Categoria: POLÍTICA

  • Motta envia pedido de afastamento de 6 deputados após motim na Câmara

    Motta envia pedido de afastamento de 6 deputados após motim na Câmara

    Nesta manhã, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou à Mesa Diretora um ofício em que pedia a abertura de processo disciplinar e a suspensão cautelar de cinco parlamentares bolsonaristas.

    O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, enviou à Corregedoria da Casa os pedidos de afastamento, por até seis meses, de cinco deputados da oposição que participaram do motim no Congresso Nacional e de uma deputada acusada de agressão.

    As medidas precisam ser votadas pelo Conselho de Ética da Casa.

    Os oposicionistas são do Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, e do Novo, e participaram da ocupação da Mesa Diretora da Câmara, obstruindo a retomada dos trabalhos legislativos. Já a deputada do PT é acusada de agredir o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

     

    Os deputados citados são:

    • Marcos Pollon (PL-MS);
    • Zé Trovão (PL-SC);
    • Júlia Zanatta (PL-SC);
    • Marcel van Hattem (Novo-RS); 
    • Paulo Bilynskyj (PL-SP); e
    • Camila Jara (PT-MS).

    A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Câmara após reunião na tarde desta sexta-feira (8). 

    “A Mesa da Câmara dos Deputados se reuniu nesta sexta-feira, 8 de agosto, para tratar das condutas praticadas por diversos deputados federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise”, informou em nota a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara.

    Após passarem pela corregedoria, onde as imagens serão analisadas, os processos voltarão à Mesa Diretora para, então, irem ao Conselho de Ética

    Acusações e defesas

    Nesta manhã, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou à Mesa Diretora um ofício em que pedia a abertura de processo disciplinar e a suspensão cautelar de cinco parlamentares bolsonaristas. A suspensão de Camila Jara foi pedida por deputados oposicionistas.

    Último a levantar-se da cadeira da Presidência da Câmara, Pollon é acusado de impedir a retomada dos trabalhos e de xingar Motta dias antes. Em postagem nas redes sociais, Pollon alega ser “autista” e não entender o que estava acontecendo, sentando-se momentaneamente na cadeira de Motta para pedir conselhos a Van Hattem, que estava ao lado.

    Zé Trovão, segundo o PT, o PSB e o PSOL, é acusado de tentar impedir fisicamente o retorno de Motta à Mesa Diretora.

    Zanatta é acusada de usar a filha de quatro meses como “escudo”, além de colocar a bebê em ambiente de risco e de tensão.

    Bilynskyj é acusado de “tomar de assalto e sequestrar” a Mesa Diretora do Plenário e de ocupar a Mesa da Comissão de Direitos Humanos, impedindo o presidente da comissão de exercer suas funções. O ofício também citou a agressão ao jornalista Guga Noblat, flagrada por câmeras.

    Zé Trovão, Zanatta e Bilynskyj não tinham se manifestado nas redes sobre a decisão de Motta até o momento. 

    Na sessão de quinta-feira (7), Zé Trovão disse não ter incentivado a violência, apenas tentado impedir a retirada de parlamentares à força. Em postagem anterior, a parlamentar disse que parlamentares de esquerda “odeiam as mulheres e a maternidade”.

    Van Hattem é acusado de tomar de assalto e “sequestrar” a cadeira da presidência. Van Hattem postou um trecho do Hino Nacional. Em vídeo anterior, disse que uma eventual suspensão do mandato pedida pelo PT seria golpe.

    Em relação a Camila Jara, a parlamentar é acusada de empurrar Nikolas Ferreira durante uma discussão para a retomada do controle do plenário da Câmara.

    A assessoria da deputada nega qualquer agressão e afirma ter havido um “empurra-empurra” em que a parlamentar afastou Nikolas, que teria se desequilibrado.

    * Com informações da Agência Câmara

    Motta envia pedido de afastamento de 6 deputados após motim na Câmara

  • Moraes autoriza Bolsonaro a receber familiares no Dia dos Pais

    Moraes autoriza Bolsonaro a receber familiares no Dia dos Pais

    O ministro atendeu ao pedido feito pela defesa do ex-presidente para incluir novos parentes na lista de visitantes. Moraes já tinha decidido que filhos e netos não precisam de autorização prévia para as visitas. 

    O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou oito familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro a visitá-lo neste domingo (10), quando será comemorado o Dia dos Pais.

    Na segunda-feira (4), Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente e restringiu visitas à casa onde Bolsonaro mora em Brasília.

    O ministro atendeu ao pedido feito pela defesa do ex-presidente para incluir novos parentes na lista de visitantes. Moraes já tinha decidido que filhos e netos não precisam de autorização prévia para as visitas. 

     

    Foram autorizados a visitar Bolsonaro o sogro Vicente de Paulo Reinaldo; a sogra Maisa Torres Antunes; a nora Fernanda Antunes; uma neta do ex-presidente, além de dois sobrinhos e um irmão de criação da ex-primeira dama Michele Bolsonaro.

    Conforme determinação de Moraes, as pessoas que forem autorizadas a visitar o ex-presidente não poderão usar celular para tirar fotos ou gravar imagens.

