Categoria: POLÍTICA

  • Lula tem vitórias na ONU, mas governo modera otimismo diante de Trump imprevisível

    Lula tem vitórias na ONU, mas governo modera otimismo diante de Trump imprevisível

    O balanço dos quatro dias de Lula em Nova York, segundo aliados, é considerado positivo por diferentes razões.

    JULIA CHAIB E RICARDO DELLA COLETTA
    NOVA YORK, EUA, E BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou da Assembleia-Geral da ONU com o trunfo de uma promessa de reunião futura com Donald Trump, que pode lançar as bases de negociação sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.

    O balanço dos quatro dias de Lula em Nova York, segundo aliados, é considerado positivo por diferentes razões.

    Primeiro, a breve interação com Trump nos bastidores da ONU sinalizou que o governo brasileiro e representantes do setor empresarial conseguiram acessar figuras-chave do alto escalão americano, rompendo o bloqueio articulado pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) e pelo apresentador Paulo Figueiredo, que buscavam evitar esse tipo de contato.

    Com isso, Lula se posicionou como um líder que não cedeu a pressões, manteve um discurso de soberania e, ainda assim, abriu caminho para um diálogo com o presidente dos Estados Unidos.

    Um possível entendimento na área tarifária também é apontado como fator que aprofundou divisões na direita brasileira e contribuiu para o sinal de desânimo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação a uma eventual candidatura presidencial em 2026.

    Além disso, a passagem de Lula por Nova York não foi marcada por episódios diplomáticos negativos repercutidos pela imprensa ou nas redes sociais –bem diferente do que ocorreu durante viagem à China, em maio, quando veio à tona que a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, havia feito críticas ao TikTok durante um encontro com o dirigente Xi Jinping. O episódio acabou sendo o fato político de maior repercussão da visita.

    Lula e Trump conversaram por menos de um minuto nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU. O encontro aconteceu logo após o discurso do petista –recheado de críticas a políticas defendidas por Trump– e antes de o republicano iniciar sua fala.
    A possibilidade de diálogo vinha sendo construída havia meses, por meio de contatos discretos entre os dois governos e da atuação de empresários brasileiros e americanos.

    Ainda assim, a forma como Trump se referiu a Lula surpreendeu até os auxiliares mais otimistas do presidente brasileiro. O republicano chegou a dizer que teve “excelente química” com Lula.
    “Ele pareceu um homem muito bom. Ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto”, declarou Trump na plenária da ONU.

    Lula, por sua vez, disse numa entrevista coletiva acreditar que Trump havia sido mal informado sobre o Brasil. “Quando ele tiver as informações corretas, pode mudar de posição”, avaliou.

    Diplomatas brasileiros ouvidos pela reportagem relatam que uma ala da atual administração americana acreditava que sanções e tarifas contra o Brasil pudessem reabilitar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou até mesmo levar à destituição do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
    Segundo esses interlocutores, a Casa Branca ajustou sua postura à medida que integrantes do governo Trump concluíram que tais objetivos dificilmente seriam atingidos.

    Já bolsonaristas com acesso a representantes do governo Trump afirmam que os atores que articularam sanções ao Brasil não mudaram de posição e continuarão levando ao presidente americano a leitura de que há uma série de abusos no Brasil por parte de Moraes e com o apoio do governo Lula.

    Apesar da avaliação positiva da viagem, auxiliares de Lula afirmam que o momento exige cautela, sobretudo devido à imprevisibilidade do presidente americano.

    Nesse contexto, uma eventual reunião entre Lula e Trump deverá ser cuidadosamente planejada, a fim de evitar armadilhas semelhantes às enfrentadas pelos presidentes Volodimir Zelenski, da Ucrânia, e Cyril Ramaphosa, da África do Sul –ambos submetidos a audiências consideradas constrangedoras no Salão Oval.

    Por essa razão, assessores do presidente brasileiro trabalham com a perspectiva de uma aproximação gradual.

    A primeira etapa seria uma ligação telefônica entre os dois líderes nos próximos dias, permitindo que suas equipes mantenham contato com mais liberdade –até agora, os diálogos entre enviados dos dois governos têm ocorrido sob sigilo.

    Seguindo essa estratégia de aproximação progressiva, um encontro presencial poderia acontecer em um terceiro país. A opção mais provável, neste momento, é a Malásia, sede da próxima cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que ocorrerá de 26 a 28 de outubro.

    Lula tem vitórias na ONU, mas governo modera otimismo diante de Trump imprevisível

  • Advogado de Heleno negocia novos clientes por Instagram após virar meme em julgamento

    Advogado de Heleno negocia novos clientes por Instagram após virar meme em julgamento

    “Tem umas pessoas que entram em contato comigo pelo Instagram do escritório: ‘É possível absolver de crime leve de Maria da Penha?’”, disse Milanez em entrevista à Folha. Prospectando o cliente, ele perguntou: “O que é um crime leve de Maria da Penha?”.

    CÉZAR FEITOZA E ANA POMPEU
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Matheus Milanez, 33, era o advogado mais jovem entre todas as defesas dos condenados do núcleo central da trama golpista. Agora, lida com uma caixa de mensagens no Instagram cheia de potenciais clientes, que enviam mensagens com os casos mais diversos pedindo conselhos.

