Categoria: POLÍTICA

  • Tarcísio faz visita a Bolsonaro em prisão domiciliar ao lado de Flávio e Jair Renan

    Tarcísio faz visita a Bolsonaro em prisão domiciliar ao lado de Flávio e Jair Renan

    Encontro acontece no momento em que governador de SP freia ofensiva presidencial; visita havia sido solicitada a Moraes em 15 de setembro, mas foi marcada para esta segunda

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), faz uma visita, nesta segunda-feira (29), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Jair Renan (PL), de Balneário Camboriú (SC), acompanham o encontro.

    O governador chegou ao condomínio de Bolsonaro, no Jardim Botânico, por volta das 13h30. A visita foi solicitada por Tarcísio no último dia 15, mas autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), somente para esta segunda -o ex-presidente tinha visitas nos dias anteriores.

    Tarcísio publicou em sua agenda oficial a viagem a Brasília, mas não mencionou o encontro com Bolsonaro.

    Pouco antes da chegada de Tarcísio, um grupo de cinco manifestantes exibiu uma faixa, na entrada do condomínio, com a frase: “E aí Tarcísio, já desistiu da Presidência?”. Eles também gritaram “sem anistia”.

    Os aliados devem tratar das eleições presidenciais de 2026 e do projeto de redução de penas aos condenados por golpismo que tramita na Câmara dos Deputados. Se há um mês a eventual candidatura presidencial de Tarcísio estava em alta, alavancada por dirigentes do centrão, agora sua perspectiva é de concorrer à reeleição no estado.

    Nesta segunda, deputados aliados ao governador voltaram a afirmar que Tarcísio não quer disputar o Palácio do Planalto e que sua prioridade é a reeleição, mas admitem que há espaço para mudanças até março, quando ele teria que deixar o cargo para concorrer à Presidência.

    Em relação ao projeto de redução de penas para Bolsonaro e os presos do 8 de Janeiro, que é relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade), Tarcísio já declarou ser favorável.

    A avaliação de aliados de Bolsonaro é que o ex-presidente deve aceitar um acordo para o projeto de redução de penas, contanto que haja garantia da manutenção de sua prisão domiciliar. Por ora, a orientação do PL é de buscar uma anistia ampla, mas a cúpula do Congresso não vê espaço para essa proposta avançar.

    Afilhado político de Bolsonaro, Tarcísio é o presidenciável preferido do centrão e de setores da economia, mas a oscilação entre a moderação e o bolsonarismo que lhe acompanha desde que concorreu ao Palácio dos Bandeirantes agora se mostra também um entrave para a corrida de 2026.

    No início de setembro, o julgamento de Bolsonaro no STF e a articulação de Tarcísio pela anistia, que fez a pauta ganhar adeptos no Congresso, impulsionaram o governador sob a perspectiva de que o ex -presidente declararia apoio a ele na corrida. O emprenho pelo perdão é considerado um gesto importante para conquistar a ala mais radical do bolsonarismo.

    Agora, o cenário é outro. A anistia é tida como inviável na Câmara e perdeu espaço para a redução de penas, Bolsonaro insiste em ser candidato, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirma que também vai concorrer mesmo sem a bênção do pai, Lula (PT) recuperou popularidade e teve sinalização positiva de Donald Trump, houve manifestações da esquerda contra a anistia e a PEC da Blindagem, e o discurso radical de Tarcísio contra o STF no 7 de Setembro foi tido como um erro pelos setores que o apoiam.

    Como mostrou a Folha de S.Paulo, Tarcísio freou a ofensiva para uma eventual candidatura presidencial em meio a uma onda de desânimo na direita com a resistência do clã Bolsonaro em se decidir sobre 2026. Sua exposição como presidenciável nas últimas semanas lhe rendeu ataques de Lula e de Eduardo.

    Entre os quadros de direita e de centro havia a expectativa de que, após o julgamento no STF, Bolsonaro, que está inelegível e condenado a 27 anos de prisão, indicasse com mais segurança que passaria o bastão a Tarcísio, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, a família mantém o discurso de candidatura do ex-presidente.

    Antes do discurso do 7 de Setembro, Tarcísio contou com a boa vontade de Moraes para furar a fila de pedidos de visita a Bolsonaro e autorizar um encontro entre os dois políticos no início de agosto.

    O governador tentou a mesma estratégia em 15 de setembro ao pedir ao Supremo autorização para visitar Bolsonaro no dia seguinte. Moraes permitiu que a visita ocorresse somente duas semanas depois, sob o argumento de que a agente de Bolsonaro já estava preenchida até aquele momento.

    Nem mesmo a tentativa da defesa de Bolsonaro de fazer um rearranjo nas visitas para priorizar Tarcísio foi levado em consideração por Moraes, o que fez o governador cancelar sua viagem à Brasília na época.

     

    Tarcísio faz visita a Bolsonaro em prisão domiciliar ao lado de Flávio e Jair Renan

  • Moraes autoriza Daniel Silveira a cumprir pena no regime aberto

    Moraes autoriza Daniel Silveira a cumprir pena no regime aberto

    Ex-deputado Daniel Silveira terá que usar tornozeleira eletrônica, permanecer em casa à noite e não poderá acessar redes sociais

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou nesta segunda-feira (29) o ex-deputado federal Daniel Silveira a progredir para o regime aberto.

    Para se manter no regime, Silveira terá de comprovar que exerce algum trabalho lícita, usar tornozeleira eletrônica e permanecer em sua casa às noites e aos fins de semana. Ele ainda está proibido de usar as redes sociais.