    As medidas foram decretadas após o ministro entender que Bolsonaro usou as redes sociais de seus filhos para burlar a proibição, inclusive por intermédio de terceiros.

    No domingo (3), Carlos, Flávio e Eduardo, filhos do ex-presidente, publicaram em suas redes sociais postagens de agradecimento de Bolsonaro aos apoiadores que compareceram aos atos realizados em diversas cidades do país.

    As medidas cautelares foram determinadas no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado pela sua atuação junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo. 

    Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. 

    Nesse processo, o ex-presidente é investigado por mandar recursos, via Pix, para bancar a estadia de seu filho no exterior. 

    Jair Bolsonaro também é réu na ação penal da trama golpista no Supremo. O julgamento deve ocorrer em setembro.

    Moraes autoriza Bolsonaro a receber familiares no Dia dos Pais

  • Polarização avança, e 76% se encaixam entre petistas e bolsonaristas, aponta Datafolha

    Polarização avança, e 76% se encaixam entre petistas e bolsonaristas, aponta Datafolha

    Entre os entrevistados, 18% se declararam neutros, 5% disseram não apoiar nenhum deles e 1% não soube responder

    SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – A polarização política no Brasil avançou, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, com 76% da população se identificando como bolsonarista ou petista.

    O grupo mais alinhado ao presidente Lula (PT) somava 39% e os simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 37%, tecnicamente empatados, conforme levantamento realizado nos dias 29 e 30 de julho, com 2.004 entrevistas presenciais em 130 municípios do Brasil e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

    Entre os entrevistados, 18% se declararam neutros, 5% disseram não apoiar nenhum deles e 1% não soube responder.

    A pesquisa foi feita antes da decretação, na última segunda-feira (4), da prisão domiciliar de Bolsonaro pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, mas depois de restrições impostas ao ex-presidente, como tornozeleira eletrônica, e em meio à discussão do tarifaço e a sanções do governo Donald Trump ao magistrado.

    Em junho, ambos os grupos também estavam empatados, em 35%, e a quantidade de neutros era numericamente maior (20%), assim como o contingente de pessoas que disseram não apoiar nenhum dos políticos (7%) e dos que não souberam responder (2%).

    Na prática, a soma de petistas e bolsonaristas ficava em 70%, no mesmo patamar de abril deste ano.

    A pesquisa de junho havia sido a primeira vez, desde o início da série histórica do Datafolha, em dezembro de 2022, em que a parcela de brasileiros que se declaram bolsonaristas havia igualado à dos que se identificam como petistas.

    Ao longo dos últimos dois anos e meio -logo após as eleições que conduziram Lula ao seu terceiro mandato- o Datafolha perguntou em nove ocasiões aos entrevistados: “considerando uma escala de 1 a 5, onde 1 é bolsonarista e 5 petista, em qual número você se encaixa?”.

    As pessoas que responderam “um” ou “dois” foram classificadas como bolsonaristas, e as que disseram “quatro” ou “cinco” foram categorizadas como petistas. Quem respondeu “três” foi tido como neutro.

    A vantagem dos apoiadores do PT em relação aos de Bolsonaro atingiu seu ápice (dez pontos) em duas ocasiões: em março de 2023 e em março de 2024. Nas outras pesquisas, a diferença variou entre seis e oito pontos, até ficar empatada em junho.

    A popularidade do presidente permanece em patamar baixo em relação a outros mandatos do petista. Ele segue com 40% de reprovação contra 29% de aprovação, em um cenário de estabilidade. Em seu terceiro mandato, Lula acumula desgastes com o Congresso e teve a imagem abalada pelo escândalo do INSS.

    O acirramento da polarização também se insere no contexto do julgamento de Bolsonaro, réu no STF pela trama golpista e acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração do patrimônio tombado.

    Em outra frente, ele teve a prisão domiciliar decretada nesta semana por ter descumprido medidas cautelares que lhe haviam sido impostas por Moraes, entre as quais a proibição do uso de redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros.

    Bolsonaro é suspeito de ajudar o seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), a conspirar contra a soberania nacional, com o objetivo de influenciar o governo dos Estados Unidos a aplicar sanções contra o Brasil, em retaliação a uma suposta perseguição ao ex-mandatário.

    O presidente americano Donald Trump anunciou um tarifaço de 50% para os produtos brasileiros e cassou os vistos de oito ministros do Supremo. Moraes foi punido com a Lei Magnitsky, criada para pessoas que cometeram crimes contra os direitos humanos. Em paralelo, a base bolsonarista tem intensificado os ataques ao STF, pedindo uma anistia irrestrita a todos os envolvidos na trama golpista.

    Polarização avança, e 76% se encaixam entre petistas e bolsonaristas, aponta Datafolha

  • Processo contra Bolsonaro não deve ser afetado com mudança em foro, avaliam ministros do STF

    Processo contra Bolsonaro não deve ser afetado com mudança em foro, avaliam ministros do STF

    Parlamentares de direita estão tentando emplacar uma mudança na legislação para supostamente beneficiar Jair Bolsonaro

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Uma mudança na legislação sobre o foro especial, conforme articulado no Congresso Nacional, não deve impactar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista de 2022, segundo a avaliação de ao menos uma parte dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

    O principal motivo é a previsão de o julgamento ocorrer em setembro, com as defesas já perto do prazo para entregar suas alegações finais. Acredita-se no Supremo que não haverá tempo hábil para aprovar a mudança no foro antes da sentença dos réus da tentativa de golpe de Estado.

