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  • Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

    Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

    Durante conversa com jornalistas no Air Force One, Donald Trump disse que a China deve retomar a compra de soja e interromper o envio de fentanil aos EUA para que haja redução de tarifas. O presidente também comentou o cessar-fogo em Gaza e a crise econômica na Argentina

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (19) que a China precisa “retomar a compra de soja, pelo menos nos volumes de antes” e interromper o envio de fentanil para os EUA. As declarações ocorreram durante entrevista a bordo do Air Force One, enquanto o republicano descrevia suas exigências a Pequim no contexto das negociações bilaterais.

    Trump disse manter “ótima relação com Xi Jinping” e acenou com a possibilidade de reduzir tarifas sobre produtos chineses, caso as condições sejam atendidas. O presidente também pediu que a China “não jogue o jogo das terras raras conosco”, referindo-se aos minerais essenciais para a indústria tecnológica.

    Segundo ele, trata-se de “pedidos muito normais” para que Washington considere aliviar as sobretaxas comerciais.

    Ao comentar a situação no Oriente Médio, Trump afirmou que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas segue em vigor, mas alertou que “alguns rebeldes” dentro do grupo podem estar por trás de recentes disparos. “Talvez a liderança do Hamas não esteja envolvida nisso, mas, de qualquer forma, lidaremos com isso de forma dura, porém correta”, declarou.

    O republicano também mencionou a crise econômica da Argentina, afirmando que o país “está morrendo” e que gostaria de ajudar. “A Argentina é nossa aliada, mas não está bem financeiramente”, disse. Trump afirmou que os Estados Unidos consideram comprar carne argentina, embora em pequena quantidade.

    Por fim, destacou que várias nações da América do Sul “estão saindo do socialismo e nos procurando”.

    Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições

  • Ex-dirigente da Cultura atua 'nas sombras' ao lado de Eduardo Bolsonaro nos EUA

    Ex-dirigente da Cultura atua 'nas sombras' ao lado de Eduardo Bolsonaro nos EUA

    De acordo com aliados do ex-presidente da República, o ex-PM alinha-se ao discurso crítico de Eduardo em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) –muito em função, dizem, da frustrada tentativa do filho de Bolsonaro de, no final de 2022, emplacar Porciuncula como secretário de Cultura de São Paulo.

    RANIER BRAGON
    BRASÍLIA, DF (CBS NEWS) – A ofensiva patrocinada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro a partir dos Estados Unidos tem como face pública, além do próprio parlamentar, o neto do ex-presidente João Figueiredo, Paulo Figueiredo. Há, porém, um terceiro bolsonarista que também compõe o grupo, só que longe de holofotes e redes sociais.

    Trata-se do ex-PM baiano André Porciuncula, braço direito de Mario Frias na Cultura durante o governo de Jair Bolsonaro.

    De acordo com aliados do ex-presidente da República, o ex-PM alinha-se ao discurso crítico de Eduardo em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) –muito em função, dizem, da frustrada tentativa do filho de Bolsonaro de, no final de 2022, emplacar Porciuncula como secretário de Cultura de São Paulo.

    Em mensagem privadas que acabaram se tornando públicas, Eduardo afirmou ao pai que Tarcísio nunca havia ajudado em nada no STF e que se limitava a ficar “de braço cruzado” e “se aquecendo para 2026”.

    Porciúncula foi Secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura na gestão de Mario Frias na secretaria de Cultura –área que no governo Bolsonaro não tinha status de ministério, sendo vinculada à pasta do Turismo. Em dezembro de 2022, ocupou por menos de um mês o comando da secretaria.

    Na pasta, implantou a política bolsonarista de desmonte da Lei Rouanet e se envolveu em polêmicas como a defesa de projetos armamentistas na cultura e o gasto em janeiro de 2022 de ao menos R$ 20 mil em uma viagem de cinco dias a Los Angeles para apenas duas reuniões –uma delas com a presença de Eduardo Bolsonaro, de quem é amigo, e que estava de férias com a família nos EUA.

    Porciuncula tentou se eleger pelo PL para um mandato em 2022, como deputado federal, e 2024, como vereador em Salvador, mas fracassou nas duas tentativas. Na primeira, teve 82.693 votos no estado. Na segunda, 2.758 votos na capital.

    Os perfis do ex-PM no Facebook e no Instagram estão inativos desde outubro de 2024, data da eleição municipal. No X (ex-Twitter) a última postagem é de maio de 2023, em que ele diz que “o legislador nunca ousou criminalizar a mentira porque ele nunca, até então, ousou ter o poder de dizer o que é ou não verdade”.

    “Esse tipo de poder só é possível em regimes totalitários, em estruturas autocráticas que não admitem divergências, apenas o dogma político do partido no poder”, escreveu.

    Consta contra o ex-PM na Justiça da Bahia uma ação penal militar por deserção com denúncia recebida, mas suspensa desde agosto por decisão judicial.

    A Folha enviou pergunta, mas não conseguiu falar com o advogado Gamil Foppel, que consta na lista de advogados de defesa do processo. Também não conseguiu obter contatos de Porciuncula.