    “Tem umas pessoas que entram em contato comigo pelo Instagram do escritório: ‘É possível absolver de crime leve de Maria da Penha?’”, disse Milanez em entrevista à Folha. Prospectando o cliente, ele perguntou: “O que é um crime leve de Maria da Penha?”.

    Milanez conta também receber mensagens sobre casos complexos. Um fazendeiro do Norte acusado de torturar e matar pessoas que invadiram sua terra; outro suspeito de ocultar cadáveres. Todos relatando seus casos pelo Instagram.

    “A minha secretária, coitada, ela encaminha, a gente faz análise, marca uma reunião […]. A gente não tem muito filtro de qual caso pegar. A gente faz uma análise do caso e vê viabilidade.”

    As redes sociais de Milanez estouraram após o advogado virar meme e confrontar o ministro Alexandre de Moraes na defesa do ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno durante o julgamento da tentativa de golpe de Estado.

    Ele viu seu perfil na plataforma saltar de cerca de 2.000 seguidores no início do processo para mais de 60 mil após a conclusão do julgamento. O salto ocorreu em duas etapas.

    A primeira foi mais tímida. Milanez ganhou 5.000 seguidores depois de seu pedido a Moraes para encerrar a sessão de interrogatório dos réus para ele “minimamente jantar” viralizar. A audiência havia começado às 9h e já passava das 20h quando ele abordou o tema.

    “São 20h, a audiência amanhã é às 9h, e nós viemos em um carro só. Ainda preciso levar o general para casa, e eu mesmo preciso ir para a minha. Eu minimamente quero jantar. Excelência, eu só tomei café da manhã hoje, quase nada mais”, disse Milanez.

    Moraes negou o pedido e disse que seria melhor terminar as audiências o quanto antes. “O senhor ainda tem quarta-feira para tomar um belo brunch, quinta é o jantar do Dia dos Namorados e sexta é dia de Santo Antônio –quem sabe o senhor comemora também numa quermesse?”, ironizou Moraes.

    Milanez diz que levou uma bronca da sua noiva, a nutricionista Gabriella Cesar, por não ter aproveitado o momento de fama para impulsionar suas redes. “Eu nunca fui muito bom de rede social. Rede social para mim era meme e figurinha.”

    A outra oportunidade se deu após a sustentação oral de Milanez no julgamento da ação penal. Ao defender Heleno, o advogado questionou a postura de Alexandre de Moraes no processo e fez a principal crítica ao ministro.

    Os recortes de sua fala viralizaram. Milanez viu o movimento e passou a publicar vídeos falando sobre os detalhes do julgamento todos os dias. O perfil saltou de 7.200 seguidores para 61.300 em quatro dias.

    “Eu acho que falo com uma linguagem mais simples. A grande maioria do meu público não é do direito. Eu vejo que são pessoas em geral, assim, população lato sensu que querem entender um pouco mais [sobre o processo] ou gostaram da minha postura no julgamento”, disse.

    A popularidade trouxe novos seguidores e potenciais clientes pelo Instagram, mas também atraiu haters e críticos. Ele viu em muitos memes na internet uma tentativa de desmoralizá-lo.

    “Tem duas formas de lidar com a situação: ou você se irrita, ou você surfa na brincadeira. Eu decidi surfar na brincadeira tranquilamente. Eu falo que hoje eu adoro, porque todo lugar que eu vou falar, eu vou dar aula, as pessoas comentam: ‘Ó, fica tranquilo que qualquer coisa eu trago um lanche para o senhor’.”

    Milanez também contou por que esperava que Moraes concordasse com o pedido de antecipar o fim do interrogatório dos réus para “minimamente jantar”.

    “Eu era estagiário na época da [operação] Greenfield, o Vallisney [de Souza Oliveira] era o juiz titular da 10ª Vara Federal de Brasília. Era audiência o dia inteiro: começava às 8h, parava para o almoço ao meio-dia e ia até umas 20h”, conta.

    “O juiz mesmo falava: ‘como está tarde da noite, amanhã a gente pode começar à tarde?’. Às vezes o advogado falava para terminar mais cedo. Então, [os juízes] dão essa maleabilidade, não existe razão para a pressa.”

    Augusto Heleno foi condenado pelo Supremo a 21 anos de prisão por participação na trama golpista. Milanez diz ter ficado frustrado com o resultado –esperava ao menos dois votos favoráveis à absolvição do general.

    O advogado conta que vai apresentar dois tipos de recursos diferentes ao STF e diz acreditar na possibilidade de reverter a condenação. A missão é penosa e de pouca chance de êxito. Ele diz que só depois das possíveis negativas é que vai levantar discussões sobre onde Heleno deve cumprir sua pena: se num presídio comum ou em sua casa.

    “Eu não acho que ele tenha condição de ir a um presídio”, disse. “Eu sei que 100% de saúde ele não está porque é um senhor de 77 anos. Mas eu não sei quais doenças ele tem, se tem um problema crônico. Como a gente estava na discussão eminentemente jurídica, esse era um ponto que a família nunca abria para mim.”