    Outro argumento usado por integrantes do tribunal é a existência de jurisprudência definindo que mudanças no entendimento sobre o foro não atingem processos que estão em fase de alegações finais.

    Essa discussão foi consolidada no tribunal em uma questão de ordem na ação penal contra o ex-deputado federal Marquinhos Mendes (MDB-RJ). A controvérsia surgiu diante das recorrentes mudanças na jurisprudência sobre o foro por prerrogativa de função no STF.

    A mudança no foro especial passou a ser articulada nesta semana na Câmara dos Deputados durante o motim de parlamentares bolsonaristas contrários à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

    Partidos do centrão e da oposição fecharam um acordo para acelerar a votação de um projeto sobre o tema. A ideia é proibir investigações contra deputados e senadores enquanto não houver aval prévio do Congresso e estabelecer três graus de julgamento para os processos contra os congressistas, retirando os casos do STF.

    Com o objetivo de evitar que políticos pudessem forçar o deslocamento de seus processos para instâncias inferiores, saindo do cargo às vésperas do julgamento, o Supremo decidiu que as novas regras não se aplicariam às ações penais em fase final.

    A PGR (Procuradoria-Geral da República) tenta confirmar essa jurisprudência no Supremo. Na terça-feira (5), o procurador Paulo Gonet entrou com um recurso pedindo que os processos penais já em fase de alegações finais sejam mantidos nos tribunais de origem.

    O tema entrou em pauta após o Supremo decidir, em março, ampliar o foro especial para manter na corte as investigações de autoridades mesmo após elas deixarem os cargos.

    No recurso, Gonet afirma que a PGR identificou efeitos práticos da mudança na jurisprudência do STF sobre o foro especial que tem causado retrocesso em processos em fase final.

    Para o procurador, as mudanças de competência dessas ações penais “não se mostram compatíveis com os objetivos institucionais que motivaram a revisão do entendimento vigente”.

    A PGR entende que a jurisprudência do STF foi criada para evitar retrocessos investigativos e morosidade nos processos penais, sob pena de ineficácia do Poder Judiciário.

    “Sob perspectiva probatória, a ruptura na condução da persecução penal projeta efeitos sensíveis sobre o princípio do juiz natural em sua dimensão instrutória”, diz Gonet.

    O Supremo deve julgar o recurso de Gonet nas próximas semanas no plenário virtual.

    Advogados que atuam no Supremo e integrantes do tribunal também dizem acreditar que, como o ministro Alexandre de Moraes era uma das vítimas no caso dos planos golpistas, o regimento interno da corte poderia atrair a competência do caso para o STF.

    Professor de direito processual penal da USP, Gustavo Badaró entende que a jurisprudência sobre a não movimentação dos processos em alegações finais não se enquadra no caso de Bolsonaro.

    “Essa jurisprudência é para quando a pessoa estava no cargo e deixa o cargo quando o processo já está em alegações finais. Se houver uma mudança na Constituição, a situação é outra”, diz.

    Badaró defende que mudanças legislativas sobre critérios de competência não deveriam se aplicar a processos em curso, porque afetaria o conceito do juiz natural estabelecido na Constituição.

    Essa, porém, não tem sido a avaliação do Supremo. “O Supremo sempre entendeu que mudanças legislativas de competência afetavam os processos em curso […] Portanto, se houver uma PEC que extingue o foro por prerrogativa de função, em tese, se o Supremo mantiver coerência com a sua jurisprudência, esta PEC será aplicada aos processos em curso”, completa.

    A advogada criminalista Daniella Meggiolaro entende que mudanças na legislação sobre foro tem aplicação imediata.

    “Em tese, o processo que corre no Supremo, ele teria que descer para a primeira instância, independentemente do momento processual em que se encontra. Essa questão das alegações finais, da proposta da PGR, é uma proposta para pacificar o momento adequado de retorno dos autos ou envio dos autos para o foro em que ele passa a correr. Mas não é uma questão pacificada”, diz Meggiolaro.

    No Congresso, os parlamentares ainda tentam aprovar um projeto que concede anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro e dar início a um processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado.

    A avaliação no Supremo é que o impeachment de Moraes não deve avançar. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), indicou aos líderes partidários que não dará seguimento ao processo mesmo com as 41 assinaturas de senadores favoráveis à retirada do ministro do Supremo.

    Dois ministros ouvidos pela Folha também destacam que o motim bolsonarista desta semana e o intuito de livrar o ex-presidente de eventual condenação enterraram a proposta por anistia no Congresso -podendo ainda ser considerada inconstitucional no Supremo.