    O ex-PM chegou a figurar como sócio de Eduardo em uma empresa no Texas, a Braz Global Holding LLC, conforme mostrou em 2023 reportagem feita em parceria por Agência Pública, UOL e CLIP (Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística).

    Dados públicos do site de transparência do órgão que atua como “secretaria da Fazenda” do estado do Texas informam que a empresa, hoje, está inativa.

    Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo lideram a partir dos Estados Unidos um lobby político e diplomático com o intuito de pressionar autoridades brasileiras em prol de Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a uma pena de 27 anos e três meses por comandar a trama golpista de 2022.

    Em meio a essa atuação, o governo de Donald Trump anunciou o tarifaço contra o Brasil, citando o caso de Bolsonaro como uma das justificativas, e puniu integrantes do STF, familiares e outras autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky, que em teoria permite ao governo dos EUA aplicar sanções econômicas e restrições a pessoas e entidades estrangeiras apontadas como envolvidas em corrupção ou violações graves de direitos humanos.

    Ex-dirigente da Cultura atua 'nas sombras' ao lado de Eduardo Bolsonaro nos EUA

  • Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

    Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

    O terreno onde está localizada a antiga rodoferroviária de Brasília tem 4,244 milhões de metros quadrados, área equivalente a quase três vezes o tamanho do parque Ibirapuera, em São Paulo.

    ANDRÉ BORGES E ADRIANA FERNANDES
    BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu sinal verde ao Ministério dos Transportes para que o governo retome uma área avaliada em cerca de R$ 40 bilhões e que hoje está sob posse do Exército.

    O terreno onde está localizada a antiga rodoferroviária de Brasília tem 4,244 milhões de metros quadrados, área equivalente a quase três vezes o tamanho do parque Ibirapuera, em São Paulo.

    A área localizada a cerca de nove quilômetros do Congresso Nacional é considerada uma das mais valiosas do Distrito Federal e, por isso, tem sido palco de uma disputa administrativa e jurídica que, há mais de um ano, envolve o Ministério dos Transportes, o Exército e o GDF (Governo do Distrito Federal).

    Conforme informações obtidas pela Folha, o destino do terreno foi tema de uma reunião recente entre Lula e os ministros Renan Filho (Transportes) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). No encontro, o presidente deu aval para que o Executivo siga com seu projeto e anule os atos que repassaram a área aos militares.

    O plano do governo é usar o terreno para explorar seu potencial imobiliário bilionário e, a partir disso, viabilizar não só a construção do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) que ligará Brasília a Luziânia (GO), em uma rota de 62 km, mas também outros cinco trajetos de passageiros já desenhados em outras regiões do país.

    A ideia é usar essa área de Brasília, cidade que teve sua criação baseada na abertura de rodovias, para expandir projetos de transporte ferroviário de passageiros que há décadas não saem do papel.

    Nos últimos anos, Exército e GDF se moveram para viabilizar o empreendimento imobiliário, um acordo que envolvia a implantação de um hospital militar no terreno e uma nova Escola de Sargentos do Exército, no Recife (PE).

    O governo federal não é contra a construção dessas instalações, mas entende que não cabe ao Exército definir o destino do terreno. Na prática, em vez de repassar a área ao GDF, o Ministério dos Transportes pretende conceder o espaço, por meio de um leilão, atrelando a exploração imobiliária à construção das ferrovias.

    O plano é adotar um modelo conhecido internacionalmente como “real estate”, pelo qual a concessão ferroviária é associada ao desenvolvimento urbano e imobiliário no entorno das estações.

    Além do projeto do DF, a concessão daria apoio financeiro a outros cinco trajetos: Londrina-Maringá (PR), com 133 km; Rio Grande-Pelotas (RS), com 64 km; Fortaleza-Sobral (CE), São Luís-Itapecuru Mirim (MA) e Salvador-Camaçari-Feira de Santana (BA). Todos deverão ter editais de concessão publicados em 2026.

    Para que isso ocorra, porém, o governo federal precisa dar fim ao imbróglio que envolve uma área cercada de interesses de empreiteiras de Brasília, dado seu potencial já estimado em cerca de R$ 200 bilhões.

    A disputa pelo local teve início quando o Ministério dos Transportes foi informado que o terreno, originalmente vinculado ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), tinha sido cedido ao Exército pela Secretaria do Patrimônio da União, em 2021.

    Na avaliação da pasta, a cessão da área foi realizada sem respeitar a destinação ferroviária do imóvel. O terreno chegou a ser cercado e ocupado parcialmente. A movimentação levou o ministério a acionar a AGU (Advocacia-Geral da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União), que abriram processo conjunto para revisar o termo de cessão e fazer a reintegração da posse.

    Segundo informações a que a Folha teve acesso, o processo está em fase de conclusão. Enquanto isso, o governo proibiu qualquer tipo de intervenção física no local.