    Em dezembro, Moraes já tinha concedido liberdade condicional para Silveira, após o ex-deputado cumprir um terço da pena de 8 anos e 9 meses de prisão com “excelente conduta carcerária” e sem registro de faltas graves. Ele deixou o presídio com tornozeleira eletrônica.

    No entanto, quatro dias depois, Moraes revogou a liberdade condicional com a justificativa de que ele descumpriu medidas cautelares. Segundo o ministro, ele passou por nove lugares de forma irregular, como um shopping center, antes de ser preso novamente.

    Moraes autoriza Daniel Silveira a cumprir pena no regime aberto

  • Moraes decide avançar com denúncia contra Eduardo Bolsonaro sem notificação pessoal

    Moraes decide avançar com denúncia contra Eduardo Bolsonaro sem notificação pessoal

    Moraes autorizou o prosseguimento do processo contra Eduardo Bolsonaro mesmo sem notificação pessoal, após o deputado admitir estar nos EUA para evitar a Justiça. A denúncia será comunicada por edital, enquanto o caso de Paulo Figueiredo seguirá via carta rogatória.

    (CBS NEWS) – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu nesta segunda-feira (29) dar seguimento ao processo criminal contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sem notificação pessoal.

    O deputado está nos Estados Unidos e, segundo Moraes, tem criado dificuldades para ser notificado pela Justiça brasileira sobre a denúncia por coação apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

    “Além de declarar, expressamente, que se encontra em território estrangeiro para se furtar à aplicação da lei penal, também é inequívoca a ciência, por parte do denunciado Eduardo Nantes Bolsonaro, acerca das condutas que lhe são imputadas na denúncia oferecida nestes autos, sobre a qual também se manifestou por meio de nota divulgada na rede social X (antigo Twitter)”, diz Moraes na decisão.

    A notificação de Eduardo será feita por edital, com a comunicação oficial da denúncia publicada em algum veículo de comunicação público. O deputado terá 15 dias para apresentar sua defesa prévia no caso.

    O jornalista Paulo Figueiredo também foi acusado pela PGR pela atuação nos Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras pelo avanço dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    No caso dele, que mora há dez anos no exterior, Moraes decidiu enviar uma carta rogatória por meio de cooperação jurídica internacional para sua notificação.

    Moraes determinou que o processo contra a dupla seja desmembrado, para garantir que a denúncia contra Eduardo Bolsonaro seja analisada antes pelo Supremo enquanto os trâmites para a cooperação internacional sejam realizados para a análise da acusação contra Paulo Figueiredo.

    Moraes decide avançar com denúncia contra Eduardo Bolsonaro sem notificação pessoal

  • Neste momento, não tenho intenção em ser candidato em 2026, diz Haddad

    Neste momento, não tenho intenção em ser candidato em 2026, diz Haddad

    Haddad afirma estar satisfeito no comando da Fazenda e diz não ter planos de disputar as eleições de 2026 no momento, mas admite que decisão sobre seu futuro político será tomada em diálogo com o presidente Lula

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que não tomou uma decisão sobre o seu futuro político, mas assegurou que não pensa hoje em disputar as eleições do ano que vem, demonstrando satisfação em ocupar o cargo atual.

    “Ao contrário do que dizem, que eu ocupo o pior emprego do mundo, eu acho que é um dos melhores. É um negócio incrível … É bom ser ministro da Fazenda. É um lugar bom para trabalhar, para fazer muita coisa para ajudar o País”, disse Haddad durante o Macro Vision, evento do Itaú BBA.

    “Não sei responder o que eu vou fazer. Neste momento, eu não tenho intenção de ser candidato no ano que vem”, acrescentou Haddad ao responder a uma questão sobre o seu futuro político.

    Mais tarde, em entrevista rápida a jornalistas na saída do evento, Haddad repetiu que não decidiu qual será o seu próximo passo. “Eu estou vendo como é que nós vamos caminhar, conversar com as pessoas”, afirmou o ministro.

    Ao ser questionado se seguirá no cargo de ministro da Fazenda caso o presidente Luiz Inácio da Lula peça, Haddad respondeu que este é um assunto ainda a ser discutido com o chefe do Executivo. “Eu vou conversar com o presidente Lula sobre isso. Ele é o candidato, ele que vai compor o seu gabinete. Vamos aguardar”, afirmou.

    Neste momento, não tenho intenção em ser candidato em 2026, diz Haddad

  • Careca do INSS comprou salas comerciais por R$ 700 mil e pagou com Pix

    Careca do INSS comprou salas comerciais por R$ 700 mil e pagou com Pix

    Dois meses antes da operação contra fraudes no INSS, Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, adquiriu salas comerciais e um apartamento em Brasília, pagando via Pix. Escrituras e depoimentos apontam indícios de lavagem de dinheiro ligados a empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas

    (CBS NEWS) – O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, comprou e pagou com Pix duas salas comerciais em Brasília dois meses antes da operação policial contra as fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

    Escrituras e certidões levantadas pela reportagem indicam que Antunes, apontado como peça-central no escândalo do INSS, comprou as duas salas no Setor Bancário Norte, área vizinha à Esplanada dos Ministérios, por R$ 700 mil.

    Procurado pela reportagem, o advogado de Antunes, Cleber Lopes, não quis se manifestar.

    As compras ocorreram em 12 de fevereiro. Uma das salas foi paga com um Pix de R$ 335 mil para a antiga dona. A outra, negociada por R$ 365 mil, foi paga com duas transferências via Pix de R$ 182.500 para os dois proprietários anteriores.

