argumento de que, se valesse em janeiro de 2026, isso teria, sem dúvida nenhuma, uma conotação política eleitoral e influiria no resultado das eleições, como se a isenção de quem ganha até R$ 5 mil por mês pudesse esperar dois anos para entrar em vigor”.

    O senador alagoano acrescentou que o projeto inova, em relação ao do governo, por criar um programa de regularização tributária para contribuintes com dívidas com o IR que tenham renda de até R$ 7.350.

     

    Comissão do Senado aprova isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil

  • Dólar à vista abre em alta e segue ritmo em linha com exterior

    Dólar à vista abre em alta e segue ritmo em linha com exterior

    Na terça, o dólar à vista fechou em queda de 1,11%, a R$ 5,2791, menor nível desde 6 de junho de 2024. Já o dólar futuro para outubro terminou em baixa de 1,10%, a R$ 5,2860

    O dólar à vista abriu esta quarta-feira, 24, em alta de 0,35%, R$ 5,2976, e segue neste ritmo, em linha com mercado global. Após renovar mínima em mais de um ano na terça, 23, em meio à expectativa de uma possível reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o americano Donald Trump na próxima semana, a divisa americana ante o real passa por correções nesta manhã.

    O dólar avança contra grande parte das moedas fortes, refletindo cautela dos investidores após novas falas do Federal Reserve. O presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou na terça que os preços das ações estão “altamente valorizados” e voltou a defender uma postura vigilante antes de novos cortes de juros. As bolsas europeias repercutem negativamente essa leitura, enquanto os futuros de Nova York estão no campo positivo, sustentados por setores mais ligados à tecnologia.

    Ainda na cena externa, dirigentes regionais do Fed mantêm a mensagem de cautela. Austan Goolsbee, de Chicago, reforçou que os cortes de juros virão, mas alertou para os riscos de inflação, enquanto Mary Daly, de São Francisco, discursa nesta quarta, às 17h10, em evento. O petróleo também está no radar, com altas, refletindo novas ameaças tarifárias do presidente Trump contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia.

    No Brasil, a expectativa de uma reunião formal entre Lula e Trump na próxima semana reforça o apetite por ativos domésticos, mas diplomatas ainda trabalham para alinhar temas e agenda. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que a intenção é “separar política de economia” nas conversas com os EUA, em meio às preocupações sobre tarifas e retaliações comerciais. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ressaltou que o governo ainda aguarda desdobramentos da breve interação entre os líderes nos corredores da ONU.

    A agenda doméstica traz ainda pontos de atenção. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado avalia a chamada PEC da Blindagem, cuja tramitação enfrenta resistências, e Haddad participa de audiência na Comissão de Agricultura da Câmara. No Congresso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, agendou para 1º de outubro a votação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.

    Nesta quarta-feira, a agenda está mais esvaziada de indicadores macroeconômicos. Dois dados foram divulgados mais cedo pela Fundação Getulio Vargas: o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) – que cresceu 1,3 ponto em setembro comparado ao mês anterior, atingindo 87,5 pontos – e a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) em todas as sete capitais pesquisadas na terceira quadrissemana de setembro.

    Na terça, o dólar à vista fechou em queda de 1,11%, a R$ 5,2791, menor nível desde 6 de junho de 2024. Já o dólar futuro para outubro terminou em baixa de 1,10%, a R$ 5,2860.

    Dólar à vista abre em alta e segue ritmo em linha com exterior

  • Taxas de juros têm viés de alta com dólar após queda na véspera

    Taxas de juros têm viés de alta com dólar após queda na véspera

    Juros futuros operam estáveis nesta quarta-feira (24), com leve pressão do dólar e Treasuries. Investidores aguardam encontro entre Lula e Trump, que pode influenciar expectativas econômicas e a percepção de risco nos mercados

    Os juros futuros rondam a estabilidade na manhã desta quarta-feira, 24,, com viés de alta do dólar e das taxas de Treasuries longos após a queda da véspera, num dia de agenda esvaziada. Como pano de fundo, o mercado segue na expectativa de um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana.

    Às 9h10, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 marcava 14%, de 13,980% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 ia para 13,160%, de 13,134%, e o para janeiro de 2031 estava em %, de 13,325% no ajuste de terça-feira, 23.