    Procurado, o Ministério dos Transportes não comentou o assunto. Em nota enviada à Folha, o Exército declarou que não recebeu a área em 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas em 2006. “A área da antiga rodoferroviária de Brasília foi entregue à Força em 2006, por meio de Termo de Entrega e Recebimento firmado com a Secretaria do Patrimônio da União.”

    O que ocorreu em 2021, segundo o Exército, foi o início de “tratativas com o Governo do Distrito Federal”, sobre a divisão da área que seria destinada à construção do hospital militar, “sem impedimentos até a manifestação mais recente do Ministério dos Transportes”.

    Ainda de acordo com os militares, a área “faz parte do planejamento estratégico do Exército, por meio de uma manobra patrimonial, para fins da implantação da nova Escola de Sargentos do Exército, em Recife-PE, e do já mencionado hospital militar, em Brasília-DF.”

    A Força insiste que o termo firmado com a Secretaria do Patrimônio da União reconhece a existência da ferrovia e prevê a delimitação entre o Exército e o Ministério dos Transportes, “assegurando à Força a gestão patrimonial do imóvel, inclusive com a possibilidade de alienação, revertendo recursos a projetos de defesa nacional.”

    O GDF declarou que ainda não há definição sobre o destino do terreno e que qualquer uso futuro dependerá do “gestor da área apresentar um Plano de Ocupação”.

    O governo do DF afirmou também que não criou oficialmente o chamado “Setor Oeste”, nome já mencionado para batizar a região, e que nenhum projeto urbanístico foi chancelado.

    Procurado, o Ministério da Gestão informou que os órgãos mencionados estão em diálogo técnico sobre os usos da área, “ainda sem definição sobre o tema”. “Destaca-se que parte da área está sob gestão do Exército, que está envolvido nas tratativas”, diz a pasta em nota.

    A assessoria de Dweck não quis fazer comentários sobre a reunião com o presidente Lula. O ministro da Defesa, José Múcio, não respondeu aos pedidos da Folha para falar sobre a repercussão da medida.

    Pessoas do governo a par das negociações afirmam que Múcio não quer se expor publicamente em relação ao terreno porque o Exército ainda tenta reverter a decisão.

    O ministro, no entanto, está ciente do caso. Ele recebeu um ofício de Renan Filho informando que o Ministério dos Transportes precisava da área. Auxiliares do ministro da Defesa admitem que o tema é sensível para o Exército, o que tem provocado tensão entre os generais da Força.

    A auxiliares, o ministro da Defesa tem dito que a sua posição é buscar um meio-termo, se for chamado a atuar, o que não aconteceu ainda.

    Um auxiliar de Lula reforçou que a decisão já está tomada, embora não tenha sido oficializada. Já foi feita a medição da área pelos técnicos do governo.

    Dweck sinalizou que, após a devolução do terreno, quer participar da definição do modelo de destinação da área. Ela tem planos de montar um fundo imobiliário com imóveis da União, mas a pasta dos Transportes quer aplicar os recursos diretamente nas ferrovias.
    As discussões sobre o terreno avançam no momento que o governo Lula articula para aprovar no Congresso uma proposta que prevê R$ 5 bilhões para investimentos nas Forças Armadas por ano, fora do cômputo da meta fiscal. O aumento de investimentos foi idealizado pelo Ministério da Defesa e discutido com Lula e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil), como revelou a Folha.

    Lula dá aval para ministério retomar área de R$ 40 bilhões cedida ao Exército em Brasília

  • Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

    Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

    O impacto inflacionário do encarecimento do café, que registrou em agosto a maior alta no varejo americano desde 1997 nove vezes superior à média.

    Com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros, o Brasil corre o risco de perder espaço no maior mercado consumidor de café do mundo a partir das próximas safras e ser substituído por outros fornecedores. O alerta é do diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos. \”O grande receio é perder o maior mercado global, onde estão as principais empresas. É um prejuízo enorme perder o acesso ao maior mercado global para seus concorrentes\”, afirmou Matos, em entrevista exclusiva ao Broadcast nas Redes.

    Diante da sobretaxa que atinge o café brasileiro, outros países, como México, Honduras e Colômbia, passaram a exportar maior volume aos Estados Unidos. \”Levamos muito tempo para conquistar o primeiro lugar no mercado americano. Com novas safras vindo e perspectiva de maior colheita em importantes players, o grande risco é o Brasil ser o maior fornecedor e depois ir para o fim da fila e perder espaço nos blends deste grande mercado, quando a produção mundial de café aumentar. O caminho é resolver isso o mais rápido possível\”, observou Matos. O Brasil, por sua vez, redirecionou parte do que deixou de vender aos EUA para países europeus, árabes e asiáticos, minimizando efeitos sobre a balança comercial do setor em movimento de realocação no mercado mundial. No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil exportou 29,105 milhões de sacas, queda de 20,5% em relação aos nove meses de 2024, enquanto a receita gerada saltou 30%, para US$ 11,049 bilhões.