    Advogado de Heleno negocia novos clientes por Instagram após virar meme em julgamento

  • Haddad diz que Lula será candidato à reeleição em 2026

    Haddad diz que Lula será candidato à reeleição em 2026

    O ministro é citado como possível candidato se Lula não concorrer, assim como ocorreu em 2018. “Ele (Lula) é candidato a presidente, sim”, afirmou Haddad durante entrevista ao Podcast 3 Irmãos.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste sábado, 27, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será candidato à reeleição em 2026.

    O ministro é citado como possível candidato se Lula não concorrer, assim como ocorreu em 2018. “Ele (Lula) é candidato a presidente, sim”, afirmou Haddad durante entrevista ao Podcast 3 Irmãos.

    Um dos apresentadores citou que sua tia gostaria de votar em Haddad para presidente em 2030. \”Manda um abraço pra sua tia\”, respondeu o ministro.

    Segundo o ministro, ser candidato depende de circunstâncias e do destino. \”Se não fosse a facada, será que o Bolsonaro seria eleito presidente? Possivelmente não.\”

    Em discursos recentes, Lula tem reforçado sua disposição em concorrer novamente à Presidência no ano que vem e que só não vai ser candidato se a saúde não permitir. \”Só tem uma hipótese de eu não ser candidato, é se eu tiver algum problema de saúde\”, disse o petista em entrevista ao SBT no dia 9 de setembro.

    Haddad diz que Lula será candidato à reeleição em 2026

  • Eduardo Bolsonaro semeia bases para 2026 e projeta bolsonarismo mais ideológico

    Eduardo Bolsonaro semeia bases para 2026 e projeta bolsonarismo mais ideológico

    Desde fevereiro nos EUA, caminhando para ter o mandato de deputado federal cassado pela Câmara, ele busca se projetar como líder de um braço mais ideológico do bolsonarismo, com um discurso que rejeita acordos e dispensa alianças políticas com o centrão.

    JOÃO PEDRO PITOMBO, MARIANNA HOLANDA E JULIA CHAIB
    SALVADOR, BA, BRASÍLIA, DF E WASHINGTON, EUA (CBS NEWS) – Ligado a líderes da ultradireita no exterior e protagonista da crise tarifária entre Brasil e Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ganhou musculatura entre os setores mais radicais da direita e ensaia um voo solo fora da sombra do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Desde fevereiro nos EUA, caminhando para ter o mandato de deputado federal cassado pela Câmara, ele busca se projetar como líder de um braço mais ideológico do bolsonarismo, com um discurso que rejeita acordos e dispensa alianças políticas com o centrão.

    Eduardo já disse a interlocutores que estuda disputar a Presidência em 2026, mesmo à revelia do pai, como mostrou a Folha. As discordâncias entre ambos ficaram expostas em relatório da Polícia Federal.

    Ao mesmo tempo, semeia as bases e aglutina em torno de si um grupo que, segundo aliados, reúne entre 20 e 30 deputados federais e estaduais com quem tem afinidade. Segundo interlocutores, parte deles pode deixar o PL -e o seu fundo eleitoral- para se filiar a uma legenda nanica com o filho do ex-presidente.
    Procurado, Eduardo Bolsonaro não respondeu aos contatos da reportagem.

    O objetivo do deputado é manter no clã o espólio eleitoral de Jair, que está inelegível e foi condenado a 27 anos de prisão. Ele calcula que, se um candidato como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), for eleito, o bolsonarismo estará enterrado enquanto movimento político.

    Com essa avaliação, Eduardo já expressou a opinião de que, se Lula (PT) for reeleito, seria uma espécie de mal necessário, para manter essa influência bolsonarista. Ele cogita se lançar à Presidência para manter o “movimento vivo” e eleger uma bancada de bolsonaristas, fortalecendo este grupo para 2030.

    A postura mais radical de Eduardo resultou em um afastamento de aliados, com críticas a dirigentes do centrão e troca de farpas com o presidente do seu próprio partido, Valdemar Costa Neto (PL).

    O senador Ciro Nogueira (PP-PI) e Eduardo falaram ao telefone há cerca de um mês, quando o presidente do PP fez um apelo para que o deputado focasse a artilharia contra a esquerda e poupasse aliados de suas críticas.

    A conversa ocorreu antes do novo episódio com Valdemar, que disse que ele ajudaria a matar o pai se insistisse em se lançar ao Planalto, ao que Eduardo classificou como canalhice.

    O filho 03 do presidente costuma ser acusado de dividir a direita. Líderes dizem que o deputado expõe publicamente divergências do grupo e impede a construção de acordos para avançar em temas considerados cruciais para o bolsonarismo.

    O mais notório exemplo é o da anistia. Eduardo, que articulou as sanções ao Brasil junto ao governo dos Estados Unidos, vem dizendo que a única forma de reverter esse quadro é com a aprovação de uma anistia ampla e geral, que contemple todos os condenados nos ataques golpistas do 8 de Janeiro.

    A proposta, contudo, enfrenta resistência no Congresso, no Judiciário e no Executivo. Há uma costura por um projeto de redução de pena, a que o deputado se opõe fervorosamente.
    Como a Folha mostrou, aliados de Bolsonaro avaliam que ele estaria disposto a aceitar um acordo, contanto que fique em prisão domiciliar. Bolsonaro está preso desde 4 de agosto no inquérito que investigava a coação do Judiciário, com apoio do governo Donald Trump.