    As salas de 50 m² cada ficam no Edifício Central Brasília, onde estava uma das duas sedes da principal empresa de Antunes, a Prospect Consultoria. Uma sala vizinha havia sido identificada pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em nome da companhia, de acordo com relatório de março da PF (Polícia Federal).

    Segundo o ex-diretor financeiro da Prospect, Milton Salvador, outras três das várias empresas do grupo também funcionavam no local: a Acca Consultoria Empresarial, a Brasília Consultoria Empresarial e a Camilo Comércio e Serviços.

    Em depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS na semana passada, Milton afirmou que as três empresas ocupavam quase o quinto andar inteiro do prédio. As duas salas adquiridas em fevereiro ficam no sexto.

    O levantamento indica que o lobista também comprou um apartamento de três quartos no Cruzeiro, bairro próximo à região central de Brasília, por R$ 515 mil em outubro do ano passado. Segundo a escritura, o pagamento foi feito por meio de transferência bancária.

    Nenhum dos três imóveis foi registrado, segundo as certidões de ônus (documento que indica, por exemplo, existência de hipoteca ou penhora) levantadas pela reportagem. A prática não é considerada crime nem tem prazo para ser feita, mas traz insegurança jurídica e pode ser usada para ocultar patrimônio.

    “Não registrar a compra de um imóvel pode ser usado como uma forma de ocultar patrimônio, pois impede que a sua titularidade seja reconhecida oficialmente. Sem o registro, o imóvel ainda aparece como sendo do vendedor, o que pode confundir credores e juízes, como em processos de divórcio ou execução fiscal”, explica o professor de direito e relações de consumo da Fundação Getúlio Vargas Fábio Lopes Soares.

    Um quarto imóvel comprado por Antunes, em um prédio no Setor Comercial Sul, área também vizinha à Esplanada, consta no mapeamento dos negócios imobiliários da offshore realizado pela PF para a operação Sem Desconto, deflagrada em abril.

    Segundo a certidão, o prédio foi adquirido por Antunes em junho do ano passado por R$ 4 milhões. O valor foi pago por ele por meio de transferência via TED.

    O imóvel, o único registrado, foi declarado indisponível em uma ação judicial que corre em segredo de Justiça. A ordem judicial foi registrada na certidão de ônus em 9 de maio deste ano -após a primeira fase da operação da PF.

    Em depoimento à CPMI do INSS, Milton afirmou que a ACDS Call Center, outra empresa do grupo Prospect, funcionava na região onde o prédio está localizado.
    As escrituras apontam que o “Careca do INSS” compareceu no cartório como diretor ou sócio da RPDL LTD, offshore registrada nas Ilhas Virgens Britânicas.

    A empresa também aparece com o nome Camilo & Antunes Limited, ambos inscritos no Brasil sob o mesmo CNPJ.

    De acordo com as escrituras dos quatro negócios, os pagamentos foram feitos pela offshore a partir de uma conta de Antunes no BRB (Banco de Brasília).

    No primeiro relatório da Operação Sem Desconto, datado de março, o edifício de R$ 4 milhões em Brasília é listado entre as transações imobiliárias da offshore de Antunes, assim como três imóveis em São Paulo.

    A Polícia Federal apontou que “as aquisições imobiliárias significativas realizadas em junho e julho de 2024 apresentam fortes indícios de lavagem de dinheiro” e totalizam R$ 11 milhões.

    As três transações não registradas em cartório de imóveis não constam no relatório da PF tornado público em abril. No total, elas somariam mais R$ 1,2 milhão ao montante em negócios imobiliários da offshore.

    “É possível concluir que as ações de Antonio Carlos Camilo Antunes, incluindo seu envolvimento com a empresa offshore Camilo & Antunes Limited e as aquisições imobiliárias significativas realizadas em junho e julho de 2024, apresentam fortes indícios de lavagem de dinheiro”, afirma o documento da PF, de março de 2025.

    “A coincidência temporal com o esquema da ‘farra do INSS’ o uso de uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e as transações de alto valor reforçam a suspeita de que essas operações foram realizadas com o intuito de ocultar a origem ilícita dos recursos”, diz o relatório.

    Antunes deve ser ouvido nesta quinta-feira (25) pela CPMI do INSS. Ele está preso de forma preventiva desde 12 de setembro.

    Careca do INSS comprou salas comerciais por R$ 700 mil e pagou com Pix

  • Lula acumula maré favorável e aplaca clima precoce de fim de governo

    Lula acumula maré favorável e aplaca clima precoce de fim de governo

    Após meses em baixa, Lula recupera fôlego político com vitórias no Congresso, reação às tarifas dos EUA e melhora nos índices de aprovação. O governo aposta em pautas sociais e econômicas para consolidar terreno rumo a 2026, enquanto a oposição enfrenta divisões internas

    (CBS NEWS) – A gestão Lula (PT) acumulou uma coleção de situações políticas favoráveis, incluindo a saída da defensiva na relação com o Congresso, o que possibilitou reverter o clima observado há apenas três meses, de governo dado como acabado e de uma reeleição improvável.

    O até agora fundo do poço de Lula 3 começou a ser desenhado em janeiro quando o Ministério da Fazenda teve que recuar em uma medida que considerava correta por causa de um vídeo de Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o Pix que superou a casa de 300 milhões de visualizações, passou pela mais baixa aprovação popular das três gestões do petista, no mês seguinte, e culminou com a derrubada de seus decretos sobre o IOF por quase 400 votos na Câmara, em 25 de junho.