    Com a aplicação da alíquota , os Estados Unidos saíram de principal destino do café brasileiro em julho, antes da vigência da sobretaxa, para o terceiro destino em setembro, perdendo o posto de maior importador de cafés do Brasil para a Alemanha. Segundo o Cecafé, os impactos para os exportadores de café são \”incalculáveis\”. \”Há um prejuízo enorme com custo de postergação de contratos e suspensão e cancelamento de contratos, por isso, não temos outra estratégia se não a isenção total aos cafés brasileiros. Se não resolvermos isso o mais rápido possível, além dos exportadores, os impactos chegarão aos produtores\”, apontou o CEO do Cecafé.

    Dados do conselho apontam para queda de 52,8% nos embarques do grão ao mercado norte-americano em setembro, adquirindo 332.831 sacas. No ano passado, a exportação brasileira de café para os EUA somaram 8,1 milhões de sacas e US$ 2 bilhões, 16% de tudo o País exportou. \”O aumento de 40% no preço internacional do café somado à tarifa de 50% sobre o grão brasileiro inviabiliza os embarques\”, apontou. O Brasil responde por 34% de tudo que os Estados Unidos consome de café. \”76% dos americanos consomem café diariamente. São dois países insubstituíveis no comércio de café\”, pontuou o diretor-executivo do Cecafé.

    O setor exportador defende que o café seja incluído na lista de exceções ao tarifaço. As sinalizações dos importadores é de que o produto é o item número 1 na lista, segundo Matos, para potenciais novas exceções. A abertura de diálogo entre os países, que começou com a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos EUA, Donald Trump, e a missão diplomática brasileira ao governo americano, pode contribuir nesse movimento, segundo Matos. \”Talvez seja factível a suspensão geral da tarifa ou a ampliação da lista. O importante é virar a página das tarifas\”, defendeu o CEO do Cecafé.

    O impacto inflacionário do encarecimento do café, que registrou em agosto a maior alta no varejo americano desde 1997 nove vezes superior à média, bem como os efeitos já sentidos pelos consumidores e o fim do estoque da indústria local influenciam ainda no convencimento das autoridades e na pressão da opinião pública para isenção do café, avalia o Cecafé.

    Em paralelo, o setor busca também a diversificação de mercados. Para Matos, os movimentos de preservação de mercados consolidados, como Estados Unidos e Europa, e a abertura de novos destinos são pautas distintas que não devem se sobrepor. China e Austrália despontam entre os países em crescimento do consumo do grão brasileiro. Nesse cenário de escalada tarifária, estoques mundiais baixos e incertezas quanto à nova safra, os preços do grão tendem a seguir elevados no mercado internacional pelo menos até o fim do ano.

    Com tarifaço, café do Brasil corre risco de perder espaço nos EUA

  • Possível encontro de Lula e Trump na Ásia deverá ser rápido e 'para foto'

    Possível encontro de Lula e Trump na Ásia deverá ser rápido e 'para foto'

    A reunião ainda está sendo acertada. Os dois irão à cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur, nos dias 26 e 27, e os países estão alinhando um breve encontro.

    LUCAS BORGES TEIXEIRA
    SÃO PAULO, SP (UOL/CBS NEWS) – O possível encontro entre o presidente Lula (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia, na semana que vem, deverá ser rápido e mais simbólico.

    A reunião ainda está sendo acertada. Os dois irão à cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur, nos dias 26 e 27, e os países estão alinhando um breve encontro.

    Não será um compromisso para negociar detalhes. Integrantes do Itamaraty argumentam que a retomada das negociações sobre o tarifaço já está sendo feita e cabe, na prática, mais às equipes de governo do que aos chefes de Estado.

    A ideia é ter uma boa foto para “selar a paz”. Após troca de farpas públicas e a maior crise entre os dois países nos mais de 200 anos de relação, interlocutores apontam que a imagem dos dois de mãos apertadas seria importante para ambos e colocaria de vez um fim à rusga.

    Se ocorrer, este será o primeiro encontro formal entre os dois. Eles só se encontram uma vez, na antessala da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), quando Trump elogiou Lula e disse que “pintou uma química” -marco para a reaproximação- e conversaram por telefone pela primeira vez na semana passada.

    Desde então, os países têm dialogado. Do lado do Brasil, as negociações são tocadas pelo chanceler Mauro Vieira e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), enquanto do lado norte-americano a intermediação cabe ao secretário de Estado, Marco Rubio.

    Vieira se encontrou com Rubio nesta semana. Em Washington, o chanceler voltou a pedir pela retirada da sobretaxação de 40% em cima de produtos como carne e café e levou a mensagem de que o governo brasileiro está disposto a aumentar o câmbio comercial, já superavitário para os EUA.

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem sido tema das conversas. Então motivo original para a extrataxação por parte dos Estados Unidos, o julgamento do ex-presidente foi substituído por pautas econômicas, segundo interlocutores do Planalto, e não tem sido lembrado nem pelos norte-americanos.

    Única pauta sensível deverá ser Venezuela. No telefonema, Lula já pediu ao republicano que resolvesse a questão por “vias diplomáticas”, mas a tensão tem escalado na última semana, com a admissão de que Trump autorizou a agência de inteligência CIA a interferir no país.