    Eduardo desistiu de retornar ao Brasil, por temer ser preso. Ao passo que o STF (Supremo Tribunal Federal) fecha o cerco em torno do deputado, ele chama o Brasil de “ditadura” e alega que o centrão é inimigo do bolsonarismo.

    Tarcísio de Freitas tem sido um dos seus principais alvos, por ser o nome favorito do centrão para 2026. Ele atribui uma eventual candidatura do ex-ministro de Bolsonaro ao “establishment”.
    Por trás do discurso antissistema está uma tentativa de realinhar o grupo que outrora se reunia em torno do escritor Olavo de Carvalho e que, internacionalmente, segue a linha de Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump organizador de uma rede de líderes da ultradireita mundial.

    Assim, o mesmo Eduardo que no início do ano era pré-candidato ao Senado e cogitou trocar o PL pelo PP agora tem conversado com legendas menores para viabilizar o projeto presidencial, segundo interlocutores.

    Para isso, conta com parlamentares, empresários e com um ecossistema midiático que inclui nomes como youtuber Kim Paim e o empresário Paulo Figueiredo.

    O deputado estadual de Minas Gerais, Cristiano Caporezzo (PL), pediu para ser listado como o primeiro da lista dos “eduardistas”. Ele busca uma vaga para o Senado e destaca a importância do filho do ex-presidente no trabalho de base do bolsonarismo.

    “Desde que Jair Bolsonaro resolveu se lançar candidato, uma das pessoas mais importantes para organizar a rua era o Eduardo, assim como nas redes era o Carlos”, lembra o deputado.

    Ele afirma que, caso Jair não consiga reverter a inelegibilidade, o melhor nome para disputar a Presidência é o de Eduardo. Elogia Tarcísio de Freitas, mas diz que ele deveria disputar a reeleição. “Ele está fazendo um trabalho importante em São Paulo, não faria sentido deixar o estado mais rico da federação.”
    Outro nome próximo a Eduardo é o do deputado estadual Leandro de Jesus (PL), da Bahia, que prepara sua candidatura à Câmara dos Deputados com o apoio do filho de Bolsonaro. Ele aponta Eduardo como sucessor natural de Jair.

    “Em 2026, de qualquer modo, nós teremos um Bolsonaro candidato a presidente da República, seja o Jair, seja o Eduardo. Isso aí já é martelo batido com toda certeza”, afirma o deputado, minimizando uma possível porta fechada no PL.

    Em Mato Grosso do Sul, o deputado federal Marcos Pollon (PL) ensaia uma candidatura a governador caso Eduardo concorra à Presidência. Ele está às turras com o próprio partido desde a filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja, oriundo do PSDB.
    O deputado estadual Cabo Bebeto (PL), de Alagoas, faz coro ao nome de Eduardo como plano B a Jair: “É a nossa segunda opção, sem sombra de dúvida.”

    Eduardo Bolsonaro semeia bases para 2026 e projeta bolsonarismo mais ideológico

  • Alckmin: encontro de Lula e Trump é um 1º passo para resolver tarifaço

    Alckmin: encontro de Lula e Trump é um 1º passo para resolver tarifaço

    “Quero saudar o encontro, embora rápido, mas o encontro entre os presidentes Lula e Trump [na assembleia geral da ONU], que deram, ao menos, um primeiro passo. Vamos tentar dar os passos subsequentes para a gente ir removendo esses problemas e podermos caminhar mais rapidamente para resolver a questão do tarifaço”, disse, em evento na instituição de ensino Insper, em São Paulo.

    O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira (26), em palestra na capital paulista, que o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um “primeiro passo” para a resolução do tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil. A reunião deverá ocorrer na próxima semana.

    “Quero saudar o encontro, embora rápido, mas o encontro entre os presidentes Lula e Trump [na assembleia geral da ONU], que deram, ao menos, um primeiro passo. Vamos tentar dar os passos subsequentes para a gente ir removendo esses problemas e podermos caminhar mais rapidamente para resolver a questão do tarifaço”, disse, em evento na instituição de ensino Insper, em São Paulo.

    Alckmin defendeu que o comércio entre os países deve ser “ganha-ganha”, ou seja, com ambos participantes obtendo sucesso, e baseado em regras. 

     

    “Comércio exterior bem feito é ganha-ganha. Ele é mais eficiente: eu compro dele, mais barato. Eu sou mais eficiente: eu vendo para ele. A sociedade ganha. Só que precisa ter regras, porque senão o grande vai matar o pequeno”.

    O vice-presidente ressalvou, no entanto, que a atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC), instituição que tem como missão assegurar as regras do comércio internacional, foi limitada pelos Estados Unidos.

    “Temos que ter regras para o mundo todo, regras de comércio. Só que infelizmente não funciona. Por quê? Eu entro com uma representação [na OMC] e ganho na primeira instância. [A decisão] não vale enquanto não tiver decisão da segunda instância. Aí, na segunda instância, os Estados Unidos não designam os seus representantes. Ela [a OMC]   não pode agir. Então, meio que a OMC ficou inócua”, disse.