    Nesse dia, o clima no Congresso era de governistas desnorteados e oposicionistas comemorando a aplicação de uma das maiores derrotas a Lula com o apoio em massa de partidos que controlavam 11 ministérios.

    Era a primeira vez em 30 anos que um decreto presidencial era derrubado por votação do Congresso.

    Nas derrotas anteriores Lula sempre buscava contemporizar e dizer que a relação de governo e Congresso era assim mesmo, até pela esquerda minoritária na Câmara e no Senado.

    Mas a humilhação sofrida no caso do IOF teve outra resposta.

    O governo acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) e conseguiu recuperar parte dos decretos por meio de decisões de Alexandre de Moraes.

    No campo político, o PT começou a patrocinar nas redes uma forte ofensiva com o mote ricos versus pobres, com vídeos produzidos por inteligência artificial e que tiveram como alvo o Congresso, o centrão e a oposição, tachados de defensores de milionários e de privilégios em detrimento dos interesses do povo.

    A iniciativa bem-sucedida tirou o governo das cordas pela primeira vez nas redes sociais, colocando a oposição e o centrão, que insistiam em outro mote, o de “ninguém aguenta mais imposto”, na defensiva.

    Tanto é que foi recolhida a inclinação do centrão na ocasião de derrubar toda a proposta de compensação do governo -elevação da taxação dos mais ricos- ao projeto de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda.

    Nessa mesma época, em 9 de julho, o anúncio pelo governo de Donald Trump da sobretaxa de 50% ao Brasil balançou mais ainda o xadrez político nacional.

    A ofensiva contra os interesses econômicos brasileiros permitiu a Lula e ao PT retomar a defesa da soberania nacional e das cores verde e amarelo, bandeiras de posse quase exclusiva do bolsonarismo havia anos. A atuação da família do ex-presidente em prol das sanções também entrou no discurso e na campanha governista na linha de carimbar os Bolsonaros como os pais do tarifaço.

    O embate EUA-Brasil também chamuscou a principal aposta para derrotar Lula em 2026, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    O governador de São Paulo adotou uma reação inicial errática sob o impacto da crise e, como mostrou o Painel da Folha, manifestou recentemente desânimo a aliados com uma candidatura presidencial.

    Entre outros motivos, ele avaliaria que o uso de uma bandeira gigante dos EUA durante a manifestação bolsonarista no dia da Independência do Brasil -e no momento em que o país é alvo das tarifas- será bastante explorada pelos petistas na campanha, assim como a participação de Lula na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

    Apesar de o brasileiro ter mantido as críticas a Trump, no encontro em Nova York na semana que passou os dois presidentes conversaram brevemente, episódio que foi descrito em tom de simpatia pelo norte-americano, segundo quem houve “uma excelente química” entre os dois.

    A ida para ofensiva em relação ao Congresso permitiu a Lula ainda em julho uma atitude até então incomum em seu terceiro mandato, a de confrontar diretamente os principais líderes no Congresso -ele contrariou orientação da chefia de sua articulação política e vetou o projeto que aumentava de 513 para 531 o número de deputados federais.

    A maré positiva a Lula coincidiu também com a prisão domiciliar e, depois, condenação pelo STF de seu principal rival na arena eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já em setembro.

    No mês atual, Lula viu ainda a recuperação de parte de sua popularidade. O Datafolha mostrou que em meio ao julgamento da trama golpista e dos ataques de Donald Trump, a aprovação do governo subiu para 33%, melhor índice do ano, se aproximando da reprovação, de 38%.

    Em fevereiro, mês em que ele atingiu a pior marca de suas três gestões, só 24% aprovavam o governo, contra rejeição de 41%.

    Já no fim de semana passado, várias capitais do país abrigaram protestos contra a proposta de anistia a Bolsonaro e a chamada PEC da Blindagem. O projeto foi arquivado pelo Senado após a repercussão negativa e os protestos de rua, representando um desgaste a mais para a Câmara e o centrão.

    Diferentemente de meses atrás, o governo vê facilitada a tramitação no Congresso do pacote de medidas que deve compor o combo da candidatura à reeleição do petista.

    Na semana que passou, o Congresso aprovou, no último dia do prazo, a medida provisória que reduz o valor da conta de luz de famílias de baixa renda e o “Agora Tem Especialistas”, principal aposta de Lula para emplacar uma marca forte na área da saúde.

    Nos próximos dias, a Câmara promete votar o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, promessa eleitoral de Lula em 2022 e que deve ser uma de suas bandeiras eleitorais no ano que vem.

    “Subestimaram o Lula, ele é presidente pela terceira vez, tem capacidade, experiência política. Os resultados do governo já eram bons e agora estamos com deflação no preço dos alimentos, dólar caindo, e a oposição muito fragilizada, sem projeto, com pautas antipopulares como anistia e blindagem”, diz o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “O Lula e o governo souberam utilizar isso muito bem para virar o jogo.”

    Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), diz que a tendência no Congresso continua sendo a de os partidos de centro-direita abandonarem o governo nos próximos meses. “A leve recuperação, para mim, se deve à queda no preço do arroz e feijão, a leve melhora nos preços do supermercado.”