    Lula criticou a decisão na última quinta. Em congresso do PCdoB, ele defendeu a soberania venezuelana, e interlocutores pontuam que não há como escapar desse assunto. O presidente não deve, no entanto, entrar em conflito sobre o tema, dizem.

    Possível encontro de Lula e Trump na Ásia deverá ser rápido e 'para foto'

  • Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

    Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

    Após um período no azul entre 2017 e 2021, que teve seu auge na pandemia de Covid-19 devido à expansão acelerada do comércio eletrônico, os Correios passaram a acumular prejuízos crescentes a partir de 2022.

    IDIANA TOMAZELLI
    IBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O plano de socorro aos Correios, ancorado em um empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia soberana, tornou-se a saída de emergência para uma crise gestada por anos e que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) hesitou em reconhecer.

    Para além da chamada “taxa das blusinhas” (a cobrança de impostos sobre encomendas internacionais de até US$ 50 que, de fato, desfalcou suas receitas), a empresa já vinha penando com a deterioração de suas operações e com o descontrole sobre ações judiciais que impactam o caixa da companhia. Enquanto isso, continuou aumentando despesas.

    Após um período no azul entre 2017 e 2021, que teve seu auge na pandemia de Covid-19 devido à expansão acelerada do comércio eletrônico, os Correios passaram a acumular prejuízos crescentes a partir de 2022.

    “A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade, e isso fez com que a gente sofresse em termos de resultado, de geração de caixa, da operação em si. A perda de competitividade vem fazendo com que a gente tenha perda de receita, e ao impactar o caixa, aí eu falo principalmente nos últimos meses, a gente vem afetando a operação”, disse o novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, em sua primeira entrevista, concedida 21 dias após ele assumir o cargo.

    No fim de julho de 2023, a Receita Federal lançou o Remessa Conforme, programa que criou uma esteira rápida para encomendas internacionais devidamente declaradas ao fisco. A mudança teria impacto direto nos Correios, que até então concentravam essa atividade.

    Hoje, técnicos da empresa avaliam que a companhia demorou a reagir, possivelmente confiando em algum recuo da equipe econômica. Quando o sistema já estava consolidado e a “taxa das blusinhas” entrou em vigor, em agosto de 2024, os Correios ainda não tinham se reposicionado nesse segmento.

    A companhia passou a atuar em novos mercados, como transporte de medicamentos para estados, mas as receitas ainda eram insuficientes para cobrir o buraco no caixa. Enquanto isso, o próprio Executivo minimizava os problemas da companhia e reagia com cobranças quando houve o primeiro aviso de que o socorro seria inevitável.

    A queda no faturamento deflagrou o que Rondon classificou de “ciclo negativo”: os Correios começaram a atrasar pagamentos de fornecedores, alguns dos quais interromperam a prestação de serviço. O impacto negativo na operação gerou insatisfação nos clientes e perda de contratos, agravando o declínio das receitas.

    Ironicamente, parte do ambiente de forte concorrência que se vê hoje perante gigantes como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza foi induzido pela crise dos Correios, já que as empresas privadas investiram em serviços próprios de logística para dar vazão às cargas retiradas da empresa estatal devido à perda de qualidade na operação.

    Hoje, algumas sinalizam que há espaço para retomar parte das parcerias, mas dificilmente na mesma magnitude de antes, o que impõe aos Correios a necessidade de diversificar seu negócio.
    O socorro via empréstimo de R$ 20 bilhões, revelado pela Folha, seria uma ponte até que a empresa consiga fazer essa virada, que leva tempo. Os detalhes do plano devem ser apresentados aos bancos na próxima semana, mas boa parte do dinheiro deve servir para regularizar passivos e manter a operação em 2025 e 2026.

    Até o fim de junho, havia uma diferença de R$ 5,6 bilhões entre os ativos da companhia e os compromissos a serem honrados nos 12 meses seguintes. Os Correios também precisam quitar o empréstimo de R$ 1,8 bilhão contratado neste ano e que vence em 2026.

    Além disso, a companhia opera hoje com um prejuízo mensal na casa dos R$ 700 milhões, valor que cresce mês a mês. Isso significa que ela precisa de até R$ 4,5 bilhões para cobrir o buraco do segundo semestre. Para 2026, os prejuízos mensais podem chegar a R$ 1 bilhão caso a empresa não tenha condições de investir para se reposicionar.

    “O plano projeta economia relevante de despesas operacionais, com redução gradual de passivos e aumento de produtividade. Os números serão apresentados no balanço de implementação, mas o objetivo é estabilidade estrutural e resultado operacional”, diz a empresa, em nota.

    O desequilíbrio crônico vem não só da perda de receitas, mas também de decisões tomadas nos últimos anos que, a despeito do cenário evidente de dificuldades, resultaram no aumento de despesas.

    Em 2024, realizou um concurso para preencher mais de 3.000 vagas de forma imediata, ao mesmo tempo em que lançava um PDV (programa de demissão voluntária). Ainda negociou um reajuste linear de 4,11% e a retomada de uma cláusula que concede um bônus de 70% calculado sobre o terço de férias.