    São Paulo (SP), 26/09/2025 - Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, durante palestra no IV Encontro Anual - Centro de Gestão e Politicas Públicas, no INSPER. Foto: Paulo Pinto/Agência BrasilSão Paulo (SP), 26/09/2025 - Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, durante palestra no IV Encontro Anual - Centro de Gestão e Politicas Públicas, no INSPER. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
    São Paulo (SP), 26/09/2025 – Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, durante palestra no IV Encontro Anual – Centro de Gestão e Politicas Públicas, no INSPER. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil – Paulo Pinto/Agência Brasil

    No último dia 23, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que pretende se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. Ele teceu elogios ao chefe de Estado brasileiro chamando-o de “homem muito agradável”, com quem teve “uma química excelente” durante breve encontro.

    Trump discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas logo depois o presidente Lula. Tradicionalmente, o presidente do Brasil faz o discurso de abertura das assembleias anuais da ONU. 

    O presidente norte-americano disse que as tarifas aplicadas contra o Brasil e outros países são uma questão de defesa da soberania e da segurança de seu país.

    Alckmin: encontro de Lula e Trump é um 1º passo para resolver tarifaço

  • Eduardo rejeita ajuda financeira nos EUA e dá recado a Valdemar

    Eduardo rejeita ajuda financeira nos EUA e dá recado a Valdemar

    Segundo pessoas próximas, o encontro ocorreu em meio ao aumento da tensão entre Eduardo e Valdemar. A crise se agravou após declarações do presidente do PL, que disse a aliados que o deputado teria entrado em rota de colisão com ele por querer mais recursos para se manter nos Estados Unidos.

    O grupo político do deputado Eduardo Bolsonaro, que atua com ele nos Estados Unidos, enviou um recado direto ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmando que não aceita qualquer tipo de ajuda financeira e pedindo apenas “distância”. O comunicado foi feito por meio do líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), durante reunião realizada nesta quinta-feira (25) em Miami.

    Segundo pessoas próximas, o encontro ocorreu em meio ao aumento da tensão entre Eduardo e Valdemar. A crise se agravou após declarações do presidente do PL, que disse a aliados que o deputado teria entrado em rota de colisão com ele por querer mais recursos para se manter nos Estados Unidos.

    Incomodados com as falas, Eduardo e seus aliados responderam que não pretendem receber apoio financeiro do partido e que continuarão atuando de forma independente. Afirmaram ainda que não estão à venda e que não pretendem negociar qualquer tipo de contrapartida para manter sua atuação política no exterior.

    Durante a reunião, Sóstenes chegou a perguntar se o grupo desejava algum tipo de suporte financeiro do PL. A resposta foi negativa. A decisão também foi vista como um gesto político, marcando o distanciamento em relação a Valdemar, especialmente após as falas do dirigente partidário sobre a atuação do deputado.

    Nos bastidores, Valdemar tem dito a interlocutores que o parlamentar reclama do que considera ser uma desigualdade na distribuição de recursos do partido. Segundo ele, Eduardo se queixaria de que Michelle Bolsonaro, madrasta do deputado e esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, recebe mais apoio financeiro para suas atividades políticas do que ele próprio.

    A divulgação dessas declarações irritou ainda mais o grupo ligado a Eduardo Bolsonaro. Os aliados do deputado disseram que atuaram até agora sem qualquer ajuda do presidente do partido e que pretendem seguir dessa forma. Para eles, as falas de Valdemar seriam uma tentativa de enfraquecer politicamente o parlamentar, o que aumentou o clima de conflito interno.

    Ao recusar apoio financeiro, o grupo de Eduardo reforçou que não vai negociar autonomia política em troca de recursos. Segundo aliados, o deputado avalia inclusive a possibilidade de deixar o PL, o que reforça a disposição de manter distância de Valdemar Costa Neto e sua influência dentro do partido.

    Com o impasse, a relação entre o presidente do PL e o deputado segue estremecida, e não há previsão de uma reaproximação no curto prazo.

    Eduardo rejeita ajuda financeira nos EUA e dá recado a Valdemar

  • Ciro Nogueira diz que direita tem falta de bom senso e deve se unir

    Ciro Nogueira diz que direita tem falta de bom senso e deve se unir

    “Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”, disse Ciro Nogueira; fala ocorre em semana de desânimo no entorno do governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos)

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), disse que está passando dos limites a “falta de bom senso” da direita, e que isso poderá custar ao grupo político a eleição de 2026, ajudando a reeleger Lula (PT).

    A fala foi feita no X, antigo Twitter, após uma semana de desânimo no entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e indefinição por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a respeito da sua sucessão à Presidência em 2026.

    “Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na Direita, digo aqui a centro direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”, disse.

    “Por mais que tenhamos divergências, não podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSOL. Não podemos fazer isso com o Brasil”, continuou.

    Ciro é entusiasta de uma unidade da direita em torno de Tarcísio, hoje considerado o nome mais viável do grupo político, de acordo com pesquisas.

    Ele tem sido alvo de críticas por alas mais radicalizadas do bolsonarismo, que insistem, entre outras coisas, em Bolsonaro como candidato em 2026. O ex-presidente, além de ter sido condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar a trama golpista, já está inelegível por atacar o sistema eleitoral em 2022.

    Como mostrou o Painel, Tarcísio tem demonstrado desânimo com a possibilidade de deixar o Bandeirantes para concorrer ao Planalto. Ele tem citado acontecimentos recentes, como a oposição de Eduardo Bolsonaro à sua candidatura e a atuação de Lula diante do tarifaço de Donald Trump.