    “O governo, através do ‘judicialismo de coalizão’, com seus ministros cometendo a ditadura da toga, fechando o Congresso Nacional, ele está utilizando toda essa máquina junto com o STF para sufocar e colocar a opinião pública contra o Congresso”, diz o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

    Lula acumula maré favorável e aplaca clima precoce de fim de governo

  • Ofensiva de Trump desafia Fachin no STF após tensão no comando do TSE com ataques de Bolsonaro

    Ofensiva de Trump desafia Fachin no STF após tensão no comando do TSE com ataques de Bolsonaro

    Edson Fachin assume a presidência do STF em meio a tensões inéditas com os Estados Unidos, que aplicaram sanções a ministros da corte. Mais discreto que Barroso, ele terá de lidar com desafios internacionais e ataques persistentes do bolsonarismo

    (CBS NEWS) – Pela segunda vez, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso e Edson Fachin se sucedem no comando de um órgão em um momento de alta tensão e marcado por ataques ao Judiciário.

    Em 2022, a ameaça era interna. Fachin assumia a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) num momento em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) mais uma vez subia o tom de contestação às urnas e à Justiça Eleitoral -e quando a participação dos militares em comissão do tribunal ganhava contornos preocupantes, alinhada aos interesses do então mandatário.

    Passados mais de três anos, o ministro volta a receber o bastão de Barroso nesta segunda-feira (29). Desta vez, porém, para assumir a presidência do Supremo. Se antes o foco de preocupação vinha do próprio presidente da República, que já ameaçava não aceitar o resultado da eleição, agora ela vem de fora.

    Fachin assume a corte diante de uma desafiadora e inédita campanha de punições a ministros do STF por parte de uma potência estrangeira.

    Além de ter aplicado tarifas de 50% ao Brasil, citando como uma das justificativas o julgamento de Bolsonaro, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já cancelou vistos da maioria dos magistrados do Supremo e aplicou a Lei Magnitsky -sanção destinada a torturadores e violadores de direitos humanos- ao ministro Alexandre de Moraes. Na semana passada, a punição foi estendida até mesmo à esposa do magistrado.

    Alguns dias após o tarifaço, aplicado em julho, o ministro Barroso publicou uma manifestação no site do tribunal dizendo que cabia ao Executivo a resposta política imediata, mas que, enquanto chefe do Judiciário, cabia a ele fazer uma reconstituição dos fatos.

    Segundo o ministro, as sanções eram fundadas “em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos”. Além de outras manifestações do presidente da corte negando, por exemplo, que haveria uma caça às bruxas contra Bolsonaro, duas notas institucionais da corte foram publicadas a respeito das punições.

    Apesar de ter um perfil mais contido e reservado que a maioria dos seus pares, Fachin não deixou de condenar a postura dos EUA.

    “Eu entendo que punir um juiz por decisões que tenha tomado é um péssimo exemplo de interferência indevida. Ainda mais quando isso advém de um país estrangeiro”, afirmou em palestra no mês passado, ao mesmo tempo em que falou também da importância da autocontenção do Judiciário.

    Ana Cláudia Santano, que é coordenadora da Transparência Eleitoral Brasil e acompanhou de perto os desafios da eleição de 2022, representando a sociedade civil no comitê de transparência criado pelo TSE, ressalta que o cenário agora é outro. “É um momento desafiador muito mais complexo justamente porque esses conflitos não são internos, eles são internacionais”, diz ela, apontando a imprevisibilidade de Trump como complicador.

    A professora de direito avalia ainda que a situação sobre como responder às sanções traz um dilema. Ela pondera, por exemplo, que é preciso que a corte tenha muito cuidado ao publicar notas sobre as sanções tanto para não adentrar competências da diplomacia brasileira quanto para que não se adiante juízo sobre processos.

    Se já é uma incógnita como o tópico Trump se desenrolará -e se o pior já passou-, ao longo de seu mandato, Fachin deve enfrentar outros momentos desafiadores e turbulentos.

    Passado o julgamento do ex-presidente, o bolsonarismo promete seguir com a bandeira anti-STF e a defesa de uma anistia ampla. O resultado da próxima eleição pode aumentar ou diminuir a temperatura do cenário deflagrado. Sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes, já há mais de uma ação na corte discutindo a constitucionalidade da regra atual sobre impeachment de ministros.

    E, apesar de a PEC da Blindagem ter sido enterrada, não deixa de existir o fantasma de que propostas restringindo os poderes do Supremo avancem no Congresso -insatisfeito com ações envolvendo emendas parlamentares.

    Na avaliação de Ana Laura Pereira Barbosa, professora de direito da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), será positivo se Fachin encampar reformas do processo decisório da corte, para fortalecê-la. “Seria uma forma por meio da qual o tribunal poderia se proteger ainda mais de ataques e reforçar a sua independência, imparcialidade e competência para arbitrar as questões constitucionais”, diz ela.

    Além de destacar a personalidade mais discreta de Fachin como aspecto positivo para a construção da imagem da corte como órgão colegiado, Ana Laura acredita que, passado o grosso das ações do 8 de Janeiro e o julgamento de Bolsonaro, o ministro terá maior potencial de ação que Barroso com a pauta da corte.

    Em 2022, quando esteve à frente do TSE, em que tinha também função administrativa, Fachin manteve posição firme em meio à tensão gerada por Bolsonaro.

    Além de ter acumulado declarações fortes em defesa da Justiça Eleitoral e do pleito, o ministro atuou para melhor estruturar equipe do tribunal que lidava com desinformação eleitoral e para informar e preparar a comunidade internacional quanto ao que se passava no Brasil.