    Processo contra Bolsonaro não deve ser afetado com mudança em foro, avaliam ministros do STF

  • Motta parou em barreira com bebê e suspeita de arma nos minutos que abalaram gestão na Câmara

    Motta parou em barreira com bebê e suspeita de arma nos minutos que abalaram gestão na Câmara

    Ao tentar recuperar cadeira de presidente, ele se deparou com aglomeração de 70 pessoas e ameaçou recuar

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – Hugo Motta (Republicanos-PB) viveu na noite de quarta-feira (6) o episódio público mais conturbado dos seis meses em que comanda a Câmara dos Deputados.

    Nos pouco mais de seis minutos entre que sair de seu gabinete e recuperar o comando da Casa, ele ameaçou recuar, foi afastado para o fundo da mesa do plenário pelo empurra-empurra e demonstrou claro constrangimento após, enfim, ser praticamente jogado de volta na cadeira de presidente por aliados.

    Em seu caminho encontrou uma barreira, a recusa de deputados de se levantarem de seu posto, a suspeita de um deputado armado e até um bebê de colo no meio de um pelotão de cerca de 70 pessoas que se aglomeravam, gritavam e se empurravam no pequeno espaço.

    O fim do motim de deputados que protestavam contra prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi costurado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) com a oposição, mas o desfecho acabou saindo do script.

    De acordo com o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), o trato era Hugo Motta deixar o gabinete e reassumir a sua cadeira apenas quando todos os amotinados descessem da mesa para o plenário.

    O presidente da Casa tinha dito aos deputados ter como ponto de honra a realização da sessão às 20h30. Acabou decidindo fazer o curto percurso entre seu gabinete e a cadeira de presidente quando o relógio já passava das 22h.

    A imprensa, que havia sido barrada pela Polícia Legislativa de entrar no plenário amotinado, acabou liberada para acompanhar o desfecho das galerias do plenário.

    Ao surgir na saída do seu gabinete -que tem acesso direito ao plenário-, e tentar subir as escadas para acessar a mesa, o presidente da Câmara foi barrado pelo bolsonarista Zé Trovão (PL-SC), de terno e com o costumeiro chapéu de caubói. Trovão ficou postado ali, com uma perna como entrave.

    Foi preciso o apelo de Motta, de deputados e de um policial legislativo que o acompanhava para Trovão dar passagem.

    Sóstenes disse que veio dele a ordem para o correligionário se postar na escada e impedir a passagem do presidente, já que queria evitar um mal maior. Trovão afirmou que estava ali para evitar a ameaça de que a Polícia Legislativa fosse usada para retirar os parlamentares à força.

    De acordo com pessoas que acompanharam o tumulto de perto, havia rumores até de que algum deputado bolsonarista estivesse armado. Apesar de a Folha ter ouvido esse relato de várias fontes de informação, a assessoria de Motta disse não ter chegado a ele essa suspeita.

    Após se desvencilhar de Trovão, Motta foi parado por Sóstenes, que lhe pedia calma. Ele seguiu adiante e chegou, em meio ao empurra-empurra, à cadeira da presidência, mas não conseguiu sentar.

    Lá estava Marcel van Hattem (Novo-RS), que dali se recusou a sair. Outro que também resistia a sair da Mesa Diretora era Marcos Pollon (PL-MS).

    “Tinha sido combinado que a gente ia conversar com os deputados e depois voltaríamos no [gabinete do] Hugo para conversar o que tinha sido acertado com os líderes. Estávamos ainda discutindo a proposta quando ele chegou de surpresa, digamos assim, e isso gerou mal-estar em vários colegas”, diz van Hattem.

    Logo ao lado estava a deputada Júlia Zanatta (PL-SC), que chegou a levar sua filha de quatro meses para o meio da confusão -cujos decibéis eram elevados pelos cântigos religiosos gritados pelo deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA).

    Enquanto bolsonaristas, como Marco Feliciano (PL-SP), conversavam e tentavam convencer a dupla a ceder, Motta ia sendo afastado pelo empurra-empurra para o fundo da mesa.

    Passados alguns momentos, Motta ordenou que policial legislativo que o acompanhava abrisse caminho de volta ao seu gabinete. Ele iria recuar e a movimentação aparentou colocar em desespero tanto aliados quanto bolsonaristas, que ficariam mais ainda sob risco de terem os mandatos suspensos como punição (nesta quinta, o presidente da Câmara disse que estuda as imagens para definir punições).

    Após dar alguns passos de volta ao gabinete, Motta foi puxado pelo deputado Hélio Lopes (PL-RJ), que prometeu retirar os amotinados da mesa.

    Do outro lado, os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Elmar Nascimento (União-BA), Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), Doutor Luizinho (PP-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE) passaram a empurrá-lo em direção à cadeira da presidência.
    No meio do caminho, voltou a encontrar van Hattem, que dessa vez estava de pé, e aparentou ter uma conversa de poucos segundos nada amistosa com ele.

    Foram cerca de seis minutos. E, enfim, o presidente da Câmara conseguiu sentar na cadeira que estava obstruída havia 30 horas.

    Motta, que tem 35 anos, é o presidente mais jovem a comandar a Câmara.

    O motim bolsonarista, que incluiu não só os seis minutos que abalaram sua gestão, mas a necessidade de intervenção do antecessor e padrinho de sua candidatura, Arthur Lira (PP-AL), levou parlamentares a avaliarem que sua liderança saiu fragilizada.