    A empresa também queimou caixa próprio, já em declínio, para investir na aquisição de veículos elétricos e itens de tecnologia. O modelo de plano de saúde, patrocinado em grande parte pela companhia, é considerado oneroso, mas o problema não foi enfrentado.

    O descontrole sobre as ações judiciais agravou a situação. Os Correios são alvo de inúmeras ações, principalmente trabalhistas, mas a empresa não tinha um mapeamento adequado dos riscos.

    O tema foi motivo de ressalva da auditoria independente nas demonstrações de 2024. A Consult Auditores apontou “fragilidades” e “inconsistências” nas provisões, que impediam mensurar com precisão quanto o pagamento de precatórios afetaria o fluxo de caixa da empresa.

    Na prática, a estatal não fez as provisões adequadas para perdas judiciais, o que propiciava o aparecimento de esqueletos fora do planejamento da empresa. A companhia inclusive precisou republicar demonstrações de anos anteriores para incorporar esses passivos, que vêm de ações judiciais iniciadas muitas vezes há mais de cinco anos.

    A situação era tão grave que, em setembro deste ano, os Correios precisaram renegociar um empréstimo bilionário justamente porque a explosão inesperada de precatórios acionou uma cláusula do contrato que permitia aos bancos antecipar a cobrança das prestações, inicialmente previstas só para 2026. A companhia chegou a ter dinheiro bloqueado e ficou algumas horas sem caixa suficiente para pagar salários, até concluir a repactuação.

    A melhoria no monitoramento das ações judiciais foi alvo de reiteradas cobranças do conselho de administração ao longo de 2025. O colegiado autorizou a aquisição de software específico e cobrou “medidas voltadas à melhoria da atuação do jurídico próprio, especialmente no que tange à defesa técnica em ações do contencioso trabalhista”. Em 24 de setembro, pediu celeridade na contratação de uma consultoria jurídica especializada.

    Segundo representantes da estatal, a situação do passivo judicial já está, ao menos, melhor mapeada. Para este ano, a projeção é de um pagamento adicional de R$ 960 milhões em precatórios. Em 2026, a fatura deve ficar em R$ 1,27 bilhão. O valor do empréstimo também ajudará a cobrir esses pagamentos.

    A ressalva dos auditores e as cobranças do conselho de administração em relação às ações judiciais ocorreram ainda na gestão de Fabiano Silva dos Santos. Procurado, ele disse que “a área jurídica fez um trabalho de depuração de todos os processos ativos, revisando o risco processual e atualização dos andamentos, com a implementação de rotina interna para dar previsibilidade e controle das informações, mitigando o risco de inconsistência em razão da precariedade do atual sistema”.

    “Importante destacar que essas ações não foram geradas pela nossa gestão. São ações antigas e que transitaram em julgado recentemente”, afirmou.

    Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo

  • Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

    Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

    As nove primeiras fileiras terão 48 assentos reclináveis, com duas divisões. A categoria Premium terá três fileiras com quatro assentos cada. De acordo com a WestJet, haverá almofada ergonômica, sendo que o encosto da cabeça poderá ser ajustado em quatro direções.

    FERNANDO NARAZAKI
    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O passageiro que optar por voos da companhia aérea canadense WestJet terá de pagar uma tarifa maior para ter direito a uma poltrona reclinável. No fim de setembro, a empresa anunciou uma mudança na configuração de suas aeronaves para atender à nova política de preços.

    As nove primeiras fileiras terão 48 assentos reclináveis, com duas divisões. A categoria Premium terá três fileiras com quatro assentos cada. De acordo com a WestJet, haverá almofada ergonômica, sendo que o encosto da cabeça poderá ser ajustado em quatro direções.
    Já a categoria Extended Comfort (conforto estendido) terá seis fileiras com seis assentos cada, também com assento reclinável, porém com um tamanho e um espaçamento menores que a Premium. Elas serão separadas por uma divisória.

    As 22 fileiras restantes das aeronaves, com seis assentos em cada fileira, não permitirão que o passageiro incline o assento. Além disso, elas terão diferentes distâncias entre as fileiras. Quanto mais próximo da cabine, maior será o espaçamento para as pernas.

    Segundo o comunicado divulgado pela empresa, a mudança permitirá uma “tarifa mais acessível” aos passageiros. “O layout da nossa cabine renovada atende às diversas preferências dos nossos hóspedes. Sejam eles optando por assentos Premium com comodidades extras e espaço para as pernas ou por preços de passagens mais acessíveis com menos espaço”, afirmou Samantha Taylor, vice-presidente executiva da WestJet.

    A empresa canadense promete reformular os modelos Boeing 737-8 Max e 737-800 das suas 43 aeronaves até o final do ano. O primeiro modelo deve ser entregue ainda neste mês.

    A aérea tem voos para 30 países, atendendo América do Norte e Central, Ásia e Europa. O Brasil e toda a América do Sul não estão entre os destinos da empresa.