    Buscou ainda, diante da escalada de questionamentos das Forças Armadas dando munição à campanha contra as urnas empreendida pelo então presidente, isolar tais ações. Além de ter negado a implementação de sugestões dos militares ou pedidos para reuniões particulares, fora da comissão que tinha sido criada pelo ministro Barroso, Fachin chegou a afirmar, por exemplo, que quem “trata de eleição são forças desarmadas” e que não havia “poder moderador para intervir na Justiça Eleitoral.

    “Para remover a Justiça Eleitoral de suas funções terão que antes remover este presidente da sua presidência. Diálogo sim, joelhos dobrados, jamais”, disse em evento à época dos ataques do ex-presidente.

    Ofensiva de Trump desafia Fachin no STF após tensão no comando do TSE com ataques de Bolsonaro

  • Influenciado por Aldo Rebelo e Kim Paim, Eduardo Bolsonaro elogia Getúlio, JK e Jango

    Influenciado por Aldo Rebelo e Kim Paim, Eduardo Bolsonaro elogia Getúlio, JK e Jango

    A publicação de 1º de junho exalta o nacionalismo, conclama a “reencontrar o verdadeiro espírito brasileiro” e tem um trecho em que Eduardo elogia três símbolos brasileiros dessa corrente, os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, o Jango, deposto pelos militares no golpe de 64.

    FABIO VICTOR
    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – Pouco mais de um mês antes de Donald Trump anunciar guerra tarifária contra o Brasil, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo que, de tão impressionante, parece falso, mas cujo conteúdo saiu mesmo da boca do caçula do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    A publicação de 1º de junho exalta o nacionalismo, conclama a “reencontrar o verdadeiro espírito brasileiro” e tem um trecho em que Eduardo elogia três símbolos brasileiros dessa corrente, os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, o Jango, deposto pelos militares no golpe de 64.

    “Se queremos nos reencontrar enquanto nação”, diz o deputado, “nós temos que enxergar as figuras históricas do Brasil com um olhar nacional e não partidário”. Vêm então os elogios aos ex-presidentes, todos identificados com o nacional-desenvolvimentismo.

    Getúlio foi por anos ditador numa aliança com militares e conservadores e depois se tornou o principal líder trabalhista do país, mesma extração de Jango. JK, eleito pelo centrista PSD, também teve uma trajetória muito mais à esquerda que o direitista radical Bolsonaro e seus filhos.

    “Getúlio Vargas, por exemplo, liderou um governo que não teve as liberdades plenas, é verdade, mas é inegável também que houve avanços na nossa indústria, a intenção de valorizar o trabalhador e também investimentos em infraestrutura. Fechar os olhos para isso seria infantil”, afirma o filho 03 do ex-presidente, num discurso aparentemente ensaiado e lido em teleprompter.

    “O mesmo vale para Juscelino Kubitschek. Podemos debater os custos e os efeitos econômicos do seu governo. Mas é inegável, houve ali um projeto de integração do país, de otimismo, de progresso. Foram 50 anos em 5. Isso daí marcou o imaginário do Brasil por décadas.”

    O elogio a Jango é o menos empolgado, mas não deixa de ser surpreendente. “Não é diferente com o João Goulart. Podemos concordar ou discordar das suas propostas, eu certamente não sou um fã dele. Mas é injusto negar que muitas delas nasciam com a intenção de dar respostas a anseios populares.”

    Então se dá outra pérola do discurso: “Assim como falar do período militar: não dá pra dizer que tudo ali foi trevas”. A opinião histórica da família Bolsonaro sobre a ditadura jamais mencionou trevas, pois é o oposto disso. Pai e filhos sempre rejeitaram as evidências quanto às barbaridades cometidas pelos governos militares, classificando o período como uma época de ouro do país.

    “Até houve autoritarismo”, concede o deputado, “mas ali existiram investimentos em infraestrutura que sustentam o Brasil até hoje. E é papel de uma nação madura olhar pro passado e conseguir perceber tudo aquilo que deu certo, tudo aquilo que foi positivo na nossa história”.

    Eduardo faz uma pregação que soa delirante diante das atitudes bélicas que marcam a trajetória dele e de seu pai, e é mais estapafúrdia ainda pelo contraste com sua incitação a Trump para retaliar o governo federal e o STF (Supremo Tribunal Federal) por causa do julgamento de Bolsonaro na corte.

    “Negar as virtudes de qualquer período da nossa história é negar a nós mesmos. Não há união nacional possível se cada um dos lados quiser apagar o outro. O Brasil precisa de reconciliação, não de ressentimento”, monologa.

    E engrena um discurso de candidato. “Eu me apresento como alguém disposto a ajudar o país a se reencontrar, […] a levantar a cabeça e acreditar em si mesmo. Quero me reencontrar com o espírito brasileiro, com a coragem de quem construiu esse país em meio a tanta adversidade. […] E quero caminhar lado a lado com todos que também acreditam nisso.”

    Conforme mostrou reportagem da Folha de S. Paulo, Eduardo está disposto a se lançar candidato à Presidência em 2026 mesmo sem o apoio do pai –isso caso até lá não seja preso ou impedido pela Justiça. Para líderes do centrão, seria uma estratégia para herdar os votos de Jair, mesmo que o ex-presidente apoie o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    O discurso do vídeo de junho parece ser um cartão de visitas nesse sentido, ainda que o insólito rumo indicado ali imponha uma questão: como foi possível essa guinada?