    Até mesmo aliados dizem que essa operação para sentar na cadeira da presidência foi mal executada por Motta, que titubeou e quase recuou. Nas palavras de um deles, se o presidente da Câmara tivesse voltado para seu gabinete naquele momento, corria risco de perder totalmente sua legitimidade à frente da Casa.

    Em seu discurso logo após retomar o posto, Motta disse que a sua presença era para garantir ” a respeitabilidade desta mesa, que é inegociável” e para que “a Casa possa se fortalecer”. “O que aconteceu nessa Casa não foi bom, não foi condizente com nossa história. […] O que aconteceu ontem e hoje não pode ser maior do que o plenário”, afirmou.

    Motta parou em barreira com bebê e suspeita de arma nos minutos que abalaram gestão na Câmara

  • Carla Zambelli pede a influenciadores campanha contra ministro de Justiça da Itália

    Carla Zambelli pede a influenciadores campanha contra ministro de Justiça da Itália

    A parlamentar pediu ajuda dos influenciadores Allan dos Santos e Paulo Figueiredo para uma campanha nos perfis de Carlo Nordio, ministro da Justiça da Itália

    A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália desde 29 de julho, encaminhou uma carta a seus familiares na qual pediu ajuda dos influenciadores Allan dos Santos e Paulo Figueiredo para uma campanha nos perfis de Carlo Nordio, ministro da Justiça da Itália.

    “Tenta fazer uma campanha para as pessoas comentarem no perfil dele e pedirem por mim, fala com Allan dos Santos e Paulo Figueiredo para ajudarem o público dele”, disse Zambelli em carta enviada a familiares em 2 de agosto. O documento foi obtido pelo jornal Folha de S.Paulo.

    Cabe ao órgão chefiado por Nordio decidir se Zambelli permanecerá presa durante o trâmite da extradição ao Brasil ou se pode permanecer em liberdade enquanto aguarda a decisão do processo. Como mostrou o Estadão, a extradição pode durar de um ano e meio a dois anos.

    Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter pedido a um hacker a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. A sentença também determina a perda do cargo na Câmara. Após a condenação, a parlamentar fugiu do País, passando a ser foragida da Justiça brasileira. Ela foi presa na Itália em 29 de julho.

    Após ser presa na Itália, Zambelli passou por uma audiência de custódia em 1º de agosto. A Justiça italiana manteve a sua detenção. A deputada federal está presa na penitenciária de Rebibbia, em Roma.

    Assim como Zambelli, Allan dos Santos também está foragido da Justiça brasileira. Há um mandado de prisão em aberto contra o influenciador da \”tropa de choque\” bolsonarista. Paulo Figueiredo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na trama golpista. O influenciador é considerado o braço direito do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na busca por sanções ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos.

    Além da condenação pelo ataque hacker, Zambelli é ré por empunhar uma arma contra um homem em São Paulo na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022. O julgamento por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal está pausado por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, mas já há maioria entre os ministros para condená-la.

    Em paralelo à extradição, tramita na Câmara o processo que pode levar à cassação do mandato de Zambelli. O caso está em análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

    Carla Zambelli pede a influenciadores campanha contra ministro de Justiça da Itália

  • Motta sobre Eduardo Bolsonaro: 'Não há mandato a distância' no regimento

    Motta sobre Eduardo Bolsonaro: 'Não há mandato a distância' no regimento

    “Sabia daquilo que não seria possível manter, quando optou por ficar a distância do seu mandato, do Estado que representa”, observou Motta sobre Eduardo

    O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse nesta quinta-feira, 7, que respeita, mas não concorda com “alguns movimentos” feitos pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e indicou que pode decretar a perda do mandato do parlamentar. “Não há previsibilidade para exercício do mandato a distância”, afirmou Motta.

    “Temos um problema político-jurídico que envolve o deputado Eduardo Bolsonaro, que tomou a decisão de ir aos Estados Unidos e ficar lá defendendo teses que lhe são caras. E essas teses, nós temos que respeitar, ele está no exercício, apesar de não concordar com alguns movimentos que ele tem feito”, disse Motta, em entrevista ao site Metrópoles.

    Segundo o presidente da Câmara, Eduardo será tratado “com base no regimento”. “É importante dizer que iremos tratar todo deputado com base no regimento. Não há previsibilidade para o exercício do mandato a distância no nosso regimento”, reiterou.

    Ainda de acordo com Motta, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma escolha ao ir para os Estados Unidos. “Sabia daquilo que não seria possível manter, quando optou por ficar a distância do seu mandato, do Estado que representa”, observou Motta.

    Repetindo ameaças que tinha feito na semana passada, Eduardo disse que o presidente da Câmara pode virar alvo de sanções do governo americano caso “não cumpra o seu papel enquanto representante da sociedade”.