    Após sua publicação, o empresário Paulo Figueiredo respondeu ao senador, em tom de ironia.

    “É verdade Ciro. Concordo com a falta de bom senso. Acredita que ainda tem meia dúzia que levam fé em acordos Caracu com o establishment? Que tem velhaco que não entendeu que a crise diplomática com os EUA só tem fim com anistia ampla, geral e irrestrita? É gente sem noção…”, afirmou.

    Paulo está articulando com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sanções ao Brasil junto a autoridades do governo dos Estados Unidos. Eles têm defendido que a única saída para reverter as penalidades comerciais é a aprovação de uma anistia aos condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro.

    A proposta hoje na Câmara teve urgência aprovada no plenário, mas enfrenta resistência da cúpula da Casa e do STF (Supremo Tribunal Federal). Assim, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) disse querer transformar o texto em um projeto de redução de penas, algo que, em tese, contaria com o apoio de mais parlamentares.

    O texto, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), segue enfrentando resistência na esquerda, em alas do centro e também na direita.

    Como a Folha de S.Paulo mostrou, apesar da postura mais radicalizada de parlamentares do PL de insistir em uma anistia ampla, Bolsonaro aceitaria um projeto de redução de penas, de acordo com aliados próximos, contanto que houvesse garantia da manutenção de prisão domiciliar.

    A prioridade do ex-presidente é evitar regime fechado em presídio ou na carceragem da PF, algo que pode ocorrer ainda neste ano, se o STF rejeitar os recursos de sua defesa.

    Ciro Nogueira utilizou o argumento da saúde para responder ao Paulo Figueiredo nas redes sociais. Ele disse ter duas grandes preocupações.

    “Primeira: a oposição a Chaves imaginava que haveria uma alternância de poder que até hoje nunca aconteceu e o país só derreteu”, disse.

    “Segunda: acho uma crueldade deixar um homem de bem e honesto, como Jair Bolsonaro, preso por muito mais tempo, nas condições de saúde em que está, ameaçando a vida dele, caso a oposição não vença as eleições do ano que vem”, completou.

    Ciro Nogueira diz que direita tem falta de bom senso e deve se unir

  • Tive convites dos EUA, mas não penso em deixar o Brasil, diz Barroso

    Tive convites dos EUA, mas não penso em deixar o Brasil, diz Barroso

    “Não estou pensando em deixar o Supremo prontamente, e muito menos eu penso em deixar o Brasil. Eu prefiro o Brasil, eu gosto mesmo do Brasil”, afirmou o ministro

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Às vésperas de deixar a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luís Roberto Barroso disse nesta sexta-feira (26) que não pensa em deixar o Brasil, mas que tinha convites de instituições acadêmicas dos Estados Unidos para passar uma temporada fora.

    Em julho, o governo Donald Trump anunciou a proibição da entrada nos EUA de ministros do Supremo considerados “aliados” de Alexandre de Moraes. Barroso é um dos que teria tido o visto revogado.

    Questionado nesta sexta se iria deixar o Supremo ao sair na presidência e quais os seus planos para o futuro, Barroso evitou dar uma previsão sobre a saída da corte, mas disse que pretende ficar no país.

    “Não estou pensando em deixar o Supremo prontamente, e muito menos eu penso em deixar o Brasil. Eu prefiro o Brasil, eu gosto mesmo do Brasil. Mas eu tinha mesmo o convite de mais uma instituição dos Estados Unidos para ir passar uma temporada lá, e eu espero isso em algum lugar do futuro”, afirmou, em conversa com jornalistas.

    Lei Magnitsky

    Barroso afirmou ter sido pego de surpresa com a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, que impôs sanções financeiras ao magistrado e a pessoas próximas a ele.

    O presidente do Supremo afirma que, na origem, a Magnitsky tinha outro propósito, e avalia que a tendência é de arrefecimento das sanções.

    “Eu acho que o país vai se pacificar progressivamente depois de acabarem os julgamentos de todos os grupos. As feridas vão começar a cicatrizar. Mas eu acho que, do ponto de vista político, o núcleo crucial era o mais emblemático. Acho que agora é um pouco um desdobramento”, afirmou. A ação do chamado “núcleo crucial” da trama golpista é a que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Encontro com Lula

    Luís Roberto Barroso disse que conversou rapidamente com o presidente Lula (PT) na quinta-feira (25), durante a posse do novo presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Luiz Philippe Vieira de Mello Filho.

    O presidente do STF disse que Lula pareceu otimista sobre a rápida conversa que teve com o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia-Geral da ONU.

    “Conversei pouco mais de 30 segundos, muito brevemente, e o presidente me pareceu otimista. Otimista e cauteloso, mas me pareceu otimista, acho que sim. Talvez se tenha aberto uma janela de negociação”, disse.

    Contratação de escritório de lobby

    O ministro do Supremo disse ter sugerido a Lula a contratação de um escritório de lobby nos EUA para driblar as barreiras impostas pela gestão Trump contra a diplomacia brasileira.

    “Eu, logo no começo, disse que a diplomacia não está conseguindo entrar, não por culpa dela, mas porque as portas estão fechadas, e eu acho que é preciso contratar um escritório de lobby. Havia muita resistência, porque no Brasil isso tem uma conotação ética negativa”, afirmou.