    Dias antes de Eduardo publicar o vídeo, o ex-ministro Aldo Rebelo (governos Lula 2 e Dilma, integrante histórico da esquerda que nos últimos anos se aproximou do velho colega de Câmara Jair Bolsonaro e do bolsonarismo de modo mais amplo) participou de uma live do canal Estúdio 5º Elemento -Eduardo também já havia ido em outras oportunidades.

    Um dos motes da conversa era “Soberania traída? Direita sem povo e governo a serviço dos bancos: o Brasil tem saída?”.

    “Procurei fazer uma ponte do nacionalismo com os liberais, mostrando que Getúlio fez uma revolução com a chamada Aliança Liberal, que liberalismo e nacionalismo juntos não são estranhos no Brasil”, resume Aldo.

    Também participou da live o youtuber Kim Paim, ligado a setores bolsonarismo. O tema do vídeo de Eduardo, relata Paim, permeou conversas anteriores entre ele, integrantes do 5º Elemento e o filho de Bolsonaro.

    “[Nós dissemos:] E se a história do Brasil não for realmente como contam? E fomos mandando material. E se o Vargas não for o grande vilão? Quem venceu essa batalha ao final foi a turma do centrão que está aí até hoje. O Eduardo começou a se questionar. Outra vez falei pra ele: você já parou pra ler o discurso do Jango do 13 de março? [em comício na Central do Brasil, apontado como estímulo para o golpe] Será que o Jango realmente falou que ia dar um golpe?”, conta Paim, que rejeita a pecha de bolsonarista.

    “As pessoas me veem como passador de pano do Bolsonaro, mas me acho uma das pessoas mais distantes do bolsonarismo mainstream. Sou crítico do lava-jatismo antes de ser moda. Gosto do Jair. Em questões morais, me considero conservador. Nas econômicas, tenho simpatia pelo nacional-desenvolvimentismo.”

    Paim, que diz ter adorado o vídeo de Eduardo, considera ser possível uma aliança com setores tidos como adversários, porque “nem todo mundo na esquerda tem a mesma agenda”. “Já falei com o próprio Eduardo e com o Aldo. [Disse]: Aldo, o que vocês na esquerda cresceram chamando de imperialismo, essa direita que tem aí chama de globalismo. No frigir dos ovos é a mesma coisa. Já para Eduardo eu falo: o que tu aprendeu como globalismo a esquerda chama de imperialismo. Tem que conversar.”

    O youtuber defende que Eduardo se lance candidato a presidente “só por se lançar”. “Ganhar ou perder, tanto faz. Hoje eu não acho que tem solução a partir de 2026. Eu colocaria meu barquinho na água pra montar um grupo verdadeiramente coeso.”

    Quanto à contradição de Eduardo em adotar um discurso nacionalista e atuar junto aos EUA contra o Brasil, ele afirma que, “daqui a cinco anos, talvez ele nem precisa explicar. [Poderá dizer que] fez o que tinha que ser feito porque era um filho tentando proteger o pai. […] Uma guinada nacionalista não vem do dia pra noite. É um processo, uma luta”.

    Paim arremata com o recado que passou a Eduardo e outros bolsonaristas: “Vocês têm voto, mas não têm um projeto de país. Tem que trazer para perto quem tem [um projeto]. Se sentar e organizar, a coisa vai pra frente”.

    O advogado Fabio Wajngarten, que foi secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, também fez contato com Kim Paim, ao mesmo tempo em que procurou Aldo Rebelo e outras figuras tradicionalmente alinhadas à esquerda nacionalista, como Ciro Gomes, Roberto Mangabeira Unger e Roberto Requião, em busca de uma aproximação.

    Hoje no MDB, o ex-ministro pelo PC do B considera que Paim e os integrantes do 5º Elemento convenceram Eduardo a gravar o vídeo, mas admite que suas próprias ideias estão ali. Um exemplo: Aldo está escrevendo um livro sobre Dom Pedro 1º, “Um Herói Necessário”, cuja intenção é “recuperá-lo como um dos mitos fundadores do Brasil”.

    Em lives e palestras, afirma que, se for ressaltar apenas o lado negativo, Dom Pedro será lembrado “como um mulherengo, e não como um estadista”. Paim mandou um desses vídeos para o caçula de Bolsonaro.

    Em seu próprio vídeo, Eduardo afirma: “Se olharmos apenas para o lado ruim, a gente vai reduzir um Dom Pedro 1º a um homem mulherengo. Mas ele foi muito mais do que isso. Foi um estadista que no momento de ruptura global conseguiu manter a unidade territorial de um país de dimensões continentais, onde todos falam uma só língua e se reconhecem como um só povo”.

    Aldo Rebelo chegou a enviar uma mensagem a Bolsonaro (antes de ele ser preso) brincando que cobraria direitos autorais do caçula dele. O ex-presidente respondeu com risos.

    A reportagem pediu uma entrevista a Wajngarten, mas não teve resposta. Também enviou via o ex-secretário, que costuma intermediar contatos entre os Bolsonaro e a imprensa, perguntas para Eduardo -que ficaram igualmente sem retorno.

    Influenciado por Aldo Rebelo e Kim Paim, Eduardo Bolsonaro elogia Getúlio, JK e Jango

  • Lula corre em público, faz provocação a Bolsonaro e fala em soberania após aceno de Trump

    Lula corre em público, faz provocação a Bolsonaro e fala em soberania após aceno de Trump

    Lula corre em público, faz provocação a Bolsonaro e fala em soberania após aceno de Trump

    CAIO SPECHOTO
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã deste domingo (28) de uma caminhada em Brasília em homenagem aos 95 anos do Ministério da Educação.