    Passageiro terá de pagar mais para inclinar assento em aérea canadense; entenda

  • Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

    Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

    Em reação, o presidente americano Donald Trump ameaçou aumentar tarifas em 100% sobre produtos chineses e aplicar novos controles de exportação em softwares estratégicos.

    O Ministério do Comércio da China abalou o frágil equilíbrio nas relações com os Estados Unidos ao publicar, na última semana, o “Anúncio nº 62 de 2025”, impondo amplas restrições à exportação de terras raras — grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção de tecnologias avançadas, como carros elétricos, smartphones, painéis solares e equipamentos militares.

    Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão de autorização do governo chinês para exportar produtos que contenham até pequenas quantidades desses minerais e deverão declarar o uso pretendido. A medida reforça o controle de Pequim sobre um setor estratégico: o país domina quase todo o processo global de extração e refino das terras raras.

    A decisão foi vista como um golpe direto na base industrial dos EUA, já que produtos como o caça F-35 dependem fortemente desses materiais — um único avião utiliza cerca de 400 quilos de terras raras em motores, radares e revestimentos furtivos.

    Em reação, o presidente americano Donald Trump ameaçou aumentar tarifas em 100% sobre produtos chineses e aplicar novos controles de exportação em softwares estratégicos. “Isso é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e não vamos permitir isso”, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

    Pequim rebateu as acusações, afirmando que os EUA “provocam pânico desnecessário” e que pedidos de exportação destinados a uso civil continuarão sendo aprovados.

    O impasse reacende a guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta, que vivia um período de trégua desde maio. Nesta semana, novas tarifas portuárias foram impostas por ambos os lados, e os presidentes Xi Jinping e Donald Trump devem se reunir ainda este mês para discutir o tema.

    Especialistas afirmam que a China identificou um ponto fraco dos EUA ao atingir um elo vulnerável de suas cadeias de suprimentos. Segundo Naoise McDonagh, da Universidade Edith Cowan, as restrições “abalam o sistema” e frustram o cronograma de negociações planejado por Washington.

    A China responde por cerca de 70% do fornecimento mundial de metais usados em ímãs de motores elétricos. Já países como Austrália e Brasil tentam ampliar sua participação, mas enfrentam desafios técnicos e ambientais. O Brasil, que possui até 23% das reservas conhecidas de terras raras, ainda representa menos de 1% da produção global, segundo o professor Sidney Ribeiro, da Unesp.

    Embora as terras raras representem menos de 0,1% do PIB chinês, seu valor estratégico é enorme, destacou Sophia Kalantzakos, da Universidade de Nova York. “O setor dá à China poder de pressão nas negociações com os EUA.”

    A professora afirma que Pequim usa as novas restrições como instrumento de barganha antes das próximas rodadas diplomáticas. Já para o economista Jiao Yang, de Singapura, os EUA ainda têm alternativas, como oferecer redução de tarifas ou ampliar restrições tecnológicas à China.

    Mesmo assim, analistas acreditam que a nova ofensiva chinesa redefine o tabuleiro da disputa comercial, mostrando que Pequim está disposta a enfrentar custos econômicos para manter sua posição dominante no mercado global.

    Veja como a China encontrou o 'ponto fraco' de Trump

  • Ciro Gomes deixa o PDT e avalia candidatura contra o PT em 2026

    Ciro Gomes deixa o PDT e avalia candidatura contra o PT em 2026

    Ciro avalia agora sua possível filiação ao PSDB ou ao União Brasil, com o objetivo de participar de uma candidatura de oposição ao PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2026.

    O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes comunicou nesta sexta-feira (17) à direção do PDT que está deixando o partido, após quase uma década de filiação. Ciro avalia agora sua possível filiação ao PSDB ou ao União Brasil, com o objetivo de participar de uma candidatura de oposição ao PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2026.

    A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo GLOBO com interlocutores próximos ao ex-ministro. Ciro entregou uma carta de desfiliação ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, formalizando sua decisão.

    Apesar disso, dirigentes do diretório nacional afirmaram que o pedido ainda não foi registrado oficialmente, mas consideram a saída do ex-presidenciável “uma questão de tempo”. Lupi, que não foi localizado pela reportagem, evitou comentar o caso.

    Ciro estava no PDT desde 2015 e concorreu duas vezes à Presidência pelo partido — em 2018, quando obteve o melhor desempenho da legenda desde Leonel Brizola em 1989, e em 2022, quando registrou apenas 3% dos votos, seu pior resultado. A bancada do partido na Câmara também caiu de 28 para 17 deputados após a última eleição.

    Em declarações recentes, Ciro afirmou estar “infeliz” com a aproximação do PDT ao PT, tanto no governo federal quanto no Ceará. O ex-ministro criticou ainda o tratamento dado a Lupi na crise do INSS, que resultou na demissão do pedetista do Ministério da Previdência.

    Embora tenha cogitado se aposentar da política após a derrota em 2022, Ciro passou a discutir uma nova candidatura de oposição a Lula — seja em âmbito estadual ou nacional.