    Taxas de juros têm viés de alta com dólar após queda na véspera

  • Banqueiros recebem reunião de Trump e Lula com alívio e veem menor 'risco Magnitsky'

    Banqueiros recebem reunião de Trump e Lula com alívio e veem menor 'risco Magnitsky'

    Banqueiros e empresários veem com alívio a sinalização de diálogo entre Lula e Trump, após encontro breve na ONU. A expectativa é que a conversa prevista para a próxima semana ajude a reduzir tensões, aliviar tarifas e afastar riscos de sanções ao setor financeiro brasileiro

    Banqueiros brasileiros com operação nos Estados Unidos receberam com uma dose de alívio a sinalização de que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump poderão conversar na próxima semana. A visão é de que o \”risco Magnitsky\” para o setor financeiro brasileiro pode se reduzir diante de uma aproximação entre os dois chefes de Estado, apesar das novas sanções ao Brasil anunciadas na segunda-feira, 22, afirmam interlocutores, sob anonimato, ao Estadão/Broadcast.

    Um banqueiro diz que havia a percepção de um ambiente mais desanuviado às instituições financeiras brasileiras com operação nos EUA, e que os sinais que vieram da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) reforçaram essa visão. O tom parece que “amenizou”, “felizmente”, celebra.

     

    Nas últimas semanas, diversas instituições financeiras no Brasil foram notificadas pelo Tesouro dos EUA sobre a implementação da Lei Global Magnitsky, que determina o congelamento de ativos no exterior e bloqueia o relacionamento de empresas com operação nos EUA com o sancionado. Não só bancos brasileiros, mas também americanos foram notificados, conforme um banqueiro. As instituições já teriam respondido ao Departamento do Tesouro americano, diz.

    Os EUA ampliaram as sanções contra o Brasil nesta segunda-feira, com foco exclusivo em pessoas físicas. Uma delas foi a aplicação da Lei Global Magnitsky à esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao instituto ligado à família dele. Moraes foi sancionado em julho. Também houve restrição de mais sete autoridades brasileiras, a maioria ligada ao ministro do STF.

    Apesar das novas sanções na esteira da ameaça de uma resposta de Trump à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tratar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, um banqueiro avalia que o “risco CNPJ” se reduziu, referindo-se à possibilidade de um banco ser sancionado no âmbito da crise da relação entre os EUA e o Brasil. É o grande temor da indústria financeira, diz. Esse risco também preocupa o governo, afirma um diplomata brasileiro, que prefere não ter o seu nome revelado.

    Um segundo banqueiro vê a sinalização de uma conversa entre os dois chefes de Estado como uma “luz no fim do túnel” da pior crise na relação entre americanos e brasileiros em mais de 200 anos. Ele pede “racionalidade” e critica a ação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA para ampliar as sanções contra o Brasil.

    Nas últimas semanas, o setor privado aprofundou a interlocução com os EUA no sentido de interceder por uma conversa entre Trump e Lula. Além de ir pessoalmente a Washington, também contratou escritórios de lobby para se aproximar da Casa Branca e azeitar a relação com o Brasil.

    E, diante do sinal desta terça-feira, 23, o empresariado brasileiro também respira mais aliviado. Durante rápido e inédito encontro às margens da ONU, Lula e Trump concordaram em conversar na próxima semana para aparar as arestas da relação. O republicano elogiou o petista no púlpito da Assembleia Geral após um duro discurso do presidente brasileiro, que condenou as sanções e disse que a soberania e a democracia são “inegociáveis.

    O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, avaliou que a sinalização de uma reunião entre Lula e Trump pode aliviar o tarifaço ao Brasil. “A fala do presidente Trump, sinalizando uma abertura para o diálogo com o presidente Lula, aumenta a esperança para que os dois governos iniciem uma mesa de negociação para rediscutir as pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos”, disse, em nota.

    A Amcham Brasil espera que o encontro entre os chefes de Estado ocorra nos próximos dias e que abra caminho para um “diálogo estruturado” e de “alto nível” sobre temas econômicos e comerciais. “A Amcham reafirma sua convicção de que o diálogo é o instrumento mais eficaz para preservar e aprofundar a parceria econômica e comercial entre os dois países, promovendo investimentos mútuos, geração de empregos e fortalecimento das trocas bilaterais”, afirma, em nota à imprensa.