    Ao longo do trajeto, ele fez vídeos para as redes sociais falando sobre soberania, dias após o aceno do presidente dos EUA, Donald Trump.

    Ao final, o presidente do Brasil fez uma provocação a Jair Bolsonaro (PL) e disse que “nossa atividade não tem motociata, tem caminhada com educadores”, em referência a episódios durante o governo passado.

    Líder do principal grupo político de oposição da Lula, Bolsonaro costumava promover manifestações de motocicleta quando era presidente. Ele está inelegível e foi condenado a 27 anos de prisão no processo da trama golpista.

    “Essa é a caminhada da soberania educacional do Brasil”, disse o petista no vídeo gravado durante o exercício e divulgado no Instagram. De acordo com ele, é através da educação que o país será soberano para “nunca mais ninguém dar palpite sobre o Brasil”, declarou.

    Ao lado de alguns de seus ministros, o petista escolheu o trajeto de 3km, com percurso que passou em frente ao Congresso Nacional e à Praça dos Três Poderes. O evento incluía também a opção de corrida de 5km e 10km.

    Lula vestiu uma camiseta comemorativa do MEC vermelha, além de shorts e tênis claros. Durante a caminhada, chegou a acelerar os passos dando pelo menos três piques. Ele usava um boné branco com o slogan “O Brasil é dos brasileiros” escrito em azul.

    O presidente estava acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e dos ministros Camilo Santana (Educação), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Alexandre Padilha (Saúde), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Fernando Haddad (Fazenda), além do presidente do PT, Edinho Silva.

    Lula acenou para apoiadores e fez brincadeiras com ministros durante o trajeto. “Vai chegar de língua para fora”, disse o presidente a um dos auxiliares. Em determinado momento, Janja ofereceu água ao petista, que ficava com o rosto mais vermelho conforme a caminhada evoluía. Silveira era o integrante do primeiro escalão do governo que mais transpirava.

    Os presidentes do Banco Central, Gabriel Galípolo, e da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, apareceram ao final da prova, quando as autoridades subiram ao pódio e Lula fez um breve discurso em frente ao Ministério da Educação. A caminhada das autoridades começou às 7h16 e terminou às 7h52, durando 36 minutos.

    A aparição pública praticando exercícios reforça o discurso que o presidente vem sustentando desde a campanha eleitoral de 2022.
    O petista, que faz 80 anos em outubro, diz que está fisicamente bem e que toma os devidos cuidados a própria saúde.

    Ele também expõe em redes sociais suas atividades ao ar livre no terreno do Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República. Nessas postagens o petista costuma aparecer observando ou interagindo com animais, cuidando de plantas ou colhendo frutas.

    Lula reforçou o discurso de soberania nacional depois de Trump anunciar um aumento de tarifas contra produtos brasileiros vendidos no mercado dos Estados Unidos e vincular a medida ao processo contra Jair Bolsonaro, em julho. O americano, à época, classificou as acusações contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”.

    Na última semana, porém, Trump disse que teve uma “excelente química” em um encontro de 39 segundos com o brasileiro. Ele falou em discurso na Assembleia Geral da ONU. Trump e Lula têm posições antagonistas na política internacional.

    Lula corre em público, faz provocação a Bolsonaro e fala em soberania após aceno de Trump

  • Michelle defende candidatura de Bolsonaro e diz não querer ser presidente

    Michelle defende candidatura de Bolsonaro e diz não querer ser presidente

    Michelle ainda fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que tem sido alvo de “humilhação” por ser submetida à revista policial durante o cumprimento da prisão domiciliar de Bolsonaro.

    A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou, durante um evento do PL neste sábado, 27, que não quer ser candidata a presidente da República e pediu aos correligionários que trabalhem para eleger Jair Bolsonaro para o cargo – o ex-presidente atualmente está inelegível e em prisão domiciliar.

    Michelle ainda fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que tem sido alvo de \”humilhação\” por ser submetida à revista policial durante o cumprimento da prisão domiciliar de Bolsonaro.

    A ex-primeira-dama participou de um encontro do PL Mulher em Ji-Paraná, em Rondônia.

    Em entrevista publicada na última quarta-feira, 24, concedida ao jornal britânico The Telegraph, Michelle havia admitido que poderia assumir uma candidatura caso fosse necessário para a defesa do legado de Jair Bolsonaro.

    No evento deste sábado, ela afirmou que será \”a voz\” de Bolsonaro pelo Brasil e até no exterior.

    \”Nós precisamos eleger o maior número de deputados e senadores em 2026 e vamos trabalhar pra reeleger o nosso presidente Jair Bolsonaro. Porque eu não quero ser presidente, não, eu quero ser primeira-dama. E eu sei que a restituição de nossa nação virá\”, discursou.

    Ela fez críticas à tornozeleira eletrônica aplicada a Bolsonaro pelo ministro Alexandre de Moraes e reclamou da imposição de revista policial para as entradas e saídas de sua casa.

    \”Nem traficante e bandido tá tendo o tratamento que eu tô tendo hoje na minha casa. A minha filha presenciando essa humilhação, essa violação de direitos porque ela não tem culpa, e o carro dela tem que ser revistado na hora que ela sai e ela chega. Uma menina de 14 anos. O meu fusca foi revistado\”, afirmou Michelle.

    Essas restrições foram impostas por Moraes após ter decretado a prisão domiciliar de Bolsonaro, no início de agosto, diante do descumprimento das medidas cautelares anteriores.

    Michelle defende candidatura de Bolsonaro e diz não querer ser presidente