    ‘Próximos capítulos’

    “Eu não falo pelo governo americano, mas pode, sim, haver, como por exemplo ocorreu para Rodrigo Pacheco, que perdeu o seu visto. Ele perdeu o visto devido ao grande volume de pedidos de impeachment do Alexandre de Moraes que nunca sequer foram analisados. Então o Pacheco, ex-presidente do Senado, foi visto como uma parte, uma peça que sustenta esse regime. Se continuar nessa toada de Alexandre de Moraes abusando do poder e nada sendo feito, pode, possivelmente, nas cenas dos próximos capítulos, isso daí ocorrer”, afirmou Eduardo.

    O governo dos EUA anunciou no dia 30 de julho punição a Moraes com a Lei Magnitsky. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com as sanções previstas na norma, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos.

    A Lei Magnitsky prevê como punições aos alvos a proibição de entrada nos Estados Unidos, o bloqueio de bens e propriedades em território americano e a proibição “extraterritorial de prestação de serviços por empresas com sede nos Estados Unidos”.

    Motta disse que um ônus de seu trabalho como presidente da Câmara é o equilíbrio. “Nós temos que fazer o que é certo e nada nos tirará desse foco”, afirmou, em resposta à declaração de Eduardo Bolsonaro.

    Motta havia prometido ontem tomar providências em relação aos deputados que ocuparam o plenário e obstruíram os trabalhos na Casa por mais de 30 horas. “Providências serão tomadas até o final do dia de hoje (ontem)”, disse ao ser questionado se havia desistido de aplicar um ato com punições de suspensão de mandatos por 180 dias.

    Bebê ‘escudo’

    Em relação a uma cena marcante da conflagração na Câmara, o deputado Reimont (PT-RJ) afirmou que acionou o Conselho Tutelar nesta quarta, 6, contra a deputada Julia Zanatta (PL-SC), que levou sua filha de quatro meses à Casa durante a obstrução dos trabalhos. Em suas redes sociais, a parlamentar disse ter usado o bebê como “escudo” para não ser retirada do local.

    No ofício encaminhado ao Conselho Tutelar, Reimont diz que a conduta da deputada “suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional”.

    O texto publicado pelo deputado no X (antigo Twitter) destaca que Zanatta se manteve com a criança no colo, sentada nas cadeiras da Mesa Diretora da Câmara, mesmo com “alertas e possibilidade de intervenção da Polícia Legislativa”.

    A parlamentar afirmou, também no X, que os que criticam a atitude dela “não estão preocupados com a integridade da criança”, já que “nenhum abortista jamais esteve”. “Eles querem é inviabilizar o exercício profissional de uma mulher usando, sim, uma criança como escudo.”

    A deputada do PL e os demais parlamentares da oposição tentaram paralisar os trabalhos na Câmara e no Senado em meio à pressão pela aprovação do Projeto de Lei da Anistia e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

    Motta sobre Eduardo Bolsonaro: 'Não há mandato a distância' no regimento

  • Motta diz que avalia imagens para definir punição a deputados por motim bolsonarista

    Motta diz que avalia imagens para definir punição a deputados por motim bolsonarista

    A avaliação de aliados de Motta é a de que deixar de punir Van Hattem poderia desmoralizá-lo, já que o líder do Novo ficou sentado na cadeira da presidência e se recusou a deixar o local

    BRASÍLIA, DF (FOLHARPESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que analisa imagens das câmeras da Casa para definir se e quais deputados serão punidos por terem resistido a liberar a Mesa Diretora na noite desta quarta-feira (6), quando ele teve dificuldade para recuperar o comando do plenário.

    Pelo menos três deputados são mencionados pelos colegas como possíveis alvos de punição -Zé Trovão (PL-SC), que barrou por alguns segundos a subida de Motta à mesa, e Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS), que se recusaram em um primeiro momento a deixar as cadeiras que ocupavam.

    A avaliação de aliados de Motta, inclusive, é a de que deixar de punir Van Hattem poderia desmoralizá-lo. O líder do Novo estava sentado na cadeira da presidência.

    Na tarde de quarta (6), quando decidiu convocar uma sessão e retomar o plenário, Motta divulgou um comunicado no qual dizia que “quaisquer condutas que tenham por finalidade impedir ou obstaculizar as atividades legislativas” estariam sujeitas à suspensão cautelar do mandato por até seis meses.

    “Estamos avaliando as imagens, existem pedidos de líderes para punir. Será uma decisão conjunta da mesa. Está, sim, em avaliação punição a alguns parlamentares que se excederam para dificultar o reinício dos trabalhos”, disse ele em entrevista ao portal Metrópoles nesta quinta (7).

    “Não cabe a esse presidente usar da força física para garantir a normalidade dos trabalhos, cabe usar instrumentos regimentais”, completou.

    Mais cedo, ao chegar à Câmara no início da tarde, Motta afirmou à imprensa que “providências seriam tomadas até o final do dia”.

    “Se alguém tiver que ser punido sou eu, não o Trovão”, disse Sóstenes, que nesta quinta fez um discurso em que manteve os ataques ao Supremo Tribunal Federal, mas defendeu conciliação, o que incluiu um pedido de perdão a Motta durante a sessão.

    Trovão disse que se posicionou para evitar a tentativa de retirada de parlamentares à força. “Em nenhum momento pensamos em incentivar a violência ou qualquer coisa do tipo, simplesmente estávamos somente nos defendendo caso necessário. O nosso protesto foi para que o presidente Hugo Motta cumprisse com a palavra de pautar a anistia e, após nossa liderança ser ouvida, liberamos a subida”, afirmou.