    No Ceará, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, aliado histórico de Ciro, também deixou o PDT e se filiou ao União Brasil, partido que tem se posicionado contra o PT no estado e é apontado como o destino mais provável do ex-ministro.

    Outra possibilidade é um retorno ao PSDB, legenda pela qual Ciro foi eleito governador do Ceará em 1990 e onde mantém boa relação com o ex-senador Tasso Jereissati, figura ainda influente na sigla.

    Ciro Gomes deixa o PDT e avalia candidatura contra o PT em 2026

  • Descriminalização do aborto: entenda o que está em discussão no STF e o que pode mudar

    Descriminalização do aborto: entenda o que está em discussão no STF e o que pode mudar

    “As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais”, escreveu o ministro em seu último dia no STF antes de se aposentar. A votação foi suspensa na sequência por um pedido de destaque do decano Gilmar Mendes.

    O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira, 17, a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

    “As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais”, escreveu o ministro em seu último dia no STF antes de se aposentar. A votação foi suspensa na sequência por um pedido de destaque do decano Gilmar Mendes.

    Barroso usou a mesma estratégia de Rosa Weber, que deu o primeiro voto a favor da descriminalização às vésperas da aposentadoria, em setembro de 2023. Foi ela quem definiu o limite das 12 semanas. Barroso a acompanhou integralmente.

    Entenda o que está em discussão

    A votação se refere a uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442) que foi protocolada ainda em 2017 pelo PSOL e pelo Instituto Anis. Em linhas gerais, a ação questiona se a mulher e quem realizou o procedimento de aborto devem responder na Justiça.

    Na prática, a ADPF 442 pede que o aborto seja permitido em quaisquer circunstâncias até a 12ª semana de gestação, mesmo modelo adotado na Alemanha.

    Como é a lei sobre o aborto atualmente?

    Atualmente, a legislação brasileira autoriza o aborto apenas nos casos em que não há outra forma de salvar a vida da gestante, se a gravidez for resultado de estupro ou se o feto for anencéfalo.

    No entanto, quem propôs a ação afirma que as razões jurídicas que criminalizaram o aborto em 1940 não se sustentam. Segundo a petição inicial, elas “violam os preceitos fundamentais da dignidade, da cidadania, da não discriminação, da inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da proibição de tortura”, dentre outros.

    Na peça, as autoras citam ainda o alto número de abortos no País, com riscos sobretudo para as mulheres e adolescentes mais vulneráveis, como as negras e pobres.

    A descriminalização do aborto foi debatida?

    A discussão sobre a descriminalização do aborto foi objeto de audiência pública em 2018 convocada pela então ministra Rosa Weber. O objetivo era debater o tema com especialistas e representantes de entidades governamentais e da sociedade civil.

    Naquela audiência, a CNBB se posicionou contra a descriminalização por “razões de ética, moral e religiosa”. A entidade vê na liberação um “atentado contra a vida nascente”.

    A Pesquisa Nacional do Aborto, de 2021, feita por pesquisadores da UnB, apontou que uma em cada sete mulheres até 40 anos já realizou um aborto e os números mais altos estão “entre as entrevistadas com menor escolaridade, negras e indígenas e residentes em regiões mais pobres”.

    Dados de 2020 da Organização Mundial da Saúde apontam que cerca de 45% dos abortos feitos no mundo são inseguros e, dentre eles, 97% são feitos em países em desenvolvimento.

    O relatório “Tendências na mortalidade materna de 2000 a 2020”, feito por várias agências ligadas à ONU (OMS, Unicef, Fundo de População das Nações Unidas, Banco Mundial e Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas) coloca complicações por aborto inseguro como uma das principais causas de mortalidade materna – ao lado de pressão alta, sangramentos e infecções.

    O que é uma ADPF?

    A sigla significa ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental. É um dos processos do controle de constitucionalidade – igual a ADI, ação de declaração de inconstitucionalidade, por exemplo – que serve para avaliar se uma lei anterior à Constituição está ou não de acordo com ela.

    Como foi o voto de Barroso?

    Como o Estadão mostrou, o ministro buscou enquadrar o tema a partir de uma perspectiva essencialmente jurídica, com destaque para os direitos da mulher sexuais e reprodutivos da mulher, mas registrou o respeito às doutrinas religiosas que se opõem ao procedimento.

    “Direitos fundamentais não podem depender da vontade das maiorias políticas. Ninguém duvide: se os homens engravidassem, aborto já não seria tratado como crime há muito tempo”, diz um trecho do voto.

    Barroso fez a ressalva de que não é a favor do aborto em si, mas sim contra a prisão de mulheres que se submetem ao procedimento. “É perfeitamente possível ser simultaneamente contra o aborto e contra a criminalização”, argumentou.

    O ministro também defendeu que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública, não de direito penal. E argumentou que a criminalização não diminui o número de ocorrências, o que na avaliação dele torna a norma ineficiente.

    Descriminalização do aborto: entenda o que está em discussão no STF e o que pode mudar