    Barroso contou que o governo brasileiro não seguiu a sugestão. A iniciativa privada, porém, contratou escritórios e atuou para quebrar resistências do lado americano.

    Como a Folha de S.Paulo mostrou, um grupo de empresários brasileiros foi aos Estados Unidos no início de setembro para distensionar a relação diplomática entre o governo Trump e o Brasil. Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS, foi recebido em audiência pelo próprio Trump.

    Voto impresso

    Barroso disse que um dos destaques da sua atuação na corte foi ter trabalhado contra a implementação do voto impresso, ainda que a postura tenha resultado em ataques contra ele.

    “Uma das coisas importantes que eu fiz, já não na Presidência, mas aqui no Supremo, foi o meu empenho em impedir o voto impresso. Embora tenha me custado um preço pessoal alto, de muito ódio, a começar pelo ex-presidente, que depois se irradiou”, disse Barroso.

    Enquanto presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 2021 ele fez várias criticas à proposta do voto impresso e defendeu a ausência de fraudes no processo eleitoral desde 1996, quando as urnas eletrônicas começaram a ser usadas.

    Para ele, a impressão do voto resultaria em fraudes, problemas na recontagem e colocaria em risco a segurança do sistema e o sigilo do voto.

    De acordo com Barroso, o projeto de desacreditar o processo eleitoral, que seria importante para o sucesso da tentativa de golpe em caso de derrota eleitoral, começava com o voto impresso.

    “A proposta era voto impresso com contagem pública manual. Então você imagina, primeiro, que ia ter que transportar esses votos nesse país. E, segundo, se a gente está lidando com grupos radicais, foram capazes de invadir esta sala aqui do Supremo, o Congresso e o Planalto, você imagina o que não poderiam fazer nas sessões eleitorais. Portanto, eu acho que ali se jogou uma cartada decisiva na democracia brasileira”, afirmou.

    Pacificação do país

    Barroso disse que se lamentou pelo fato de deixar a presidência do STF sem conseguir pacificar o país, com “ainda muitos núcleos raivosos” espalhados no cenário político brasileiro.

    “Eu gostaria de ter sido a pessoa que pudesse ter feito um resgate maior da civilidade no país, que é perfeitamente possível”, disse. O presidente do STF disse que os julgamentos da trama golpista e do 8 de janeiro dificultaram a pacificação.

    “Os julgamentos do 8 de janeiro, o volume que foi, que demorou, e o julgamento do golpe dificultaram muito criar esse ambiente de total pacificação, porque quem teme ser preso está querendo briga e não pacificação. Então, eu diria que a minha única frustração foi não ter conseguido fazer a pacificação”, completou.

    Tive convites dos EUA, mas não penso em deixar o Brasil, diz Barroso

  • Celso Sabino entrega carta de demissão a Lula após ultimato do União Brasil

    Celso Sabino entrega carta de demissão a Lula após ultimato do União Brasil

    A orientação do União para o ministro deixar o governo foi dada após reportagem revelar acusações feitas por um piloto de que o presidente do partido, Antonio Rueda, é dono de aviões operados pelo PCC

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou nesta sexta-feira (26) que pediu demissão ao governo Lula (PT) após ultimato dado pela cúpula do seu partido, o União Brasil. No entanto, ele diz que vai seguir dialogando com a cúpula do partido para tentar ficar no cargo.

    O ministro se encontrou com Lula nesta tarde no Palácio do Planalto. Ele vinha defendendo à cúpula do União Brasil que pudesse se licenciar da legenda para poder seguir à frente da pasta até o fim da COP30, a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, que ocorre em novembro, em Belém.

    Com domicílio eleitoral no estado, Sabino é uma das autoridades do governo petista mais atuantes na realização do megaevento e avalia que isso poderá ajudar a consolidar sua candidatura ao Senado, em 2026.

    Integrantes do partido diziam que Sabino tinha até esta sexta para deixar o cargo. O próprio ministro já tinha sinalizado a interlocutores que isso ocorreria, já que ele não sairia do partido -ele preside o diretório nacional da sigla. Ele tenta emplacar a secretária-executiva da pasta, Ana Clara Machado Lopes, para o seu lugar.

    No último dia 19, o ministro se reuniu com Lula e avisou que pediria demissão do cargo nesta semana, após a executiva nacional do seu partido aprovar por unanimidade a exigência de que seus filiados antecipassem a saída da gestão federal, que originalmente estava prevista para o próximo dia 30.

    A orientação do União foi dada após reportagem publicada pelo ICL (Instituto Conhecimento Liberta) e pelo UOL revelarem acusações feitas por um piloto de que o presidente do partido, Antonio Rueda, é dono de aviões operados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Rueda nega a acusação.

    A relação de Rueda com o governo federal já estava estremecida. O dirigente partidário reclamava a aliados pelo fato de nunca ter sido recebido pelo petista. A primeira reunião ocorreu em julho, um dia após o Congresso derrubar um decreto do governo com mudanças no IOF (Imposto sobre Circulação), e foi descrita por integrantes do União Brasil como “péssima”.