    Van Hattem afirmou ao jornal O Globo que resistiu a deixar a cadeira porque não tinha sido avisado de que a oposição havia aceitado acabar com o motim.
    Motta conseguiu recuperar a cadeira às 22h21 desta quarta-feira após uma longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL).

    O presidente da Casa demorou mais de seis minutos para atravessar o mar de deputados bolsonaristas que ocuparam a Mesa da Câmara desde terça-feira (5).

    Ele chegou a andar de volta ao gabinete após chegar perto da cadeira e ela não ser cedida por Van Hattem. Depois de muita conversa e empurra-empurra, ele foi praticamente arrastado de volta para a cadeira e abriu a sessão plenária.

    Motta diz que avalia imagens para definir punição a deputados por motim bolsonarista

  • Lula diz a Kassab que centrão e oposição podem pagar preço ao atuar contra o país

    Lula diz a Kassab que centrão e oposição podem pagar preço ao atuar contra o país

    O encontro ocorreu enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem Kassab é secretário de Governo, estava em Brasília para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O presidente Lula (PT) afirmou em encontro com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que parlamentares do centrão e da oposição erram ao inviabilizar a votação de pautas de interesse do governo e apoiarem sanções impostas pelo governo Donald Trump, sob pena de serem acusados de trabalhar contra o país.

    Um dia depois de bolsonaristas obstruírem as votações no Congresso, ocupando até mesmo a cadeira do presidente da Câmara, Lula lembrou, segundo relatos obtidos pela Folha, que oposicionistas foram criticados por apoiarem as sanções econômicas impostas pelo governo Trump contra o Brasil.

    A reportagem apurou que o petista citou na conversa pesquisas segundo as quais as ameaças de prejuízos econômicos têm recaído sobre a oposição.

    O encontro ocorreu enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem Kassab é secretário de Governo, estava em Brasília para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.

    Embora tenham representantes na Esplanada dos Ministérios, os partidos do centrão (União Brasil, MDB, PP, PSD e Republicanos) têm enfileirado derrotas no Congresso ao Palácio do Planalto, com núcleos de oposição aberta em alguns casos.

    O PSD, por exemplo, lidera três pastas, mas tem dois pré-candidatos à Presidência para 2026 (os governadores Ratinho Junior, do Paraná, e Eduardo Leite, Rio Grande do Sul).

    Além disso, Kassab teceu no início do ano críticas públicas ao governo petista e foi uma das lideranças que se solidarizaram com Bolsonaro após sua prisão domiciliar ser decretada.

    Segundo a Folha apurou, Lula disse no almoço que a saída do Brasil para o tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros é buscar novos parceiros comerciais. No encontro, ele teria elogiado o papel do PSD no Congresso.

    Ao ser convidado para o encontro, Kassab ressaltou à ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) que o partido tem candidato à Presidência da República e que uma aliança com vistas a 2026 não deveria estar em pauta.

    Em resposta, a ministra disse que Lula tem conhecimento da decisão do partido. Além dela, o almoço contou com a participação dos ministros do PSD e do líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA). Também estavam presentes o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o presidente da CCJ (Comissão e Constituição e Justiça) da Casa, Otto Alencar (PSD-BA).

    O encontro ocorreu num momento em que Lula tem se reunido com lideranças de partidos da base aliada numa tentativa de aproximação com as legendas. Nos últimos dias, ele esteve com ministros e lideranças do MDB e do União Brasil. No caso do União Brasil, o presidente também cobrou ministros da legenda sobre a falta de apoio do partido no Congresso e declarações do presidente e líderes do partido criticando o Executivo.

    O PSD de Kassab ocupa os ministérios de Minas e Energia, com Alexandre Silveira, Agricultura, com Carlos Fávaro, e Pesca, com André de Paula.

    VISITA DE TARCÍSIO A BOLSONARO

    Enquanto o petista e Kassab almoçavam, Tarcísio estava em Brasília para visitar Bolsonaro.

    O governador chegou por volta das 14h30, sem falar com a imprensa. Mais tarde, afirmou que o ex-presidente “está bem, está sereno”.

    Como mostrou a Folha de S.Paulo, a prisão domiciliar do padrinho político reanimou aliados de Tarcísio quanto à possibilidade de ele ser o candidato à sucessão do bolsonarismo à Presidência em 2026.

    O movimento, por ora tímido, ocorre após semanas de desânimo com uma potencial candidatura.

    O governador foi alvo de críticas, de diferentes lados do espectro político, por sua tentativa de atuar no tarifaço, por não se manifestar sobre sanções dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, do STF, e por não ter feito qualquer gesto a respeito dos atos bolsonaristas no domingo (3).

    Com a antecipação da já esperada prisão de Bolsonaro, na última segunda (4), pessoas próximas disseram ter havido um novo movimento de pressão para que Tarcísio se mantenha no rol de sucessores.

    Tarcísio foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro e, na pasta, endossou a postura negacionista do então presidente sobre a Covid. Estava ao lado dele na live em que o ex-presidente riu ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.