    No início de setembro, a CNI coordenou uma missão empresarial a Washington, reunindo cerca de 130 empresários de diversos setores, além de encontros com autoridades do governo e do parlamento norte-americano. Na ocasião, ouviram do vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que a questão tarifária do Brasil era “política”.

    Banqueiros recebem reunião de Trump e Lula com alívio e veem menor 'risco Magnitsky'

  • Parece que companheiro Trump gostou do Lula e vai conversar sobre o que importa, diz Haddad

    Parece que companheiro Trump gostou do Lula e vai conversar sobre o que importa, diz Haddad

    Haddad chamou Trump de “companheiro” após o ex-presidente dos EUA dizer ter química com Lula. O ministro ironizou tarifas sobre produtos brasileiros e destacou avanços nas relações internacionais. Ele também defendeu a reforma tributária e a taxação dos mais ricos para compensar a ampliação da isenção do IR

    (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), chamou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “companheiro”, após o americano declarar ter química com o presidente Lula (PT) nesta terça-feira (23).

    “O companheiro Trump parece que gostou do companheiro Lula e vão começar a conversar sobre coisas realmente importantes, que é integração econômica, investimentos mútuos, parceria”, disse o chefe da equipe econômica.

    Haddad afirmou ainda que os Estados Unidos estão colhendo frutos da sobretaxa de 50% aplicada a produtos brasileiros, pagando caro por café e carne.

    Em evento sobre direito tributário no IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), fundado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro ironizou o tarifaço de Trump e disse torcer para que a conversa entre os dois chefes de Estado seja produtiva.

    “Alguém deu a brilhante ideia de tarifar em mais 40% os produtos brasileiros [depois das tarifas de 10% já anunciadas de 10%] e agora eles estão colhendo os frutos dessa decisão, pagando caro no café, na carne, nos produtos brasileiros”, disse Haddad.

    O ministro da Fazenda afirmou ainda que o Brasil está preparado para lidar com desafios, que incluem a guerra fiscal entre países. Segundo Haddad, o país tem avançado na relação com outras regiões, como na Ásia e na Europa.

    “O Brasil está em condições de sentar à mesa com qualquer grande player internacional. Estamos com excelentes relações com a Ásia. Estamos fechando até o final do ano um grande acordo com União Europeia e Mercosul. Reatamos o diálogo com países da África”, disse.

    Ele também relembrou o período do governo do ex-presidente Joe Biden, que ganhou as eleições contra Trump em 2020. Haddad disse esperar que as discussões sejam recuperadas.

    “Durante o período Biden inteiro, nós estávamos em discussão para alinhar investimentos estratégicos no campo da transformação ecológica. Isso tem que ser resgatado, foi interrompido, mas quero crer que as iniciativas brasileiras vão aproximar os dois países.”

    Além das relações entre EUA e Brasil, o ministro da Fazenda falou ainda sobre a reforma tributária. De acordo com Haddad, a reforma vai sumir com algumas distorções no sistema de tributos do país.

    Mais cedo nesta terça, o ministro afirmou em entrevista ao canal ICL que o Brasil está aproveitando o momento para implementar a maior reforma tributária da história e para corrigir distorções que favorecem o “andar de cima” por meio da litigância contra o Estado.

    Na entrevista, Haddad disse que o projeto de ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais deve ser sancionado pelo presidente Lula em outubro.

    Segundo o ministro, o desafio após a aprovação do projeto está na compensação fiscal. De acordo com Haddad, governo quer financiar a renúncia de receita com a taxação dos chamados “super-ricos”, que devem pagar cerca de R$ 30 bilhões. A taxação dos mais ricos enfrenta resistência da oposição no congresso.

    Além da isenção do IR, o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária foi aprovado na semana passada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. A versão aprovada reduz as chances de autuação das empresas que não conseguirem cumprir as novas obrigações fiscais no ano-teste de 2026. Pelo novo texto, o contribuinte será intimado para resolver as pendências antes da imposição definitiva de multa. Se ele atender o pedido no prazo de 60 dias, a penalidade será extinta.

    Parece que companheiro Trump gostou do Lula e vai conversar sobre o que importa, diz Haddad