    De lá para cá, o presidente da República se queixou de declarações públicas do dirigente partidário com críticas ao governo federal. Rueda é presidente da federação com o PP e tem se posicionado na oposição à gestão petista e em apoio a uma candidatura da centro-direita em 2026. Em agosto, em reunião ministerial, o presidente cobrou fidelidade dos ministros do centrão e citou nominalmente Rueda, afirmando que não gostava dele e sabia que a recíproca era verdadeira.

    Após o ultimato do União Brasil, políticos procuraram tanto Rueda quanto integrantes do Planalto numa tentativa de distensionar o clima. Entre eles estaria o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente do PT, Edinho Silva. Não está descartada a possibilidade de uma reunião entre os dois nos próximos dias -apesar de ainda não ter data marcada.

    Um integrante da cúpula do partido diz que há uma disposição dos dois lados para baixar o tensionamento. Ele reconhece que uma ruptura total da sigla com o governo não é vantajosa para nenhum lado. Além disso, integrantes da sigla têm indicações em cargos federais e não estariam dispostos a abrir mão desses postos neste momento.

    Apesar disso, diz que esse movimento não estava atrelado à permanência ou não de Sabino no ministério. Isso porque a decisão de desembarque foi da executiva nacional da sigla e não caberia rever esse posicionamento de forma monocrática.

    Sabino é o único nome indicado pelo partido para integrar a Esplanada petista. Mesmo de saída do governo, ele recebeu sinalização do próprio Lula de que terá o apoio dele na disputa eleitoral.

    Os ministros Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) são da cota de Alcolumbre e não deverão deixar os cargos. Integrantes do primeiro escalão do Planalto avaliam que a aliança da gestão com o União Brasil se sustenta, há algum tempo, numa relação com Alcolumbre, e não com a direção da sigla.

    Além de Sabino, a federação União Brasil e PP tem outro indicado, ministro André Fufuca (Esportes). Para evitar deixar o comando da pasta na próxima terça (30), Fufuca, que é deputado federal licenciado, tenta costurar um acordo com a cúpula do PP para que possa permanecer no posto até o fim do ano. A ideia seria que ele se licenciasse da sigla neste período.

    De acordo com políticos do PP, o presidente do partido, Ciro Nogueira (PI), não se opõe à ideia. Há uma avaliação, no entanto, que com a saída de Sabino a pressão aumente para que Fufuca também deixe a Esplanada.

    Diante desse cenário, aliados do presidente apostam na tentativa de reacomodar os partidos da própria base aliada, inclusive do centrão, nesses espaços. Entre as legendas que podem ser contempladas estão PSD, PDT, PSB e até Republicanos.

    Auxiliares do presidente afirmam que, diferentemente do momento de montagem do governo, ainda na transição, quando a prioridade era garantir governabilidade, agora pesa também a construção de alianças regionais para 2026, buscando apoio à reeleição do petista.

    Celso Sabino entrega carta de demissão a Lula após ultimato do União Brasil

  • Presidente do Conselho de Ética define relator do caso Eduardo Bolsonaro

    Presidente do Conselho de Ética define relator do caso Eduardo Bolsonaro

    Eduardo Bolsonaro é alvo de representação no Conselho de Ética da Câmara, relatada por Marcelo Freitas (União Brasil-MG). O processo apura sua atuação nos EUA em busca de sanções contra o Brasil e pode levar à cassação de seu mandato após análise e votação.

    O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Fabio Schiochet (União Brasil-SC), definiu nesta sexta-feira, 26, o relator da representação que pode levar à cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em entrevista à Rádio Eldorado, Schiochet confirmou que o processo será relatado pelo Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG).

    Freitas integrava a lista tríplice de parlamentares que poderiam assumir a função. Além de Freitas, foram sorteados os nomes de Duda Salabert (PDT-MG) e Paulo Lemos (PSOL-AP).

    Essa é a primeira fase da tramitação da representação contra Eduardo. O processo foi apresentado pelo PT e diz que o deputado, valendo-se de uma licença parlamentar, atentou contra a soberania nacional ao ir aos Estados Unidos para negociar punições ao País.

    O relator da representação é o responsável pela instrução do processo, ou seja, pelo andamento da análise do caso. Ao final de um prazo de 40 dias, prorrogáveis por mais dez, o parecer do relator é votado pelo Conselho. Após a votação, cabe recurso e ratificação do plenário da Casa.

    Em outra frente que pode levar à cassação do mandato, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), barrou a indicação de Eduardo como líder da Minoria. A oposição a Lula articulou a indicação do filho de Jair Bolsonaro ao posto em uma tentativa de blindá-lo de uma cassação por acúmulo de faltas.

    Em março, Eduardo anunciou que se licenciaria do cargo por 120 dias para permanecer nos Estados Unidos, onde buscaria sanções contra “violadores dos direitos humanos”.

    Desde então, fez lobby por punições do governo americano contra o Brasil, como tarifas adicionais, revogação de vistos de autoridades e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A licença encerrou-se em julho. Desde então, as faltas do parlamentares passaram a ser contabilizadas.

    Na segunda-feira, 22, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo por coação no curso do processo da trama golpista, no qual Jair Bolsonaro e mais sete réus foram condenados por tentativa de golpe de Estado. No mesmo dia, a mulher de Moraes tornou-se alvo da Magnitsky, e o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, teve o visto revogado pelo governo de Donald Trump.

    Presidente do Conselho de Ética define relator do caso Eduardo Bolsonaro