    Lula diz a Kassab que centrão e oposição podem pagar preço ao atuar contra o país

  • Alcolumbre impõe derrota a bolsonaristas ao negar impeachment de Moraes

    Alcolumbre impõe derrota a bolsonaristas ao negar impeachment de Moraes

    O presidente do Congresso conseguiu encerrar o motim de bolsonaristas no Senado

    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), impôs derrota ao bolsonarismo após se negar a dar andamento à proposta de impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

    Senadores que se rebelaram depois da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agora tentam usar as 41 assinaturas que obtiveram a favor do impedimento do ministro para pressionar o presidente da Casa.

    Alcolumbre retomou a mesa de onde o presidente do Senado conduz as sessões deliberativas na manhã desta quinta-feira, após dois dias em que ela ficou ocupada pelos bolsonaristas amotinados. Os dois dias em que a Casa ficou impedida de ter votações -terça (5) e na quarta (6)- são aqueles em que normalmente há mais deliberações.

    Além de se negar a pautar o impeachment de Moraes, Alcolumbre, respaldado por outros líderes de bancada, recusou-se a negociar a votação de qualquer outro projeto da oposição antes que a obstrução fosse encerrada.

    “Para usar as palavras dele [Alcolumbre], ‘não há hipótese de que eu coloque para votar essa matéria [impeachment de Moraes]’”, disse o líder do PSB no Senado, Cid Gomes (CE), depois de reunião na casa de Alcolumbre na noite de quarta-feira (6), quando o presidente do Senado recebeu apoio para debelar a rebelião.

    Segundo Cid, Alcolumbre disse que a prerrogativa de iniciar um processo de impeachment contra um ministro do Supremo é apenas dele, mesmo que 80 senadores assinem requerimento nesse sentido. Havia alguns bolsonaristas na reunião.

    A quantidade de assinaturas pelo impeachment tem valor simbólico. O bolsonarismo agora pode dizer que tem apoio da maioria dos 81 senadores para o processo de cassação de Moraes. O número, porém, não tem valor frente ao regimento do Senado: a decisão de colocar ou não a proposta para andar cabe exclusivamente a Alcolumbre.

    A reportagem apurou que alguns dos senadores que constam entre os signatários do pedido de impeachment de Moraes se colocaram contra o motim bolsonarista. Um exemplo é o do representante do União Brasil na reunião com Alcolumbre, Jayme Campos (MT), que assinou o documento e mesmo assim respaldou o presidente do Senado.

    Cid falou a jornalistas depois que a maior parte dos líderes deixou a casa de Alcolumbre. Representantes da oposição bolsonarista ficaram para uma segunda conversa. Eles queriam ter uma reunião separada.

    Nessa segunda reunião, o presidente do Senado repreendeu os bolsonaristas, segundo apurou a reportagem, e disse que não negociaria a pauta de votações enquanto o plenário estivesse bloqueado. Também deixou claro que não haveria mais interlocução entre ele e o grupo caso a rebelião não fosse encerrada na quinta-feira (7).

    Na manhã desta quinta, depois das reuniões da noite, líderes bolsonaristas conversaram no gabinete da senadora Tereza Cristina (PP-MS). De lá, foram para o plenário encontrar os aliados e desocuparam o local.

    “Agora há pouco nós conseguimos a 41ª assinatura que requer a abertura de processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes pelos crimes de responsabilidade praticados”, disse o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), ao deixar o plenário.

    Marinho afirmou que o número é uma vitória para seu grupo. “Esperamos agora que o presidente da Casa, o senador Davi Alcolumbre, recepcionando esse documento, verificando que a maioria de seus pares tem essa intenção, avalie de que forma esse processo poderá ser aberto”, declarou o líder da oposição.

    A 41ª assinatura foi do senador Laércio Oliveira (PP-SE). Ele demonstrava resistência a endossar o documento, mas foi convencido pela manhã.

    Líderes ouvidos pela reportagem dizem não ter havido nenhum acordo entre Alcolumbre e os bolsonaristas, mas sim o que seria uma saída honrosa construída por senadores da oposição próximos ao presidente da Casa.

    Alcolumbre só foi para o plenário do Senado quando o espaço já havia sido liberado pelos bolsonaristas.

    O cenário foi diferente do enfrentado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). O deputado precisou abrir caminho entre colegas rebelados e demorou seis minutos para chegar à sua cadeira. Também necessitou da ajuda de um de seus padrinhos políticos, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), para negociar a retomada do controle do plenário.

    Uma reunião de Alcolumbre com líderes partidários do Senado chegou a ser marcada para a tarde de quinta-feira. Seria o espaço para os bolsonaristas, já com a rebelião encerrada, negociarem projetos de seu interesse. O encontro, porém, ficou para semana que vem.

    O impeachment de Moraes é parte de um conjunto de propostas que congressistas aliados de Jair Bolsonaro têm chamado de “pacote da paz”, que também inclui a anistia aos processados pela trama golpista que culminou nos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro e o fim do foro especial.

    Alcolumbre impõe derrota a bolsonaristas ao negar impeachment de Moraes